A única forma de combater a delinquência juvenil é compreender as suas causas, distinguir as suas formas, diferenciar as suas manifestações. É isso que o nosso espírito sintético normalmente não faz e nada mais sossega certos espíritos do que dizer que não há estratos sociais para a delinquência, que todas as suas manifestações revelam uma tendência pessoal independentemente da forma.
Delinquente é delinquente e nada mais há a fazer, dizem os ignorantes. O problema é que as grandes sínteses são no geral grandes nevoeiros quando o propósito é só apoiar certas soluções massificadas. O facto de a sociedade não estar preparada para encontrar soluções diferenciadas, não ter meios disponíveis, não é razão para sentenças uniformes.
Em certas regiões de alguns países, por motivos muito específicos, há uma delinquência grupal, de jovens auto-suficientes, deliberadamente uns, coagidos outros, para os quais não passa de um meio de sobrevivência, quase ao nível de um modo de vida. São os capitães da areia. Em Portugal, se já aconteceu isto, foi muito esporadicamente, sem muita continuidade.
O que existe muitas vezes é uma associação de jovens com adultos, às vezes com a família, que deriva facilmente da pedincha para a pequena delinquência, ficando-se quase sempre pelos objectivos económicos, de sobrevivência do grupo. Os jovens são usados segundo as conveniências do grupo e não movidos por uma vontade própria.
Esta delinquência forçada pode provocar habituação, mas normalmente tem que ser vista como circunstancial, com possibilidade de reversão se se conseguir que esses jovens se afastem dos adultos e se enquadrem no sistema de ensino e sequencialmente no sistema produtivo normal. Normalmente é impossível conseguir alterar o ambiente familiar antes que os jovens sofram as suas consequências irreversíveis.
Nunca se poderá dizer que haja alguém que enverede deliberadamente pela delinquência, mas também se não pode considerar que alguém empurre deliberadamente outrem para a mesma a não ser aquelas famílias que fazem disso já o seu modo de vida.
Haverá sempre quem inadvertidamente se veja enredado em actividades marginais, quem seja levado por amigos menos recomendáveis, mas também não são esses que constituem o problema principal, porque terão sempre uma oportunidade de sair a tempo, num segundo tempo.
Haverá também aqueles que não são levados pela situação económica a praticar delitos que prejudicam outros, mas sim por um capricho de fazer aquilo que não é legítimo que se faça. É nestes que encontramos mesmo uma preponderância dos estratos mais favorecidos da sociedade. Mas valha a verdade que a satisfação e o capricho também estão ao dispor dos pobres.
Aqueles que se vêm a tornar delinquentes persistentes são independentes desde cedo, convencidos da sua capacidade para serem auto-suficientes, sustentando-se numa vontade já algo complexa, dissociada da vontade colectiva, mas capaz de assumir uma liderança eficaz, renitentes em perder prerrogativas entretanto conseguidas.
Estes não são “rapazes” porque caminham no sentido de já terem convicções arreigadas, “certezas” alicerçadas numa experiência de vida sempre agitada, independência sentimental em relação à própria família, se esta existir, sem que não possam existir afectos fortes mais específicos, uma emotividade afectada pela agressividade do meio.
Mas estes “rapazes” só são capazes de uma leitura simplista do meio. O imediatismo das suas emoções atraiçoa-lhes a visão e faz-lhos caminhar em relação ao abismo. A interiorização dos sentimentos funciona neles como um meio de defesa do mundo. Nem sempre funciona nesse sentido mas pode facilitar o gozo de sentimentos perversos. Apresentam uma dura carapaça que dificulta qualquer aproximação voluntariosa.
Estes rapazes sentem satisfação em difundir as suas crenças, por isso a sua permanência em grupos que não exijam grande acompanhamento é normalmente prejudicial. Por sua vez a formação de grupos de rapazes com aquelas mesmas características pode levar a uma emulação de consequências nefastas ao solidificar e estimular personalidades distorcidas.
Por estas razões só deveriam agrupar rapazes com capacidade de liderança semelhante, para que entretanto se não influenciem. A sua inserção no tecido social, a sua integração plena, só se consegue com técnicos que possam ganhar a sua confiança. Estes rapazes não podem continuar a ver o mundo como um ser amorfo e hostil que não cultiva a alegria. Estes rapazes salvar-se-ão quando se convencerem que a sociedade está pronta a recebê-los de volta e a lhes proporcionar melhores satisfações e mais fraternidade.
Delinquente é delinquente e nada mais há a fazer, dizem os ignorantes. O problema é que as grandes sínteses são no geral grandes nevoeiros quando o propósito é só apoiar certas soluções massificadas. O facto de a sociedade não estar preparada para encontrar soluções diferenciadas, não ter meios disponíveis, não é razão para sentenças uniformes.
Em certas regiões de alguns países, por motivos muito específicos, há uma delinquência grupal, de jovens auto-suficientes, deliberadamente uns, coagidos outros, para os quais não passa de um meio de sobrevivência, quase ao nível de um modo de vida. São os capitães da areia. Em Portugal, se já aconteceu isto, foi muito esporadicamente, sem muita continuidade.
O que existe muitas vezes é uma associação de jovens com adultos, às vezes com a família, que deriva facilmente da pedincha para a pequena delinquência, ficando-se quase sempre pelos objectivos económicos, de sobrevivência do grupo. Os jovens são usados segundo as conveniências do grupo e não movidos por uma vontade própria.
Esta delinquência forçada pode provocar habituação, mas normalmente tem que ser vista como circunstancial, com possibilidade de reversão se se conseguir que esses jovens se afastem dos adultos e se enquadrem no sistema de ensino e sequencialmente no sistema produtivo normal. Normalmente é impossível conseguir alterar o ambiente familiar antes que os jovens sofram as suas consequências irreversíveis.
Nunca se poderá dizer que haja alguém que enverede deliberadamente pela delinquência, mas também se não pode considerar que alguém empurre deliberadamente outrem para a mesma a não ser aquelas famílias que fazem disso já o seu modo de vida.
Haverá sempre quem inadvertidamente se veja enredado em actividades marginais, quem seja levado por amigos menos recomendáveis, mas também não são esses que constituem o problema principal, porque terão sempre uma oportunidade de sair a tempo, num segundo tempo.
Haverá também aqueles que não são levados pela situação económica a praticar delitos que prejudicam outros, mas sim por um capricho de fazer aquilo que não é legítimo que se faça. É nestes que encontramos mesmo uma preponderância dos estratos mais favorecidos da sociedade. Mas valha a verdade que a satisfação e o capricho também estão ao dispor dos pobres.
Aqueles que se vêm a tornar delinquentes persistentes são independentes desde cedo, convencidos da sua capacidade para serem auto-suficientes, sustentando-se numa vontade já algo complexa, dissociada da vontade colectiva, mas capaz de assumir uma liderança eficaz, renitentes em perder prerrogativas entretanto conseguidas.
Estes não são “rapazes” porque caminham no sentido de já terem convicções arreigadas, “certezas” alicerçadas numa experiência de vida sempre agitada, independência sentimental em relação à própria família, se esta existir, sem que não possam existir afectos fortes mais específicos, uma emotividade afectada pela agressividade do meio.
Mas estes “rapazes” só são capazes de uma leitura simplista do meio. O imediatismo das suas emoções atraiçoa-lhes a visão e faz-lhos caminhar em relação ao abismo. A interiorização dos sentimentos funciona neles como um meio de defesa do mundo. Nem sempre funciona nesse sentido mas pode facilitar o gozo de sentimentos perversos. Apresentam uma dura carapaça que dificulta qualquer aproximação voluntariosa.
Estes rapazes sentem satisfação em difundir as suas crenças, por isso a sua permanência em grupos que não exijam grande acompanhamento é normalmente prejudicial. Por sua vez a formação de grupos de rapazes com aquelas mesmas características pode levar a uma emulação de consequências nefastas ao solidificar e estimular personalidades distorcidas.
Por estas razões só deveriam agrupar rapazes com capacidade de liderança semelhante, para que entretanto se não influenciem. A sua inserção no tecido social, a sua integração plena, só se consegue com técnicos que possam ganhar a sua confiança. Estes rapazes não podem continuar a ver o mundo como um ser amorfo e hostil que não cultiva a alegria. Estes rapazes salvar-se-ão quando se convencerem que a sociedade está pronta a recebê-los de volta e a lhes proporcionar melhores satisfações e mais fraternidade.
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