Para os crentes, Deus criou um mundo contingente e nada pode fazer para alterar essa condição. Os homens que acreditam em Deus crêem-no como estando para além dessa contingência, obstáculo que eles nunca conseguirão transpor. No entanto e no geral acreditam que existe um prémio para cada comportamento, mas divergem muito na forma da sua atribuição.
Uns acreditam que Deus se limita a observar e que o homem é o único responsável pelo seu destino, havendo tão só um princípio e um fim a que eles não podem fugir, enquanto tal ou enquanto pré-determinados. Outros acreditam que no seu percurso o homem vai recebendo indicações, mensagens, graças, que lhe permitem, sem ser só pela sua cabeça, ir corrigindo o trajecto. Outros ainda, mais minoritários, acreditam em que tudo já está pré-definido, sem que isso torne indiferente o percurso de cada um.
Por sua vez os materialistas, vulgo comunistas, pensam que não há outra intervenção além da sua e os homens são capazes de vir a dominar todas as contingências, de modo a que os que sobrarem tenham uma paz e uma satisfação perpétuas. Se acreditam nisto, também acreditam que o princípio e o fim de cada um serão absolutamente indiferentes.
Entre estas duas visões extremadas do mundo há porém uma outra que reconhece a existência de algumas características de cada uma destas. Em primeiro lugar parece evidente, sem necessitar de crença, que existe contingência no mundo e que esta é, para nós, o factor mais relevante. Por outro lado nós, estando integrados na própria contingência, não a vemos influenciada por factores que lhe sejam estranhos.
Esta visão admite a possibilidade de o homem alterar alguns factores que à partida pareciam contingentes, sem que isso passe necessariamente por criar mundos em redomas, universos fechados, como o faz para analisar certos fenómenos. Mas o que está de todo vedado ao homem é submeter a contingência que o é efectivamente em absoluto ou mesmo significativamente aos seus ditames.
Os homens que têm esta visão do mundo partem de princípios que a prática, a experiência e os recursos próprios do cérebro humano permitem a elaboração de saber que, nunca sendo definitivo, permite a redução da contingência a níveis aceitáveis e que ela tenha uma melhor influência sobre o seu próprio destino. No decorrer dos tempos o homem já eliminou os aspectos mais grosseiros, já tornou explicáveis e de certo controláveis fenómenos considerados até então aleatórios.
O que o homem tem feito é determinar o maior número possível de condições que podem influenciar um dado fenómeno. O homem vai-se libertando da sua perspectiva natural e conseguindo ver a realidade a níveis mais precisos, menos passível de ter um outro aspecto alternativo, uma interferência por factores desconhecidos. Mas saberá que condições não conseguiu identificar para que o mesmo fenómeno se possa ter passado de uma outra maneira?
O homem na sua vida prática tentou em primeiro lugar adquirir conhecimento que lhe permitisse controlar melhor os elementos naturais que estavam ao seu dispor. Mas também foi adquirindo conhecimentos teóricos cuja aplicação não imaginou possível durante muito tempo, mas de alguns dos quais viria a beneficiar extraordinariamente. Mesmo assim a maioria do saber de hoje não tem ou parece não ter aplicação prática e é desprezado pelos ignorantes.
Mal estão aqueles que atribuem a esse saber um carácter absoluto e mal estão também aqueles que o relativizam para se justificarem a si próprios. O que não pode é ser ignorado, o que não pode é ser esquecido o seu carácter contingente na perspectiva humana, mesmo que já tenhamos retirado esta característica a muitos fenómenos aos quais a tínhamos atribuído.
A contingência é uma realidade ainda muito presente e é uma defesa para a própria mente humana. O que não pode é ser usada para justificar o absolutismo. Efectivamente a realidade humana e em particular as relações sociais estão prenhes de contingência que nós procuramos contornar, enganar ou utilizar em proveito das nossas ideias particulares.
A sociedade é um domínio complexo que quase todos tentamos simplificar, aplicando-lhe normas redutoras que, maugrado inexactidões e injustiças, nos dão uma visão mais clara e mais fácil para os nossos movimentos mais vulgares. Dada a natureza humana, a sociedade é o domínio em que a contingência mais é visível pelos seus efeitos práticos. Aqueles que tentaram criar a sociedade normalizada, estereotipada, perfeita esbarraram pela incapacidade de dominar todos os factores.
A evolução do homem levá-lo-á a ter um mais perfeito domínio dos factores contingentes conhecidos e das suas possíveis manifestações que ainda ignoramos. Mas nunca será possível ignorar que o homem é uma fonte criativa, dotada de força, de poder, da faculdade de intervir livremente, de modo mais ou menos surpreendente. O que temos que fazer, esperemos ou não prémio por isso, é continuar a lutar para que o homem aplique o bem como princípio de vida.
Uns acreditam que Deus se limita a observar e que o homem é o único responsável pelo seu destino, havendo tão só um princípio e um fim a que eles não podem fugir, enquanto tal ou enquanto pré-determinados. Outros acreditam que no seu percurso o homem vai recebendo indicações, mensagens, graças, que lhe permitem, sem ser só pela sua cabeça, ir corrigindo o trajecto. Outros ainda, mais minoritários, acreditam em que tudo já está pré-definido, sem que isso torne indiferente o percurso de cada um.
Por sua vez os materialistas, vulgo comunistas, pensam que não há outra intervenção além da sua e os homens são capazes de vir a dominar todas as contingências, de modo a que os que sobrarem tenham uma paz e uma satisfação perpétuas. Se acreditam nisto, também acreditam que o princípio e o fim de cada um serão absolutamente indiferentes.
Entre estas duas visões extremadas do mundo há porém uma outra que reconhece a existência de algumas características de cada uma destas. Em primeiro lugar parece evidente, sem necessitar de crença, que existe contingência no mundo e que esta é, para nós, o factor mais relevante. Por outro lado nós, estando integrados na própria contingência, não a vemos influenciada por factores que lhe sejam estranhos.
Esta visão admite a possibilidade de o homem alterar alguns factores que à partida pareciam contingentes, sem que isso passe necessariamente por criar mundos em redomas, universos fechados, como o faz para analisar certos fenómenos. Mas o que está de todo vedado ao homem é submeter a contingência que o é efectivamente em absoluto ou mesmo significativamente aos seus ditames.
Os homens que têm esta visão do mundo partem de princípios que a prática, a experiência e os recursos próprios do cérebro humano permitem a elaboração de saber que, nunca sendo definitivo, permite a redução da contingência a níveis aceitáveis e que ela tenha uma melhor influência sobre o seu próprio destino. No decorrer dos tempos o homem já eliminou os aspectos mais grosseiros, já tornou explicáveis e de certo controláveis fenómenos considerados até então aleatórios.
O que o homem tem feito é determinar o maior número possível de condições que podem influenciar um dado fenómeno. O homem vai-se libertando da sua perspectiva natural e conseguindo ver a realidade a níveis mais precisos, menos passível de ter um outro aspecto alternativo, uma interferência por factores desconhecidos. Mas saberá que condições não conseguiu identificar para que o mesmo fenómeno se possa ter passado de uma outra maneira?
O homem na sua vida prática tentou em primeiro lugar adquirir conhecimento que lhe permitisse controlar melhor os elementos naturais que estavam ao seu dispor. Mas também foi adquirindo conhecimentos teóricos cuja aplicação não imaginou possível durante muito tempo, mas de alguns dos quais viria a beneficiar extraordinariamente. Mesmo assim a maioria do saber de hoje não tem ou parece não ter aplicação prática e é desprezado pelos ignorantes.
Mal estão aqueles que atribuem a esse saber um carácter absoluto e mal estão também aqueles que o relativizam para se justificarem a si próprios. O que não pode é ser ignorado, o que não pode é ser esquecido o seu carácter contingente na perspectiva humana, mesmo que já tenhamos retirado esta característica a muitos fenómenos aos quais a tínhamos atribuído.
A contingência é uma realidade ainda muito presente e é uma defesa para a própria mente humana. O que não pode é ser usada para justificar o absolutismo. Efectivamente a realidade humana e em particular as relações sociais estão prenhes de contingência que nós procuramos contornar, enganar ou utilizar em proveito das nossas ideias particulares.
A sociedade é um domínio complexo que quase todos tentamos simplificar, aplicando-lhe normas redutoras que, maugrado inexactidões e injustiças, nos dão uma visão mais clara e mais fácil para os nossos movimentos mais vulgares. Dada a natureza humana, a sociedade é o domínio em que a contingência mais é visível pelos seus efeitos práticos. Aqueles que tentaram criar a sociedade normalizada, estereotipada, perfeita esbarraram pela incapacidade de dominar todos os factores.
A evolução do homem levá-lo-á a ter um mais perfeito domínio dos factores contingentes conhecidos e das suas possíveis manifestações que ainda ignoramos. Mas nunca será possível ignorar que o homem é uma fonte criativa, dotada de força, de poder, da faculdade de intervir livremente, de modo mais ou menos surpreendente. O que temos que fazer, esperemos ou não prémio por isso, é continuar a lutar para que o homem aplique o bem como princípio de vida.