quinta-feira, 12 de junho de 2008

Crónica Política - A ingratidão de Portas ou um sofisma grosseiro?

A ingratidão é uma atitude a que estaremos muito habituados mas que suscita sempre alguma aversão. Atacar alguém de ingrato não é um juízo definitivo em termos de condenação, mas serve perfeitamente para produzir um efeito imediato e permitir um espaço de espera para um juízo mais definitivo num futuro previsível.
Surgiu neste Jornal e em simultâneo no Cardeal Saraiva um ofício circular para servir os objectivos daqueles que estão contra Portas e por efeito contra Abel Batista, mas não querem assumir clara e frontalmente essa atitude perante a opinião pública. Não é nada de estranho porque na política usa-se muito este género de estratagemas para ir criando um ambiente desfavorável.
Não lembraria porém ao diabo esta ciumeira ridícula com Monção que terá conseguido fazer passar na televisão um pouco de propaganda ao Alvarinho, em detrimento do nosso carrascão. È evidente que esta polémica mais parece de meninos de copo de leite.
E aqui é que surgirá a tal ingratidão. Paulo Portas, tão habituado a vir a Ponte de Lima beber do bom, manifestou um alheamento condenável por uma terra que lhe deveria merecer muito mais que uma simples e efémera passagem e limitou-se a ir à Rampinha e ao Girabola.
Mas nem é referido o redactor, nem qualquer outra pessoa preocupada com o futuro de Ponte de Lima, como tendo sugerido a Paulo Portas qualquer outro itinerário mais ligado aos produtos genuinamente locais, o tivesse aconselhado a aparecer ao lado de uma vaca leiteira, nem que fosse só cenário num dos jardins municipais ou de um casco do “bô” da nossa Adega Cooperativa, que há que salvar, nesta ou noutra configuração mais viável.
Neste tal ofício circular faz-se uma referência laudatória a Daniel Campelo mas não se esclarecem as suas responsabilidades por hipoteticamente desta vez os interesses de Ponte de Lima terem sido defraudados, e o redactor bem diz ao escrever que a visita foi pré anunciada aos militantes, sobretudo responsáveis centristas. Essa referência é tão a despropósito como se não referir as razões porque Daniel Campelo não compareceu a este encontro de militantes.
Esta maneira falaciosa de apresentar os acontecimentos só desprestigia a imprensa. Não se faz um artigo jornalístico agregando parágrafos desconexos sobre factos não relacionados. Custa escrever bem quando se escreve a despropósito. Eu que nada tenho a ver com o caso, mas tão só porque sobre ele me pronunciei na semana passada, não posso admitir passar por ter dado uma imagem falsa daquilo que efectivamente se passou.
Normalmente numa relação complexa como esta de Daniel Campelo com Paulo Portas e com Abel Batista seria de supor que apareceriam pessoas “de fora” interessadas em a agravar e outras “de dentro” em que qualquer episódio menos abonatório não surgisse na opinião pública de modo a não dificultar ainda mais uma possível reconciliação.
Neste caso são os “de dentro” que querem nitidamente agravar o conflito de modo a tirar dividendos imediatos, sem qualquer honestidade intelectual que dizem os profissionais da política não ter. O que se pressupõe eles terem e não serem profissionais da dita. Então aqueles que são ilibados de culpa por este ofício circular não são políticos?
De modo tão grosseiramente sofista as culpas do mau desempenho de Paulo Portas em Ponte de Lima no passado dia 31 de Maio são todas arremessadas a Abel Batista, organizador como dirigente distrital do CDS da sua visita. Não sendo seu mandatário, mas, conhecedor de todas as manobras que se operaram no sentido de boicotar esta visita, não posso ficar calado.

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