Quando iniciamos uma conversa com alguém, invariavelmente já carregamos connosco imensas verdades, não só sobre aquilo que nós somos, como sobre aquilo que os outros são, até sem os termos visto antes ou sem os vermos há muito, e sobre aquilo que nós queríamos que os outros fossem.
Aquilo que nós somos advém do que pensamos ser, daquilo que os outros pensam que nós somos e daquilo que nós queremos ser. Nisto está muito do que nós queremos que os outros pensem de nós.
Aquilo que os outros são advém obviamente das comparações que fazemos, do percurso que lhes adivinhamos, do que eventualmente sobre eles nós já conhecemos, das certezas que lhes atribuímos.
Existe pois uma zona de conflito permanente que nós atribuímos a erro ou precipitação dos outros e os outros normalmente retribuem do mesmo modo. Esse conflito pode existir sempre porque, para lá disto, nós podemos ter um conflito interno que interfere no nosso relacionamento.
Tal conflito será tanto menos grave quanto menos o que os outros pensam de nós esteja longe do que nós somos e/ou daquilo que nós queremos ser, e esta opção é nossa.
Igualmente será tanto menos grave quanto menos o que pensamos dos outros esteja longe do que eles pensam de si próprios e do que eles próprios querem ser e da importância relativa que atribuem a este dois aspectos.
Nunca conseguimos que haja um equilíbrio perfeito nos nossos relacionamentos. Basta a nossa constante procura de um equilíbrio interno, a busca incessante de uma nova centralidade interior, para podermos estar a colocar os outros num diferente enquadramento.
O nosso gosto pelos outros não é eterno. Por vezes deixamos de gostar deles mesmo sem eles mudarem ou passamos a não gostar deles caso haja uma alteração na maneira como se nos apresentam.
O nosso desejo de manter uma relação saudável fazer-nos-á avaliar as partes em que sempre dividimos os outros e pesar se aquelas de que gostamos compensam as que rejeitamos. O certo é que mesmo que isso aconteça a relação pode deteriorar-se irremediavelmente.
Independentemente da divergência de opiniões, a harmonia pode existir se tivermos o mesmo conceito de dignidade humana. O nosso conceito de dignidade pode-nos levar a, mesmo assim, manter uma concordância sólida de valores.
Mas nem sempre se consegue sustentar uma forte convergência na defesa da dignidade das partes. Quando tal não acontece facilmente se cria um crescente espaço de indefinição e desagrado entre o que os outros são para nós e aquilo que nós gostaríamos que eles fossem.
Esta situação leva, quantas vezes e quando menos esperamos, ou nós ou as pessoas com quem falamos a arrogarem-se o estatuto de conselheiros, atribuindo-nos mais ou menos ascendente sobre os outros. Ou até de justiceiros se formos mais atrevidos.
Mesmo que procuremos não nos pormos a jeito, há tanta gente com tantas certezas adquiridas que, se nós não aceitarmos alguma condescendência, não chegamos a admitir conversar com quem não sabemos se vai dar de modo intempestivo largas a esses laivos de arrogância e agressividade.
Para além de os outros não serem obrigados a ter certezas, não são obrigados a revelá-las e muito menos a defendê-las. Não podemos entrar na contestação sistemática às certezas dos outros, muito menos sem o seu assentimento, sem deixarmos às suas faculdades a avaliação e a tomada de todas as decisões que os afectem.
Não podemos praticar quaisquer actos de coacção confundindo-os com eventuais poderes de persuasão. As nossas certezas podem-no ser só para nós. A sua natureza e a forma pelas quais nós as adquirimos devem-nos fazer pensar sobre a forma como as queremos transmitir. Não será normal que o façamos por meio diferente daquele pelo qual as adquirimos.
Na realidade assumimos muitas “verdades” por uma questão de fidelidade à família, ao grupo, à sociedade. Maugrado haver uma sociedade cada vez mais livre, com características de heterogeneidade e essa fidelidade estar longe de ser generalizável, em relação a toda a gente.
Muitos têm dificuldade em “beber” das fontes e outros não se sentem obrigados a aderir a elas pelas mesmas vias pelas quais nós aderimos. Muitos não podem pôr em causa as suas próprias certezas e não nos cabe a nós fazê-lo. Seja qual for a sua natureza e a forma de aquisição, essas certezas fazem-lhes falta, como as nossas nos fazem falta a nós.
Mesmo que nós não precisemos já de certezas que em nós advieram de qualquer decisão não consciente, isso não nos dá o direito a contestar as dos outros. Se nós já as substituímos, os outros podem não as substituir facilmente e podem continuar a precisar de certezas assim adquiridas.
Quando conversamos franca e lealmente com alguém respeitamos-lhe o ser, e mesmo quando pensamos poder influenciá-lo, não devemos ter preocupações de ascendente, nem ultrapassar as barreiras que ele possa ter instituído para defesa da sua integralidade.
Aquilo que nós somos advém do que pensamos ser, daquilo que os outros pensam que nós somos e daquilo que nós queremos ser. Nisto está muito do que nós queremos que os outros pensem de nós.
Aquilo que os outros são advém obviamente das comparações que fazemos, do percurso que lhes adivinhamos, do que eventualmente sobre eles nós já conhecemos, das certezas que lhes atribuímos.
Existe pois uma zona de conflito permanente que nós atribuímos a erro ou precipitação dos outros e os outros normalmente retribuem do mesmo modo. Esse conflito pode existir sempre porque, para lá disto, nós podemos ter um conflito interno que interfere no nosso relacionamento.
Tal conflito será tanto menos grave quanto menos o que os outros pensam de nós esteja longe do que nós somos e/ou daquilo que nós queremos ser, e esta opção é nossa.
Igualmente será tanto menos grave quanto menos o que pensamos dos outros esteja longe do que eles pensam de si próprios e do que eles próprios querem ser e da importância relativa que atribuem a este dois aspectos.
Nunca conseguimos que haja um equilíbrio perfeito nos nossos relacionamentos. Basta a nossa constante procura de um equilíbrio interno, a busca incessante de uma nova centralidade interior, para podermos estar a colocar os outros num diferente enquadramento.
O nosso gosto pelos outros não é eterno. Por vezes deixamos de gostar deles mesmo sem eles mudarem ou passamos a não gostar deles caso haja uma alteração na maneira como se nos apresentam.
O nosso desejo de manter uma relação saudável fazer-nos-á avaliar as partes em que sempre dividimos os outros e pesar se aquelas de que gostamos compensam as que rejeitamos. O certo é que mesmo que isso aconteça a relação pode deteriorar-se irremediavelmente.
Independentemente da divergência de opiniões, a harmonia pode existir se tivermos o mesmo conceito de dignidade humana. O nosso conceito de dignidade pode-nos levar a, mesmo assim, manter uma concordância sólida de valores.
Mas nem sempre se consegue sustentar uma forte convergência na defesa da dignidade das partes. Quando tal não acontece facilmente se cria um crescente espaço de indefinição e desagrado entre o que os outros são para nós e aquilo que nós gostaríamos que eles fossem.
Esta situação leva, quantas vezes e quando menos esperamos, ou nós ou as pessoas com quem falamos a arrogarem-se o estatuto de conselheiros, atribuindo-nos mais ou menos ascendente sobre os outros. Ou até de justiceiros se formos mais atrevidos.
Mesmo que procuremos não nos pormos a jeito, há tanta gente com tantas certezas adquiridas que, se nós não aceitarmos alguma condescendência, não chegamos a admitir conversar com quem não sabemos se vai dar de modo intempestivo largas a esses laivos de arrogância e agressividade.
Para além de os outros não serem obrigados a ter certezas, não são obrigados a revelá-las e muito menos a defendê-las. Não podemos entrar na contestação sistemática às certezas dos outros, muito menos sem o seu assentimento, sem deixarmos às suas faculdades a avaliação e a tomada de todas as decisões que os afectem.
Não podemos praticar quaisquer actos de coacção confundindo-os com eventuais poderes de persuasão. As nossas certezas podem-no ser só para nós. A sua natureza e a forma pelas quais nós as adquirimos devem-nos fazer pensar sobre a forma como as queremos transmitir. Não será normal que o façamos por meio diferente daquele pelo qual as adquirimos.
Na realidade assumimos muitas “verdades” por uma questão de fidelidade à família, ao grupo, à sociedade. Maugrado haver uma sociedade cada vez mais livre, com características de heterogeneidade e essa fidelidade estar longe de ser generalizável, em relação a toda a gente.
Muitos têm dificuldade em “beber” das fontes e outros não se sentem obrigados a aderir a elas pelas mesmas vias pelas quais nós aderimos. Muitos não podem pôr em causa as suas próprias certezas e não nos cabe a nós fazê-lo. Seja qual for a sua natureza e a forma de aquisição, essas certezas fazem-lhes falta, como as nossas nos fazem falta a nós.
Mesmo que nós não precisemos já de certezas que em nós advieram de qualquer decisão não consciente, isso não nos dá o direito a contestar as dos outros. Se nós já as substituímos, os outros podem não as substituir facilmente e podem continuar a precisar de certezas assim adquiridas.
Quando conversamos franca e lealmente com alguém respeitamos-lhe o ser, e mesmo quando pensamos poder influenciá-lo, não devemos ter preocupações de ascendente, nem ultrapassar as barreiras que ele possa ter instituído para defesa da sua integralidade.