Pedro via a vida deslizar suavemente naquela candura que a idade lhe dava. Não havia então estes jardins-de-infância fantasistas, as pré-primárias coloridas ou outros luxos a que nós, adultos e crianças de agora estamos bem habituados e já consideramos um direito adquirido.
O Pedro tinha por local privilegiado de brincadeira a horta, que as favas eram semeadas cedo e já eram um bom esconderijo para brincar às escondidinhas. Os carreiros eram bons para uma correria mas a bicicleta do pai era demasiado grande para ele.
Que bom seria um triciclo, mas só tinha visto um, que se lembrasse. Os mais velhitos também só tinham para as suas brincadeiras uma vara com uma roda e um pau atravessado a servir de guiador e corriam atrás dela. Mas também era grande para si, o guiador estava muito alto e já tinha caído com uma.
Além disso tais liberdades não eram para si, que o quintal era o seu mundo. Salvo quando a mãe o levava à mercearia, para juntos não deixarem o caminho vazio, dizia-se. Os mais velhos lá iam jogando à bola no improvisado campo, que até ficava próximo da sua casa, mas que só via nestas ocasiões.
Também gostava de dar uns pontapés na bola e já as tinha visto de todas as formas e feitios, que não só redondas. Eram maiores quantos mais trapos se arranjavam para meter dentro de uma meia que se atava. A sua irmã tinha-lhe feito uma certa vez que era redondinha mas porque ela a coseu muito bem.
As bolas andavam rotinhas até se desfazerem sem conserto, que os mais eram tripas a sair delas, que sempre que a bola parava tinha que se lhe meter os trapos para dentro. Os mais sortudos lá apareciam, por festas, com uma bola de borracha mas, com tanta chanca que lhe acertava, depressa furava. Mesmo assim, murcha que nem um figo seco, lá ia rebolando como podia até ser golpeada de vez.
Poderá ser que no Natal a sorte venha a bafejar algum, mas, mesmo assim, a bola, se couber a um mais cioso do que é seu, lá terá que ficar de quarentena. Mais lá para a frente, quando passar a época do frio e da chuva, já se poderá jogar descalço e ela sempre durará mais um bocado.
O Pedro, esse, tinha de se contentar com alguma bola de trapos que chutada por algum mais maduro viesse a cair no quintal. De certo já deitaria as tripas de fora se é que não se preocupassem em a pedir de volta. Com um fio ou corda atada à volta refazia-se a bola. Que trapos e meias eram difíceis de arranjar.
Este era o tempo de muitas brincadeiras que o Inverno proporcionava mas de que os pais gostavam menos. A roupa era pouca e não se podia molhar sem razão. As botas, se ainda assim se podiam chamar, ou as chancas de sola de madeira, não isolavam a água mas vá, que para o frio lá iam chegando.
Num mundo sem televisão, algo inconcebível para os miúdos que hoje têm a idade do Pedro, este andava um pouco à deriva. Não tinha muito com quem brincar, que poucas são as suas visitas, não foram os vizinhos da separadora, a fábrica do minério que via de casa mas onde só tinha ido uma vez com o pai.
O Pedro, já o disse, tinha irmãos mas que lhe pareciam como outros pais, tão velhos eles eram à sua beira. Sabia que a escola já havia começado há muito para eles e que até já falavam por vezes de férias. Um dia eles estavam em casa quando se levantou e ele achou estranho, já seriam as tais férias.
Um dia os irmãos levaram-no com eles ao monte lá para os lados de S. Gonçalo. Trouxeram muito musgo que tiravam das pedras ou do chão mais macio e disseram que iam fazer um presépio, que a mãe lhes trouxera da feira umas ovelhinhas, uma vaquinha, um burrico, uma mulher, um homem e três camelos com passageiros em cima. Tudo se ia pôr à volta ou dentro de uma gruta onde um menino, o Menino iria dormir numa manjedoira.
Depois os irmãos foram a um outro lado buscar um pinheirinho mas não o levaram. Era longe e tinham que subir um monte alto, disseram. O Pedro até gostava bem mais do pinheiro, que vira um no merceeiro com umas pratas com chocolate dentro e que alguém o havia de comer.
A mãe disse-lhe que ia ser Natal e que vinham as suas duas irmãs. Uma era a sua madrinha Casimira, que vivia no Porto. Talvez ela ajudasse a decorar o pinheirinho com chocolates, pensou. Quando enfim chegou foi preciso ir buscá-la à camioneta do Romão que ela andava mal e nesse dia até jantamos mais tarde.
Perguntou ao Pedro o que ele tinha pedido ao Pai Natal mas ele nem sabia quem era, não estava preparado para isso. Ela disse-lhe que então pedisse ao Menino. Quando pôde pensar lembrou-se que a madrinha sabia fazer uma camisola de lã e como seria bom, mas não disse nada, ela nada tinha trazido.
Talvez ela já tenha feito o pedido, que agora o Pai Natal, se era esse, já não teria tempo para responder, tão afadigado que andaria. Se o Menino queria que os outros meninos andassem bem agasalhados, deveria dar ou mandar esse tal de Pai Natal dar uma camisola a cada um.
O Pai Natal seria então uma espécie de carteiro somente, não era ele que mandava nem sequer era ele que fazia as encomendas. O Menino é que tinha a bondade e o trabalho era dos artesãos, como sempre foi.
O Pedro até pensou que, se assim era, até poderia ter pedido ao Menino alguma coisa em ferro, que este o mandaria fazer ao seu pai, que este andava a dizer que tinha pouco trabalho na sua arte e o dinheiro era pouco em casa. Só que a madrinha insistiu e ele já se não lembrava de nada, nem da camisola de lã.
O Pedro ficou triste, duma tristeza imensa que se não podia ver naquela cara, sem expectativas, que é aquilo que dão aos meninos para eles terem aquele ar embevecido quando recebem os presentes.
Logo se veria, que naquela noite não era ainda a do Menino. Quando deu por ela, no dia seguinte, já havia umas cabaças cortadas em cima da mesa. A mãe chamava-lhes chilas, àquelas verdes de pintas brancas que nasciam penduradas na vinha e a umas, que eram tão amarelinhas por dentro, de abóboras meninas.
O Pedro só reparou que à noite havia umas sacas de pano penduradas que tinham dentro tais cabaças cosidas e que estavam a escorrer água para a dala. Como assim não davam para se comer é porque ainda não era o Natal. No almoço do dia seguinte comeu-se arroz de polvo e a mãe do Pedro disse que à noite seria bacalhau. Então o Pedro soube que, enfim, era a noite de Natal.
Lá apareceu uma bacia de barro com água e bacalhau e um feixe de troços que a mãe do Pedro recebeu duma vizinha. Já a tarde ia adiantada e o fogão, que não tinha deixado de ter lenha a arder, foi espevitado para fritar os bolinhos de chila e de abóbora menina e as rabanadas que a irmã do Pedro lavava em leite quente com canela e em ovos mexidos.
Já quando o bacalhau e as couves coziam, a mãe do Pedro lembrou-se de umas pinhas mansas que tinha guardadas e pô-las no fogão. Então o Pedro teve a certeza que era Natal, tal o forte cheiro a resina que delas saía. Comeu-se com azeite duma tigela e as couves bem regadas.
Tiraram-se os pinhões, lavaram-se em água e secaram-se com um pano. A cada um foi dado um punhado de pinhões e todos se puseram a jogar o rapa, o Pedro também. Era assim como que um pião pequeno que se fazia rodopiar com os dedos e que tanto rapava, como tirava, deixava ou ponha pinhões.
Iam-se comendo uns bolinhos e umas rabanadas com canela e os mais velhos lá beberam um cálice de vinho de uma garrafa que o merceeiro mandara, já era noite. Era doce, diziam, tinha vindo do Porto, mas o Pedro não o provou. O jogo durava já há muito e o Pedro tinha era sono e até já estava sem pinhões.
Queriam pô-lo na cama mas a madrinha ainda lhe lembrou que tinha que pôr um sapato na chaminé, que era lá que o tal Pai Natal que vinha pela chaminé ponha os presentes que o Menino mandava. O Pedro não percebeu bem mas já não interessava. A irmã tirou-lhes as botas e pô-las em cima do fogão e de uns tijolos, que ele ainda estava quente.
Ele ainda espreitou pelo canto de um olho e perguntaram-lhe se queria que o acordassem depois da meia-noite para ver as botas. Só que ele já nada ouviu, as cortinas correram-se, ele estava a dormir.
De manhã, sabe-se lá porquê, o Pedro acordou cedo, mas não ouviu barulho em casa. Todos se tinham deitado tarde a jogar os pinhões e a mãe tinha dito que à meia-noite ainda havia de fazer uns formigos e umas sopas de mel e vinho quente.
O Pedro levantou-se e foi à chaminé, que havia uma gateira que dava alguma claridade, e viu um embrulho em cima das suas botas. Lembrou-se que no último Natal tinha tido um presente: um par de meias embrulhado num pequeno volume. Agora talvez fosse a tal camisola.
Rasgou o papel e abriu uma caixa: foi uma desilusão, não sabia o que aquilo era. Parecia uma raquete com três pintainhos em cima e uns fios que passavam em buracos e estavam presos em baixo a uma mesma pequena bola de madeira.
Pegou naquilo, admirado, e agarrou o cabo com a mão. Verificou então que, mexendo com o aparelho, os passarinhos depenicavam no chão, tique, tique, tique… Se pegasse no cabo e andasse com a raquete um pouco em volta ora penicava um, ora penicava outro e assim sucessivamente...
Era lindo. Foi o melhor presente que o Pedro recebeu em toda a sua vida.
O Pedro tinha por local privilegiado de brincadeira a horta, que as favas eram semeadas cedo e já eram um bom esconderijo para brincar às escondidinhas. Os carreiros eram bons para uma correria mas a bicicleta do pai era demasiado grande para ele.
Que bom seria um triciclo, mas só tinha visto um, que se lembrasse. Os mais velhitos também só tinham para as suas brincadeiras uma vara com uma roda e um pau atravessado a servir de guiador e corriam atrás dela. Mas também era grande para si, o guiador estava muito alto e já tinha caído com uma.
Além disso tais liberdades não eram para si, que o quintal era o seu mundo. Salvo quando a mãe o levava à mercearia, para juntos não deixarem o caminho vazio, dizia-se. Os mais velhos lá iam jogando à bola no improvisado campo, que até ficava próximo da sua casa, mas que só via nestas ocasiões.
Também gostava de dar uns pontapés na bola e já as tinha visto de todas as formas e feitios, que não só redondas. Eram maiores quantos mais trapos se arranjavam para meter dentro de uma meia que se atava. A sua irmã tinha-lhe feito uma certa vez que era redondinha mas porque ela a coseu muito bem.
As bolas andavam rotinhas até se desfazerem sem conserto, que os mais eram tripas a sair delas, que sempre que a bola parava tinha que se lhe meter os trapos para dentro. Os mais sortudos lá apareciam, por festas, com uma bola de borracha mas, com tanta chanca que lhe acertava, depressa furava. Mesmo assim, murcha que nem um figo seco, lá ia rebolando como podia até ser golpeada de vez.
Poderá ser que no Natal a sorte venha a bafejar algum, mas, mesmo assim, a bola, se couber a um mais cioso do que é seu, lá terá que ficar de quarentena. Mais lá para a frente, quando passar a época do frio e da chuva, já se poderá jogar descalço e ela sempre durará mais um bocado.
O Pedro, esse, tinha de se contentar com alguma bola de trapos que chutada por algum mais maduro viesse a cair no quintal. De certo já deitaria as tripas de fora se é que não se preocupassem em a pedir de volta. Com um fio ou corda atada à volta refazia-se a bola. Que trapos e meias eram difíceis de arranjar.
Este era o tempo de muitas brincadeiras que o Inverno proporcionava mas de que os pais gostavam menos. A roupa era pouca e não se podia molhar sem razão. As botas, se ainda assim se podiam chamar, ou as chancas de sola de madeira, não isolavam a água mas vá, que para o frio lá iam chegando.
Num mundo sem televisão, algo inconcebível para os miúdos que hoje têm a idade do Pedro, este andava um pouco à deriva. Não tinha muito com quem brincar, que poucas são as suas visitas, não foram os vizinhos da separadora, a fábrica do minério que via de casa mas onde só tinha ido uma vez com o pai.
O Pedro, já o disse, tinha irmãos mas que lhe pareciam como outros pais, tão velhos eles eram à sua beira. Sabia que a escola já havia começado há muito para eles e que até já falavam por vezes de férias. Um dia eles estavam em casa quando se levantou e ele achou estranho, já seriam as tais férias.
Um dia os irmãos levaram-no com eles ao monte lá para os lados de S. Gonçalo. Trouxeram muito musgo que tiravam das pedras ou do chão mais macio e disseram que iam fazer um presépio, que a mãe lhes trouxera da feira umas ovelhinhas, uma vaquinha, um burrico, uma mulher, um homem e três camelos com passageiros em cima. Tudo se ia pôr à volta ou dentro de uma gruta onde um menino, o Menino iria dormir numa manjedoira.
Depois os irmãos foram a um outro lado buscar um pinheirinho mas não o levaram. Era longe e tinham que subir um monte alto, disseram. O Pedro até gostava bem mais do pinheiro, que vira um no merceeiro com umas pratas com chocolate dentro e que alguém o havia de comer.
A mãe disse-lhe que ia ser Natal e que vinham as suas duas irmãs. Uma era a sua madrinha Casimira, que vivia no Porto. Talvez ela ajudasse a decorar o pinheirinho com chocolates, pensou. Quando enfim chegou foi preciso ir buscá-la à camioneta do Romão que ela andava mal e nesse dia até jantamos mais tarde.
Perguntou ao Pedro o que ele tinha pedido ao Pai Natal mas ele nem sabia quem era, não estava preparado para isso. Ela disse-lhe que então pedisse ao Menino. Quando pôde pensar lembrou-se que a madrinha sabia fazer uma camisola de lã e como seria bom, mas não disse nada, ela nada tinha trazido.
Talvez ela já tenha feito o pedido, que agora o Pai Natal, se era esse, já não teria tempo para responder, tão afadigado que andaria. Se o Menino queria que os outros meninos andassem bem agasalhados, deveria dar ou mandar esse tal de Pai Natal dar uma camisola a cada um.
O Pai Natal seria então uma espécie de carteiro somente, não era ele que mandava nem sequer era ele que fazia as encomendas. O Menino é que tinha a bondade e o trabalho era dos artesãos, como sempre foi.
O Pedro até pensou que, se assim era, até poderia ter pedido ao Menino alguma coisa em ferro, que este o mandaria fazer ao seu pai, que este andava a dizer que tinha pouco trabalho na sua arte e o dinheiro era pouco em casa. Só que a madrinha insistiu e ele já se não lembrava de nada, nem da camisola de lã.
O Pedro ficou triste, duma tristeza imensa que se não podia ver naquela cara, sem expectativas, que é aquilo que dão aos meninos para eles terem aquele ar embevecido quando recebem os presentes.
Logo se veria, que naquela noite não era ainda a do Menino. Quando deu por ela, no dia seguinte, já havia umas cabaças cortadas em cima da mesa. A mãe chamava-lhes chilas, àquelas verdes de pintas brancas que nasciam penduradas na vinha e a umas, que eram tão amarelinhas por dentro, de abóboras meninas.
O Pedro só reparou que à noite havia umas sacas de pano penduradas que tinham dentro tais cabaças cosidas e que estavam a escorrer água para a dala. Como assim não davam para se comer é porque ainda não era o Natal. No almoço do dia seguinte comeu-se arroz de polvo e a mãe do Pedro disse que à noite seria bacalhau. Então o Pedro soube que, enfim, era a noite de Natal.
Lá apareceu uma bacia de barro com água e bacalhau e um feixe de troços que a mãe do Pedro recebeu duma vizinha. Já a tarde ia adiantada e o fogão, que não tinha deixado de ter lenha a arder, foi espevitado para fritar os bolinhos de chila e de abóbora menina e as rabanadas que a irmã do Pedro lavava em leite quente com canela e em ovos mexidos.
Já quando o bacalhau e as couves coziam, a mãe do Pedro lembrou-se de umas pinhas mansas que tinha guardadas e pô-las no fogão. Então o Pedro teve a certeza que era Natal, tal o forte cheiro a resina que delas saía. Comeu-se com azeite duma tigela e as couves bem regadas.
Tiraram-se os pinhões, lavaram-se em água e secaram-se com um pano. A cada um foi dado um punhado de pinhões e todos se puseram a jogar o rapa, o Pedro também. Era assim como que um pião pequeno que se fazia rodopiar com os dedos e que tanto rapava, como tirava, deixava ou ponha pinhões.
Iam-se comendo uns bolinhos e umas rabanadas com canela e os mais velhos lá beberam um cálice de vinho de uma garrafa que o merceeiro mandara, já era noite. Era doce, diziam, tinha vindo do Porto, mas o Pedro não o provou. O jogo durava já há muito e o Pedro tinha era sono e até já estava sem pinhões.
Queriam pô-lo na cama mas a madrinha ainda lhe lembrou que tinha que pôr um sapato na chaminé, que era lá que o tal Pai Natal que vinha pela chaminé ponha os presentes que o Menino mandava. O Pedro não percebeu bem mas já não interessava. A irmã tirou-lhes as botas e pô-las em cima do fogão e de uns tijolos, que ele ainda estava quente.
Ele ainda espreitou pelo canto de um olho e perguntaram-lhe se queria que o acordassem depois da meia-noite para ver as botas. Só que ele já nada ouviu, as cortinas correram-se, ele estava a dormir.
De manhã, sabe-se lá porquê, o Pedro acordou cedo, mas não ouviu barulho em casa. Todos se tinham deitado tarde a jogar os pinhões e a mãe tinha dito que à meia-noite ainda havia de fazer uns formigos e umas sopas de mel e vinho quente.
O Pedro levantou-se e foi à chaminé, que havia uma gateira que dava alguma claridade, e viu um embrulho em cima das suas botas. Lembrou-se que no último Natal tinha tido um presente: um par de meias embrulhado num pequeno volume. Agora talvez fosse a tal camisola.
Rasgou o papel e abriu uma caixa: foi uma desilusão, não sabia o que aquilo era. Parecia uma raquete com três pintainhos em cima e uns fios que passavam em buracos e estavam presos em baixo a uma mesma pequena bola de madeira.
Pegou naquilo, admirado, e agarrou o cabo com a mão. Verificou então que, mexendo com o aparelho, os passarinhos depenicavam no chão, tique, tique, tique… Se pegasse no cabo e andasse com a raquete um pouco em volta ora penicava um, ora penicava outro e assim sucessivamente...
Era lindo. Foi o melhor presente que o Pedro recebeu em toda a sua vida.