quinta-feira, 5 de junho de 2008

Crónica Política - Daniel Campelo fecha as Portas ao Paulo do CDS

O líder do CDS começou na sexta e sábado no Distrito de Viana do Castelo uma campanha de contactos com as suas bases no sentido de as dinamizar para os desafios que se lhe colocam nos tempos mais próximos. Coube ao princípio da tarde de sábado a sua deslocação a Ponte de Lima.
No entanto Daniel Campelo não compareceu à chamada. O que não seria de espantar particularmente, o problema é a sua capacidade para boicotar claramente uma iniciativa que tinha objectivos muito para além do plano local. Maugrado todos os esforços de Abel Batista, Paulo Portas esperou debalde no auditório da Assembleia Municipal de Ponte de Lima que a sua assistência aparecesse.
Os contactos de Paulo Portas ficaram-se assim por uma visita já tradicional à Rampinha e Girabola, roteiro também das noites de Vaca das Cordas e Feiras Novas. Nem mesmo alguns presidentes de junta claramente conotados com o CDS se deram ao trabalho de perderem uma tarde de sábado para dedicar a estas coisas da política.
Desde o regresso de Paulo Portas à política que se vê um manifesto mal-estar nas hostes limianas. Já se não trata de uma divergência pontual, mas do assumir de formas diferentes de ver a causa pública, o interesse nacional. Daniel Campelo, que sempre tem tido um comportamento sui-generis, pretende ser uma reserva moral dos valores mais democrata-cristãos da direita portuguesa.
Daniel Campelo nunca pôs de parte uma pretensão a um papel mais amplo na cena política nacional ou no Parlamento Europeu, mas o CDS é cada vez mais curto para esse propósito. E no plano local sempre tem havido uma maior facilidade de contacto com os governos do PS, do que com aqueles liderados pelo PSD e em que o seu partido tem participado.
As coisas nunca mais serão as mesmas após este episódio de sábado, este nítido confronto das capacidades de Campelo e Abel para controlarem as bases heterodoxas do seu Partido. Campelo não só venceu do modo mais claro a luta de personalidades, como terá contribuído para diminuir a influência do CDS e as suas possibilidades de manter um deputado por este Distrito.
Por mais luvas brancas que se usem, as feridas que ora se avivaram não vão permitir que se faça ao menos aquela colaboração que levou Campelo a liderar uma lista de “A Nossa Terra”, com o apoio explícito do CDS. Não haverá cedências que se possam fazer para disfarçar esta rotura, que sendo uma acumular de ressentimentos, não deixa de ser já irreversível.
È no entanto evidente que Daniel Campelo não vai ficar parado. Se o CDS vai ter que seguir o seu caminho, Campelo ainda terá a possibilidade de elaborar listas para todos os órgãos autárquicos, hipótese que, porém, ele tinha posto de lado, mais pelo trabalho que isso implica, do que pelo melhor posicionamento que isso proporciona, caso viesse a ganhar.
Para as outras forças políticas que intervêm no panorama limiano a divisão do campo adversário parece ser favorável. No entanto não é fácil lidar com candidaturas independentes que sempre podem incluir cambiantes diversificados e captar votos em campos em que tal é mais difícil para as listas partidárias.
A oposição em Ponte de Lima não tem fugido muito da lógica estritamente partidária, tem sido pouco criativa e não tem sabido passar uma mensagem coerente, perdurável, no fundo, credível. Se genericamente os seus líderes do passado não se tornaram credíveis, os líderes do presente, estão a partir de uma base muito frágil, pouco alargada e dinâmica.
Na política nada se faz sem um núcleo duro capaz de gerir as coisas conforme as necessidades de momento, e um grupo alargado de pessoas prontas a, pontualmente, darem a sua colaboração e a consistência técnica necessária às propostas que se forem apresentando.

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