A ideia dos professores participarem em sucessivas manifestações contra a política de educação do Governo passa por tentar suprir por essa via, compensar pela afirmação, a má imagem que eles têm na opinião pública. Os mentores destas movimentações chamam ao de cima, como estando em causa, o orgulho e o brio profissionais.
Os sindicatos pretendem que essa má imagem foi criada pelo Governo, mas nunca poderia ser assim. O Governo tão só terá tomado a iniciativa de lançar algumas críticas e isso foi suficiente para trazer ao de cima todas as razões de queixa que a população vinha acumulando. Esta incapaz de particularizar, levada pelas achegas vindas da economia, da cultura, da educação, da comparação com a estranja, deu largas a uma imagem genericamente negativa.
Digamos que o Governo deu “autorização” para que se dessacralizasse uma classe profissional até aí intocável. As pessoas perderam o medo de tocar naquilo que parecia destinado a ser abordado só por espertos, porque colocado num patamar superior ao da discussão pública. Isso levou a que a velha e agradável imagem, que muitos talvez tenham merecido, esteja agora definitivamente perdida. Os professores perderam a polidez e subtileza que os caracterizava.
Num País Democrático não pode haver vacas sagradas, mas o certo é que os professores eram uma dessas vacas, um dos sustentáculos de um regime democrático débil que, à medida das suas reivindicações, apoiadas na promessa de uma melhoria do ensino, lhes iam aumentando os salários, as benesses, as excessivas regalias comparadas com as do “povo miúdo”. Muitos dirão hoje que, porque nunca lutaram pelos aumentos que tiveram, não têm responsabilidade nisso, agora é a luta pela dignidade que os move.
A força dos professores deriva de serem uma classe profissional que se não importa de que transpareça para o exterior uma homogeneidade que não existe no seu interior. Lá existe trigo e muito joio. E a sua força deriva também de ocupar a grande maioria de um dos maiores organismos do Estado. Os professores monopolizam todo o sector de ensino, desprezando todos os outros que para ele contribuem. Muitos professores até não estão cientes dessa sua força, limitam-se a obedecer.
Perante a necessidade imperiosa de mudanças no ensino, o Estado vê-se com uma pesada máquina nas mãos e que se serve de todos os pretextos para se não deixar mover, modificar, dinamizar, flexibilizar. O Estado tem contra si poderosas forças que se aproveitam deste movimento, que mais é caracterizado pela inércia, para se lhe encostarem, sangue sugarem, para beneficiarem das suas lutas para fins diversos do socialmente aceitável, para a anarquização do Estado, para a destruição das suas débeis estruturas.
Esta inclinação autofágica, para a aniquilação da memória colectiva, deriva de cada um a seu modo se sentir incapaz de responder pela sua contribuição para a colectividade. À generalidade dos professores bastar-lhes-á irem para casa com uma boa reforma, sem que tivesse vindo agora um governo apoquentar-lhes a consciência com um dever por cumprir. A maioria dos professores é intolerante perante o remexer da memória.
No meio deste colectivo de professores, que quanto mais maciço é, mais é revelador das suas debilidades, há decerto gente boa, gente honesta, que não deu mais porque as circunstâncias o não permitiam. Mas também há muito crápula, muita gente que se arrasta na dependura dos outros, mas querendo que estes se não sobressaiam demasiado, se não distanciem e os deixem sós perante a sua incapacidade e indolência.
A dignidade da função docente não pode estar na benevolência dos pares, no distanciamento doutros grupos, na reverência daqueles que se dizem subalternos, na dignidade colocada em razão inversa do trabalho. Ela passa por um desempenho que revela a eficácia dos professores através do sucesso dos alunos. A integração social, o derrube das barreiras mentais, o exemplo da aplicação ao trabalho, são aspectos importantes na aferição do valor do ensino.
Sempre vi a maioria dos professores empenhados em reproduzir os processos do passado, a cometerem sempre os memos erros. Por isso vemos meninos a dizer que querem ser professores, veja-se pessoas senhoras de um lugar, de um estatuto, encrostadas numa organização que se desenvolve alheada da sociedade.
Não se preparam pessoas para enfrentar a vida, o trabalho, a dureza, o imprevisto, o contingente, para serem solidárias, colaborantes, frontais no essencial, flexíveis no acessório, empenhadas em missões e serviços, leais sem serem subservientes. Os professores afirmar-se-ão através da qualidade daqueles em cuja preparação para a vida colaborem.
Este movimento de professores a que líderes partidários, sindicais e de opinião pretendem dar alguma substância em termos valorativos só tem servido para aglutinar hipocrisia, má educação, destempero moral, diarreia intelectual. Os professores dignos não se podem deixar levar por esta torrente de lama, não procuram reconhecimento social através destes caminhos em que impera a pior vulgaridade.
Os sindicatos pretendem que essa má imagem foi criada pelo Governo, mas nunca poderia ser assim. O Governo tão só terá tomado a iniciativa de lançar algumas críticas e isso foi suficiente para trazer ao de cima todas as razões de queixa que a população vinha acumulando. Esta incapaz de particularizar, levada pelas achegas vindas da economia, da cultura, da educação, da comparação com a estranja, deu largas a uma imagem genericamente negativa.
Digamos que o Governo deu “autorização” para que se dessacralizasse uma classe profissional até aí intocável. As pessoas perderam o medo de tocar naquilo que parecia destinado a ser abordado só por espertos, porque colocado num patamar superior ao da discussão pública. Isso levou a que a velha e agradável imagem, que muitos talvez tenham merecido, esteja agora definitivamente perdida. Os professores perderam a polidez e subtileza que os caracterizava.
Num País Democrático não pode haver vacas sagradas, mas o certo é que os professores eram uma dessas vacas, um dos sustentáculos de um regime democrático débil que, à medida das suas reivindicações, apoiadas na promessa de uma melhoria do ensino, lhes iam aumentando os salários, as benesses, as excessivas regalias comparadas com as do “povo miúdo”. Muitos dirão hoje que, porque nunca lutaram pelos aumentos que tiveram, não têm responsabilidade nisso, agora é a luta pela dignidade que os move.
A força dos professores deriva de serem uma classe profissional que se não importa de que transpareça para o exterior uma homogeneidade que não existe no seu interior. Lá existe trigo e muito joio. E a sua força deriva também de ocupar a grande maioria de um dos maiores organismos do Estado. Os professores monopolizam todo o sector de ensino, desprezando todos os outros que para ele contribuem. Muitos professores até não estão cientes dessa sua força, limitam-se a obedecer.
Perante a necessidade imperiosa de mudanças no ensino, o Estado vê-se com uma pesada máquina nas mãos e que se serve de todos os pretextos para se não deixar mover, modificar, dinamizar, flexibilizar. O Estado tem contra si poderosas forças que se aproveitam deste movimento, que mais é caracterizado pela inércia, para se lhe encostarem, sangue sugarem, para beneficiarem das suas lutas para fins diversos do socialmente aceitável, para a anarquização do Estado, para a destruição das suas débeis estruturas.
Esta inclinação autofágica, para a aniquilação da memória colectiva, deriva de cada um a seu modo se sentir incapaz de responder pela sua contribuição para a colectividade. À generalidade dos professores bastar-lhes-á irem para casa com uma boa reforma, sem que tivesse vindo agora um governo apoquentar-lhes a consciência com um dever por cumprir. A maioria dos professores é intolerante perante o remexer da memória.
No meio deste colectivo de professores, que quanto mais maciço é, mais é revelador das suas debilidades, há decerto gente boa, gente honesta, que não deu mais porque as circunstâncias o não permitiam. Mas também há muito crápula, muita gente que se arrasta na dependura dos outros, mas querendo que estes se não sobressaiam demasiado, se não distanciem e os deixem sós perante a sua incapacidade e indolência.
A dignidade da função docente não pode estar na benevolência dos pares, no distanciamento doutros grupos, na reverência daqueles que se dizem subalternos, na dignidade colocada em razão inversa do trabalho. Ela passa por um desempenho que revela a eficácia dos professores através do sucesso dos alunos. A integração social, o derrube das barreiras mentais, o exemplo da aplicação ao trabalho, são aspectos importantes na aferição do valor do ensino.
Sempre vi a maioria dos professores empenhados em reproduzir os processos do passado, a cometerem sempre os memos erros. Por isso vemos meninos a dizer que querem ser professores, veja-se pessoas senhoras de um lugar, de um estatuto, encrostadas numa organização que se desenvolve alheada da sociedade.
Não se preparam pessoas para enfrentar a vida, o trabalho, a dureza, o imprevisto, o contingente, para serem solidárias, colaborantes, frontais no essencial, flexíveis no acessório, empenhadas em missões e serviços, leais sem serem subservientes. Os professores afirmar-se-ão através da qualidade daqueles em cuja preparação para a vida colaborem.
Este movimento de professores a que líderes partidários, sindicais e de opinião pretendem dar alguma substância em termos valorativos só tem servido para aglutinar hipocrisia, má educação, destempero moral, diarreia intelectual. Os professores dignos não se podem deixar levar por esta torrente de lama, não procuram reconhecimento social através destes caminhos em que impera a pior vulgaridade.
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