Há encontros que não se solicitam, mas também se não rejeitam, Houvera eu de me encontrar, não me encontrando, com quem veio ao meu encontro, fisicamente não vindo, antes escrevendo aquilo que não houvera sido escrito, senão dito algures ou imaginado por quem sobre Deus sempre se interrogou, pese embora n’Ele não acredite, e até rejeite como Ele nos é apresentado, outra forma ainda Deus não encontrou de se manifestar senão pelo testemunho de outros homens como nós, a um dos quais, Jesus Cristo, a Igreja dá lugar destacado, que viveu entre nós, sendo e não sendo como nós, de nós se demarcando, purificado pelo baptismo que também nos deixou, terão as águas sido entretanto contaminadas, e de quem Saramago se apresenta como descrente, Anti mesmo, não tanto pelo que ele se atribuiu, artes de mensageiro com acesso directo à fonte de todas as coisas, visíveis e invisíveis, não foi ele capaz de manter a glória da sua Igreja, não a defendendo dessa cambada que, pelos tempos fora, se tem banqueteado á sua sombra, tomado conta das suas cadeiras, dos bastões, das coroas e doutros símbolos dum poder que Jesus Cristo nunca teve, nem foi tentado a ter, não se sabe que vaidade leva estas figuras a apresentarem-se faustosamente como representantes de quem morreu na cruz, e a darem tão má imagem de Cristo e de Deus, a quererem somente lugares de destaque entre os poderosos deste mundo, para disfarçar dizem que o seu mundo é outro, Saramago diz que as chaves, se as houvesse, estariam em fracas mãos.
Saramago está entre aqueles que da Lei da Morte se foi libertando, Posto que posterior a Camões, e não sabemos ao certo a sentença deste, mas é de crer que ele o receberá lá entre os Imortais, Saramago só nos deixou as suas cinzas, assim sendo não vai ter lugar no Panteão Nacional, neste só recebem gente de carne e osso, não se discute o seu estado, não sei onde isto está escrito, decerto que um Lara qualquer o há-de descobrir, Numa Terra de tantos salamaleques, tantas dobraduras de joelhos, tantos beija-mãos, não é de crer que Saramago tenha passado desta para a outra banda sem a devida nota de culpa com que há-de ser apresentado a julgamento final, que para já, por obra e graça das testemunhas abonatórias da sua má conduta que abundam por estas bandas, irá decerto ficar por uns séculos em Banho Maria, que outros neste mundo também vão ficando, uns presos, outros com pulseira electrónica, outros sem outra marca que aquela que lhes atormenta a consciência e não sabem quando será o seu julgamento, quando se livrarão dos esbirros que os acusam, Vai que Saramago também não ajudou nada a simplificar as coisas, nem uma demarcação da ditadura do proletariado, com que se entusiasmou até há pouco, ao menos que o tivesse feito depois da queda do muro de Berlim, após o que muitos abriram os olhos, ele veio a dar algumas marteladas na ferradura, mas lá foi ajudando a espetar bem os pregos que hão-de continuar a trazer boa parte deste povo agarrado a velhas e ultrapassadas ideias, sejam de direita ou dita esquerda, nada ajudando a vencer o neo-liberalismo triunfante, que este é que se aproveita, e Marx não virá cá, nem Saramago acreditaria, rever as suas doutrinas, para combater o domínio do capital sem dono doutro modo, o proletariado de hoje esvaiu-se.
Contradições há em todo o lado, e Saramago empenhou-se bem em encontrá-las nos Evangelhos, no procedimento de Reis e Sacerdotes, descrevendo o ambiente hipócrita em que a maioria dos poderosos viveria, usando uma ironia a vários níveis subtil, arma eficaz de quem não se deixa enrolar pelo discurso de poderosos de todos os calibres, A ironia é sempre uma barreira para aqueles que são incapazes de partilhar os mesmos valores de Humanidade, que Saramago os tinha, mesmo que não os vejamos pelos mesmos critérios, Saramago irónico não é o mesmo que Saramago justiceiro, aplicador implacável da ditadura do proletariado aos escribas do DN, os jornalistas eram e ainda continuam a ser vulneráveis à manipulação de informação, falta saber se Saramago foi algoz ou vítima, transferiu-se, abandonou a luta de classes, deixou a imprensa como campo privilegiado de luta das muitas forças que no mundo se digladiam, e tais forças são possuidoras de muita violência, senão não eram forças, aqui a parte lúdica só está nas últimas páginas, seja o soduku ou as palavras cruzadas, Umas forças manifestam-se, e até se vangloriam, outras há que se escondem, enquanto não estão em condições de desferir golpes fatais, os golpes de Saramago não o foram, a ditadura ficou por implementar, chegou para que nos fartássemos da teoria que diz que a violência é conforme àqueles a quem serve, maléfica se vinda doutra parte, prodigiosa se do nosso lado, ora a pintam de vermelho ora de azul, afinal o nosso caminho tem que ser outro, a violência é tanto mais nefasta quanto mais gratuita for, os critérios clarificam a violência, não deixam de ser contestáveis, no entanto o mundo vau avançando com estes contributos contraditórios, a luta de ideias em que Saramago se envolve ajuda, não sabemos quando se avaliará o contributo que cada um lhe dá, o de Saramago está dado, questione-se ou não a justiça dos seus critérios de aplicação da violência que Deus nos colocou em mãos, porém ele contestou outras violências até chamou à Bíblia um manual de maus costumes, também nos pôs a voar na passarola, esta avaliamos nós com alta nota, que o seu brilho literário suplanta em muito o papel que lhe coube desempenhar na vida profissional, Na verdade nós temos sempre dois lados, que nem sempre os podemos mostrar em simultâneo, se não que passe uns anos para que se dilua na memória alheia aquilo que era do domínio da necessidade, e portanto nos possa vir a envergonhar, feita pensamento, feita teoria, mas que dela nos faz prisioneiros, que não se iludam aqueles que se dizem livres e são escravos de si mesmos, da sua carne e dos seus ossos, que aqueles que nos prometeram a libertação, se esta só vem com a morte, é fácil prometer aquilo que não estão obrigados a cumprir, que Saramago preferiu a Imortalidade libertadora à Eternidade castradora.
Que Saramago viva na Imortalidade!
Saramago está entre aqueles que da Lei da Morte se foi libertando, Posto que posterior a Camões, e não sabemos ao certo a sentença deste, mas é de crer que ele o receberá lá entre os Imortais, Saramago só nos deixou as suas cinzas, assim sendo não vai ter lugar no Panteão Nacional, neste só recebem gente de carne e osso, não se discute o seu estado, não sei onde isto está escrito, decerto que um Lara qualquer o há-de descobrir, Numa Terra de tantos salamaleques, tantas dobraduras de joelhos, tantos beija-mãos, não é de crer que Saramago tenha passado desta para a outra banda sem a devida nota de culpa com que há-de ser apresentado a julgamento final, que para já, por obra e graça das testemunhas abonatórias da sua má conduta que abundam por estas bandas, irá decerto ficar por uns séculos em Banho Maria, que outros neste mundo também vão ficando, uns presos, outros com pulseira electrónica, outros sem outra marca que aquela que lhes atormenta a consciência e não sabem quando será o seu julgamento, quando se livrarão dos esbirros que os acusam, Vai que Saramago também não ajudou nada a simplificar as coisas, nem uma demarcação da ditadura do proletariado, com que se entusiasmou até há pouco, ao menos que o tivesse feito depois da queda do muro de Berlim, após o que muitos abriram os olhos, ele veio a dar algumas marteladas na ferradura, mas lá foi ajudando a espetar bem os pregos que hão-de continuar a trazer boa parte deste povo agarrado a velhas e ultrapassadas ideias, sejam de direita ou dita esquerda, nada ajudando a vencer o neo-liberalismo triunfante, que este é que se aproveita, e Marx não virá cá, nem Saramago acreditaria, rever as suas doutrinas, para combater o domínio do capital sem dono doutro modo, o proletariado de hoje esvaiu-se.
Contradições há em todo o lado, e Saramago empenhou-se bem em encontrá-las nos Evangelhos, no procedimento de Reis e Sacerdotes, descrevendo o ambiente hipócrita em que a maioria dos poderosos viveria, usando uma ironia a vários níveis subtil, arma eficaz de quem não se deixa enrolar pelo discurso de poderosos de todos os calibres, A ironia é sempre uma barreira para aqueles que são incapazes de partilhar os mesmos valores de Humanidade, que Saramago os tinha, mesmo que não os vejamos pelos mesmos critérios, Saramago irónico não é o mesmo que Saramago justiceiro, aplicador implacável da ditadura do proletariado aos escribas do DN, os jornalistas eram e ainda continuam a ser vulneráveis à manipulação de informação, falta saber se Saramago foi algoz ou vítima, transferiu-se, abandonou a luta de classes, deixou a imprensa como campo privilegiado de luta das muitas forças que no mundo se digladiam, e tais forças são possuidoras de muita violência, senão não eram forças, aqui a parte lúdica só está nas últimas páginas, seja o soduku ou as palavras cruzadas, Umas forças manifestam-se, e até se vangloriam, outras há que se escondem, enquanto não estão em condições de desferir golpes fatais, os golpes de Saramago não o foram, a ditadura ficou por implementar, chegou para que nos fartássemos da teoria que diz que a violência é conforme àqueles a quem serve, maléfica se vinda doutra parte, prodigiosa se do nosso lado, ora a pintam de vermelho ora de azul, afinal o nosso caminho tem que ser outro, a violência é tanto mais nefasta quanto mais gratuita for, os critérios clarificam a violência, não deixam de ser contestáveis, no entanto o mundo vau avançando com estes contributos contraditórios, a luta de ideias em que Saramago se envolve ajuda, não sabemos quando se avaliará o contributo que cada um lhe dá, o de Saramago está dado, questione-se ou não a justiça dos seus critérios de aplicação da violência que Deus nos colocou em mãos, porém ele contestou outras violências até chamou à Bíblia um manual de maus costumes, também nos pôs a voar na passarola, esta avaliamos nós com alta nota, que o seu brilho literário suplanta em muito o papel que lhe coube desempenhar na vida profissional, Na verdade nós temos sempre dois lados, que nem sempre os podemos mostrar em simultâneo, se não que passe uns anos para que se dilua na memória alheia aquilo que era do domínio da necessidade, e portanto nos possa vir a envergonhar, feita pensamento, feita teoria, mas que dela nos faz prisioneiros, que não se iludam aqueles que se dizem livres e são escravos de si mesmos, da sua carne e dos seus ossos, que aqueles que nos prometeram a libertação, se esta só vem com a morte, é fácil prometer aquilo que não estão obrigados a cumprir, que Saramago preferiu a Imortalidade libertadora à Eternidade castradora.
Que Saramago viva na Imortalidade!
Sem comentários:
Enviar um comentário