quinta-feira, 26 de junho de 2008

Crónica Política - A confirmação da candidatura de Daniel Campelo

Em entrevista dada ao AltoMinho Daniel Campelo confirmou ter tomado já uma decisão muito mais que provisória, quase definitiva e a anunciará no Primavera de 2009. Será pentacandidato à Câmara Municipal de Ponte de Lima, se nos é permitido ler nas linhas e entrelinhas, que ele as têm e até gosta delas.
O facto de o PSD não ter dado, como estava previsto, o seu apoio à alteração da legislação sobre as eleições autárquicas, embora Ferreira Leite ainda se pode redimir dessa falha, leva a que se possa repetir o cenário de 2001, mas que não parece provável devido às animosidades entretanto acumuladas.
Os campos, para pena de Abel Batista, presumo, estão já demasiado extremados para que o CDS possa prescindir de influenciar a candidatura à Câmara Municipal de Ponte de Lima e se preste a dar somente o seu apoio na Assembleia Municipal. Mas deixemos que o tempo amadureça que, pelos vistos, não falta quem diga os disparates de que a política também vive.
Desde sempre sabemos que nada nasce do nada e se hoje algum nascimento nos parece perplexo só temos que procurar vencer a nossa ignorância. Quando se trata de alguma forma de conhecimento, até que ele alcance o estatuto de sabedoria há um longo caminho a percorrer, pelo que nos não devemos precipitar. Infelizmente a opinião, o exemplo são de algum modo a melhor forma de comunicarmos aquilo que temos a pretensão de ser algum conhecimento.
Há pessoas que alcançam cedo uma auréola de sábios, para já não dizer de santos, embora a pretensão paire por aí. Aprouve que eu tenha nascido num ambiente geral de sacristia. Ainda por cima Salazar não deixou filhos, mas uma caterva de ex-seminaristas, de seres oscilantes entre o profano e o sagrado que, sendo os mais providos de verve ofuscaram outras pessoas com formação diferente, não vem ao caso ser ou não superior.
Não digo isto para atacar ninguém mas como a constatação que durante muito tempo houve uma noção de cultura puramente escolástica, que após o 25 de Abril se haveria de conviver com o dogmatismo transmitido também por via política, mas de sinal contrário. A popularidade destas duas noções deriva da facilidade com que se opina com base numa dicotomia que aplicam a todos os fenómenos, sociedades, opiniões, noções.
Por seu lado é difícil para quem recusa estas teorias opinar com pessoas que estão tão agarradas a estas dicotomias que tão mal dividem o mundo e tanto mal lhe têm feito. O meu próprio caminho intelectual que não pessoal só pode ser afastado o mais possível destes portadores da palavra divinizada. É comum dizer-se que devemos respeitar a opinião dos outros, mas muitas vezes é impossível contrapor as nossas opiniões às de quem só vê o bem e o mal.
Por mim, eu deslizo sobre a realidade, não com a pretensão de ser águia ou anjo, não por força de exercer qualquer espécie de domínio sobre ela, mas tão só devido à minha humilde e humana condição de ser um ser que se quer livre e constata que está cercado de toda a espécie de contingência. Não procuro brilhar mas receber o brilho do sol, estar lá mais acima, não me deixar enredar em teias.
Mas o homem na sua circunstância nem sempre pode ter uma vida intelectual independente, é muitas vezes humilhado, vilipendiado, mas eu estou comigo e com ele. Quase todos já teremos tido razões para nos sentirmos indignados. Está provado que as lições de moral não resultam, a solução só pode ser não colocar gente indefesa nas mãos dos espertos que por aí vão proliferando.
O Ideal será que supramos as nossas falhas, para que não só os ex-seminaristas utilizem os rudimentos de escrita que aprenderam nos seminários deste País para dizerem da sua justiça. A todos se deve reconhecer o direito a uma vida intelectual diferente do necessário no dia a dia. A dignidade dos outros não se pode suportar só no que por acaso brilhe.

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