Todos vamos precisando de símbolos para nos relacionarmos intelectual e afectivamente. Muitos interiorizamo-los e assumimo-los como nossos, a quase todos vamos utilizando sem conhecer o seu criador. Muitas pessoas antes de nós já sentiram a sua necessidade e promoveram a sua criação. Nós já herdamos símbolos de alta complexidade, mas não podemos dizer que ficaremos por aqui. Outros se seguirão e uma pessoa só é tida por moderna se acompanhar esta sucessiva re/criação.
Um símbolo tem a subjectividade de quem o cria, mas que é depurada por quem o aceita e usa. O símbolo ganha solidez à medida que ganha precisão, sem que se possa dizer que ganha verdade. Este processo de que ninguém em particular é responsável corresponde a uma decisão que foge bastante ao conceito democrático. Mas a todo o tempo podemos aferir da adequada representação simplificada de um acontecimento, da mitificação de uma pessoa particular, da repercussão de uma data, da influência de um local.
Um símbolo consistente, que vingou, com certeza que não se vai diluir facilmente no tempo, na terra. Pode perder o sentido, ser substituído, deixar de ser utilizado, de ter defensores e apologéticos, mas permanece onde foi criado. Já não será verdadeiro, mas em última hipótese será o símbolo duma mistificação. Por isso quando se trata de um símbolo vivo há dificuldade de quem foi um símbolo de qualquer coisa, e não uma mistificação, deixar de o ser e regressar ao antecedente.
Estamos pois muitas vezes a criar problemas ao tornar certa pessoa como símbolo, sabendo que ela não vai suportar sê-lo toda a vida ou simplesmente é impossível que o seja, porque as suas características se vão alterar. Mas estes símbolos pessoais têm quase sempre uma alternativa, seguindo aquela máxima de que não há insubstituíveis. Simplesmente esta via quase sempre não tem sido seguida, o que tem dado origem a retrocessos e anacronismos.
Compreende-se a necessidade de criarmos símbolos, de os usarmos, mas não de nos apropriarmos deles. A realidade mostra-nos que, quando alguém pretende ser a personalização de um símbolo ou ter a sua representação, não conta com a relatividade das coisas e entra no caminho penoso de se achar a razão de ser do próprio símbolo. Para o compreendermos, para nele acreditar, temos que o limpar dessas apropriações que são uma dificuldade acrescida.
Mas existem símbolos que se criaram mesmo com o propósito de serem adoptados pelas pessoas. Muitos estavam ligados ao exercício de profissões mas com o seu declínio também os símbolos foram ficando para a história. Muitos tinham o intuito de transmitir a autoridade e destes temos um que persiste: O agente da G.N.R. de bigode e semblante grave faz com que o agente se sinta possuído das virtudes ou maldades simbolizadas.
Há símbolos desagradáveis de que gostaríamos de nos ver livres, porque já não dizem nada à nossa sensibilidade. Esta por sua vez já exigiria outros símbolos mais adequados à realidade de hoje. Com muitos dos antigos já não conseguimos pensar a realidade. As tentativas para criar novos símbolos quase sempre não vão além disso numa realidade tão mutante. Há uma dificuldade muito grande em a perseguir, em aceder-lhe e torná-la inteligível ou pelo menos aceitável através da simplificação de um símbolo, que tanto facilitaria a nossa vida.
O nosso passado tornou-nos dependentes dos símbolos. Sendo a principal preocupação a subsistência, havia pouco tempo para o estudo e até para o simples olhar para a realidade. Por isso os eruditos tinham tempo e imaginação para adequar a realidade às capacidades de entendimento dos que tinham que trabalhar para a sua subsistência e da sua intelectualidade. Um dos seus problemas é que, como quem os criou queria que a situação de subalternidade se mantivesse, os símbolos transmitem essa dependência.
Um símbolo será sempre uma aproximação à realidade mas pode ser mesmo uma mistificação da mesma. Quando a mente humana se preocupa mais com este aspecto não raro encontra discrepâncias exageradas e acha-se manipulada. Umas vezes achamos que os estamos a usar com uma certa inocência mas às vezes até nos sentimos perseguidos pelos símbolos de uma realidade que, se alguma vez existiu, já jaz estagnada.
A simbologia é um mundo à parte, que adquire cada vez mais autonomia à medida que cada vez menos podemos ver a realidade nua e crua, como ela eventualmente será. Passamos séculos a lutar contra certos símbolos para chegar à conclusão que não podemos viver sem esses ou outros. Mas vá lá que conseguimos vencer a pretensão de certas correntes de opinião que caminham pelo sentido inverso: Criam símbolos e lutam por adequar a realidade a eles.
Os diferentes símbolos não têm que ser coerentes por semelhança ou antagonismo nem podem ter mais valor que a realidade. A sua comparação é relativizada pelo tempo e pelo espaço. Mas de qualquer modo, mesmo que uns símbolos nos digam pouco ou nada, nós não os podemos ignorar e temos que procurar o seu sentido, ainda existente ou já perdido. Pormo-nos à sua margem não é de todo possível, nada conseguiríamos compreender dum mundo só por eles inteligível.
Um símbolo tem a subjectividade de quem o cria, mas que é depurada por quem o aceita e usa. O símbolo ganha solidez à medida que ganha precisão, sem que se possa dizer que ganha verdade. Este processo de que ninguém em particular é responsável corresponde a uma decisão que foge bastante ao conceito democrático. Mas a todo o tempo podemos aferir da adequada representação simplificada de um acontecimento, da mitificação de uma pessoa particular, da repercussão de uma data, da influência de um local.
Um símbolo consistente, que vingou, com certeza que não se vai diluir facilmente no tempo, na terra. Pode perder o sentido, ser substituído, deixar de ser utilizado, de ter defensores e apologéticos, mas permanece onde foi criado. Já não será verdadeiro, mas em última hipótese será o símbolo duma mistificação. Por isso quando se trata de um símbolo vivo há dificuldade de quem foi um símbolo de qualquer coisa, e não uma mistificação, deixar de o ser e regressar ao antecedente.
Estamos pois muitas vezes a criar problemas ao tornar certa pessoa como símbolo, sabendo que ela não vai suportar sê-lo toda a vida ou simplesmente é impossível que o seja, porque as suas características se vão alterar. Mas estes símbolos pessoais têm quase sempre uma alternativa, seguindo aquela máxima de que não há insubstituíveis. Simplesmente esta via quase sempre não tem sido seguida, o que tem dado origem a retrocessos e anacronismos.
Compreende-se a necessidade de criarmos símbolos, de os usarmos, mas não de nos apropriarmos deles. A realidade mostra-nos que, quando alguém pretende ser a personalização de um símbolo ou ter a sua representação, não conta com a relatividade das coisas e entra no caminho penoso de se achar a razão de ser do próprio símbolo. Para o compreendermos, para nele acreditar, temos que o limpar dessas apropriações que são uma dificuldade acrescida.
Mas existem símbolos que se criaram mesmo com o propósito de serem adoptados pelas pessoas. Muitos estavam ligados ao exercício de profissões mas com o seu declínio também os símbolos foram ficando para a história. Muitos tinham o intuito de transmitir a autoridade e destes temos um que persiste: O agente da G.N.R. de bigode e semblante grave faz com que o agente se sinta possuído das virtudes ou maldades simbolizadas.
Há símbolos desagradáveis de que gostaríamos de nos ver livres, porque já não dizem nada à nossa sensibilidade. Esta por sua vez já exigiria outros símbolos mais adequados à realidade de hoje. Com muitos dos antigos já não conseguimos pensar a realidade. As tentativas para criar novos símbolos quase sempre não vão além disso numa realidade tão mutante. Há uma dificuldade muito grande em a perseguir, em aceder-lhe e torná-la inteligível ou pelo menos aceitável através da simplificação de um símbolo, que tanto facilitaria a nossa vida.
O nosso passado tornou-nos dependentes dos símbolos. Sendo a principal preocupação a subsistência, havia pouco tempo para o estudo e até para o simples olhar para a realidade. Por isso os eruditos tinham tempo e imaginação para adequar a realidade às capacidades de entendimento dos que tinham que trabalhar para a sua subsistência e da sua intelectualidade. Um dos seus problemas é que, como quem os criou queria que a situação de subalternidade se mantivesse, os símbolos transmitem essa dependência.
Um símbolo será sempre uma aproximação à realidade mas pode ser mesmo uma mistificação da mesma. Quando a mente humana se preocupa mais com este aspecto não raro encontra discrepâncias exageradas e acha-se manipulada. Umas vezes achamos que os estamos a usar com uma certa inocência mas às vezes até nos sentimos perseguidos pelos símbolos de uma realidade que, se alguma vez existiu, já jaz estagnada.
A simbologia é um mundo à parte, que adquire cada vez mais autonomia à medida que cada vez menos podemos ver a realidade nua e crua, como ela eventualmente será. Passamos séculos a lutar contra certos símbolos para chegar à conclusão que não podemos viver sem esses ou outros. Mas vá lá que conseguimos vencer a pretensão de certas correntes de opinião que caminham pelo sentido inverso: Criam símbolos e lutam por adequar a realidade a eles.
Os diferentes símbolos não têm que ser coerentes por semelhança ou antagonismo nem podem ter mais valor que a realidade. A sua comparação é relativizada pelo tempo e pelo espaço. Mas de qualquer modo, mesmo que uns símbolos nos digam pouco ou nada, nós não os podemos ignorar e temos que procurar o seu sentido, ainda existente ou já perdido. Pormo-nos à sua margem não é de todo possível, nada conseguiríamos compreender dum mundo só por eles inteligível.