sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A área do C.D.S. de Ponte de Lima ainda não lançou todas as cartas

A alteração já acordada na legislação sobre eleições autárquicas determina que o Presidente da Câmara, a Vereação e os Membros da Assembleia Municipal saiam de uma só lista. As implicações que este facto determina são vastas e merecem ser analisadas no que se refere ao panorama eleitoral limiano.
Daniel Campelo já tinha posto de parte, avisado talvez que estava, a hipótese de repor a “A Nossa Terra”. Esta lista formalmente independente tinha-lhe permitido em 2001 concorrer à Câmara Municipal e deixar ao C.D.S. o encargo de elaborar uma lista partidária para a Assembleia Municipal.
No próximo ano, ou Campelo se submete ao capacete protector de Paulo Portas e aceita integrar a lista do C.D.S., ou concorre separadamente com nova lista independente mas que agora terá que disputar conjuntamente a composição dos dois órgãos autárquicos e deixa ao C.D.S. o ónus de ir contra ele ou de abandonar definitivamente o seu eleitorado.
Como Abel Batista já disse que se Campelo avançar ele não avançará, presume-se que seja mesmo que não consiga integrar Campelo na lista C.D.S.. Neste caso o C.D.S. desistiria mesmo de apresentar qualquer lista, com ou sem Abel Batista, mas ainda falta saber se oficialmente os seus correligionários e ele próprio integrariam ou não a lista de Campelo.
Mesmo que Daniel Campelo integre na sua lista elementos do C.D.S. conotados com a linha oficial do partido, estes jamais terão a possibilidade de constituir qualquer força autónoma dentro dos órgãos camarários. Tal não seria uma derrota pessoal para Abel Batista porque se sacrificaria por um amigo, mas não deixaria de ser uma clara derrota política e de ter repercussões negativas em relação a um partido cuja única amarra ao poder local é Daniel Campelo.
A última hipótese é mesmo Campelo não aceitar integrar a lista do C.D.S. e não se dar ao trabalho de formar a sua própria. Teremos então Abel Batista a avançar, a dar a cara pelo seu partido, o que como princípio será louvável, mas a aceitar a liderança de Paulo Portas, tão contestada em Ponte de Lima e em evidente decadência no País. As suas hipóteses de eleições serão muito menores, até porque nem será seguro que Daniel Campelo lhe retribua o gesto.
O que não se coloca como hipótese viável é surgir nesta área política um outro candidato que, perante a desistência de Daniel Campelo, entendesse avançar com ou sem o seu apoio explícito. Primeiro porque nunca teria o apoio de Abel Batista já que das declarações deste se subentende que, a não avançar Campelo, avançará ele.
Segundo porque se o apoio explícito de Daniel Campelo ainda daria um impulso a essa candidatura e levaria os apoios económicos a pensarem em dividirem-se por dois candidatos em vez de se entregarem a um, o que manifestamente lhes não agrada, a verdade é que seria uma atitude suicidária e veríamos duas máquinas bem alicerçadas no terreno a digladiarem-se.
Em terceiro lugar porque, sem o apoio explícito de Daniel Campelo, uma candidatura nessa área seria, como a de Carmona Rodrigues em Lisboa, uma forma de dar azo a uma vaidade particular, não seria politicamente correcta nem pessoalmente digna e, como isso é normalmente detectado pelo eleitorado, seria penalizada por isso. Nem todas as cartas estão pois lançadas.