terça-feira, 29 de agosto de 2006

S. Bartolomeu preserva a originalidade

Já há uns anos que eu não ia às Festas de S. Bartolomeu na Ponte da Barca. Como limiano achava aquelas Festas Concelhias só como uma cópia, com certa qualidade é certo, dos aspectos mais típicos das Feiras Novas de Ponte.
Como, ainda por cima, são em dias fixos do ano (23/24 de Agosto) e não, como é habitual, ao fim de semana, uma pessoa que trabalha desabitua-se de lá ir. Mas, quando o tempo dá não se devem perder.
Gente não falta, mesmo assim, em todos os programas, como as Corridas de Cavalos, as Cantigas ao Desafio, as Rusgas, o Fogo, a Procissão. Mas a genuinidade, a maneira natural como a gente da Barca vive a sua festa e assume o seu passado ficou estampada maravilhosamente no Cortejo Etnográfico.
Sem teatralizações, que não faltará muito tempo virão a ser necessárias, o Cortejo deu-nos uma visão ampla dos mais variados ciclos agrícolas, como o do linho, do milho, do feijão, do azeite, do vinho, as várias utilizações da água, os vários utensílios agrícolas confeccionados no campo ou na montanha.
Actividades integradas na vida agrícola como a tanoaria, a matança do porco, o transporte do tojo nos carros de vacas, a condução das cabras para o monte, também foram retratadas com muita veracidade.
A alegria já não será a doutros tempos, as canções já não saltarão tão espontâneas como outrora, os ritmos agora são outros e já estão incorporados no corpo e no espírito. Mas quem já pouco viveu ainda consegue reviver alguma coisa.
Mas, mesmo assim, é no S. Bartolomeu que se encontram as manifestações mais puras dos cantares e lavores, que cada vez mais se vão perdendo.