terça-feira, 12 de setembro de 2006

A Sr.ª da Peneda tão longe e tão próxima de nós

O que levará tantas pessoas, presume-se que há oitocentos anos, a calcorrear monte e vales, serras e rabinas, penhascos e desfiladeiros, para chegar a tão recôndito, inacessível e monumental lugar?
Os de Ponte de Lima muito têm contribuído para este sortilégio. Desde logo porque há quem atribua a um criminoso das nossas bandas a façanha de ter propiciado o milagre.
O homem degredado para as montanhas, desesperado, pronto a deitar-se a um precipício, arrepende-se no último instante por instigação divina. O remorso pode ter outro apaziguamento e o arrependimento outra saída.
E as várias edificações religiosas se foram construindo para assinalar tal episódio e possibilitar um melhor contacto do humano com o “sobrenatural”.
O templo actual, construído há cento e cinquenta anos por gente de todos os lados, teria somente a sua finalização, por artistas limianos, há quarenta anos, chefiados por Mestre António Lopes, de Bertiandos, Ponte de Lima.
Alguns dos que trabalharam na Peneda estão ainda vivos, entre os quais o também Mestre Hermes “Periquito”, de célebre família de canteiros. Construíram, entre outras coisas, a torre do lado direito de quem olha o Mosteiro da Peneda.
A Peneda sempre atraiu gente de todas as redondezas, incluindo de terras espanholas. Ao lado religioso esteve sempre ligada à festa da dança e da música que, agora que os romeiros andam de carro, continua a cá trazer imenso povo.
A Peneda é destino obrigatório para quem vê na magnificência da natureza uma manifestação não prosaica de escondidos desígnios e da pequenez das nossas angústias.