terça-feira, 20 de junho de 2006

Um dia pela Vida

A Liga Portuguesa contra o Cancro, com o apoio de uma comissão local, realizou no passado dia 6 de Junho no Teatro Diogo Bernardes em Ponte de Lima uma sessão de divulgação da sua iniciativa “Um dia pela Vida”.
De modo a esclarecer a vasta assistência, que quase encheu o nosso “velho” Teatro, três médicos proferiram palestras alusivas à prevenção, rastreio, tratamento e cura desta doença, que tem sido seriamente combatida mas persiste em ir fazendo as suas vítimas.
Deram o seu apoio a Câmara Municipal, O Rancho Infantil da Correlhã e várias empresas, mas o fim último a conseguir é precisamente o seu apoio, caro leitor/a. Ponte de Lima é o quinto município do País a aderir a esta iniciativa que visa reforçar o empenho constante de todos na luta contra o cancro.
Todas as pessoas podem participar, sejam famílias, amigos, hospitais, igrejas, escolas, organizações comunitárias, etc. se estiveram na disposição de partilhar este objectivo comum com a Liga Portuguesa Contra o Cancro.
O “Um dia pela Vida” decorrerá entre Junho e Outubro de 2006 e desenrola-se com base em equipas de 8 a 20 elementos capitaneados por um deles. Tome você a iniciativa e lidere a sua equipa: seja a Capitã ou o Capitão.
Se os seus sentimentos solidários são fortes contacte já 962924106 de Maria Eduarda Cunha Vale ou 965106855 de Regina Costa Azevedo e informe-se da forma de aderir a este projecto.
A cada equipa só é pedido que promova uma acção de angariação de fundos, da forma que entender mais apropriada, e que em Outubro participe na GRANDE FESTA FINAL.
Se a luta contra o cancro tem obtido muitos sucessos ela ainda precisa da sua ajuda. A Liga Portuguesa Contra o Cancro conta consigo.

O meu apreço pela vaca das cordas

A minha relação com o bicho, o touro, a dita vaca das cordas nunca foi uma relação fácil, tu cá tu lá. Também é certo que só nos encontramos uma vez por ano. O nosso distanciamento mantém-se, tão fugaz que é este encontro.
De qualquer modo eu gosto de a tratar meigamente por vaca e das cordas, senão ela fugia-nos. É assim que ela nos segue ou nós a seguimos a ela por essas ruas empedradas que nos raspam a pele se temos o azar de nelas cair.
É verdade que isto, que me já sucedeu, é cada vez mais improvável. Agora a vaca já só vai à Igreja Matriz. Depois regressa ao areal que passou a ser há uns anos atrás o local privilegiado para as suas deambulações.
Se a largueza do areal traz mais arrojo e atrevimento, é de continuar a ter respeitinho à vaca. Pesa mais uns quilitos do que nós e tem na cabeça aqueles dois apêndices que, mesmo embolados, podem fazer das suas.
Nisto de vaca a nossa idade conta muito. Mas sempre houve valentes que à custa de uns arranhões lá vão mantendo a tradição. Não é o meu caso pois, se continuo a gostar, afasto-me dela cada vez mais.
Porém não venho para cá dizer mal da dita nas suas costas. Ela tem uma grande superioridade física mas é leal. È verdade que de vez em quando perde a paciência mas somos nós os chatos que a andamos sempre a importunar.
É uma luta desigual. A força contra a manha ou perícia de quem com ela quer brincar. Ela não é traiçoeira mas, perante tanta solicitação, convém ter a atenção redobrada não vá escolher-nos a nós como alvo da sua forte marrada.
Se lhe virarmos as costas sujeitamo-nos à sua cornada que pode atingir os sítios mais imprevistos. Por mais inocente que seja a brincadeira, há que nunca subestimar a esperteza dos outros, mesmo que seja só uma vaca.
É muita gente. Tanta que a vaca às vezes passa despercebida no meio da multidão. Há sempre um burburinho no sítio em que ela está mas convém estar alerta, não vá ela surgir da direcção mais improvável.
A juventude e alguns menos jovens ainda gostam desta balbúrdia incontrolada. Todos ficam possuídos de uma força extra que os leva às atitudes mais caricatas. Um desafio à vaca já faz de qualquer um valente e destemido.
Viver a festa é partilhar esta euforia que se apodera de todos, faz dum timorato um impetuoso guerreiro pronto a enfrentar a besta. A festa vive-se na areia, na relva, na rua, num bar que a vaca em todo o lado pode aparecer.
A vaca vai recolher que já está cansada. Já fez algumas das suas que é da natureza do animal ser bravo e afastar com umas marradas quem o quer incomodar. Não sei se ele gostou da brincadeira mas nós gostamos com certeza.
O seu destino é o talho, o nosso sempre é mais glorioso. Foi um confronto passageiro que se deixou algumas mazelas, não nos engrandece nem diminui. Todas as brincadeiras fossem assim!
A nossa festa vai continuar. É da nossa natureza sermos assim. Às vezes nem sequer nos apercebemos do motivo da festa. Tantas pessoas não chegam a ver o bicho e isso não lhes diminui o ânimo.
Vêem-se os amigos que há muito se não viam. Fazem-se novos conhecimentos e criam-se ténues ligações. Há sempre a esperança de para o ano nos encontremos de novo!

sexta-feira, 9 de junho de 2006

As lições da IKEA

Quando a 16 de Janeiro passado a comunicação social anunciou aos quatro ventos a instalação de uma fábrica IKEA em Ponte de Lima fiquei surpreendido, como toda a gente. Positivamente, diga-se, que não é todos os dias que notícias destas nos chegam.
Um bom empregador, uma indústria limpa, um nome reconhecido internacionalmente, parecia ser um maná vindo do céu.
Lamentavelmente, no dia seguinte, na efectiva apresentação da assinatura do protocolo entre a empresa IKEA e a agência governamental API, não foi feita qualquer referência ao local de instalação, antes foram referidos 20 como possíveis.
Quase fui levado pela inicial descrição da nossa ligação, via António Feijó, a essa Escandinávia longínqua, fria e em tudo distante, mas também referência a vários níveis na nossa juventude.
Não que eu visse o renascer de um povo solidário doutras épocas. Não que eu visse já aí umas suecas loiras e esculturais, desfilando pelas nossas ruas e rebolando-se na areia do nosso rio. As suecas já foram há muito ultrapassadas no imaginário nacional.
A nossa atracção vira-se agora para outras paragens, mais quentes e em que os espíritos são mais soltos e menos elaborados. Os relacionamentos são bem mais fáceis, mas, adiante, adiante, que não é isto que interessa aqui.
Agora esta gente do Norte é mais racional, o que lhes interessa são números, lembrou sabiamente o nosso José Sócrates. Tudo se iria resumir a uma negociação dura e difícil em que a racionalidade económica, vista pelo prisma da IKEA, seria o factor determinante para um resultado auspicioso.
Não duvidei da boa vontade do nosso Primeiro, mas vi já aí as coisas bem difíceis. Podiam ter-nos privado de um espectáculo assim, mas o certo é que, fosse qual fosse o local da apresentação de um acordo tão importante para o País, a ansiedade pelo resultado final seria a mesma.
Enfim, o mundo é o que é e o dos negócios é pior ainda. A nós, leigos, não habituados a estas regras e preceitos, parece-nos haver em negociações deste tipo tudo o que podemos apelidar como de pouco edificante, negativo e degradante.
São chantagens, manipulações, influências, a permissão de fazer tudo à revelia do que nos parece deverem ser as regras da boa concorrência e da ética negocial.
Ética nestes assuntos, palavra dada? Convenhamos, ninguém hoje dá palavra nos negócios, isso era dantes quando tudo era feito entre gente conhecida, em negócios de ocasião e não envolvia valores deste jaez. Acordos fazem-se agora, devidamente escriturados e com clausulas de salvaguarda cujo accionamento nem sempre é fácil.
É triste! Eu já via alguns euros mais a correr pelas artérias da nossa pobre economia, alguns empregos que nos não obrigassem a emigrar. Enfim parecia alguma coisa sólida e para durar, alguns anos ao menos.
Quando se perde, e é disso que se trata aqui, todas as desculpas servem. Não nos podemos conformar com isso. Também aqui temos de adquirir competências, se não queremos ser trucidados no meio de forças que não dominamos.
Não se trata já de não deixar que outros brinquem connosco. Nem de assumir a altivez de quem não precisa de ninguém para nada. Trata-se de ter os pés bem assentes à partida, convencermo-nos que nos dias de hoje as coisas se já não resolvem em almoços.
Há muito trabalho a fazer e bem longe dos holofotes da televisão. Já não é a sedução que funciona. De qualquer modo seria sempre mais difícil seduzir um empresário nórdico do que um veraneante de Gondomar
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sexta-feira, 2 de junho de 2006

O transporte escolar em questão

Para além da localização, do dimensionamento e do equipamento mais elementar das escolas do ensino básico, o problema maior com que os órgãos autárquicos se deparam na questão escolar é o transporte dos alunos.
O transporte é o elemento que falta para ligar fisicamente a rede escolar à realidade circundante. E este problema é tanto mais grave quanto achamos que tem condicionado sobremaneira as opções tomadas.
A incompreensão das populações em relação ao chamado problema do fecho das escolas, mas que é um problema muito mais complexo do que isso, deriva em muito de não verem o problema dos transportes resolvido.
Porque as pessoas não querem, e bem, as suas crianças deixadas ao abandono e transportadas segundo a lógica dos transportes normais em condições e horários anormais.
Os “transportes públicos” privados estão há muito tempo em falência técnica. As condições estipuladas para o transporte das crianças tornam impossível a reconversão das frotas e impraticável o transporte simultâneo de crianças e outros utentes.
A não ser que se continue a fechar os olhos às ilegalidades, a Câmara Municipal de Ponte de Lima tem de assumir por inteiro essa responsabilidade.
A solução para o transporte de crianças parece passar por autocarros médios, talvez entre 15 e 30 lugares, geridos a nível de cada escola de modo a que quem os conduza possa, no restante tempo de serviço, prestar outro tipo de colaboração nas actividades ligadas à educação.
A visão da Câmara passa pela macrocefalia da vila e das freguesias circunvizinhas a nela englobar. Esta situação permitir-lhe-ia continuar a usar os transportes públicos, centralizando os destinos dos alunos.
Esta visão é contrária a um desenvolvimento harmonioso do concelho. Somos contrários aos centralistas que perfilham as ambições megalómanas e defendem o abandono do campo. Somos contra a desertificação que, não sendo assustadora, e já bem visível.
Se há pessoas para as quais é mais cómodo, em função do seu local de trabalho e dos seus horários, trazer os filhos com elas, temos de criar incentivos para que os ponham a frequentar a escola mais próxima da sua casa e para que também elas não contribuam para a desertificação.
O transporte tem de ser encarado como parte integrante e fundamental da solução. A compreensão da reconversão em curso depende também da solução deste problema. Com este problema resolvido, não só as pessoas se não oporiam ao redimensionamento da rede escolar como até adeririam entusiasticamente.
Não chega dizer que “temos é que desapertar os cadeados das mentes de algumas pessoas e temos de afastar algumas nuvens pretas dessas pessoas que teimam em não perceber que o caminho é por aqui”, como disse o chefe do Executivo Camarário.
Estaria bem se tudo tivesse sido explicado e se o caminho fosse claro e perfeitamente delineado com uma suficiente racionalidade que não seja só económica. O Executivo está, também ele, demasiado preso aos pressupostos económicos e aos seus condicionalismos programáticos.
Usaram-se no passado demasiados cadeados e nuvens de fumo. O nosso desejo seria que todas as nuvens se viessem a dissipar. Que pudéssemos contribuir para que as pessoas discutam estes assuntos, se não calem, se libertem e falem, não tenham medo de dizer “asneiras”.
A população têm de saber em que mundo está e para tal exigir ser devidamente esclarecida. Numa altura em que nos meios de comunicação se dissecam tantos assuntos complexos as nuvens negras já não têm razão de existir. Elas tapam a visão das pessoas que precisam de clareza e lucidez.
Mas não é só a escuridão que tapa a visão. O mesmo efeito pode ser provocado pelo encandeamento. Há mitos, pessoas que tudo sabem, cujo excesso de “luz”, em vez de iluminar, ofusca a visão de muita gente.
Uma atitude de “pé atrás”, a convivência permanente com os preconceitos, a aversão à mudança leva a que se só ouçam as vozes que as trombetas proclamam. Ponhamos a inteligência a trabalhar, escutemos os seus ensinamentos, olhemos o futuro que as crianças agradecem.

Uma intromissão rápida pela … bola

Desculpem-me os entendidos, entre os quais destaco o Sr. Director deste Jornal, uma incursão rápida pelo mundo da bola. Sempre fui um pé de chumbo, daqueles que só jogam alguma coisa se lhe derem espaço bem suficiente para tal. Mas nós até estamos cheios de treinadores da bola que nunca se distinguiram como jogadores da dita!
Se não é por aí, haverá muitas outras razões que poderão levar a pensar que não me deveria meter nisto: É que nunca fui pessoa de grandes esforços físicos. Sempre tive limitações que não vou aqui enumerar.
Não tenho particular conhecimento daquilo que constitui o equilíbrio psico-somático, morfológico e emocional em que, por força das circunstâncias, se movem os atletas de alta competição.
Mas há outras vertentes da questão que podem ser analisadas por um leigo nestas matérias. Destacarei aqui o estrelato e o trabalho de grupo.
Para as selecções nacionais são escolhidos os jogadores pelo estrelato que alcançam noutras instâncias, pela sua capacidade individual e, como é evidente, poucas vezes pela sua complementaridade ou facilidade de conexão com outras estrelas deste firmamento.
O trabalho de selecção e treinamento de jogadores habituados nos clubes a porem as suas virtuosidades ao serviço de um entrosamento específico e que tem que ignorar essas particularidades para conseguirem um outro entrosamento que tem de ter ainda em conta a diferente natureza dos adversários, é um trabalho duro e difícil.
Para já não falar das pressões de toda a ordem, de todos os lados, com os argumentos mais disparatados e com intenções inconfessáveis que pretendem influenciar quem tem por obrigação decidir.
Falemos tão só da tentação de, por falta de se ter produzido o efeito agregador que é necessário num trabalho de equipa desta natureza, os jogadores assumirem nas selecções um carácter de estrelas que já trazem dos clubes, mas que aqui desponta mais facilmente.
Quando assim é, estamos falados, o resultado é desastroso. E vá de arranjar causas desculpabilizantes, das quais as exteriores são as preferidas: o árbitro, forças estranhas, máfias próprias e alheias, a comida, o tempo, o relvado, as botas, eu sei lá, tudo serve.
Como no País estamos habituados, mesmo sem sermos estrelas, a utilizar desculpas deste jaez a propósito de tudo e de nada, com mais razão aceitamos as desculpas destes infelizes derrotados da selecção Sub 21.
Mas o mal é que as desculpas deste género quando são apresentados com a “candura” destes rapazes, mesmo que nós, com os nossos olhinhos, vejamos que eles estão a mentir, com quantos dentes têm na boca, aceitamos. As aldrabices, as espertezas saloias destes jovens tem infelizmente um grande efeito reprodutor na consciência nacional.
Nós nunca temos culpa. Quem tem culpa é aquele árbitro a quem qualquer nome que lhe chamemos é ofensa diminuta, que não marcou penalti quando o João Moutinho, a dez minutos do final, simulou descaradamente uma falta. Com que vontade estaria ele de ir para a piscina refrescar!
Esta não é uma afirmação peremptória. È uma tese que precisará de demonstração. Mas creio que é evidente a nossa capacidade de nos auto-desculparmos pelas nossas fracas prestações a quase todos os níveis. E isto leva a que nunca aprendamos com os erros.
Os casos bons são excepcionais e não deveriam chegar para branquear ou até dourar o nosso orgulho nacional. Sem pensar em fazer transposições abusivas, também os deveríamos estudar. Para que a estes os possamos reproduzir em detrimento daqueles, nefastos e que deveriam envergonhar quem lhes dá origem.
Jogadores da selecção “A” utilizem a vossa experiência e não caminheis neste mesmo sentido. Colocai a condição de estrelas em “Banho Maria” até o campeonato acabar. Não penseis em desculpas antes, durante ou mesmo depois do campeonato terminar, se por acaso e lástima não vencereis esta luta difícil.
Agregai as vossas forças, uni as vossas vontades, aceitai a mediação de que legitimamente vos dirige para conseguir os vossos objectivos que os resultados aparecem e Portugal agradece. Ademais, Boa Sorte, que também faz falta!