A importância do conhecimento não é ainda vista tão genericamente como seria desejável mas vai percorrendo o seu caminho. O conhecimento é mesmo o bem mais valioso, se bem que haja quem, por julgar possuir outros bens em quantidades suficientes, despreze a posse deste.
O que pode ser controverso é se chega ter conhecimento ou se, pelo contrário, o importante é afirmá-lo, vê-lo reconhecido na praça pública. Na realidade o ter conhecimento e verificar a sua inutilidade prática pode ser motivo de insatisfação maior, de frustração mesmo. Por isso muita gente põe em causa a própria aquisição de conhecimento.
Se não há viabilidade prática de o utilizar, se não é possível obter com ele alguma satisfação, para quê passar anos e anos a participar num processo de aquisição que ainda por cima está saturado de lacunas? Assim pensam muitos pais que transmitem no dia a dia de várias maneiras, embora nem sempre expressamente, esta ideia aos filhos, que a põem em execução na sua vida.
Uma das razões mais importantes do abandono e do insucesso escolar reside no ambiente familiar, na falta de estímulos, na avidez com que se esperam resultados imediatos e se despreza a preparação a longo prazo. Mesmo famílias que têm condições para sustentar e dar apoio aos seus filhos durante os longos períodos escolares que hoje existem sofrem dessa ansiedade que se instala.
As situações de carência são sem dúvida um forte motivo que levam as pessoas a não tolerar aquilo que já entendem como um sacrifício. Se tal pode dar origem a muita descrença não justifica que haja uma renúncia definitiva. A vontade de adquirir conhecimentos, a sede de saber pode persistir sem dano pessoal, mesmo que se não possa realizar de momento.
O não haver possibilidades económicas para seguir um curso normal de ensino não obsta a que se mantenha o objectivo pessoal de o prosseguir mais tarde e se faça um interregno passageiro. Mas também se tem que estar preparado para seguir outro caminho porque as vicissitudes da vida, carácter contingente dos acontecimentos não são de molde a alimentar certezas.
A realização pessoal pode não passar pela profissão ambicionada, pelo que a sua obtenção não se pode tornar obsessiva para nós. Aliás quando não resistimos a uma ambição isso torna-nos mais fechados à realidade dos outros, desrespeitadores das suas diferenças, menosprezadores do seu valor. Se nos negligenciamos caso não consigamos o desejado, mais menorizamos os outros.
O mérito de estarmos no lugar onde estamos, a exercer a profissão que exercemos, a ter o reconhecimento que temos, é normalmente a maior fonte de egocentrismo. Se ao lugar está associada alguma forma de poder então podemos entrar no domínio do inebriamento. O maior problema não é sobrevalorizarmo-nos, é sermos incapazes de reconhecer o mérito alheio.
Não necessitamos de atribuir algum mérito que tenhamos a obra do acaso, à pura sorte. Para sermos humanos, honestos e modestos não precisamos de tudo relativizar porque até para que o acaso funcione é necessário bastante empenho. Se não podemos ser cegos perante os contextos, também não podemos ignorar que há diferentes formas de os aproveitar.
O conhecimento tem mérito por si, mas o seu reconhecimento tem que ser mútuo, acima de tudo temos que o atribuir ao dos outros, sem necessidade de esperar que os outros o atribuam ao nosso. Mas isso é difícil quando olhamos para a vida como um percurso cheio de percalços e nos custa aceitar as dificuldades de ontem, quando hoje vemos tantas facilidades em situações semelhantes.
Obstáculos inultrapassáveis, deméritos mesquinhos, sortes madrastas são experiências de vida que não são exclusivas de ninguém, que nos não afectaram só a nós, que temos que ultrapassar numa exegese colectiva. E se dói tanta incompreensão é no fortalecimento do conhecimento também do passado que pode residir a construção de um futuro devidamente alicerçado.
Na verdade não se trata só de obter conhecimento técnico, científico ou literário. A história, e particularmente a nossa história, a forma como nos relacionamos com os outros, como os nossos antepassados se relacionaram entre si, fazem parte do tipo de conhecimento imprescindível para sabermos como proceder na nossa vida.
Todo o conhecimento que não obtivermos por via genética ou vivencial nós temos que o ir buscar a algum lado para percebermos a nossa função. O nosso lugar no universo, as perspectivas que se nos abrem em termos de futuro dependem muito do nosso conhecimento sobre o passado, sobre a maneira como nos posicionamos neste fruir entre o passado e o futuro.
Todo o conhecimento é importante, mas não há conhecimento abstracto, desligado da realidade. Por mais generalizável que ele seja, nunca é absoluto, tem em si muito de contingente e é necessário termos também uma certa tolerância ao contingente, uma certa abertura ao acaso, que não ao irracional, para que seja equilibrada a nossa postura na vida. Qualquer novo conhecimento deve manter um certo enquadramento com o acumulado.
O que pode ser controverso é se chega ter conhecimento ou se, pelo contrário, o importante é afirmá-lo, vê-lo reconhecido na praça pública. Na realidade o ter conhecimento e verificar a sua inutilidade prática pode ser motivo de insatisfação maior, de frustração mesmo. Por isso muita gente põe em causa a própria aquisição de conhecimento.
Se não há viabilidade prática de o utilizar, se não é possível obter com ele alguma satisfação, para quê passar anos e anos a participar num processo de aquisição que ainda por cima está saturado de lacunas? Assim pensam muitos pais que transmitem no dia a dia de várias maneiras, embora nem sempre expressamente, esta ideia aos filhos, que a põem em execução na sua vida.
Uma das razões mais importantes do abandono e do insucesso escolar reside no ambiente familiar, na falta de estímulos, na avidez com que se esperam resultados imediatos e se despreza a preparação a longo prazo. Mesmo famílias que têm condições para sustentar e dar apoio aos seus filhos durante os longos períodos escolares que hoje existem sofrem dessa ansiedade que se instala.
As situações de carência são sem dúvida um forte motivo que levam as pessoas a não tolerar aquilo que já entendem como um sacrifício. Se tal pode dar origem a muita descrença não justifica que haja uma renúncia definitiva. A vontade de adquirir conhecimentos, a sede de saber pode persistir sem dano pessoal, mesmo que se não possa realizar de momento.
O não haver possibilidades económicas para seguir um curso normal de ensino não obsta a que se mantenha o objectivo pessoal de o prosseguir mais tarde e se faça um interregno passageiro. Mas também se tem que estar preparado para seguir outro caminho porque as vicissitudes da vida, carácter contingente dos acontecimentos não são de molde a alimentar certezas.
A realização pessoal pode não passar pela profissão ambicionada, pelo que a sua obtenção não se pode tornar obsessiva para nós. Aliás quando não resistimos a uma ambição isso torna-nos mais fechados à realidade dos outros, desrespeitadores das suas diferenças, menosprezadores do seu valor. Se nos negligenciamos caso não consigamos o desejado, mais menorizamos os outros.
O mérito de estarmos no lugar onde estamos, a exercer a profissão que exercemos, a ter o reconhecimento que temos, é normalmente a maior fonte de egocentrismo. Se ao lugar está associada alguma forma de poder então podemos entrar no domínio do inebriamento. O maior problema não é sobrevalorizarmo-nos, é sermos incapazes de reconhecer o mérito alheio.
Não necessitamos de atribuir algum mérito que tenhamos a obra do acaso, à pura sorte. Para sermos humanos, honestos e modestos não precisamos de tudo relativizar porque até para que o acaso funcione é necessário bastante empenho. Se não podemos ser cegos perante os contextos, também não podemos ignorar que há diferentes formas de os aproveitar.
O conhecimento tem mérito por si, mas o seu reconhecimento tem que ser mútuo, acima de tudo temos que o atribuir ao dos outros, sem necessidade de esperar que os outros o atribuam ao nosso. Mas isso é difícil quando olhamos para a vida como um percurso cheio de percalços e nos custa aceitar as dificuldades de ontem, quando hoje vemos tantas facilidades em situações semelhantes.
Obstáculos inultrapassáveis, deméritos mesquinhos, sortes madrastas são experiências de vida que não são exclusivas de ninguém, que nos não afectaram só a nós, que temos que ultrapassar numa exegese colectiva. E se dói tanta incompreensão é no fortalecimento do conhecimento também do passado que pode residir a construção de um futuro devidamente alicerçado.
Na verdade não se trata só de obter conhecimento técnico, científico ou literário. A história, e particularmente a nossa história, a forma como nos relacionamos com os outros, como os nossos antepassados se relacionaram entre si, fazem parte do tipo de conhecimento imprescindível para sabermos como proceder na nossa vida.
Todo o conhecimento que não obtivermos por via genética ou vivencial nós temos que o ir buscar a algum lado para percebermos a nossa função. O nosso lugar no universo, as perspectivas que se nos abrem em termos de futuro dependem muito do nosso conhecimento sobre o passado, sobre a maneira como nos posicionamos neste fruir entre o passado e o futuro.
Todo o conhecimento é importante, mas não há conhecimento abstracto, desligado da realidade. Por mais generalizável que ele seja, nunca é absoluto, tem em si muito de contingente e é necessário termos também uma certa tolerância ao contingente, uma certa abertura ao acaso, que não ao irracional, para que seja equilibrada a nossa postura na vida. Qualquer novo conhecimento deve manter um certo enquadramento com o acumulado.
O conhecimento exige muito sacrifício e até por vezes o sacrifício da nossa estabilidade. A exploração de novos conhecimentos não se faz de ânimo leve, como que percorrendo um jardim pleno de flores. O caminho passa antes por montes baldios, fragas sombrias, veredas esconsas. Mas são necessários sacrifícios para que o futuro dos outros seja mais luminoso.
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