A nossa Vaca das Cordas continua a ser motivo de investigação, de obras literárias e de algumas polémicas. LUÍS DANTAS acaba de publicar A VACA DAS CORDAS EM PONTE DE LIMA numa bonita edição da colecção Baco.
Luís Dantas logo nos surpreende pela sua visão global, inserindo a Vaca das Cordas numa tradição mais vasta, que associa festa e sacrifício religioso. Mas a verdade é que, se alguém esperava uma fotografia linear da nossa Vaca, estava enganado.
A sua pesquisa incidiu sobre o fenómeno local e o fenómeno à escala das nossas origens civilizacionais greco-romanas. Em particular sobre as “fiestas de toros com cuerda” na nossa vizinha Castela e noutras regiões espanholas.
Luís Dantas questiona-se sobre o problema religioso que deu origem à proibição das touradas em 1567 e à possível razão da existência da Vaca das Cordas, como forma de contornar a obediência à bula papal de Pio V.
Este Livro não é um livro de tese, mas reconheçamos que fica lá perto. Fornece elementos numerosos, quiçá suficientes, para isso. Mas o Autor ou não quis tirar conclusões ou não achou os elementos bastantes.
Eventualmente poderemos considerar a nossa Vaca das Cordas uma forma mais benigna de outras práticas tauromáquicas que facilmente se inserem dentro de fenómenos religiosos com prática de sacrifícios à moda de outras tradições ditas pagãs.
E Luís Dantas vai até lá, mais longe no tempo, passando pelas festas de Corpus Christi e chegando às festas em honra de Baco ou Ceres que descreve com pormenores curiosos e divertidos.
Lacunas, que reconhece haver, na reconstituição histórica não são esquecimento dos historiadores, mas resultam de silêncios históricos dificilmente penetráveis, como diz o Autor.
O trabalho diligente de Luís Dantas é exemplar, porque se coíbe de especulações que as vastas fontes que ele conseguiu agregar poderiam permitir, pelo ponto de vista dum historiador menos exigente.
Que existem ligações históricas isso é evidente, que os fenómenos não nascem por geração espontânea é verdade. E têm sempre uma evolução gradual, uma repercussão não negligenciável nos acontecimentos futuros.
Mesmo quando houve grandes mutações religiosas, nunca foi possível romper, em absoluto, com o passado. Aos homens sempre foi difícil separar hermeticamente o profano e o sagrado.
Além do mais Luís Dantas traz-nos excelentes relatos de todos estes acontecimentos em diferentes períodos históricos, sejam da sua lavra ou oriundos da vasta bibliografia que nos fornece para complementar a sua Obra.
Esta Obra apresenta ainda excelentes ilustrações, obras de escultura e desenho, fotografias de autores anónimos e belos trabalhos de Amândio de Sousa Vieira.
Este livro de Luís Dantas não é superficial, tem a gravidade de um livro bem estruturado, bem documentado, sobre um assunto não leviano, mas que remete para os aspectos mais profundos da nossa alma limiana, melhor dizendo humana.
Este livro está longe de nos interessar somente a nós. A partir de agora qualquer outro estudo que se faça sobre os assuntos ligados às “festas bravas” e às suas variantes mais soft terá de contar com esta valiosa contribuição.
A partir de agora será mais difícil a alguns rejeitar liminarmente uma festa que nos está no mais íntimo: eh! Toiro! Forma de exorcizar medos, de dar nobreza a um animal que merece ser respeitado na sua força e destreza.
Luís Dantas logo nos surpreende pela sua visão global, inserindo a Vaca das Cordas numa tradição mais vasta, que associa festa e sacrifício religioso. Mas a verdade é que, se alguém esperava uma fotografia linear da nossa Vaca, estava enganado.
A sua pesquisa incidiu sobre o fenómeno local e o fenómeno à escala das nossas origens civilizacionais greco-romanas. Em particular sobre as “fiestas de toros com cuerda” na nossa vizinha Castela e noutras regiões espanholas.
Luís Dantas questiona-se sobre o problema religioso que deu origem à proibição das touradas em 1567 e à possível razão da existência da Vaca das Cordas, como forma de contornar a obediência à bula papal de Pio V.
Este Livro não é um livro de tese, mas reconheçamos que fica lá perto. Fornece elementos numerosos, quiçá suficientes, para isso. Mas o Autor ou não quis tirar conclusões ou não achou os elementos bastantes.
Eventualmente poderemos considerar a nossa Vaca das Cordas uma forma mais benigna de outras práticas tauromáquicas que facilmente se inserem dentro de fenómenos religiosos com prática de sacrifícios à moda de outras tradições ditas pagãs.
E Luís Dantas vai até lá, mais longe no tempo, passando pelas festas de Corpus Christi e chegando às festas em honra de Baco ou Ceres que descreve com pormenores curiosos e divertidos.
Lacunas, que reconhece haver, na reconstituição histórica não são esquecimento dos historiadores, mas resultam de silêncios históricos dificilmente penetráveis, como diz o Autor.
O trabalho diligente de Luís Dantas é exemplar, porque se coíbe de especulações que as vastas fontes que ele conseguiu agregar poderiam permitir, pelo ponto de vista dum historiador menos exigente.
Que existem ligações históricas isso é evidente, que os fenómenos não nascem por geração espontânea é verdade. E têm sempre uma evolução gradual, uma repercussão não negligenciável nos acontecimentos futuros.
Mesmo quando houve grandes mutações religiosas, nunca foi possível romper, em absoluto, com o passado. Aos homens sempre foi difícil separar hermeticamente o profano e o sagrado.
Além do mais Luís Dantas traz-nos excelentes relatos de todos estes acontecimentos em diferentes períodos históricos, sejam da sua lavra ou oriundos da vasta bibliografia que nos fornece para complementar a sua Obra.
Esta Obra apresenta ainda excelentes ilustrações, obras de escultura e desenho, fotografias de autores anónimos e belos trabalhos de Amândio de Sousa Vieira.
Este livro de Luís Dantas não é superficial, tem a gravidade de um livro bem estruturado, bem documentado, sobre um assunto não leviano, mas que remete para os aspectos mais profundos da nossa alma limiana, melhor dizendo humana.
Este livro está longe de nos interessar somente a nós. A partir de agora qualquer outro estudo que se faça sobre os assuntos ligados às “festas bravas” e às suas variantes mais soft terá de contar com esta valiosa contribuição.
A partir de agora será mais difícil a alguns rejeitar liminarmente uma festa que nos está no mais íntimo: eh! Toiro! Forma de exorcizar medos, de dar nobreza a um animal que merece ser respeitado na sua força e destreza.