terça-feira, 15 de agosto de 2006

Água de rega e lima, de conflitos e de vida

A complexidade da gestão da água é o tema essencial do livro ÁGUAS DE REGA E LIMA SEU APROVEITAMENTO E IMPLICÂNCIAS que CÂNDIDO MONTEIRO editou sob a chancela da Ceres.
A apresentação desta obra agradável, pedagógica, mas essencialmente histórica, ocorreu no dia 12 de Agosto perante um grupo de amigos e foi dirigida pelo autor do prefácio Luís Dantas, tendo assistido o Presidente da Assembleia Municipal de Ponte de Lima, Abel Batista, intervido o Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Franclim Castro, e o Autor da Obra.
A perspectiva histórica não retira qualquer actualidade ao tema, quiçá cada vez mais momentoso. Luís Dantas fez o enquadramento da questão da partilha de águas no tempo, dependente que ela está da divisão da propriedade rural.
À água, elemento essencial à vida, tal como é realçado pelo autor, não tem sido dada a relevância que deveria ter, a não ser em caso de conflito. É este o aspecto de elemento a que só atribuímos importância quando ele é mais escasso que dá um maior relevo a esta Obra.
Os conflitos eram frequentes, em especial nos períodos de carestia, de longa estiagem. Para a pancadaria qualquer arma servia que estivesse mais à mão, como sacholas e foucinhos.
Havia que regular o possível que a água de rega é um bem precioso. Deste exercício complicado que envolvia múltiplas nascentes e muitos mais porções de terreno se encarregavam homens com a sabedoria de Cândido Monteiro.
Mas não é só este aspecto mais técnico, implicando métodos próprios cujo resultado era comummente aceite pelos envolvidos, que interessa salientar nesta Obra. Não se pode esquecer que houve necessidade de transferir de certa forma uma linguagem e uma sabedoria popular para uma linguagem juridicamente aceite.
È de salientar ainda as referências à partilha da água não dividida. É o mundo do tape-tape ou torna-tornarás, este talvez mais em declínio. É o encaminhamento das águas em atolas ou pijeiros, garantido por presença física ou simbólica, pela pintalha, ramo ou lenço que lembrava ao pretendente à água que esta estava a ser utilizada por outrem.
Permita-me, somente, que descubra nesta Obra Inicial e, de certa forma, Iniciática uma certa falta de ousadia em ir mais além, na certeza de que Cândido Monteiro se não ficará por aqui e nos dará a conhecer mais aspectos do seu longo relacionamento com o mundo rural.
È uma Obra que interessará certamente a leigos e a não leigos acerca de uma matéria que nunca poderemos dizer ultrapassada. À qualidade literária do seu texto e dos documentos da sua lavra, precisos e claros, como convém, o nosso agradecimento.
Permita-me que, como a surpresa não está plenamente satisfeita, lhe solicite que … por favor … continue!