sexta-feira, 25 de maio de 2007

Canoagem contra a maré

O Clube Náutico de Ponte de Lima não deixou os seus créditos por mãos alheias na deslocação das suas Esperanças da Canoagem a Abrantes. Além de subidas ao pódio em várias das subcategorias, venceu esta terceira prova, e o campeonato nacional respectivo, colectivamente.
O mérito é de um grupo heterogéneo de atletas pelas suas idades e características, capaz de brilhar em todas as provas, homogéneo na vontade, na união, no espírito de grupo e grande na dimensão e valor. A grande coesão demonstrada, o apoio mútuo, o incentivo dado pelos colegas e líderes também contribuíram significativamente para garantir estes sucessos.
Mas tal só é possível através de um trabalho profundo, continuado e empenhado de directores e monitores que, numa população tão dispersa como a limiana, conseguem pesquisar, agregar, dar consistência a um colectivo que assim se vem refrescando, reforçando e afirmando cada vez mais no panorama nacional
As dificuldades são imensas. Começam logo pela própria incompreensão de muitos pais em relação à importância, ao carácter quase fundamental que a actividade desportiva assume nos dias de hoje, tanto por si mesma, como pela sua função de encaminhamento dos jovens para um aproveitamento saudável dos seus tempos livres, para a convivência que passe ao lado das sub-culturas lesivas para a juventude mas que sempre se insinuam entre ela.
Até na questão dos custos, muitos pais consideram qualquer gasto monetário que garanta a prática desta actividade (equipamentos, deslocações, refeições) um dispêndio inútil, o que é perfeitamente absurdo. As Associações, com tantos problemas que têm, não dispõem de meios para assumir todo este investimento, mas que custa a ser percebido como tal por vários pais.
Depois de outros problemas “menores”, há o grande problema do local de prática desportiva. Aí toda a gente se diz pronta a colaborar, mas acho que muitos, em lugar de ajudar, só atrapalham. Embaraçam pelo seu silêncio, que simplesmente o falar deste assunto parece perturbá-los.
Uma das razões pelas quais se vive hoje este problema dramático para a modalidade em Ponte de Lima é não se ter pensado seriamente nele e na maneira de o obviar quando se fez o açude e o Centro Náutico. Mas em Ponte de Lima o que interessa é o momento dos foguetes e do cortar das fitas.
Ninguém decerto, dos que tinham obrigação disso, pensou na manutenção em boas condições do espaço adequado à canoagem. O Saber e a Experiência terão ficado para melhor ocasião, como infelizmente é costume.
Esta obra foi importante, o que é diferente de ser bem feita, está longe de ser uma obra de fachada, mas é uma obra que deveria ter continuidade, não se pode ficar por uns anos, como se ela fosse efectivamente só para a ocasião.
Depois de tantas transformações que o Rio levou, das agressões de que foi vítima, pensou-se em o proteger. Se a intenção foi essa, em muito se conseguiu. Mas porque é necessário efectuar agora um estudo de impacto ambiental para fazer um desassoreamento perfeitamente definido, limitado, que está longe de repor as condições existentes no passado.
Erros destes não se deveriam cometer, mas há que o corrigir e não voltar a cair neles. Se a Lei o exige, se tem que ser feito, que se faça, mas em função de uma intervenção continuada que vai ser imprescindível levar a cabo mediante um acompanhamento permanente das condições de navegabilidade do rio. Não se pode andar a pagar estas coisas todos os dias.Que se faça e que haja quem pague. É obrigação, mais do que dever, da Câmara fazê-lo, dar o pontapé de arranque para que não morra nas suas
mãos o sonho, hoje realizado, de ter em Ponte de Lima, o maior Clube Náutico do País.