Irá estar bom tempo? Irá estar mau tempo? Esta dúvida começa a consumir-nos já lá para meados de Agosto, por via deste antagonismo velho e de certo modo já gasto e ultrapassado que mantemos com os de Viana. É pela Agonia que começamos a preocuparmo-nos se acaso somos nós a ter que emprestar os panais aos de Viana, se são eles que os haverão de emprestar a nós lá para o terceiro fim-de-semana de Setembro.
Tradição sem fundamento, essa história de que para uns terem bom tempo terá que calhar aos outros sofrer as amarguras de algum temporal. Mas que serve tão só para atestar uma anacrónica rivalidade que unia e desunia estas duas comunidades cujos destinos, é bom que se diga, nunca se harmonizaram em proveito de todos. Não cabe aqui saber de quem é a culpa
Para não sairmos do domínio festivo, no qual todos queremos ser os melhores, também é bom que se diga que eles, os de Viana, se pelam por ter umas festas iguais às nossas. Eles lá vão copiando o troar dos nossos bombos à hora do almoço, levam-nos o fogo de artifício para a noite, roubam-nos as concertinas. Só há uma coisa que eles não são capazes, o Canário é mais nosso que é deles, de cantar ao desafio.
Foi com estas coisas do turismo, da massificação, hoje já tudo passa por genuíno mesmo quando o copiamos, é da pura lavra quando é estranho. No entanto não sejamos maus e até não tenhamos medo de comparações. Nós todos recebemos. Afinal eles caem cá nas nossas Feiras Novas como tordos, eles sabem que só cá bebem das fontes tradicionais.
E por falar em beber até o temos cá bem melhor do que o de Perre, eles sabem disso e também não escapam sem beber uma sidra. A propósito falou-se dum projecto que, mesmo sendo uma cópia das Astúrias, não deixava de ter fortes raízes nesta região. A promoção da sidra como produto regional seria, sem dúvida, uma boa ideia que terá surgido a Daniel Campelo mas que parece ter sido relegada lá para outra geração.
Infelizmente a nossa iniciativa privada deve estar à espera que lhe entreguem algum projecto de bandeja, com mercado, fontes de financiamento e matérias-primas garantidas. Mas deixemos isso que afinal estávamos a falar de Festas que sempre é do melhor que sabemos fazer, e já nos estávamos a desviar para a crítica maldizente e verrinosa.
Uma das coisas que antes das Festas também nos apoquenta é de saber se vai haver vinho novo. Sempre o Locas, o Cachadinha ou o Chessman da Veiga providenciaram para que ele não faltasse mas com isto da ASAE a dúvida instala-se cada vez mais. Eles já andaram por aí a ameaçar o sarrabulho, o frango de pé descalço e qualquer dia metem-se com o nosso néctar.
O melhor talvez seja estar calado que ninguém nos ouve, quanto mais lê. A festa é uma brincadeira e como tal tem que haver alguma permissividade, licenciosidade, chamem-lhe também o que quiserem mas não nos chateiem muito. Não somos daqueles que se contentam em que no cortejo etnográfico se faça vinho e se dê vinho novo a beber. Na tasca é bem melhor.
Talvez haja quem goste de mais limpeza, de mais higiene. Na verdade podemos e devemos melhorar. Acima de tudo só permitir que se instalem tascas em sítios não térreos, embora saibamos que numa Festa é o ar que está permanentemente poluído de poeiras, de aromas, assim como o está também de sons. Afinal ainda há por onde escolher.
Todos nós gostamos de dar alguns remoques, de contribuir para que se viva melhor a Festa. Só que há duas maneiras de resolver os problemas: Ou ir solucionando as questões ou deixar que eles se acumulem. E então surgem os profetas a querer que se corte o mal pela raiz e se comece tudo do zero. Não parece ser essa a opção correcta mas os responsáveis têm que fazer um esforço extra para não agravar a situação, antes para melhorar o ambiente.
O carácter das nossas Festas tem que ser preservado, conquanto que os jovens já lhe imprimiram também um cunho mais actual. Quem não conhece as Feiras Novas até julgará que cá decorrem duas festas paralelas que se não cruzam e decorrem de costas voltadas. Felizmente que ainda há muitos pontos de contacto e interligação e essa integração tem que ser reforçada.
Nas Feiras Novas sempre se dispensou a segregação, sempre houve uma grande irmanação entre pessoas de origens bem distintas. Sempre houve uma grande liberdade para ser diferente mas com o crescente afluxo de novas pessoas à festa é natural que se cometam excessos e que haja sempre alguém que se não consiga enquadrar no espírito festivo. Felizmente condescendência não nos falta.
Uma festa não pode decorrer com excessivos apertos, com liberalidades exageradas, nem com artificialismos despropositados. A verdade é que a monotonia também não é o melhor caminho. Por isso torna-se imperioso fazer alguma inovação sem que se não subverta o espírito da festa. O corte radical com uma tradição não é por certo a maneira ideal de progredir.
A quem até aqui chegou proponho que vamos lá gozar a festa e deixemos essa tarefa de a pensar lá mais para o Inverno. Que se dane a chuva e a trovoada, as enxurradas e o nevoeiro que nós vamos persistir na festa. Dança para aqui e para acolá. Vai ao centro e volta à roda. Levanta os braços bem no ar. Faz estalar as castanholas. Vem daí também dançar.Ataquem os foguetes, os gigantones que se aprestem, toquem os bombos, que a folia vais começar.
Tradição sem fundamento, essa história de que para uns terem bom tempo terá que calhar aos outros sofrer as amarguras de algum temporal. Mas que serve tão só para atestar uma anacrónica rivalidade que unia e desunia estas duas comunidades cujos destinos, é bom que se diga, nunca se harmonizaram em proveito de todos. Não cabe aqui saber de quem é a culpa
Para não sairmos do domínio festivo, no qual todos queremos ser os melhores, também é bom que se diga que eles, os de Viana, se pelam por ter umas festas iguais às nossas. Eles lá vão copiando o troar dos nossos bombos à hora do almoço, levam-nos o fogo de artifício para a noite, roubam-nos as concertinas. Só há uma coisa que eles não são capazes, o Canário é mais nosso que é deles, de cantar ao desafio.
Foi com estas coisas do turismo, da massificação, hoje já tudo passa por genuíno mesmo quando o copiamos, é da pura lavra quando é estranho. No entanto não sejamos maus e até não tenhamos medo de comparações. Nós todos recebemos. Afinal eles caem cá nas nossas Feiras Novas como tordos, eles sabem que só cá bebem das fontes tradicionais.
E por falar em beber até o temos cá bem melhor do que o de Perre, eles sabem disso e também não escapam sem beber uma sidra. A propósito falou-se dum projecto que, mesmo sendo uma cópia das Astúrias, não deixava de ter fortes raízes nesta região. A promoção da sidra como produto regional seria, sem dúvida, uma boa ideia que terá surgido a Daniel Campelo mas que parece ter sido relegada lá para outra geração.
Infelizmente a nossa iniciativa privada deve estar à espera que lhe entreguem algum projecto de bandeja, com mercado, fontes de financiamento e matérias-primas garantidas. Mas deixemos isso que afinal estávamos a falar de Festas que sempre é do melhor que sabemos fazer, e já nos estávamos a desviar para a crítica maldizente e verrinosa.
Uma das coisas que antes das Festas também nos apoquenta é de saber se vai haver vinho novo. Sempre o Locas, o Cachadinha ou o Chessman da Veiga providenciaram para que ele não faltasse mas com isto da ASAE a dúvida instala-se cada vez mais. Eles já andaram por aí a ameaçar o sarrabulho, o frango de pé descalço e qualquer dia metem-se com o nosso néctar.
O melhor talvez seja estar calado que ninguém nos ouve, quanto mais lê. A festa é uma brincadeira e como tal tem que haver alguma permissividade, licenciosidade, chamem-lhe também o que quiserem mas não nos chateiem muito. Não somos daqueles que se contentam em que no cortejo etnográfico se faça vinho e se dê vinho novo a beber. Na tasca é bem melhor.
Talvez haja quem goste de mais limpeza, de mais higiene. Na verdade podemos e devemos melhorar. Acima de tudo só permitir que se instalem tascas em sítios não térreos, embora saibamos que numa Festa é o ar que está permanentemente poluído de poeiras, de aromas, assim como o está também de sons. Afinal ainda há por onde escolher.
Todos nós gostamos de dar alguns remoques, de contribuir para que se viva melhor a Festa. Só que há duas maneiras de resolver os problemas: Ou ir solucionando as questões ou deixar que eles se acumulem. E então surgem os profetas a querer que se corte o mal pela raiz e se comece tudo do zero. Não parece ser essa a opção correcta mas os responsáveis têm que fazer um esforço extra para não agravar a situação, antes para melhorar o ambiente.
O carácter das nossas Festas tem que ser preservado, conquanto que os jovens já lhe imprimiram também um cunho mais actual. Quem não conhece as Feiras Novas até julgará que cá decorrem duas festas paralelas que se não cruzam e decorrem de costas voltadas. Felizmente que ainda há muitos pontos de contacto e interligação e essa integração tem que ser reforçada.
Nas Feiras Novas sempre se dispensou a segregação, sempre houve uma grande irmanação entre pessoas de origens bem distintas. Sempre houve uma grande liberdade para ser diferente mas com o crescente afluxo de novas pessoas à festa é natural que se cometam excessos e que haja sempre alguém que se não consiga enquadrar no espírito festivo. Felizmente condescendência não nos falta.
Uma festa não pode decorrer com excessivos apertos, com liberalidades exageradas, nem com artificialismos despropositados. A verdade é que a monotonia também não é o melhor caminho. Por isso torna-se imperioso fazer alguma inovação sem que se não subverta o espírito da festa. O corte radical com uma tradição não é por certo a maneira ideal de progredir.
A quem até aqui chegou proponho que vamos lá gozar a festa e deixemos essa tarefa de a pensar lá mais para o Inverno. Que se dane a chuva e a trovoada, as enxurradas e o nevoeiro que nós vamos persistir na festa. Dança para aqui e para acolá. Vai ao centro e volta à roda. Levanta os braços bem no ar. Faz estalar as castanholas. Vem daí também dançar.Ataquem os foguetes, os gigantones que se aprestem, toquem os bombos, que a folia vais começar.
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