Os distúrbios ocorridos numa sala de aula e que tanta repercussão tiveram nos meios de comunicação podem ser vistos sobre vários prismas e na perspectiva dos seus vários intervenientes. Na sua génese está um acto insolente de uma aluna que pode ser tão só uma variante do seu comportamento no ambiente familiar, o mais vulgar, mas que pode também ter sido um escape para uma repressão aí vivida.
Independentemente de a família poder estar a ser também vítima, há sempre uma responsabilidade da sua parte e que deve ser assumida enquanto houver algum seu ascendente, de modo a que também possa contribuir para a correcção desse comportamento. Todas as ligações afectivas podem ser utilizadas para fazer reverter um comportamento tão anómalo.
Embora o medo possa ter aqui alguma função a desempenhar, porque tal acção tem que ser reprimida com uma penalização adequada, o principal é tornar possível que aquela jovem, e outras que possam vir a sentir impulsos semelhantes, se preparem para saber como os reprimir, como reagir cedendo conscientemente a um impulso mais elaborado de carácter social, isto é, já com um traço positivo.
No decorrer da acção, e para obstar a qualquer contacto físico, a professora poderia talvez ter recorrido ao apoio de uma parte mais preparada da comunidade escolar. Só que isso acarretaria desde logo a transferência do problema para outra instância. E se esta o não resolvesse convenientemente, o que seria o mais provável, implicaria o seu regresso às origens, com perigo de debilitar ainda mais a posição da professora.
Por isso a professora terá recorrido ao expediente mais rápido de fazer ela própria cumprir a sua ordem o que implicou um envolvimento físico, porém de todo inconveniente no ambiente de uma aglomeração de alunos propensos a seguir o exemplo. Ela não deveria ir além de uma espécie de ameaça de execução da sua ordem e depois faria transitar para outra instância mais preparada e com autoridade para fazer uma intervenção física, sem cuidar do que viesse a seguir.
Aos professores é solicitado um tempo de reacção adequado e uma atitude moderadora dos excessos cometidos no ambiente escolar. Como toda a condescendência tem limites, a tendência para tratar com quem os excede constantemente é diminui-los. E os alunos se detectam uma relaxamento logo procuram alargá-los. É um jogo que exige resolução e determinação dos professores para conter o ambiente das aulas dentro do que é razoável.
Não há ambiente propício ao estudo se não for prestada uma atenção que deve constituir a base das preocupações de todos os professores. Porque se há diferenças conforme as disciplinas e os próprios professores são estas aversões que se vão formando que vão contribuindo para formas caprichosas de estar ou para uma clima geral de atracção ou repulsa pela escola na sua totalidade.
O professor tem que estar preparado para aumentar a pressão quando não é bem sucedido à primeira. Mas também deve estar preparado uma saída para a questão quando esgotar os seus argumentos. Nada pior que a indecisão, a percepção pelos alunos de qualquer tipo de fragilidade dos professores, de falta de domínio da situação. Se o recurso a uma ajuda exterior for o caso tudo bem.
O que pode parecer uma atitude sensata da turma, ao manter-se espectadora, é no entanto uma atitude de alguma cobardia, ao deixarem que se digladiem pessoas com as quais têm que conviver todos os dias. Os alunos só parecem aperceber-se da gravidade da situação quando esta corre o risco de passar para além da porta da sala de aula, o que diz da forma falsa como esta sociedade vê a violência.
Além de se não esconder nenhuma manifestação de violência, interessa aqui saber se há qualquer sinal de um clima de violência generalizada, se é um caso isolado, o que altera radicalmente a maneira de ver e tratar esta situação. Podemos dizer com certa segurança que não é um caso esporádico, mas que, sendo sinal de violência latente, só ocorre esporadicamente.
Estaria também a violência latente nos outros alunos mas só interessa que a aluna em causa seja objecto de observação, com a sua envolvente familiar e as suas reacções típicas no ambiente escolar. Ou já é assim insolente no ambiente familiar ou reprimida só dá azo à sua insolência no ambiente escolar. Os outros alunos terão que aprender com o exemplo e não há necessidade de os expor.
Se houvesse, como em tempos havia, um clima de medo, os outros retrair-se-iam e não gozariam com o espectáculo. Aparentemente respeitariam mas só alguns o fariam conscientemente. Hoje, que o medo não é a priori utilizado como instrumento de educação, podemos com certa segurança afirmar que ninguém de entre os alunos repudiará um bom momento de riso e como tal a sua actuação se enquadra numa perspectiva cobarde de estar em sociedade.
Nós não estamos ainda habituados a viver sem medo e isso vê-se na desfaçatez com que os adultos insultam todas as outras pessoas nos jornais, na televisão e em particular no novo domínio de escape social que é a Internet. Na realidade não deveríamos precisar do medo para conhecermos os limites da nossa actuação quando nos referimos aos outros.
Se os alunos não vêem onde os seus pais, familiares e amigos usam formas de relacionamento verbal comedidas, a verdade é que, quando na televisão se vai um pouco para além daquilo que já vai sendo normal, logo se sentem impelidos a ir também mais além na sua forma de se relacionarem e neste caso já não só verbalmente e à distância, mas na presença dos seus professores.
É necessário encontrar as regras sociais mais correctas que possam ser aceites genericamente e que incutam em quem as tenha que respeitar o medo pela penalização social, e não só, que se lhe aplique ou na melhor da hipóteses o respeito que a esses mesmos possam merecer aqueles outros, professores, pais, políticos, etc. que têm que dar suporte a essas normas.
Independentemente de a família poder estar a ser também vítima, há sempre uma responsabilidade da sua parte e que deve ser assumida enquanto houver algum seu ascendente, de modo a que também possa contribuir para a correcção desse comportamento. Todas as ligações afectivas podem ser utilizadas para fazer reverter um comportamento tão anómalo.
Embora o medo possa ter aqui alguma função a desempenhar, porque tal acção tem que ser reprimida com uma penalização adequada, o principal é tornar possível que aquela jovem, e outras que possam vir a sentir impulsos semelhantes, se preparem para saber como os reprimir, como reagir cedendo conscientemente a um impulso mais elaborado de carácter social, isto é, já com um traço positivo.
No decorrer da acção, e para obstar a qualquer contacto físico, a professora poderia talvez ter recorrido ao apoio de uma parte mais preparada da comunidade escolar. Só que isso acarretaria desde logo a transferência do problema para outra instância. E se esta o não resolvesse convenientemente, o que seria o mais provável, implicaria o seu regresso às origens, com perigo de debilitar ainda mais a posição da professora.
Por isso a professora terá recorrido ao expediente mais rápido de fazer ela própria cumprir a sua ordem o que implicou um envolvimento físico, porém de todo inconveniente no ambiente de uma aglomeração de alunos propensos a seguir o exemplo. Ela não deveria ir além de uma espécie de ameaça de execução da sua ordem e depois faria transitar para outra instância mais preparada e com autoridade para fazer uma intervenção física, sem cuidar do que viesse a seguir.
Aos professores é solicitado um tempo de reacção adequado e uma atitude moderadora dos excessos cometidos no ambiente escolar. Como toda a condescendência tem limites, a tendência para tratar com quem os excede constantemente é diminui-los. E os alunos se detectam uma relaxamento logo procuram alargá-los. É um jogo que exige resolução e determinação dos professores para conter o ambiente das aulas dentro do que é razoável.
Não há ambiente propício ao estudo se não for prestada uma atenção que deve constituir a base das preocupações de todos os professores. Porque se há diferenças conforme as disciplinas e os próprios professores são estas aversões que se vão formando que vão contribuindo para formas caprichosas de estar ou para uma clima geral de atracção ou repulsa pela escola na sua totalidade.
O professor tem que estar preparado para aumentar a pressão quando não é bem sucedido à primeira. Mas também deve estar preparado uma saída para a questão quando esgotar os seus argumentos. Nada pior que a indecisão, a percepção pelos alunos de qualquer tipo de fragilidade dos professores, de falta de domínio da situação. Se o recurso a uma ajuda exterior for o caso tudo bem.
O que pode parecer uma atitude sensata da turma, ao manter-se espectadora, é no entanto uma atitude de alguma cobardia, ao deixarem que se digladiem pessoas com as quais têm que conviver todos os dias. Os alunos só parecem aperceber-se da gravidade da situação quando esta corre o risco de passar para além da porta da sala de aula, o que diz da forma falsa como esta sociedade vê a violência.
Além de se não esconder nenhuma manifestação de violência, interessa aqui saber se há qualquer sinal de um clima de violência generalizada, se é um caso isolado, o que altera radicalmente a maneira de ver e tratar esta situação. Podemos dizer com certa segurança que não é um caso esporádico, mas que, sendo sinal de violência latente, só ocorre esporadicamente.
Estaria também a violência latente nos outros alunos mas só interessa que a aluna em causa seja objecto de observação, com a sua envolvente familiar e as suas reacções típicas no ambiente escolar. Ou já é assim insolente no ambiente familiar ou reprimida só dá azo à sua insolência no ambiente escolar. Os outros alunos terão que aprender com o exemplo e não há necessidade de os expor.
Se houvesse, como em tempos havia, um clima de medo, os outros retrair-se-iam e não gozariam com o espectáculo. Aparentemente respeitariam mas só alguns o fariam conscientemente. Hoje, que o medo não é a priori utilizado como instrumento de educação, podemos com certa segurança afirmar que ninguém de entre os alunos repudiará um bom momento de riso e como tal a sua actuação se enquadra numa perspectiva cobarde de estar em sociedade.
Nós não estamos ainda habituados a viver sem medo e isso vê-se na desfaçatez com que os adultos insultam todas as outras pessoas nos jornais, na televisão e em particular no novo domínio de escape social que é a Internet. Na realidade não deveríamos precisar do medo para conhecermos os limites da nossa actuação quando nos referimos aos outros.
Se os alunos não vêem onde os seus pais, familiares e amigos usam formas de relacionamento verbal comedidas, a verdade é que, quando na televisão se vai um pouco para além daquilo que já vai sendo normal, logo se sentem impelidos a ir também mais além na sua forma de se relacionarem e neste caso já não só verbalmente e à distância, mas na presença dos seus professores.
É necessário encontrar as regras sociais mais correctas que possam ser aceites genericamente e que incutam em quem as tenha que respeitar o medo pela penalização social, e não só, que se lhe aplique ou na melhor da hipóteses o respeito que a esses mesmos possam merecer aqueles outros, professores, pais, políticos, etc. que têm que dar suporte a essas normas.
A atribuição deste tipo de problemas à recente alteração do código do aluno, segundo o qual são dadas certas facilidade de recuperar tempo perdido por acumulação de faltas, é uma atitude grotesca dos partidos da direita nacional que, se fazem a apologia de atitudes autoritárias e repressão, só promovem a desigualdade e a exclusão social.