A economia não se fica pelos balanços contabilísticos e na verdade estes são tão só dados elementares e uma saída precoce. Na mais ampla acepção da palavra, o economista é aquele que terá que se preocupar com a gestão da mais poderosa força que influencia a vivência da sociedade: A economia. Esta terá que operar no sentido de tirar um bom e sensato aproveitamento de tudo o que pode convergir para o bem-estar da humanidade, de tudo o que pode ser útil.
A economia é das ciências mais recentes, tendo ganho autonomia há pouco tempo. Portugal não será exemplo, mas no tempo de Salazar a economia ensinava-se na Faculdade de Letras e integrava o curso de Direito. Na verdade só lhe interessavam as Finanças Públicas. Noutros países a economia já dava que falar, mas essencialmente interessava aos políticos sérios. Também só muito tarde mereceu que lhe fosse atribuído a quem a cultiva o Prémio Nobel.
Dado o seu objectivo, esta ciência, bem como aqueles que dela tratam, embora se avaliem uns aos outros, são em última instância avaliados pelas pessoas ditas banais, isto é do modo mais subjectivo possível. A grande maioria de nós não tem qualquer noção da natureza dos factores económicos e dos seus condicionantes principais. A grande maioria de nós tem dificuldade em escolher a forma como deve avaliar o seu próprio bem-estar, objectivo último da economia.
Assim sendo, os economistas têm grande dificuldade em transmitir a sua própria interpretação dos acontecimentos àqueles que dela precisariam, em serem bem entendidos por quem está habituado à suspeita. É necessário pois um grande esforço dos economistas para nos não submergirem só com índices e números e de nós mesmos para os interpretar mas também para colocarmos as questões a que eles nos hão de responder.
Mas a maior dificuldade começa mesmo no facto dos economistas terem que fazer as suas medições, obter os seus números, os seus índices com que estudam as variações, as influências, as previsões. E se a realidade material, a produção, os desperdícios, a eficiência, o ambiente e muitas coisas mais se deixam medir, quando somos nós os objectos de medição como nos comportamos? Como homens de negócios, como políticos ou como pessoas banais?
A verdade é que a não ser num concurso em que podemos obter algum proveito ninguém gosta de ser medido. Além de não termos a certeza dos graus da nossa satisfação, ou doutros efeitos nas pessoas, não gostamos que os outros tenham uma imagem de nós mais precisa do que aquela que nós mesmos temos. Ainda por cima muitas vezes movem-nos propósitos que nos afastam sobremaneira da verdade. Em suma, em termos de medição, não somos muito fiáveis.
Podem porém partir do princípio que com uma margem de erro razoável é possível fazer todas as medições que tornem os economistas capazes de fazerem uma análise exaustiva e uma avaliação precisa do comportamento económico das pessoas. No entanto, obtidos os números absolutos, é necessário extrair os números relativos que resultem da sua combinação e inter-influência. Para ir até aqui uma visão contabilística chegará, mas é necessário ir mais além.
Normalmente não há grandes divergências sobre os retratos momentâneos, que são a imagem de um instante. Normalmente as divergências não são muito maiores se compararmos os retratos de épocas diferentes, alheando-nos de outros conhecimentos que sobre as mesmas épocas possamos ter. Não podemos porém de modo algum alhearmo-nos desse conhecimento porque a nudez dos números tem que ser lida no contexto da época em que são obtidos.
Aos economistas tem que se exigir mais do que uma visão estática. Para compreendermos duas épocas distintas, sendo que uma é a que vivemos e outra aquela com que queremos comparar com o presente, temos de ter em atenção os circunstancialismos próprios de cada uma e essa tarefa não pode ser deixada pelos economistas às outras pessoas, nem sequer somente aos historiadores. Mas claro que estes ajudam a compreender que em duas épocas diferentes há dois homens diferentes e duas economias diferentes.
A comparação não pode ser de modo algum directa. A organização técnica do trabalho, a duração e distribuição do trabalho, o controle do homem sobre as condições da sua própria prestação de trabalho, a maneira de gerir a dinâmica trabalho/prazer, os gostos pessoais, a sexualidade e a procriação são só alguns dos imensos aspectos que tornam cada tempo histórico um caso particular, são só alguns dos factores a tomar em conta para uma análise qualitativa.
É esta análise que falta e que permite que haja saudosistas que digam que antigamente é que era bom e haja vendedores de sonhos que digam que no futuro é que vai ser. Até não é difícil ver pessoas ditas responsáveis a dizerem que hoje há mais pobreza que há cinquenta anos. Efectivamente se tomarmos a pobreza como algo tão subjectivo que só existe porque existe o homem e este é a medida de todas as coisas é uma tese tão válida como outra qualquer.
Perante o descrédito do senso comum, será que nos podemos valer do bom senso para deitar por terra tal tipo de tese? Na verdade só nos podemos socorrer do princípio da razoabilidade e tentarmos colocarmo-nos na situação vivida nos diferentes tempos e locais em comparação. Mas se ainda vivemos algo desses tempos tenebrosos, só temos a dizer que existe neste mundo muita desonestidade intelectual.
A economia é das ciências mais recentes, tendo ganho autonomia há pouco tempo. Portugal não será exemplo, mas no tempo de Salazar a economia ensinava-se na Faculdade de Letras e integrava o curso de Direito. Na verdade só lhe interessavam as Finanças Públicas. Noutros países a economia já dava que falar, mas essencialmente interessava aos políticos sérios. Também só muito tarde mereceu que lhe fosse atribuído a quem a cultiva o Prémio Nobel.
Dado o seu objectivo, esta ciência, bem como aqueles que dela tratam, embora se avaliem uns aos outros, são em última instância avaliados pelas pessoas ditas banais, isto é do modo mais subjectivo possível. A grande maioria de nós não tem qualquer noção da natureza dos factores económicos e dos seus condicionantes principais. A grande maioria de nós tem dificuldade em escolher a forma como deve avaliar o seu próprio bem-estar, objectivo último da economia.
Assim sendo, os economistas têm grande dificuldade em transmitir a sua própria interpretação dos acontecimentos àqueles que dela precisariam, em serem bem entendidos por quem está habituado à suspeita. É necessário pois um grande esforço dos economistas para nos não submergirem só com índices e números e de nós mesmos para os interpretar mas também para colocarmos as questões a que eles nos hão de responder.
Mas a maior dificuldade começa mesmo no facto dos economistas terem que fazer as suas medições, obter os seus números, os seus índices com que estudam as variações, as influências, as previsões. E se a realidade material, a produção, os desperdícios, a eficiência, o ambiente e muitas coisas mais se deixam medir, quando somos nós os objectos de medição como nos comportamos? Como homens de negócios, como políticos ou como pessoas banais?
A verdade é que a não ser num concurso em que podemos obter algum proveito ninguém gosta de ser medido. Além de não termos a certeza dos graus da nossa satisfação, ou doutros efeitos nas pessoas, não gostamos que os outros tenham uma imagem de nós mais precisa do que aquela que nós mesmos temos. Ainda por cima muitas vezes movem-nos propósitos que nos afastam sobremaneira da verdade. Em suma, em termos de medição, não somos muito fiáveis.
Podem porém partir do princípio que com uma margem de erro razoável é possível fazer todas as medições que tornem os economistas capazes de fazerem uma análise exaustiva e uma avaliação precisa do comportamento económico das pessoas. No entanto, obtidos os números absolutos, é necessário extrair os números relativos que resultem da sua combinação e inter-influência. Para ir até aqui uma visão contabilística chegará, mas é necessário ir mais além.
Normalmente não há grandes divergências sobre os retratos momentâneos, que são a imagem de um instante. Normalmente as divergências não são muito maiores se compararmos os retratos de épocas diferentes, alheando-nos de outros conhecimentos que sobre as mesmas épocas possamos ter. Não podemos porém de modo algum alhearmo-nos desse conhecimento porque a nudez dos números tem que ser lida no contexto da época em que são obtidos.
Aos economistas tem que se exigir mais do que uma visão estática. Para compreendermos duas épocas distintas, sendo que uma é a que vivemos e outra aquela com que queremos comparar com o presente, temos de ter em atenção os circunstancialismos próprios de cada uma e essa tarefa não pode ser deixada pelos economistas às outras pessoas, nem sequer somente aos historiadores. Mas claro que estes ajudam a compreender que em duas épocas diferentes há dois homens diferentes e duas economias diferentes.
A comparação não pode ser de modo algum directa. A organização técnica do trabalho, a duração e distribuição do trabalho, o controle do homem sobre as condições da sua própria prestação de trabalho, a maneira de gerir a dinâmica trabalho/prazer, os gostos pessoais, a sexualidade e a procriação são só alguns dos imensos aspectos que tornam cada tempo histórico um caso particular, são só alguns dos factores a tomar em conta para uma análise qualitativa.
É esta análise que falta e que permite que haja saudosistas que digam que antigamente é que era bom e haja vendedores de sonhos que digam que no futuro é que vai ser. Até não é difícil ver pessoas ditas responsáveis a dizerem que hoje há mais pobreza que há cinquenta anos. Efectivamente se tomarmos a pobreza como algo tão subjectivo que só existe porque existe o homem e este é a medida de todas as coisas é uma tese tão válida como outra qualquer.
Perante o descrédito do senso comum, será que nos podemos valer do bom senso para deitar por terra tal tipo de tese? Na verdade só nos podemos socorrer do princípio da razoabilidade e tentarmos colocarmo-nos na situação vivida nos diferentes tempos e locais em comparação. Mas se ainda vivemos algo desses tempos tenebrosos, só temos a dizer que existe neste mundo muita desonestidade intelectual.
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