Entramos num ano eminentemente politico, em que praticamente todos os aspectos da vida política vão estar sujeitos ao sufrágio universal. Este ano de 2009 também vai ser o ano de todas as crises, desde a redefinição de fronteiras, à crise financeira, à crise imanente ao reequilíbrio económico mundial e ao reequilíbrio na distribuição internacional do trabalho, à crise provocada por uma nova partilha do poder a nível mundial. Toda a nossa atenção é pouca.
A Europa tem à sua volta e ainda no seu seio velhas questões a resolver, sempre na confluência dos seus sistemas próprios de vida com o mundo muçulmano, seja na Rússia, na Sérvia seja em Israel (Europa alargada). Mas se a restante Europa se conseguisse entender e consolidasse o seu poder poderia contribuir, se sabiamente usasse esse poder, para a pacificação do mundo e resolução de conflitos noutros lugares. Dificilmente o conseguirá.
As primeiras eleições que se vão realizar são mesmo para o Parlamento Europeu, pelo que vamos ter uma palavra a dizer sobre os assuntos europeus e era bom que a não desperdicemos. A Europa está a ser dirigida por uma direita retrógrada que pensa resolver os actuais problemas com os velhos paliativos e não tem ideias novas. Por sua vez a extrema-esquerda só se propõe destruir uma das mais promissoras construções humanas, a Unidade Europeia.
Hoje a maioria dos nossos direitos defendem-se em Bruxelas. De lá vêm as decisões que mais condicionam a nossa vida. Por isso nos sentimos cada vez mais pequenos para interferirmos nas grandes questões que definem o nosso futuro. Por isso temos de contribuir para a formação de grandes movimentos políticos capazes de governar a Europa com perspectivas reformuladas e ideias novas. Sentimo-nos pouco Europeus por sermos pequenos, mas a Europa precisa de nós.
A Europa tem agora ocasião para retirar lições importantes desta crise financeira, económica e ética, quase civilizacional. Efectivamente muitos dos padrões que constituem esta civilização vão sendo postos em causa. A permissividade a todos os níveis sempre foi sinal de decadência das civilizações e será desta também. Mas hoje temos meios intelectuais para não atribuir o seu fim a um castigo divino, só que temos de ser capazes de arrepiar caminho. Temos de seguir caminhos diferentes do comunismo ou do capitalismo liberal usurário.
Instalou-se, mesmo nos extractos mais débeis da sociedade, a ideia peregrina de que tudo é legítimo e permitido desde que todos nós possamos sonhar em usufruir de tais liberalidades. O sonho tornou-se a medida de todas as coisas. O roubo tornou-se quase tão legítimo como o trabalho, fosse o roubo praticado porque está dentro do sistema, seja por quem está de fora e tenta aproveitar alguma debilidade. Os esquerdistas comungam dos sonhos do capital.
Uma civilização assente nestes princípios não pode funcionar. As forças políticas que se pretendem fazer portadoras de ideias de recuperação de valores antigos não apresentam hoje qualquer préstimo por duas razões: Uma porque não têm audiência senão em gerações recuadas; Depois porque foram tais valores que tão tardiamente querem repor que levaram a este estado de coisas.
De falsos moralistas está o mundo cheio e uma força política para actuar decisivamente tem que deixar de se preocupar com os apetites pessoais como pretensos diferenciadores das pessoas, mas agir no sentido de inibir a sua capacidade de apropriação indevida. As pessoas podem achar as ideias serôdias, os valores obsoletos, mas, se virem a sociedade empenhada em obrigar as pessoas a serem honestas, inibem-se. Antes de se incutirem valores nas pessoas é muito mais prático e seguro incutir o medo. Este é cada vez mais necessário.
A actual crise dá-nos a ocasião para repensarmos o papel do Estado. Não podemos andar toda a vida a reclamar mais Estado para nos dar saúde, educação, segurança, fiscalização, justiça e para muitos praticamente tudo do que precisam para viver e para pôr os outros em sentido e por outro lado andarmos a clamar com a sua presença, contra os seus impostos, contra os seus tentáculos, contra a sua excessiva dimensão. Temos de saber o que queremos.
O mundo pôs de lado o modelo soviético de gestão de toda a economia por via do Estado, mas, vinte anos passados após o início do descalabro da URSS, vemos o sistema capitalista a dar de si a pior imagem e ainda não sabemos de meia missa. A pretensão dos liberais de afastar o Estado da economia, a propósito de que ele encarece tudo, é a pretensão do ladrão que não quer forças de segurança porque … elas são caras.
Se é verdade que nos Estados Unidos parece não haver uma relação íntima entre as forças políticas e os grandes crápulas das finanças, já na Europa tudo está mais relacionado, a promiscuidade é mais evidente. Mercê das tradições políticas europeias há entre os liberais na economia e a direita política uma relação em que a primeira, quando se vê afastada, pretende atrair a segunda.
Os empresários liberais não gostam de estar distantes do poder mas acham que pagam demasiado para os políticos. Em determinadas épocas acham mesmo que é melhor pagar só a alguns desde que estes os livrassem dos outros. Depois do condicionamento industrial de Salazar e de todos os condicionamentos do pós 25 de Abril, parece que Portugal se encontra nesta fase. Os empresários apostam em quem melhor lhes facilitar a vida, a não ser que a oposição seja inepta.
Um Estado novo tem que assegurar a competição, a concorrência, a cooperação, a partilha, o justo equilíbrio entre estes factores sociais, a defesa dos que sofrem de ingratidão perante aqueles que só conheceram a sorte, que beneficiaram de condições familiares e sociais privilegiadas. O Estado não pode favorecer e proteger uns perante a desprotecção dos outros.
É legítimo que empregadores e empregados defendam o seu papel social que não é substituível. Sem um Estado forte e prestigiado a balança tende a balancear em excesso e cair para um dos lados. Se é verdade que o Estado toma por vezes acções espectaculares para se fazer ouvir e se possível cumprir, as suas fraquezas são muitas e são os espertos de ambos os lados que as aproveitam. A esquerda está desnorteada e a direita sem forças para aproveitar tanta facilidade.
A Europa tem à sua volta e ainda no seu seio velhas questões a resolver, sempre na confluência dos seus sistemas próprios de vida com o mundo muçulmano, seja na Rússia, na Sérvia seja em Israel (Europa alargada). Mas se a restante Europa se conseguisse entender e consolidasse o seu poder poderia contribuir, se sabiamente usasse esse poder, para a pacificação do mundo e resolução de conflitos noutros lugares. Dificilmente o conseguirá.
As primeiras eleições que se vão realizar são mesmo para o Parlamento Europeu, pelo que vamos ter uma palavra a dizer sobre os assuntos europeus e era bom que a não desperdicemos. A Europa está a ser dirigida por uma direita retrógrada que pensa resolver os actuais problemas com os velhos paliativos e não tem ideias novas. Por sua vez a extrema-esquerda só se propõe destruir uma das mais promissoras construções humanas, a Unidade Europeia.
Hoje a maioria dos nossos direitos defendem-se em Bruxelas. De lá vêm as decisões que mais condicionam a nossa vida. Por isso nos sentimos cada vez mais pequenos para interferirmos nas grandes questões que definem o nosso futuro. Por isso temos de contribuir para a formação de grandes movimentos políticos capazes de governar a Europa com perspectivas reformuladas e ideias novas. Sentimo-nos pouco Europeus por sermos pequenos, mas a Europa precisa de nós.
A Europa tem agora ocasião para retirar lições importantes desta crise financeira, económica e ética, quase civilizacional. Efectivamente muitos dos padrões que constituem esta civilização vão sendo postos em causa. A permissividade a todos os níveis sempre foi sinal de decadência das civilizações e será desta também. Mas hoje temos meios intelectuais para não atribuir o seu fim a um castigo divino, só que temos de ser capazes de arrepiar caminho. Temos de seguir caminhos diferentes do comunismo ou do capitalismo liberal usurário.
Instalou-se, mesmo nos extractos mais débeis da sociedade, a ideia peregrina de que tudo é legítimo e permitido desde que todos nós possamos sonhar em usufruir de tais liberalidades. O sonho tornou-se a medida de todas as coisas. O roubo tornou-se quase tão legítimo como o trabalho, fosse o roubo praticado porque está dentro do sistema, seja por quem está de fora e tenta aproveitar alguma debilidade. Os esquerdistas comungam dos sonhos do capital.
Uma civilização assente nestes princípios não pode funcionar. As forças políticas que se pretendem fazer portadoras de ideias de recuperação de valores antigos não apresentam hoje qualquer préstimo por duas razões: Uma porque não têm audiência senão em gerações recuadas; Depois porque foram tais valores que tão tardiamente querem repor que levaram a este estado de coisas.
De falsos moralistas está o mundo cheio e uma força política para actuar decisivamente tem que deixar de se preocupar com os apetites pessoais como pretensos diferenciadores das pessoas, mas agir no sentido de inibir a sua capacidade de apropriação indevida. As pessoas podem achar as ideias serôdias, os valores obsoletos, mas, se virem a sociedade empenhada em obrigar as pessoas a serem honestas, inibem-se. Antes de se incutirem valores nas pessoas é muito mais prático e seguro incutir o medo. Este é cada vez mais necessário.
A actual crise dá-nos a ocasião para repensarmos o papel do Estado. Não podemos andar toda a vida a reclamar mais Estado para nos dar saúde, educação, segurança, fiscalização, justiça e para muitos praticamente tudo do que precisam para viver e para pôr os outros em sentido e por outro lado andarmos a clamar com a sua presença, contra os seus impostos, contra os seus tentáculos, contra a sua excessiva dimensão. Temos de saber o que queremos.
O mundo pôs de lado o modelo soviético de gestão de toda a economia por via do Estado, mas, vinte anos passados após o início do descalabro da URSS, vemos o sistema capitalista a dar de si a pior imagem e ainda não sabemos de meia missa. A pretensão dos liberais de afastar o Estado da economia, a propósito de que ele encarece tudo, é a pretensão do ladrão que não quer forças de segurança porque … elas são caras.
Se é verdade que nos Estados Unidos parece não haver uma relação íntima entre as forças políticas e os grandes crápulas das finanças, já na Europa tudo está mais relacionado, a promiscuidade é mais evidente. Mercê das tradições políticas europeias há entre os liberais na economia e a direita política uma relação em que a primeira, quando se vê afastada, pretende atrair a segunda.
Os empresários liberais não gostam de estar distantes do poder mas acham que pagam demasiado para os políticos. Em determinadas épocas acham mesmo que é melhor pagar só a alguns desde que estes os livrassem dos outros. Depois do condicionamento industrial de Salazar e de todos os condicionamentos do pós 25 de Abril, parece que Portugal se encontra nesta fase. Os empresários apostam em quem melhor lhes facilitar a vida, a não ser que a oposição seja inepta.
Um Estado novo tem que assegurar a competição, a concorrência, a cooperação, a partilha, o justo equilíbrio entre estes factores sociais, a defesa dos que sofrem de ingratidão perante aqueles que só conheceram a sorte, que beneficiaram de condições familiares e sociais privilegiadas. O Estado não pode favorecer e proteger uns perante a desprotecção dos outros.
É legítimo que empregadores e empregados defendam o seu papel social que não é substituível. Sem um Estado forte e prestigiado a balança tende a balancear em excesso e cair para um dos lados. Se é verdade que o Estado toma por vezes acções espectaculares para se fazer ouvir e se possível cumprir, as suas fraquezas são muitas e são os espertos de ambos os lados que as aproveitam. A esquerda está desnorteada e a direita sem forças para aproveitar tanta facilidade.
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