Os jovens, perante a complexidade do mundo, na sua generalidade acham que é melhor desfrutá-lo que compreendê-lo. No entanto é normal dizer-se que os jovens acreditam cada vez mais em si mesmo, estão cada vez mais preparados para enfrentar o futuro. Se isso é verdade na esfera individual, no que se refere à acção colectiva há porém muitas dúvidas e algumas certezas.
As dúvidas referem-se à incapacidade de assumir responsabilidades por novas iniciativas embora não se possa pôr em causa a sua capacidade de integrar tarefas conjuntas quando por iniciativa e patrocínio de organizações já existentes. Uma certeza é que não será fácil assumir novas iniciativas numa sociedade conservadora, defensiva, que não fornece meios a quem a quer pôr em causa.
Os jovens têm uma grande relutância em partilhar iniciativas de natureza política, mesmo que o âmbito em que se pretende actuar seja somente de política geral e não de politica partidária. Mas haverá razões pelas quais a actividade política até globalmente é mal vista. Não chega, mas é importante, constatar que o actual ciclo histórico não é favorável.
Existe um pessimismo generalizado, embora que nem sempre explicável pelas mesmas razões, mas cujos efeito é negativo na conjuntura geral que se vive. É um pessimismo que nos arrasta a todos para um terreno lodoso em que tudo parece ser igual, pegajoso. É um pessimismo anestesiante, que nos imobiliza e nos impede de ter uma reacção inteligente, de ir lutando contra os obstáculos que se nos deparam de uma forma sistemática e gradual.
Também não falta quem tente propagar uma aversão à política, ou pelo menos a mais generalizada apatia. As organizações existentes são pouco motivadoras, tratam mal com as circunstâncias adversas que historicamente são inevitáveis. Sendo os jovens mais inclinados a viver as circunstâncias do que seguir o perfil civilizacional profundo da sociedade em que se integram, não criam as resistências necessárias os pregadores de desgraças.
Os jovens são capazes de atitudes extremas, mas que só assumem em condições de clara saturação da situação política, quando esta cria limitações insuportáveis para a desabrochar de novas formas de viver. As pessoas dizem mal mas, incapazes de inovar, mantêm-se presas a todos os pressupostos do passado. Como se verifica no actual contexto, quantas vezes propõem soluções gastas. Mas vai havendo quem ache ser possível e/ou conveniente construir o futuro sobre ruínas e estão prontos a abdicar de partilhar o passado dos mais velhos.
Mais do que nunca parece razoável não descambar para os extremos, embora haja contradições insanáveis entre progresso e a manutenção de níveis de vida numa escala previsível. Há um grande afã na obtenção do progresso técnico-científico e uma grande incerteza quando ao seu efeito nas estruturas sociais que tanto custam a levantar, para logo estarem desactualizadas.
Se este processo já é difícil para quem acompanha de perto aquele progresso, para nós, que estávamos a décadas de distância do progresso de ponta, é dramático termos que vencer este hiato e suportar as dificuldades de mutações mais amplas. E ainda por cima o futuro é um desafio de que não suspeitamos os contornos. Isto traz preocupações acrescidas para um presente, que assim se pode tornar demasiado provisório.
Os jovens gostam da modernidade e não se pode querer que eles se entusiasmem com esta zona sombria e movediça em que nos encontramos e de que se não vê saída. Todos os aparelhos partidários existentes não promovem a inovação na sua acção e enredam-se a discutir argumentos, que talvez justifiquem o presente, mas são inválidos para construir o futuro.
A dificuldade dos jovens para entrar na actividade política começa em ter que compreender os partidos na sua lógica e na sua história, porque qualquer iniciação à política se não fará por outra via, isto é, com base num grupo fechado de pessoas de uma só geração e a partir duma virtual estaca zero.
Existem lacunas entre os conteúdos programáticos de uns e de outros, diferenças entre esses conteúdos e as suas práticas, só compreensíveis pela sua génese. Quem queira iniciar uma actividade política ou simplesmente compreender as opções que se colocam, é importante que saiba que não há uma economia estável nem uma demarcação política claramente estabelecida.
Normalmente as ideias são divididas por famílias políticas e cada uma procura defender um sistema coerente e abrangente, defendendo uma maior ou menor interferência em aspectos da vida pessoal e social. Liberais distinguem-se de conservadores, sociais-democratas de socialistas, reformadores de radicais. E todos costumam ter organizações representativas e defensores óbvios.
O nosso regime derivou de uma ditadura “atípica”, a sua formação desenvolveu-se em circunstâncias específicas que levaram a uma diferenciação muito ténue, que por vezes se ficou por pormenores e pelo estilo. Aqueles que, mesmo provindos de sectores diversos, se souberam juntar resistiram e solidificaram a sua organização. Sacrificaram as suas diferenças à necessária coesão.
Esta génese deu origem a que nos partidos políticos se alberguem leques políticos muito alargados que por essa via se sobrepuseram e criaram problemas complexos. Por exemplo a ala direita do PS entra pelo PSD dentro e a ala esquerda deste pelo PS do mesmo modo. Por vezes as práticas governativas, por força das circunstâncias, levaram os partidos a terem que seguir políticas que em princípio não patrocinariam e a suscitar adesões de sectores que estariam longe da sua política de base. Este passado condiciona ainda as opções actuais.
O labirinto partidário que se formou, sujeito a enviusamentos vários no seu percurso temporal faz com que, para qualquer pessoa menos avisada, a variedade seja excessiva, criando assim uma vulgaridade e promiscuidade que dificultam as opções claras. Sendo impossível escolher tendo em conta as ideias, a adesão a um partido tomando como referência as pessoas que nele militam tornou-se ainda mais problemático para quem não aceite ser orientado por razões pessoais.
As dúvidas referem-se à incapacidade de assumir responsabilidades por novas iniciativas embora não se possa pôr em causa a sua capacidade de integrar tarefas conjuntas quando por iniciativa e patrocínio de organizações já existentes. Uma certeza é que não será fácil assumir novas iniciativas numa sociedade conservadora, defensiva, que não fornece meios a quem a quer pôr em causa.
Os jovens têm uma grande relutância em partilhar iniciativas de natureza política, mesmo que o âmbito em que se pretende actuar seja somente de política geral e não de politica partidária. Mas haverá razões pelas quais a actividade política até globalmente é mal vista. Não chega, mas é importante, constatar que o actual ciclo histórico não é favorável.
Existe um pessimismo generalizado, embora que nem sempre explicável pelas mesmas razões, mas cujos efeito é negativo na conjuntura geral que se vive. É um pessimismo que nos arrasta a todos para um terreno lodoso em que tudo parece ser igual, pegajoso. É um pessimismo anestesiante, que nos imobiliza e nos impede de ter uma reacção inteligente, de ir lutando contra os obstáculos que se nos deparam de uma forma sistemática e gradual.
Também não falta quem tente propagar uma aversão à política, ou pelo menos a mais generalizada apatia. As organizações existentes são pouco motivadoras, tratam mal com as circunstâncias adversas que historicamente são inevitáveis. Sendo os jovens mais inclinados a viver as circunstâncias do que seguir o perfil civilizacional profundo da sociedade em que se integram, não criam as resistências necessárias os pregadores de desgraças.
Os jovens são capazes de atitudes extremas, mas que só assumem em condições de clara saturação da situação política, quando esta cria limitações insuportáveis para a desabrochar de novas formas de viver. As pessoas dizem mal mas, incapazes de inovar, mantêm-se presas a todos os pressupostos do passado. Como se verifica no actual contexto, quantas vezes propõem soluções gastas. Mas vai havendo quem ache ser possível e/ou conveniente construir o futuro sobre ruínas e estão prontos a abdicar de partilhar o passado dos mais velhos.
Mais do que nunca parece razoável não descambar para os extremos, embora haja contradições insanáveis entre progresso e a manutenção de níveis de vida numa escala previsível. Há um grande afã na obtenção do progresso técnico-científico e uma grande incerteza quando ao seu efeito nas estruturas sociais que tanto custam a levantar, para logo estarem desactualizadas.
Se este processo já é difícil para quem acompanha de perto aquele progresso, para nós, que estávamos a décadas de distância do progresso de ponta, é dramático termos que vencer este hiato e suportar as dificuldades de mutações mais amplas. E ainda por cima o futuro é um desafio de que não suspeitamos os contornos. Isto traz preocupações acrescidas para um presente, que assim se pode tornar demasiado provisório.
Os jovens gostam da modernidade e não se pode querer que eles se entusiasmem com esta zona sombria e movediça em que nos encontramos e de que se não vê saída. Todos os aparelhos partidários existentes não promovem a inovação na sua acção e enredam-se a discutir argumentos, que talvez justifiquem o presente, mas são inválidos para construir o futuro.
A dificuldade dos jovens para entrar na actividade política começa em ter que compreender os partidos na sua lógica e na sua história, porque qualquer iniciação à política se não fará por outra via, isto é, com base num grupo fechado de pessoas de uma só geração e a partir duma virtual estaca zero.
Existem lacunas entre os conteúdos programáticos de uns e de outros, diferenças entre esses conteúdos e as suas práticas, só compreensíveis pela sua génese. Quem queira iniciar uma actividade política ou simplesmente compreender as opções que se colocam, é importante que saiba que não há uma economia estável nem uma demarcação política claramente estabelecida.
Normalmente as ideias são divididas por famílias políticas e cada uma procura defender um sistema coerente e abrangente, defendendo uma maior ou menor interferência em aspectos da vida pessoal e social. Liberais distinguem-se de conservadores, sociais-democratas de socialistas, reformadores de radicais. E todos costumam ter organizações representativas e defensores óbvios.
O nosso regime derivou de uma ditadura “atípica”, a sua formação desenvolveu-se em circunstâncias específicas que levaram a uma diferenciação muito ténue, que por vezes se ficou por pormenores e pelo estilo. Aqueles que, mesmo provindos de sectores diversos, se souberam juntar resistiram e solidificaram a sua organização. Sacrificaram as suas diferenças à necessária coesão.
Esta génese deu origem a que nos partidos políticos se alberguem leques políticos muito alargados que por essa via se sobrepuseram e criaram problemas complexos. Por exemplo a ala direita do PS entra pelo PSD dentro e a ala esquerda deste pelo PS do mesmo modo. Por vezes as práticas governativas, por força das circunstâncias, levaram os partidos a terem que seguir políticas que em princípio não patrocinariam e a suscitar adesões de sectores que estariam longe da sua política de base. Este passado condiciona ainda as opções actuais.
O labirinto partidário que se formou, sujeito a enviusamentos vários no seu percurso temporal faz com que, para qualquer pessoa menos avisada, a variedade seja excessiva, criando assim uma vulgaridade e promiscuidade que dificultam as opções claras. Sendo impossível escolher tendo em conta as ideias, a adesão a um partido tomando como referência as pessoas que nele militam tornou-se ainda mais problemático para quem não aceite ser orientado por razões pessoais.