Já há muito que o dinheiro é quase tudo na vida. A grande maioria de nós já não é do tempo ou viveu em sociedades em que o dinheiro ainda não tinha este valor. Podemos dizer, é certo, que, para algumas pessoas, o dinheiro, quando era escasso para todos, lhe davam mais importância ainda do que hoje, porque até o preservavam mais do que a saúde.
Muitas pessoas, ou não estavam dispostas a pagar para se tratarem ou tentavam ganhar dinheiro sujeitando-se a condições muito prejudiciais para a sua saúde. Neste aspecto hoje até se preza bastante a saúde, mas quando esquecemos esta, quando ela nos não apoquenta, só vemos dinheiro, a sua resplandecência, aquilo que ele nos pode dar.
Pelo que é perfeitamente farisaico dizer que se gosta de viagens, por exemplo, e se não gosta de dinheiro. Estes que dizem não gostar, na realidade, não gostarão de poupar, estão no seu pleno direito, mas sem dinheiro só iam passear a pé e se tivessem tempo, que também é dinheiro. Mas farisaicos são também aqueles que dizem “sacrificar-se” pela sociedade, mas insultam tudo e todos se lhes beliscam regalias indevidas.
O dinheiro é hoje o eixo à volta do qual tudo roda, a mola que faz mover pessoas e põem equipamentos a funcionar, é o meio que torna tudo possível, a satisfação das necessidades dos que são escravos delas e dos caprichos de quem os tem e pode satisfazer. O mal é que o dinheiro tanto satisfaz a ganância como a sobriedade daqueles que se não deixam arrastar por aquela.
Para uns o dinheiro pode ter significados diferentes do que tem para outros, mas, seja qual for o sentimento com que cada um lida com ele, o maior ou menor apego que lhe têm, o maior ou menor desprendimento com que o gasta, o dinheiro tem uma função social, que é igual para todos, façam ou não uso de todas as suas possibilidades, manifestem ou não rejeição em relação a algumas delas.
Fundamentalmente o dinheiro é um meio de troca quase universalmente usado, o meio de entesouramento menos volátil, o meio de poupança com mais liquidez, o meio de investimento por excelência. Em qualquer uma destas funções nós podemos gostar menos dele, mas é na sua qualidade global que temos de o pensar e de resto é irrelevante que nós o rejeitemos quando andam milhões e milhões à sua procura e o utilizam para dar dinamismo à vida.
A velha ideia de que falar de dinheiro não é de pessoas cultas, ou pior de que isso, o dinheiro está longe dos temas que interessam à cultura, é uma ideia patética nos dias de hoje. Já não há hiatos, intervalos significativos entre temas diversos, seja do domínio da ciência, da arte, da economia. Hoje o dinheiro já não é a água cuja bebida faz perder a virtude.
Mas, mesmo que se aceite que pode haver uma aversão irredutível ao dinheiro, ao dinheiro autêntico, originada por algum facto passado, ela não é transferível para o conceito. Uma pessoa pode dizer que nem quer ouvir falar de dinheiro, mas poderá sempre, se se interessa pela vida em sociedade, falar dele como um conceito que “infelizmente” faz parte da vida dos outros.
Falarmos de dinheiro, espiolhar um pouco o que ele traz escondido, não é só ou pode não ter nada a ver com utilizá-lo, aplicá-lo ou poupá-lo melhor. Pode ser tão só no sentido de melhorar as nossas conversas, de sabermos mais do que estamos a falar, de podermos emitir opiniões menos deslocadas, mais oportunas e enquadradas, utilizando conceitos apropriados.
A cultura a desenvolver entre a população em geral já não pode ser imbuída daquele farisaísmo doentio dos profetas da desgraça, falando permanentemente das malfeitorias do dinheiro, do seu carácter corruptor das pessoas e corrosivo em relação a valores que dariam consistência a sentimentos que aproximam as pessoas em vez de as afastarem.
Não é ignorando o dinheiro que tal se consegue, é antes dando-lhe a importância que ele tem e ajudando a desmistificar os argumentos daqueles que o usam em proveito próprio com discursos pretensamente culturais e evoluídos. O facto de sabermos mais sobre o dinheiro só nos habilita a defendermo-nos melhor daqueles que nos arremessem com conceitos fraudulentos.
O dinheiro suja as mãos, perturba as consciências, entra na nossa vida através dos actos mais naturais, como o sexo. Influência a nossa vida desde logo pelo ambiente familiar, pelo ensino. Condiciona a perspectiva pela qual somos vistos, inclusive pela justiça. Determina o nosso estatuto social, a maneira como nos podemos apresentar.
Ninguém nos perdoa por sermos pobres. Perdoam-nos o sermos estúpidos e ignorantes, mas isto não é favor que se aceite. Fale-se de dinheiro com frontalidade e sem sofisma. Diga-se quando se tomam atitudes por causa do dinheiro e não se escondam as verdadeiras razões. Não se perca a dignidade por mais uns tostões, mas perca-se a vergonha de os reclamar, achando justo.
É um erro ignorar o dinheiro. Que o ano de 2009 nos traga cultura, única forma de lidarmos com a economia e o dinheiro de forma a sermos construtores de um futuro honrado e digno. E já agora algum dinheiro para gastos, agradece-se.
Muitas pessoas, ou não estavam dispostas a pagar para se tratarem ou tentavam ganhar dinheiro sujeitando-se a condições muito prejudiciais para a sua saúde. Neste aspecto hoje até se preza bastante a saúde, mas quando esquecemos esta, quando ela nos não apoquenta, só vemos dinheiro, a sua resplandecência, aquilo que ele nos pode dar.
Pelo que é perfeitamente farisaico dizer que se gosta de viagens, por exemplo, e se não gosta de dinheiro. Estes que dizem não gostar, na realidade, não gostarão de poupar, estão no seu pleno direito, mas sem dinheiro só iam passear a pé e se tivessem tempo, que também é dinheiro. Mas farisaicos são também aqueles que dizem “sacrificar-se” pela sociedade, mas insultam tudo e todos se lhes beliscam regalias indevidas.
O dinheiro é hoje o eixo à volta do qual tudo roda, a mola que faz mover pessoas e põem equipamentos a funcionar, é o meio que torna tudo possível, a satisfação das necessidades dos que são escravos delas e dos caprichos de quem os tem e pode satisfazer. O mal é que o dinheiro tanto satisfaz a ganância como a sobriedade daqueles que se não deixam arrastar por aquela.
Para uns o dinheiro pode ter significados diferentes do que tem para outros, mas, seja qual for o sentimento com que cada um lida com ele, o maior ou menor apego que lhe têm, o maior ou menor desprendimento com que o gasta, o dinheiro tem uma função social, que é igual para todos, façam ou não uso de todas as suas possibilidades, manifestem ou não rejeição em relação a algumas delas.
Fundamentalmente o dinheiro é um meio de troca quase universalmente usado, o meio de entesouramento menos volátil, o meio de poupança com mais liquidez, o meio de investimento por excelência. Em qualquer uma destas funções nós podemos gostar menos dele, mas é na sua qualidade global que temos de o pensar e de resto é irrelevante que nós o rejeitemos quando andam milhões e milhões à sua procura e o utilizam para dar dinamismo à vida.
A velha ideia de que falar de dinheiro não é de pessoas cultas, ou pior de que isso, o dinheiro está longe dos temas que interessam à cultura, é uma ideia patética nos dias de hoje. Já não há hiatos, intervalos significativos entre temas diversos, seja do domínio da ciência, da arte, da economia. Hoje o dinheiro já não é a água cuja bebida faz perder a virtude.
Mas, mesmo que se aceite que pode haver uma aversão irredutível ao dinheiro, ao dinheiro autêntico, originada por algum facto passado, ela não é transferível para o conceito. Uma pessoa pode dizer que nem quer ouvir falar de dinheiro, mas poderá sempre, se se interessa pela vida em sociedade, falar dele como um conceito que “infelizmente” faz parte da vida dos outros.
Falarmos de dinheiro, espiolhar um pouco o que ele traz escondido, não é só ou pode não ter nada a ver com utilizá-lo, aplicá-lo ou poupá-lo melhor. Pode ser tão só no sentido de melhorar as nossas conversas, de sabermos mais do que estamos a falar, de podermos emitir opiniões menos deslocadas, mais oportunas e enquadradas, utilizando conceitos apropriados.
A cultura a desenvolver entre a população em geral já não pode ser imbuída daquele farisaísmo doentio dos profetas da desgraça, falando permanentemente das malfeitorias do dinheiro, do seu carácter corruptor das pessoas e corrosivo em relação a valores que dariam consistência a sentimentos que aproximam as pessoas em vez de as afastarem.
Não é ignorando o dinheiro que tal se consegue, é antes dando-lhe a importância que ele tem e ajudando a desmistificar os argumentos daqueles que o usam em proveito próprio com discursos pretensamente culturais e evoluídos. O facto de sabermos mais sobre o dinheiro só nos habilita a defendermo-nos melhor daqueles que nos arremessem com conceitos fraudulentos.
O dinheiro suja as mãos, perturba as consciências, entra na nossa vida através dos actos mais naturais, como o sexo. Influência a nossa vida desde logo pelo ambiente familiar, pelo ensino. Condiciona a perspectiva pela qual somos vistos, inclusive pela justiça. Determina o nosso estatuto social, a maneira como nos podemos apresentar.
Ninguém nos perdoa por sermos pobres. Perdoam-nos o sermos estúpidos e ignorantes, mas isto não é favor que se aceite. Fale-se de dinheiro com frontalidade e sem sofisma. Diga-se quando se tomam atitudes por causa do dinheiro e não se escondam as verdadeiras razões. Não se perca a dignidade por mais uns tostões, mas perca-se a vergonha de os reclamar, achando justo.
É um erro ignorar o dinheiro. Que o ano de 2009 nos traga cultura, única forma de lidarmos com a economia e o dinheiro de forma a sermos construtores de um futuro honrado e digno. E já agora algum dinheiro para gastos, agradece-se.
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