segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O assalto final ao Castelo

Nunca se tornou famoso pelas suas participações em guerras contra os invasores, mas o Castelo de Santiago da Barra corre o risco de ter um papel importante nas questões domésticas. Sede da futura Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima situa-se contraditoriamente na sede do único concelho, Viana do Castelo, cujo Presidente de Câmara se manifesta relapso a aderir a esta Comunidade Democrática: Defensor Moura.
Viana é do Castelo, disso não há dúvida, assim ficará, acho que para sempre. Também o Castelo é de Viana e assim permanecerá, mas não porque Defensor Moura se arrogue ser o seu tranquilo protector. Segundo diz já um dia o defendeu de Branco Morais e apresenta-se agora disposto a que “esse” Rui Solheiro se não aproprie dele.
Se o primeiro lhe queria roubar o símbolo, agora “esse” outro quer-lhe retirar mesmo o objecto. Na sua opinião há um apetite voraz que tem tendência a transformar-se em sofreguidão, uma forma de deglutição que Defensor Moura antevê e que desconheço estar nos hábitos de Rui Solheiro. Não há dúvida que quando a linguagem tem estas derivas algo corre mal a nível emocional.
Quem fala a dar correctivos deve pensar que está a falar com crianças e não mede convenientemente a dimensão do seu Ego. Também estas atitudes tinham outrora emenda mas hoje a civilização obriga-nos a sermos mais polidos. O nosso sistema emocional é que às vezes nos atraiçoa porque nele estão ainda arquivadas as nossas reacções instintivas. Feliz ou infelizmente temos de aceitar certas aleivosias sem movimentos aparentes dos nossos músculos.
Coloquemos as coisas nos seus devidos palcos, porque senão vamos andar aí todos a dizer cobras e lagartos dos políticos que se entretêm a discutir a partilha do poder entre si e se estão marimbando para os interesses gerais da população. Como não há concursos sérios ainda se não descobriu outra maneira para ascender ao poder senão arranjar-se um palco para se ser visto.
Defensor Moura assim fez. Utilizou o palco do Hospital de Viana do Castelo para protagonizar os vários papéis que então lhe “entregaram” e pelos vistos ele nunca quis. A imagem que Defensor Moura transporta não é a que ele se quer atribuir, mas aquela que nós fazemos dele: A de um político determinado, nada capaz de cedências, negociações, acordos.
É uma pessoa que, a ser seguida a sua política, faria o rico cada vez mais rico e do pobre um miserável. Um homem de ideias feitas, opiniões pré-concebidas, rigidez e inflexibilidade mentais. Focalizado em Viana, é emocionalmente incapaz de conquistar a vizinhança.
O PS precisou de um homem para bater Branco de Morais e viu nele a mesma estrutura mental e com igual pertinácia. A encomenda saiu certa para o fim em vista, mas tem-se revelado um fardo pesado numa altura em que o PS precisa de ser mais do que um partido do poder, do que um partido que ocupa os cargos de poder usando a mesma lógica dos partidos de direita.
Um político tem que ser qualificado pelo património pessoal que consegue amealhar. Se somente obtém património mediático e o consegue porque se lança para cima dos outros de modo a aniquilá-los, é um pobre. Defensor Moura não lança para a discussão os seus atributos para a liderança do Alto Minho, limita-se tão só a tentar o assassinato de carácter dos seus colegas de partido.
Os argumentos “racionais” que hoje utiliza são os dinheiros e os votos, mas como sente que a questão se não esgota por aí, lá começou a caminhar pelos seus estados de alma, bem mais reveladores dos seus verdadeiros objectivos de amesquinhamento de quem ousa meter-se no seu caminho. E cuidem-se que não será fácil o assalto final ao Castelo se quem lá está não sente a solidariedade.

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