Todos os concelhos são incentivados pelos políticos nacionais a se individualizarem por qualquer motivo, a mostrarem algum coisa que os caracterize, a serem especiais. Isto faria algum sentido se os concelhos fossem pensados como elementos de uma estrutura racional. Na realidade ao tempo da sua constituição seriam, mas hoje outros modelos se imponham, outra divisão se queria.
Diferente é um concelho ganhar na luta económica um estatuto diferenciador. Não é um rótulo que se acrescente, mas uma evidência que se reconhece. E em Portugal há muitos exemplos de terras que passaram a ser mais conhecidas pela sua produção dominante, porque houve homens, no geral da terra, que deram início e expandirem uma actividade lucrativa e empregadora.
Ter um rótulo e ninguém lucrar com isso é perfeitamente despiciendo. Não é recomendável pensar que é possível ganhar muita projecção, espalhar progresso, obter bons resultados económicos, sem um trabalho árduo e persistente. Não devemos pensar que nos podemos tornar a plataforma de um negócio qualquer sem passar por outras fases mais duras e lentas.
Ponte de Lima já teve a sua projecção nacional e até internacional com o turismo de habitação. Mas a sua decadência é evidente, e tal se deve à confusão entre uma série de produtos aparentemente diferentes, mas no geral com um perfil semelhante, à divisão entre os operadores dessas subespécies de turismo, à sua não colaboração entre si e com os outros concorrentes/contributos do sector.
Ponte de Lima já foi a capital do queijo flamengo. Aí sim, tivemos um trunfo poderoso, significativo e de qualidade que não soubemos defender. A Lacto-Lima era a maior indústria concelhia em termos de volume de negócios, de lucro obtido, de dividendos distribuídos entre os seus sócios, de salários pagos aos seus empregados. O problema foi que o cordão umbilical que se tinha mantido ligado ter contribuído para a sua deslocalização.
A Lacto-Lusa de Vale de Cambra avançou para Ponte de Lima nos fins dos anos cinquenta, tendo-se juntado a pequenos produtores de queijo locais. A ideia era aproveitar a qualidade do nosso leite, a vasta produção que do mesmo era feita nos mais recônditos lugares onde havia algo para apascentar os animais. Quase todos éramos agricultores porque quase todos tínhamos uma vaca que fosse.
Mais tarde os grémios de lavoura formaram e tornaram-se sócios da Agros e como representantes dos agricultores no sistema corporativo monopolizaram a produção de leite retirando a sua recolha à Lacto-Lima. Já há muitos anos que o queijo limiano não era feito com o nosso leite, mas ao menos era feito com as nossas mãos. A Lacto-Lima não podia comprar e portanto negociar directamente com os lavradores. Para dar a machadada final nos pequenos produtores a Agros começou cedo a fechar postos de recolha e salas de ordenha.
A Lacto-Lima tinha pois uma dupla dependência: do fornecimento de leite por outros, já que só recolhia directamente uma pequena produção de Boticas e arredores; e do capital maioritário nas mãos da Lacto-Lusa e dos sócios desta. Podemos pois dizer que os erros cometidos se devem a um factor chamado centralismo patrocinado pelos organismos associativos dos lavradores e pelos detentores do capital, do mercado e do saber fazer.
Hoje não vale a pena chorar sobre o leite derramado. Muita gente se refere de modo depreciativo às lutas que se travaram para conseguir outro fim. Para mim sempre foi uma luta inglória, porque já se havia perdido há muito. Muita gente diz que houve quem se aproveitasse disso. Claro que destas situações sai sempre alguém beneficiado, mas nunca se pode dizer que o é indevidamente.
Diferente é um concelho ganhar na luta económica um estatuto diferenciador. Não é um rótulo que se acrescente, mas uma evidência que se reconhece. E em Portugal há muitos exemplos de terras que passaram a ser mais conhecidas pela sua produção dominante, porque houve homens, no geral da terra, que deram início e expandirem uma actividade lucrativa e empregadora.
Ter um rótulo e ninguém lucrar com isso é perfeitamente despiciendo. Não é recomendável pensar que é possível ganhar muita projecção, espalhar progresso, obter bons resultados económicos, sem um trabalho árduo e persistente. Não devemos pensar que nos podemos tornar a plataforma de um negócio qualquer sem passar por outras fases mais duras e lentas.
Ponte de Lima já teve a sua projecção nacional e até internacional com o turismo de habitação. Mas a sua decadência é evidente, e tal se deve à confusão entre uma série de produtos aparentemente diferentes, mas no geral com um perfil semelhante, à divisão entre os operadores dessas subespécies de turismo, à sua não colaboração entre si e com os outros concorrentes/contributos do sector.
Ponte de Lima já foi a capital do queijo flamengo. Aí sim, tivemos um trunfo poderoso, significativo e de qualidade que não soubemos defender. A Lacto-Lima era a maior indústria concelhia em termos de volume de negócios, de lucro obtido, de dividendos distribuídos entre os seus sócios, de salários pagos aos seus empregados. O problema foi que o cordão umbilical que se tinha mantido ligado ter contribuído para a sua deslocalização.
A Lacto-Lusa de Vale de Cambra avançou para Ponte de Lima nos fins dos anos cinquenta, tendo-se juntado a pequenos produtores de queijo locais. A ideia era aproveitar a qualidade do nosso leite, a vasta produção que do mesmo era feita nos mais recônditos lugares onde havia algo para apascentar os animais. Quase todos éramos agricultores porque quase todos tínhamos uma vaca que fosse.
Mais tarde os grémios de lavoura formaram e tornaram-se sócios da Agros e como representantes dos agricultores no sistema corporativo monopolizaram a produção de leite retirando a sua recolha à Lacto-Lima. Já há muitos anos que o queijo limiano não era feito com o nosso leite, mas ao menos era feito com as nossas mãos. A Lacto-Lima não podia comprar e portanto negociar directamente com os lavradores. Para dar a machadada final nos pequenos produtores a Agros começou cedo a fechar postos de recolha e salas de ordenha.
A Lacto-Lima tinha pois uma dupla dependência: do fornecimento de leite por outros, já que só recolhia directamente uma pequena produção de Boticas e arredores; e do capital maioritário nas mãos da Lacto-Lusa e dos sócios desta. Podemos pois dizer que os erros cometidos se devem a um factor chamado centralismo patrocinado pelos organismos associativos dos lavradores e pelos detentores do capital, do mercado e do saber fazer.
Hoje não vale a pena chorar sobre o leite derramado. Muita gente se refere de modo depreciativo às lutas que se travaram para conseguir outro fim. Para mim sempre foi uma luta inglória, porque já se havia perdido há muito. Muita gente diz que houve quem se aproveitasse disso. Claro que destas situações sai sempre alguém beneficiado, mas nunca se pode dizer que o é indevidamente.
É preciso que aprendamos a lição e não deixemos perder oportunidades que estão a surgir. Se Vila Pouca de Aguiar já se proclama como capital do granito, há que ver as hipóteses de vir a discutir esse título, fazendo por o merecer. Passos positivos estão a ser dados nesse sentido com a boa colaboração de muitos decisores políticos, reconheça-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário