A preocupação com os filhos é fenómeno recente, dizem os historiadores. Mesmo na sociedade ocidental de matriz cristã, na qual o menino Jesus era objecto de rara atenção, cuidados com os filhos quase sequer existiam na barriga da mãe.
E, se vista a criança, ela merecia alguma atenção, os cuidados terminavam quando começasse a andar. É que a mãe era peça fundamental na angariação do sustento da família e não tinha tempo para meiguices.
Mesmo nas famílias abastadas da nobreza ou burguesia os filhos eram cedo entregues a amas e criadas e as mães não tinham qualquer preocupação com a maneira como eram tratados.
A mortalidade era imensa mas os nascimentos compensavam largamente esse mortório continuado. As pestes ciclicamente davam cabo de quase metade da população. A esperança de vida era extremamente reduzida.
Mesmo assim periodicamente havia explosões demográficas que davam origem a terríveis crises de escassez de bens alimentares, fermento de guerras, de tentativas de expansão, de cruzadas, de descobrimentos, de migrações.
Só a partir da civilização industrial começou a ser dada outra importância às crianças, valorizando-as como factor económico a ter em conta, tal qual a mão-de-obra constituída pela sua família.
Começou então a pensar-se também no necessário controlo do crescimento populacional de modo a que não houvesse falta nem demasiado excesso de população, de forma a corresponder às necessidades da economia.
As guerras dos dois últimos séculos já não são necessariamente por um problema de expansão da população mas de expansão do domínio, redefinição de fronteiras e da propriedade dos recursos.
Com a paz conseguida após a segunda guerra mundial e a formação das estruturas que darão origem à Comunidade Europeia, criaram-se condições para passarem a ser consideradas e generalizadas novas preocupações com os filhos.
Com a evolução da condição feminina, o papel e a opinião da mulher vão sendo cada vez mais preponderantes na questão da natalidade e cada vez mais contrários à formação de famílias extensas.
Com o aumento da escolaridade e das exigências dos próprios jovens, o ter filhos passa a ser cada vez mais considerado como um encargo que se cria para um período significativo de vida o que normalmente é vivido com maior hedonismo.
Estes e outros factores estão a dar origem a uma situação de declínio da população. A pirâmide da população aguça na base e alarga-se no topo, tendendo para um aspecto de paralelepípedo, diminuindo a população em idade de trabalhar.
Com o aumento da esperança de vida, os encargos com o topo da pirâmide da população vão aumentar ainda mais e os governos afadigam-se em planos para vir a minimizar em tempo útil este problema.
Simultaneamente os governos vêem-se na necessidade de fazer inverter a situação da natalidade, conscientes que suprir a necessidade de trabalhadores com o recurso à imigração não resolve a situação. Também os imigrantes informam dos mesmos “defeitos” e não deixarão gerações para os substituir.
Ter filhos parece ser mesmo um embaraço e mesmo que se diga aos jovens actuais que, por este andar, não haverá, em devido tempo, ninguém para lhes pagar as reformas, eles não se dispõem a ter três ou mais filhos como antigamente.
Para os jovens o tempo e o dinheiro já têm destinos programados, muito antes de se lá chegar e de se ver a sua cor. Quer dizer que já não se caminha para o futuro com os mesmos olhos de antigamente.
A competição está agora ao virar da esquina, na pista de dança e na medida da cintura. Os filhos podem ser um empecilho que dificulta os golpes de rim. Só a diminuição da competição desenfreada pode contribuir para alargar o cinto.
A natalidade não pode ser reduzida ao nível do capricho que fica caro ter. Caro em condições económicas, mas também em condições psicológicas e sociológicas. Ninguém tem hoje sequer a garantia da partilha desses encargos.
Impõe-se uma diminuição da idade em que os jovens que querem ser “doutores”, hoje todos, adquirem a sua independência económica. Para além de se não abandonar a formação universalista, impõe-se definir mais cedo cada curriculum em função da formação final a atingir.
Impõe-se que a paternidade partilhada seja mais que uma contribuição monetária para as fraldas dos filhos. Os encargos com a criação dos filhos têm de extravasar muito as simples trocas de afectos em momentos pré-definidos.
A reversão do paradigma civilizacional não é fácil e será mesmo impossível no nosso tempo. Outras civilizações vão ter uma palavra a dizer na fixação de novos paradigmas, se continuar o actual processo de globalização.
A civilização ocidental só tem a ganhar em se não isolar numa solitária decadência. Esperemos é que as outras civilizações saibam ultrapassar as muitas contradições de que elas próprias informam.
E, se vista a criança, ela merecia alguma atenção, os cuidados terminavam quando começasse a andar. É que a mãe era peça fundamental na angariação do sustento da família e não tinha tempo para meiguices.
Mesmo nas famílias abastadas da nobreza ou burguesia os filhos eram cedo entregues a amas e criadas e as mães não tinham qualquer preocupação com a maneira como eram tratados.
A mortalidade era imensa mas os nascimentos compensavam largamente esse mortório continuado. As pestes ciclicamente davam cabo de quase metade da população. A esperança de vida era extremamente reduzida.
Mesmo assim periodicamente havia explosões demográficas que davam origem a terríveis crises de escassez de bens alimentares, fermento de guerras, de tentativas de expansão, de cruzadas, de descobrimentos, de migrações.
Só a partir da civilização industrial começou a ser dada outra importância às crianças, valorizando-as como factor económico a ter em conta, tal qual a mão-de-obra constituída pela sua família.
Começou então a pensar-se também no necessário controlo do crescimento populacional de modo a que não houvesse falta nem demasiado excesso de população, de forma a corresponder às necessidades da economia.
As guerras dos dois últimos séculos já não são necessariamente por um problema de expansão da população mas de expansão do domínio, redefinição de fronteiras e da propriedade dos recursos.
Com a paz conseguida após a segunda guerra mundial e a formação das estruturas que darão origem à Comunidade Europeia, criaram-se condições para passarem a ser consideradas e generalizadas novas preocupações com os filhos.
Com a evolução da condição feminina, o papel e a opinião da mulher vão sendo cada vez mais preponderantes na questão da natalidade e cada vez mais contrários à formação de famílias extensas.
Com o aumento da escolaridade e das exigências dos próprios jovens, o ter filhos passa a ser cada vez mais considerado como um encargo que se cria para um período significativo de vida o que normalmente é vivido com maior hedonismo.
Estes e outros factores estão a dar origem a uma situação de declínio da população. A pirâmide da população aguça na base e alarga-se no topo, tendendo para um aspecto de paralelepípedo, diminuindo a população em idade de trabalhar.
Com o aumento da esperança de vida, os encargos com o topo da pirâmide da população vão aumentar ainda mais e os governos afadigam-se em planos para vir a minimizar em tempo útil este problema.
Simultaneamente os governos vêem-se na necessidade de fazer inverter a situação da natalidade, conscientes que suprir a necessidade de trabalhadores com o recurso à imigração não resolve a situação. Também os imigrantes informam dos mesmos “defeitos” e não deixarão gerações para os substituir.
Ter filhos parece ser mesmo um embaraço e mesmo que se diga aos jovens actuais que, por este andar, não haverá, em devido tempo, ninguém para lhes pagar as reformas, eles não se dispõem a ter três ou mais filhos como antigamente.
Para os jovens o tempo e o dinheiro já têm destinos programados, muito antes de se lá chegar e de se ver a sua cor. Quer dizer que já não se caminha para o futuro com os mesmos olhos de antigamente.
A competição está agora ao virar da esquina, na pista de dança e na medida da cintura. Os filhos podem ser um empecilho que dificulta os golpes de rim. Só a diminuição da competição desenfreada pode contribuir para alargar o cinto.
A natalidade não pode ser reduzida ao nível do capricho que fica caro ter. Caro em condições económicas, mas também em condições psicológicas e sociológicas. Ninguém tem hoje sequer a garantia da partilha desses encargos.
Impõe-se uma diminuição da idade em que os jovens que querem ser “doutores”, hoje todos, adquirem a sua independência económica. Para além de se não abandonar a formação universalista, impõe-se definir mais cedo cada curriculum em função da formação final a atingir.
Impõe-se que a paternidade partilhada seja mais que uma contribuição monetária para as fraldas dos filhos. Os encargos com a criação dos filhos têm de extravasar muito as simples trocas de afectos em momentos pré-definidos.
A reversão do paradigma civilizacional não é fácil e será mesmo impossível no nosso tempo. Outras civilizações vão ter uma palavra a dizer na fixação de novos paradigmas, se continuar o actual processo de globalização.
A civilização ocidental só tem a ganhar em se não isolar numa solitária decadência. Esperemos é que as outras civilizações saibam ultrapassar as muitas contradições de que elas próprias informam.