Um Ideal não é uma abstracção. É um conjunto de ideias resultante de um processo de elaboração que se faz com esforço e método. Um Ideal, independentemente de o seguirmos ou não, é a maior herança que uma geração pode transmitir a outra. Muitas vezes porém não compreendemos o Ideal que nos é dado, mesmo quando ele representou muito esforço aos nossos antecessores. Podemos contestar o método ou o conteúdo, nunca porém é de desvalorizar o seu contributo. Só que somos nós os responsáveis pelos Ideais que abraçamos, pelos que criamos e pelos que rejeitamos.
Também herdamos as ideias que são extraídas da realidade e ajudam a dar desta uma imagem aproximada. Mas além das que se extraem e são uma imitação dessa realidade, há as que serão a sua negação. Criamos teses e criamos antíteses e por vezes ficamo-nos por aqui, não chegamos à síntese. Na verdade nós permitimo-nos construir ideias diferentes daquelas que nos são suscitadas e criamos com elas um Ideal. Há pois três patamares na nossa relação coma a realidade: A realidade ela própria e que acreditamos ser absoluta, a nossa percepção da realidade e a realidade idealizada, como nós acreditamos que podia ser para ser melhor.
Historicamente levantaram-se controvérsias entre realistas e espiritualistas sobre a prevalência do real sobre o imaginário ou vice-versa. Ou a realidade é uma simples imitação tosca da Idealização feita por nós ou a que temos acesso ou nós lidamos mal com a realidade e somos responsáveis pelo seu carácter grosseiro e pelas nossas ideias mais grosseiras ainda. No entanto só podemos formular um Ideal se acreditarmos nas nossas próprias ideias porque será necessário ver bem a realidade para a conseguirmos alterar no sentido pretendido.
O nosso carácter Idealista pode levar-nos a criar ideias a partir da negação da realidade, o que seria aceitável, mas já o não é a sua integração num Ideal que se queira tornar imperativo. Infelizmente a nossa história está repleta de desastres provocados por situações destas. Também há imensos casos em que esta situação de dar guarida a ideias não validadas, porque obtidas só por oposição, origina um Idealismo ingénuo e inconsequente. A negação da realidade tanto pode dar origem à agressividade como à apatia. Tudo vai depender de factores psicológicos e sociais.
Os Ideais são de difícil questionamento. As ideias podem ser mais facilmente discutidas. Quando não exprimimos convenientemente uma ideia a melhor forma de ultrapassar isso é dar um exemplo da sua aplicação. Também recorremos a esse procedimento para validar a ideia, a noção abstracto que adoptamos. Porque são necessárias várias ideias para dar corpo a um Ideal este procedimento permite realçar a incoerência que pode existir entre ideias obtidas de diferentes realidades. Nem sempre nos apercebemos que ao formular um Ideal estamos a construir algo de pessoal e muito subjectivo.
Em várias tentativas para pôr em prática Ideais estes falharam e às vezes tornaram-se pesadelos. Ou as pessoas incumbidas de as pôr em prática interpretaram erroneamente a realidade ou o Ideal estava mal construído, isto é, aquelas ideias, definidas daquela maneira, quando colocadas em prática daquela forma, terão dado azo a efeitos perversos. Má fé, falta de clarividência resultante do acumular de erros, de tentativas frustradas, de situações não esperadas, podem alterar o rumo que se pensava vir a ser seguido.
Mas não só a perversidade é uma possibilidade nas pessoas com poder, também nas pessoas sem poder pode ocorrer uma frustração de resultados imprevisíveis. Quando tudo foge à nossa frente somos tentados a culpar todos no presente e no passado em vez de colocar em causa o nosso Ideal. Perante o investimento já feito somos levados a recusar a sua falência, que seria sempre pior que a sua ausência.
Como a imagem que os outros constroem a nosso respeito também tem a ver com os nossos Ideais raramente admitimos a sua falência. Além disso muitas vezes não nos vemos com força para recomeçar, para repensar ideias, conjugar ideias, avaliar a viabilidade do Ideal. Neste caso desligamo-nos da realidade e podemos criar um mundo imaginário, de fantasia. Quando o Ideal se torna o nosso refúgio estamos decerto mal colocados perante a realidade. Quando o refúgio é um Ideal que já não era o nosso o desfasamento pode ser maior.
Quer tenhamos aceitado o Ideal que nos foi transmitido, quer tenhamos construído outro, muitos de nós deparamo-nos a olhar para a realidade e já não a vemos conforme os nossos cânones, vemo-nos reféns de ideias que serviram para um entendimento da realidade passada, mas que continha erros e omissões obtidas de um foco muito estreito ou demasiado amplo e portanto distorcidos, desfocados, perturbados por efeitos laterais. As novas realidades exigem-nos novas ideias e esse não é um problema só nosso.
Para agravar a dificuldade de adaptação à realidade que todos nós sentimos existe o problema de que todo o conhecimento é emocional. Para limitar de modo quase absoluto as nossas possibilidades temos o problema de que muito do conhecimento decisivo é obtido numa fase reactiva da vida e não por um processo criativo genuíno. A “imposição” de um Ideal aos jovens pode ser uma ajuda mas também uma limitação. Mas acima de tudo são as emoções vividas, até em fases pré-conscientes da vida, que a vão condicionar no futuro. Abraçar um Ideal não pode ser fechar os olhos às mudanças que se vão dando.
Também herdamos as ideias que são extraídas da realidade e ajudam a dar desta uma imagem aproximada. Mas além das que se extraem e são uma imitação dessa realidade, há as que serão a sua negação. Criamos teses e criamos antíteses e por vezes ficamo-nos por aqui, não chegamos à síntese. Na verdade nós permitimo-nos construir ideias diferentes daquelas que nos são suscitadas e criamos com elas um Ideal. Há pois três patamares na nossa relação coma a realidade: A realidade ela própria e que acreditamos ser absoluta, a nossa percepção da realidade e a realidade idealizada, como nós acreditamos que podia ser para ser melhor.
Historicamente levantaram-se controvérsias entre realistas e espiritualistas sobre a prevalência do real sobre o imaginário ou vice-versa. Ou a realidade é uma simples imitação tosca da Idealização feita por nós ou a que temos acesso ou nós lidamos mal com a realidade e somos responsáveis pelo seu carácter grosseiro e pelas nossas ideias mais grosseiras ainda. No entanto só podemos formular um Ideal se acreditarmos nas nossas próprias ideias porque será necessário ver bem a realidade para a conseguirmos alterar no sentido pretendido.
O nosso carácter Idealista pode levar-nos a criar ideias a partir da negação da realidade, o que seria aceitável, mas já o não é a sua integração num Ideal que se queira tornar imperativo. Infelizmente a nossa história está repleta de desastres provocados por situações destas. Também há imensos casos em que esta situação de dar guarida a ideias não validadas, porque obtidas só por oposição, origina um Idealismo ingénuo e inconsequente. A negação da realidade tanto pode dar origem à agressividade como à apatia. Tudo vai depender de factores psicológicos e sociais.
Os Ideais são de difícil questionamento. As ideias podem ser mais facilmente discutidas. Quando não exprimimos convenientemente uma ideia a melhor forma de ultrapassar isso é dar um exemplo da sua aplicação. Também recorremos a esse procedimento para validar a ideia, a noção abstracto que adoptamos. Porque são necessárias várias ideias para dar corpo a um Ideal este procedimento permite realçar a incoerência que pode existir entre ideias obtidas de diferentes realidades. Nem sempre nos apercebemos que ao formular um Ideal estamos a construir algo de pessoal e muito subjectivo.
Em várias tentativas para pôr em prática Ideais estes falharam e às vezes tornaram-se pesadelos. Ou as pessoas incumbidas de as pôr em prática interpretaram erroneamente a realidade ou o Ideal estava mal construído, isto é, aquelas ideias, definidas daquela maneira, quando colocadas em prática daquela forma, terão dado azo a efeitos perversos. Má fé, falta de clarividência resultante do acumular de erros, de tentativas frustradas, de situações não esperadas, podem alterar o rumo que se pensava vir a ser seguido.
Mas não só a perversidade é uma possibilidade nas pessoas com poder, também nas pessoas sem poder pode ocorrer uma frustração de resultados imprevisíveis. Quando tudo foge à nossa frente somos tentados a culpar todos no presente e no passado em vez de colocar em causa o nosso Ideal. Perante o investimento já feito somos levados a recusar a sua falência, que seria sempre pior que a sua ausência.
Como a imagem que os outros constroem a nosso respeito também tem a ver com os nossos Ideais raramente admitimos a sua falência. Além disso muitas vezes não nos vemos com força para recomeçar, para repensar ideias, conjugar ideias, avaliar a viabilidade do Ideal. Neste caso desligamo-nos da realidade e podemos criar um mundo imaginário, de fantasia. Quando o Ideal se torna o nosso refúgio estamos decerto mal colocados perante a realidade. Quando o refúgio é um Ideal que já não era o nosso o desfasamento pode ser maior.
Quer tenhamos aceitado o Ideal que nos foi transmitido, quer tenhamos construído outro, muitos de nós deparamo-nos a olhar para a realidade e já não a vemos conforme os nossos cânones, vemo-nos reféns de ideias que serviram para um entendimento da realidade passada, mas que continha erros e omissões obtidas de um foco muito estreito ou demasiado amplo e portanto distorcidos, desfocados, perturbados por efeitos laterais. As novas realidades exigem-nos novas ideias e esse não é um problema só nosso.
Para agravar a dificuldade de adaptação à realidade que todos nós sentimos existe o problema de que todo o conhecimento é emocional. Para limitar de modo quase absoluto as nossas possibilidades temos o problema de que muito do conhecimento decisivo é obtido numa fase reactiva da vida e não por um processo criativo genuíno. A “imposição” de um Ideal aos jovens pode ser uma ajuda mas também uma limitação. Mas acima de tudo são as emoções vividas, até em fases pré-conscientes da vida, que a vão condicionar no futuro. Abraçar um Ideal não pode ser fechar os olhos às mudanças que se vão dando.
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