Não há dúvida que tem sido um sucesso o inquérito que este jornal começou a fazer há cerca de um mês para saber a opinião dos seus leitores sobre qual o melhor Presidente da Câmara do Distrito. A votação tem decorrido no seu site na Internet “www.altominho.pt”.
Um comentário sobre os seus resultados impõe-se, partindo do pressuposto de que alguma leitura os números poderão ter, para além do seu natural impacto que a nitidez, para não dizer brutalidade, dos números possa ter. Terá algum significado, será real ou aparente esta inversão de valores?
Como destacado vencedor encontra-se o José Manuel Carpinteira, Presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira. A surpresa não resiste decerto a uma análise mesmo que breve. J M Carpinteira tem desempenhado o seu cargo com uma probidade digna de realce, tal deve querer ser assinalado por quem nele votou.
Normalmente estes inquéritos na Internet têm uma maior adesão de quem quer assinalar algum facto ou alguém que julga merecer a sua aprovação. Também quem quer manifestar a sua repulsa, a sua reprovação em relação a alguém votará no seu oposto, mas aqui os competidores são nove. Não se trata pois de um voto negativo. Este é um voto nitidamente positivo, que se não destina a achincalhar ninguém, antes pelo contrário.
Uma gestão equilibrada, tendo em atenção os vários aspectos em que nos dias de hoje se deve basear, tem sido seguida por J M Carpinteira, dando ao seu concelho uma rara harmonia entre o desenvolvimento económico, a ecologia, o ambiente em geral, a cultura, o desporto. Carpinteira soube dar continuidade e engrandecer a Bienal de Arte e recebeu na sua zona industrial empresas que não só dão emprego aos seus conterrâneos como aos dos concelhos vizinhos.
É natural que os seus votos não sejam só dos seus eleitores mas de muitas outras pessoas que têm beneficiado do progresso de Vila Nova de Cerveira e daquelas que simplesmente acham que a sua obra merece o devido destaque. É natural que participem mais activamente aqueles que se sentem satisfeitos quando se realça o trabalho de quem não tem por hábito pôr-se em bicos de pé, antes cultiva uma genuína humildade.
Em segundo lugar está um talvez esperado vencedor, Rui Solheiro, não só pelo relevante papel desempenhado em 25 anos de mandato local, como pelo empenho que tem posto na unidade alto-minhota, como dirigente da Valminho, presidente da direcção do PS distrital e dos autarcas socialista do País e vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Sendo Presidente da Câmara do concelho mais a Norte do País, com características acentuadamente montanhosas, não tem descurado a defesa do ambiente e da monumentalidade de Melgaço, tem promovido com rara oportunidade o sector museológico, tem contribuído para a promoção dos produtos locais, como o alvarinho e os enchidos, e para a atracção da actividade desportiva.
Tratando-se de um dinossauro do poder local, não consta que a sua influência tenha sido perniciosa, antes pelo contrário, tem sempre apoiado os colegas mais jovens, mas tem encontrado resistências inesperadas da parte de outros intervenientes na política regional, em especial do seu correligionário Defensor Moura, que se não tem fartado de esforços, sabe-se lá com que propósitos, para o relegar para uma posição secundária.
Este facto pode ter contribuído para este segundo lugar, dado que sempre há quem lhe atribua culpas pelo atraso do Alto Minho. Efectivamente não tem conseguido vencer a intransigência dos seus adversários, sem que se prove que uma eventual cedência aos seus propósitos à margem da Lei, pudesse ter trazido algum benefício à Região.
Num prestigioso terceiro lugar encontra-se José Luís Serra, Presidente da Câmara de Valença, talvez pelo seu papel na luta inglória por uma Unidade Básica de Saúde no seu concelho, dado que os estudos para aí a indicavam e tal não veio a acontecer. Com um concelho estratégico, uma das principais entradas no País, virá decerto a beneficiar desse facto via TGV e Plataforma Logística de Transportes. Mas hoje não são fáceis de descortinar as razões desta votação em quem se tem limitado a ver as suas centenária muralhas a cair aos bocados.
O grupo dos quatro mais destacados dirigentes locais encerra com Vassalo Abreu, o mais novato, que não em idade, de todos, de certo modo também inesperado nesta posição. Tanto mais que é pela primeira vez Presidente da Câmara de um concelho pequeno, que ainda por cima tem metade do território integrado no Parque Nacional da Peneda Gerez, o que limita sobremaneira as suas possibilidades de desenvolvimento.
Ter-se-á destacado na sua luta pelos benefícios a que deveria ter direito por ter a mais potente barragem do País. Não só vê passar a preciosa energia que lá se produz, como vê o vento agreste perder-se nas serranias do seu concelho, em especial na Serra Amarela. As reservas integrais, a defesa do ambiente tem destas incongruências que não permitem proporcionar-nos os benefícios da energia mais limpa de todas, a eólica. Afinal uma paisagem natural parece ser mais importante que um ambiente protegido.
Este voto em Vassalo também terá algo a ver com a sua ousadia. Quando a integração de concelhos, o repensar da divisão administrativa do País, levemente afloradas em períodos de menor atribulação política, mas abandonadas em tempos de maior atenção ao deficit, teve a coragem de sugerir uma ligação mais estrita aos Arcos de Valdevez, concelho com os mesmos problemas da Ponte da Barca.
Para os restantes dois terços dos Presidentes de Câmara só restaram um oitavo dos votos. É uma surpresa de que decerto não encontraremos todas as razões. Ainda podemos destacar um grupo de dois Presidentes que se destacam um pouco dos outros quatro. O quinto é Francisco Araújo, um Presidente activo e dinamizador da economia local, que tudo tem feito para atrair investimentos.
Sendo os Arcos de Valdevez um concelho que tem uma vastidão imensa gerida pelo Parque Nacional da Peneda Gerez, ainda lhe chega território para valorizar as margens do belo Rio Vez, para um Parque Desportivo espectacular, para zonas industriais que não ofendem o equilíbrio necessário com uma paisagem sempre surpreendente.
O sexto é uma decepção. Daniel Campelo, Presidente da Câmara de Ponte de Lima, o mais mediático de todos, com um dos mais belos concelhos em mão, parece não merecer esta desvalorização que por esta via se faz. No entanto talvez descubramos uma saturação com os seus métodos, a sua gestão desligada da população, dando primazia às suas paixões particulares como os cavalos ou as vacas e transformando as margens do fantástico Rio Lima em pouco mais que uma casa de banho das gentes de Gondomar.
Ponte de Lima continua a ser muito visitado, como ponto de passagem obrigatório, mas sem actividade turística que faça que os seus visitantes não conspurquem só, mas deixam uns cobres para quem já não consegue ter rendimentos para aguentar uma paisagem em manifesto declínio. Uns jardins são lindos mas a sua configuração e exploração enquadram-se numa perspectiva desactualizada e desenquadrada do meio rural dominante.
Quase se podia dizer que dos últimos não reza a história, tal a pequenez dos números que lhe são atribuídos. O sétimo bem merecia melhor sorte. António Pereira Júnior, Presidente da Câmara de Paredes de Coura sofre talvez pela frieza e incaracterística do seu concelho. Mas é de realçar o seu empenho no combate à desertificação, na defesa da sua área protegida do Corno do Bico, na construção dum excelente Parque Desportivo e de toda a estrutura urbana da Vila.
Pereira Júnior dá o seu suporte ao maior Festival de Música de Verão na Praia Fluvial do Tabuão que atrai em Agosto dezenas de milhares de jovens a conhecer o Minho. Mas o facto de a auto-estrada passar nos limites poentes do seu concelho marginalizou bastante esta bacia do Alto Coura que decerto Júnior, com a sua “coragem e visão”, se dispusesse de meios, faria progredir ainda mais.
Defensor Moura, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo é um oitavo lugar inexplicável, porque a sua obra na cidade tem decerto muitos apreciadores, que não tiveram porém aquela força a empurrá-los para participar nesta votação. O que quererá dizer que Defensor não passa um bom momento e só pode ser pela sua birra anti Alto Minho, pela sua teimosia em querer caminhar sozinho ou então na companhia de quem o bajule.
Júlia Paula, Presidente da Câmara de Caminha, relegada para um nono lugar, não tem sido efectivamente bafejada pela sorte ou por outro qualquer mérito positivo. Senhora de uma belíssimo concelho, com praia, campo e serra, rios, vias de comunicação, porto de pesca, não tem sabido aproveitar este potencial e para cúmulo perdeu o já celebre Festival de Vilar de Mouros.
Em último lugar, que não o último em trabalhos temos José Emílio Moreira, Presidente da Câmara de Monção, que tem na recuperação do Centro Histórico, das Termas de Monção, na ecopista, obras de grande valor. E outro merecimento parece que devia ter a sua conquista de uma Unidade de Saúde Básica para o seu concelho, ou acaso deram esse mérito a quem efectivamente para lá levou essa Unidade, Rui Solheiro.
Um comentário sobre os seus resultados impõe-se, partindo do pressuposto de que alguma leitura os números poderão ter, para além do seu natural impacto que a nitidez, para não dizer brutalidade, dos números possa ter. Terá algum significado, será real ou aparente esta inversão de valores?
Como destacado vencedor encontra-se o José Manuel Carpinteira, Presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira. A surpresa não resiste decerto a uma análise mesmo que breve. J M Carpinteira tem desempenhado o seu cargo com uma probidade digna de realce, tal deve querer ser assinalado por quem nele votou.
Normalmente estes inquéritos na Internet têm uma maior adesão de quem quer assinalar algum facto ou alguém que julga merecer a sua aprovação. Também quem quer manifestar a sua repulsa, a sua reprovação em relação a alguém votará no seu oposto, mas aqui os competidores são nove. Não se trata pois de um voto negativo. Este é um voto nitidamente positivo, que se não destina a achincalhar ninguém, antes pelo contrário.
Uma gestão equilibrada, tendo em atenção os vários aspectos em que nos dias de hoje se deve basear, tem sido seguida por J M Carpinteira, dando ao seu concelho uma rara harmonia entre o desenvolvimento económico, a ecologia, o ambiente em geral, a cultura, o desporto. Carpinteira soube dar continuidade e engrandecer a Bienal de Arte e recebeu na sua zona industrial empresas que não só dão emprego aos seus conterrâneos como aos dos concelhos vizinhos.
É natural que os seus votos não sejam só dos seus eleitores mas de muitas outras pessoas que têm beneficiado do progresso de Vila Nova de Cerveira e daquelas que simplesmente acham que a sua obra merece o devido destaque. É natural que participem mais activamente aqueles que se sentem satisfeitos quando se realça o trabalho de quem não tem por hábito pôr-se em bicos de pé, antes cultiva uma genuína humildade.
Em segundo lugar está um talvez esperado vencedor, Rui Solheiro, não só pelo relevante papel desempenhado em 25 anos de mandato local, como pelo empenho que tem posto na unidade alto-minhota, como dirigente da Valminho, presidente da direcção do PS distrital e dos autarcas socialista do País e vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Sendo Presidente da Câmara do concelho mais a Norte do País, com características acentuadamente montanhosas, não tem descurado a defesa do ambiente e da monumentalidade de Melgaço, tem promovido com rara oportunidade o sector museológico, tem contribuído para a promoção dos produtos locais, como o alvarinho e os enchidos, e para a atracção da actividade desportiva.
Tratando-se de um dinossauro do poder local, não consta que a sua influência tenha sido perniciosa, antes pelo contrário, tem sempre apoiado os colegas mais jovens, mas tem encontrado resistências inesperadas da parte de outros intervenientes na política regional, em especial do seu correligionário Defensor Moura, que se não tem fartado de esforços, sabe-se lá com que propósitos, para o relegar para uma posição secundária.
Este facto pode ter contribuído para este segundo lugar, dado que sempre há quem lhe atribua culpas pelo atraso do Alto Minho. Efectivamente não tem conseguido vencer a intransigência dos seus adversários, sem que se prove que uma eventual cedência aos seus propósitos à margem da Lei, pudesse ter trazido algum benefício à Região.
Num prestigioso terceiro lugar encontra-se José Luís Serra, Presidente da Câmara de Valença, talvez pelo seu papel na luta inglória por uma Unidade Básica de Saúde no seu concelho, dado que os estudos para aí a indicavam e tal não veio a acontecer. Com um concelho estratégico, uma das principais entradas no País, virá decerto a beneficiar desse facto via TGV e Plataforma Logística de Transportes. Mas hoje não são fáceis de descortinar as razões desta votação em quem se tem limitado a ver as suas centenária muralhas a cair aos bocados.
O grupo dos quatro mais destacados dirigentes locais encerra com Vassalo Abreu, o mais novato, que não em idade, de todos, de certo modo também inesperado nesta posição. Tanto mais que é pela primeira vez Presidente da Câmara de um concelho pequeno, que ainda por cima tem metade do território integrado no Parque Nacional da Peneda Gerez, o que limita sobremaneira as suas possibilidades de desenvolvimento.
Ter-se-á destacado na sua luta pelos benefícios a que deveria ter direito por ter a mais potente barragem do País. Não só vê passar a preciosa energia que lá se produz, como vê o vento agreste perder-se nas serranias do seu concelho, em especial na Serra Amarela. As reservas integrais, a defesa do ambiente tem destas incongruências que não permitem proporcionar-nos os benefícios da energia mais limpa de todas, a eólica. Afinal uma paisagem natural parece ser mais importante que um ambiente protegido.
Este voto em Vassalo também terá algo a ver com a sua ousadia. Quando a integração de concelhos, o repensar da divisão administrativa do País, levemente afloradas em períodos de menor atribulação política, mas abandonadas em tempos de maior atenção ao deficit, teve a coragem de sugerir uma ligação mais estrita aos Arcos de Valdevez, concelho com os mesmos problemas da Ponte da Barca.
Para os restantes dois terços dos Presidentes de Câmara só restaram um oitavo dos votos. É uma surpresa de que decerto não encontraremos todas as razões. Ainda podemos destacar um grupo de dois Presidentes que se destacam um pouco dos outros quatro. O quinto é Francisco Araújo, um Presidente activo e dinamizador da economia local, que tudo tem feito para atrair investimentos.
Sendo os Arcos de Valdevez um concelho que tem uma vastidão imensa gerida pelo Parque Nacional da Peneda Gerez, ainda lhe chega território para valorizar as margens do belo Rio Vez, para um Parque Desportivo espectacular, para zonas industriais que não ofendem o equilíbrio necessário com uma paisagem sempre surpreendente.
O sexto é uma decepção. Daniel Campelo, Presidente da Câmara de Ponte de Lima, o mais mediático de todos, com um dos mais belos concelhos em mão, parece não merecer esta desvalorização que por esta via se faz. No entanto talvez descubramos uma saturação com os seus métodos, a sua gestão desligada da população, dando primazia às suas paixões particulares como os cavalos ou as vacas e transformando as margens do fantástico Rio Lima em pouco mais que uma casa de banho das gentes de Gondomar.
Ponte de Lima continua a ser muito visitado, como ponto de passagem obrigatório, mas sem actividade turística que faça que os seus visitantes não conspurquem só, mas deixam uns cobres para quem já não consegue ter rendimentos para aguentar uma paisagem em manifesto declínio. Uns jardins são lindos mas a sua configuração e exploração enquadram-se numa perspectiva desactualizada e desenquadrada do meio rural dominante.
Quase se podia dizer que dos últimos não reza a história, tal a pequenez dos números que lhe são atribuídos. O sétimo bem merecia melhor sorte. António Pereira Júnior, Presidente da Câmara de Paredes de Coura sofre talvez pela frieza e incaracterística do seu concelho. Mas é de realçar o seu empenho no combate à desertificação, na defesa da sua área protegida do Corno do Bico, na construção dum excelente Parque Desportivo e de toda a estrutura urbana da Vila.
Pereira Júnior dá o seu suporte ao maior Festival de Música de Verão na Praia Fluvial do Tabuão que atrai em Agosto dezenas de milhares de jovens a conhecer o Minho. Mas o facto de a auto-estrada passar nos limites poentes do seu concelho marginalizou bastante esta bacia do Alto Coura que decerto Júnior, com a sua “coragem e visão”, se dispusesse de meios, faria progredir ainda mais.
Defensor Moura, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo é um oitavo lugar inexplicável, porque a sua obra na cidade tem decerto muitos apreciadores, que não tiveram porém aquela força a empurrá-los para participar nesta votação. O que quererá dizer que Defensor não passa um bom momento e só pode ser pela sua birra anti Alto Minho, pela sua teimosia em querer caminhar sozinho ou então na companhia de quem o bajule.
Júlia Paula, Presidente da Câmara de Caminha, relegada para um nono lugar, não tem sido efectivamente bafejada pela sorte ou por outro qualquer mérito positivo. Senhora de uma belíssimo concelho, com praia, campo e serra, rios, vias de comunicação, porto de pesca, não tem sabido aproveitar este potencial e para cúmulo perdeu o já celebre Festival de Vilar de Mouros.
Em último lugar, que não o último em trabalhos temos José Emílio Moreira, Presidente da Câmara de Monção, que tem na recuperação do Centro Histórico, das Termas de Monção, na ecopista, obras de grande valor. E outro merecimento parece que devia ter a sua conquista de uma Unidade de Saúde Básica para o seu concelho, ou acaso deram esse mérito a quem efectivamente para lá levou essa Unidade, Rui Solheiro.