A Europa Ocidental é na nossa perspectiva a zona do mundo que age menos por impulsos, que mais tenta antecipar os problemas e encontrar novas soluções menos dolorosas, mais benéficas para todos. Procura controlar a impetuosidade de outros intervenientes sem fazer alarde da sua força.
No plano interno a Europa Ocidental ambiciona ser um espaço de liberdade em que este tenha a mais vasta possibilidade de afirmação. Cada vez mais os cidadãos europeus se consciencializam que há valores de que eles são os mais fiéis depositários e pessoas que, por mais criticadas que sejam, são as encarregues de os pôr em prática, os políticos.
Já não há um poder abstracto e sem responsáveis, valores resultantes de apriorismos incontestáveis, submissão incondicional a líderes naturais. Há poderes concretos, delegáveis, valores permanentemente testados, políticos removíveis, responsabilizáveis e sem impunidade.
A verdade é que o papel dos políticos tem sido posto em causa, pela irracionalidade da sua organização, pelas muralhas criadas à sua volta, pela dificuldade de acesso à sua responsabilidade directa., pela sua quase impunidade prática, mas daí a estabelecermos uma imputabilidade geral, a que hoje muita voz pública os sujeita, vai um perigoso passo.
O mal-estar gerado por esta entrega do nosso destino a um número limitado de pessoas, pelo facto de não estarmos mais sujeitos a desígnios superiores à nossa vontade colectiva e de estarmos sós na nossa tomada de decisões tornou os políticos em catalizadores do nosso des/contentamento.
Em relação aos políticos criamos uma proximidade que, no geral, não deixa de ser virtual, mas que permite que sobre eles descarreguemos os nossos sentimentos mais negativos ou mais positivos, conforme a ocasião. E, como os negativos prevalecem, o som de fundo mais audível é o da contestação e muito do trabalho do político é de preparação para se manter imune a ele.
Com razão ou sem ela a nossa bílis vai-se descarregando sobre as personagens mais marcantes do panorama político, mas cada vez menos há possibilidade de essa descarga ter efeitos directos. Se os políticos fossem sensíveis a todas as vozes ficavam paralisados.
De qualquer modo nós ficamos aliviados, a nossa impotência justificada, os nossos falhanços ressalvados, transformados em falhanços colectivos, as nossas expectativas de algum modo conformadas, as nossas opções tão só reduzidas ao mal menor.
No fim temos sempre uma opção a apresentar em alternativa a esta: O mudar de políticos. E aí, na impossibilidade de irmos buscar fora da Europa políticos mais impulsivos, que pudessem queimar umas etapas no glorioso caminho do usufruto indiscriminado de todos os bens, temos de nos conformar a mudanças mais limitadas, mais sensatas e mais plausíveis.
Na política há muita coisa a mudar, mas mais ainda na organização do Estado, no qual políticos e não políticos, parasitas e gente incapaz estão incrustados há muito, minando a sua credibilidade, fazendo batota, ocupando o tempo com jogos de influência e tráfico de informações.
Os políticos são necessários, imprescindíveis e insubstituíveis. Mas o seu campo de acção tem que ser drasticamente limitado porque há sempre quem não resista, a ocasião faz o ladrão e onde houver bom pasto há tentação de ir comer a erva tenra. Em Portugal impõe-se uma clara diminuição da parte do Estado sobre a influência directa dos políticos.
Os políticos têm que ver perdido o seu poder de dar cobertura aos seus apaniguados, sejam políticos ou outros, ou pelo menos seriamente restringido. Os políticos não podem enxamear a máquina do Estado de pessoas comprometidas, nem podem ter poder sobre todos os que lá estão.
Em contrapartida, os políticos têm que ter poder bastante para pôr em execução as suas medidas. Mas, se esse poder tem que ser reforçado, também tem que ser exercido através de outras vias que não as partidárias. Os políticos não podem ter outros apoios que não o dos órgãos legítimos da administração.
Os políticos não podem ter a desculpa de terem uma administração incapaz, ineficiente, obsoleta. Mas acima de tudo não podem ter o boicote, a fuga à responsabilidade, a apatia dos seus agentes. Mais do que noutros países em Portugal esta é uma verdade evidente. O facto de quase todos terem um apadrinhamento qualquer dá origem a dormirem sobre o seu cargo.
Não podemos é virar a nossa ira só para um lado, numa altura para os funcionários públicos, noutra ocasião para os políticos, noutro momento para os empresários ou para os trabalhadores em geral. Podemos, sem dúvida alguma, dizer que é todo o sistema que funciona mal.
Podemos exigir tudo aos políticos, mas demos-lhes as armas necessárias para as intervenções que terão que ser feitas noutros sectores para que possam ter algum sucesso. Afinal é sobre eles que nós temos algum poder, porque todos os outros ainda são mais esquivos do que eles.
Não podemos aceitar aquilo que já se tornou um espectáculo nacional: O ver os políticos dançarem, ora agora uns, ora depois outros, sem coragem para fazerem roturas ou deixando-as a meio. Muitos não o farão por comodismo, mas porque não sentem do povo o apoio necessário. Afinal os últimos responsáveis somos sempre nós, eles catalizam tão só os nossos impulsos.
No plano interno a Europa Ocidental ambiciona ser um espaço de liberdade em que este tenha a mais vasta possibilidade de afirmação. Cada vez mais os cidadãos europeus se consciencializam que há valores de que eles são os mais fiéis depositários e pessoas que, por mais criticadas que sejam, são as encarregues de os pôr em prática, os políticos.
Já não há um poder abstracto e sem responsáveis, valores resultantes de apriorismos incontestáveis, submissão incondicional a líderes naturais. Há poderes concretos, delegáveis, valores permanentemente testados, políticos removíveis, responsabilizáveis e sem impunidade.
A verdade é que o papel dos políticos tem sido posto em causa, pela irracionalidade da sua organização, pelas muralhas criadas à sua volta, pela dificuldade de acesso à sua responsabilidade directa., pela sua quase impunidade prática, mas daí a estabelecermos uma imputabilidade geral, a que hoje muita voz pública os sujeita, vai um perigoso passo.
O mal-estar gerado por esta entrega do nosso destino a um número limitado de pessoas, pelo facto de não estarmos mais sujeitos a desígnios superiores à nossa vontade colectiva e de estarmos sós na nossa tomada de decisões tornou os políticos em catalizadores do nosso des/contentamento.
Em relação aos políticos criamos uma proximidade que, no geral, não deixa de ser virtual, mas que permite que sobre eles descarreguemos os nossos sentimentos mais negativos ou mais positivos, conforme a ocasião. E, como os negativos prevalecem, o som de fundo mais audível é o da contestação e muito do trabalho do político é de preparação para se manter imune a ele.
Com razão ou sem ela a nossa bílis vai-se descarregando sobre as personagens mais marcantes do panorama político, mas cada vez menos há possibilidade de essa descarga ter efeitos directos. Se os políticos fossem sensíveis a todas as vozes ficavam paralisados.
De qualquer modo nós ficamos aliviados, a nossa impotência justificada, os nossos falhanços ressalvados, transformados em falhanços colectivos, as nossas expectativas de algum modo conformadas, as nossas opções tão só reduzidas ao mal menor.
No fim temos sempre uma opção a apresentar em alternativa a esta: O mudar de políticos. E aí, na impossibilidade de irmos buscar fora da Europa políticos mais impulsivos, que pudessem queimar umas etapas no glorioso caminho do usufruto indiscriminado de todos os bens, temos de nos conformar a mudanças mais limitadas, mais sensatas e mais plausíveis.
Na política há muita coisa a mudar, mas mais ainda na organização do Estado, no qual políticos e não políticos, parasitas e gente incapaz estão incrustados há muito, minando a sua credibilidade, fazendo batota, ocupando o tempo com jogos de influência e tráfico de informações.
Os políticos são necessários, imprescindíveis e insubstituíveis. Mas o seu campo de acção tem que ser drasticamente limitado porque há sempre quem não resista, a ocasião faz o ladrão e onde houver bom pasto há tentação de ir comer a erva tenra. Em Portugal impõe-se uma clara diminuição da parte do Estado sobre a influência directa dos políticos.
Os políticos têm que ver perdido o seu poder de dar cobertura aos seus apaniguados, sejam políticos ou outros, ou pelo menos seriamente restringido. Os políticos não podem enxamear a máquina do Estado de pessoas comprometidas, nem podem ter poder sobre todos os que lá estão.
Em contrapartida, os políticos têm que ter poder bastante para pôr em execução as suas medidas. Mas, se esse poder tem que ser reforçado, também tem que ser exercido através de outras vias que não as partidárias. Os políticos não podem ter outros apoios que não o dos órgãos legítimos da administração.
Os políticos não podem ter a desculpa de terem uma administração incapaz, ineficiente, obsoleta. Mas acima de tudo não podem ter o boicote, a fuga à responsabilidade, a apatia dos seus agentes. Mais do que noutros países em Portugal esta é uma verdade evidente. O facto de quase todos terem um apadrinhamento qualquer dá origem a dormirem sobre o seu cargo.
Não podemos é virar a nossa ira só para um lado, numa altura para os funcionários públicos, noutra ocasião para os políticos, noutro momento para os empresários ou para os trabalhadores em geral. Podemos, sem dúvida alguma, dizer que é todo o sistema que funciona mal.
Podemos exigir tudo aos políticos, mas demos-lhes as armas necessárias para as intervenções que terão que ser feitas noutros sectores para que possam ter algum sucesso. Afinal é sobre eles que nós temos algum poder, porque todos os outros ainda são mais esquivos do que eles.
Não podemos aceitar aquilo que já se tornou um espectáculo nacional: O ver os políticos dançarem, ora agora uns, ora depois outros, sem coragem para fazerem roturas ou deixando-as a meio. Muitos não o farão por comodismo, mas porque não sentem do povo o apoio necessário. Afinal os últimos responsáveis somos sempre nós, eles catalizam tão só os nossos impulsos.