Quando se coloca a matemática como o campo em que se separam os inteligentes dos espertos não se está a prestar grande contributo para a melhoria do seu estudo porque, a aceitar-se que assim seja, na sociedade a esperteza é de longe mais favorecida. E até os alunos já sabem disso.
Mesmo que se não trate de saloia esperteza não é precisa grande argúcia matemática para multiplicar proventos, benefícios e recursos. O discernimento necessário está mais no bom aproveitamento das oportunidades, na escolha certa dos lugares e dos relacionamentos, na experiência transmitida e adquirida, dons e atributos que devem ser aproveitados em benefício de toda a sociedade.
A matemática também tem vários níveis e cada um tem valor próprio e suficiente para cada objectivo a atingir. Mas a matemática só é verdadeiramente valorizada para tirar cursos vantajosos, para aquilo em que é imprescindível, que no restante os alunos se vão deixando levar pela fuga a um esforço exagerado. A matemática fica a perder no confronto com a esperteza.
Entende-se no geral que, se a matemática não for absolutamente imprescindível, o tempo que se lhe pode dedicar pode constituir uma perca sensível comparativamente à sua utilização no estudo de outras áreas e até noutras actividades económicas ou sociais.
A matemática é assim susceptível de arranjar pessoas que lhe são indiferentes e outras que lhe têm manifesta aversão. E este argumento, além de influenciar muita gente, com o passar do tempo cada vez mais peso tem, que, para recuperar o atraso, vai ser necessário mais tempo quanto mais ele vai escasseando.
Para que o problema não entre irreversivelmente neste plano inclinado, da diminuição progressiva das possibilidades de inversão da situação, de deterioração das condições psicológicas de estudo, quando não há uma clara simpatia pela matemática, é imperioso colocar em marcha outros factores que possam influenciar o aproveitamento escolar genérico e especifico.
O problema, visto pelo seu aspecto mais básico, está ligado à gestão que cada qual tem que fazer do seu tempo. O estudo tem de ser tido em conta nessa gestão e não tem a ver só com inteligência e esperteza mas também com o ambiente familiar, a motivação induzida e a gestão das expectativas dos alunos.
O ambiente familiar é determinante para estimular uma gestão adequada do tempo, conciliadora do estudo e das “distracções”, uma aceitação incontestada da ordem familiar e de todas as ordens que lhe são correlativas, como a escolar, da disciplina e do rigor. Embora parte da responsabilidade deva ser delegada pela família na escola, esta não se pode substituir àquela.
Só que, além de que os familiares dos alunos poderem ter outros problemas mais visíveis e que lhes absorvem a atenção, podem não ter capacidade para lhes mostrar a necessidade do estudo e em particular deste. Além disso podem tornar caótica a sua própria gestão do tempo, atribulada a gestão dos conflitos familiares, transmitir a instabilidade, a inquietação, a marginalidade.
A ausência de uma base familiar sólida, capaz de firmeza e com flexibilidade bastante, só pode ser suprida em parte por acção do colectivo escolar, sendo que, não raras vezes, um professor é suficiente para desestabilizar e tornar o ambiente de toda a escola, como é percepcionado por ele, hostil ao aluno ou demasiado permissivo.
É um trabalho complexo dependente da preparação dos professores e de outros agentes do ensino em que aqueles que estão habilitados e psicologicamente preparados nem sempre vêm o seu trabalho facilitado por acção da inépcia, da inveja e da sabotagem de pessoas mal intencionadas e irresponsáveis.
E é um trabalho melindroso que tem que visar a conciliação da dinâmica familiar com a dinâmica escolar de modo a que, para se evitarem roturas aqui se não vão criar roturas na família. Uma intervenção emocionalmente desequilibrada pode criar mais problemas do que os que resolve.
Só esporadicamente aparecerão alunos que consideram a escola/ensino como um refúgio e vivem bem com uma situação familiar deficitária. Também poucos, nas actuais circunstâncias, mesmo que sob a influência de uma família disfuncional, criarão uma aversão absoluta à escola.
As situações mais melindrosas são as situações extremas em que a integração em grupos agressivos na escola são um escape para um desequilíbrio emocional gerado na base familiar. De igual modo pode acontecer se a família se dedica a actividades marginais, mais atraentes para a imaginação juvenil.
Este trabalho é para equipas devidamente preparadas para o efeito, mas a acção individual dos professores pode contribuir e, nos casos mais normais, pode ser suficiente para induzir nos alunos a motivação necessário para o estudo, pelo menos na sua área específica.
Uma das áreas em que podem actuar é na gestão das expectativas, ora para conter as expectativas exageradas trazidas dos meios familiares ora para alargar o leque das possibilidades ao dispor dos alunos. São as expectativas que geram os impulsos e condicionam a emotividade
Uma turma equilibrada não é aquela em que todos os alunos são todos bons ou todos são uma lástima. Uma turma equilibrada é aquela em que há uma gestão equilibrada das expectativas, sem que no aspecto lectivo tenha que ser um contra todos e todos contra um, aquela emulação tão fácil de implementar.
Aliás a complementaridade é muito mais importante na formação humana e social do que uma pretendida homogeneidade, reprodutora da diferenciação social e geradora de uma competição desumana e frustrante e criadora de “monstrosinhos”, chamo eu a seres egoístas e avarentos.
O trabalho mais importante, muito para além da gestão dos exageros, uns desmontáveis outros nem tanto, é a recuperação das expectativas entretanto abandonadas, o incentivo às expectativas realistas que possam levar a uma integração social sem traumas e sem humilhação. O jovem é uma pessoa em permanente risco.
A matemática desempenha um papel fulcral por ser fonte de muito desencanto, de muita frustração, de muito abandono. Também o seu ensino deve ser encarado no sentido de manter o equilíbrio entre aqueles que querem e são capazes de mais e aqueles que, não querendo, têm que ser incentivados, e, não sendo capazes, têm que ser ajudados.
Mesmo que se não trate de saloia esperteza não é precisa grande argúcia matemática para multiplicar proventos, benefícios e recursos. O discernimento necessário está mais no bom aproveitamento das oportunidades, na escolha certa dos lugares e dos relacionamentos, na experiência transmitida e adquirida, dons e atributos que devem ser aproveitados em benefício de toda a sociedade.
A matemática também tem vários níveis e cada um tem valor próprio e suficiente para cada objectivo a atingir. Mas a matemática só é verdadeiramente valorizada para tirar cursos vantajosos, para aquilo em que é imprescindível, que no restante os alunos se vão deixando levar pela fuga a um esforço exagerado. A matemática fica a perder no confronto com a esperteza.
Entende-se no geral que, se a matemática não for absolutamente imprescindível, o tempo que se lhe pode dedicar pode constituir uma perca sensível comparativamente à sua utilização no estudo de outras áreas e até noutras actividades económicas ou sociais.
A matemática é assim susceptível de arranjar pessoas que lhe são indiferentes e outras que lhe têm manifesta aversão. E este argumento, além de influenciar muita gente, com o passar do tempo cada vez mais peso tem, que, para recuperar o atraso, vai ser necessário mais tempo quanto mais ele vai escasseando.
Para que o problema não entre irreversivelmente neste plano inclinado, da diminuição progressiva das possibilidades de inversão da situação, de deterioração das condições psicológicas de estudo, quando não há uma clara simpatia pela matemática, é imperioso colocar em marcha outros factores que possam influenciar o aproveitamento escolar genérico e especifico.
O problema, visto pelo seu aspecto mais básico, está ligado à gestão que cada qual tem que fazer do seu tempo. O estudo tem de ser tido em conta nessa gestão e não tem a ver só com inteligência e esperteza mas também com o ambiente familiar, a motivação induzida e a gestão das expectativas dos alunos.
O ambiente familiar é determinante para estimular uma gestão adequada do tempo, conciliadora do estudo e das “distracções”, uma aceitação incontestada da ordem familiar e de todas as ordens que lhe são correlativas, como a escolar, da disciplina e do rigor. Embora parte da responsabilidade deva ser delegada pela família na escola, esta não se pode substituir àquela.
Só que, além de que os familiares dos alunos poderem ter outros problemas mais visíveis e que lhes absorvem a atenção, podem não ter capacidade para lhes mostrar a necessidade do estudo e em particular deste. Além disso podem tornar caótica a sua própria gestão do tempo, atribulada a gestão dos conflitos familiares, transmitir a instabilidade, a inquietação, a marginalidade.
A ausência de uma base familiar sólida, capaz de firmeza e com flexibilidade bastante, só pode ser suprida em parte por acção do colectivo escolar, sendo que, não raras vezes, um professor é suficiente para desestabilizar e tornar o ambiente de toda a escola, como é percepcionado por ele, hostil ao aluno ou demasiado permissivo.
É um trabalho complexo dependente da preparação dos professores e de outros agentes do ensino em que aqueles que estão habilitados e psicologicamente preparados nem sempre vêm o seu trabalho facilitado por acção da inépcia, da inveja e da sabotagem de pessoas mal intencionadas e irresponsáveis.
E é um trabalho melindroso que tem que visar a conciliação da dinâmica familiar com a dinâmica escolar de modo a que, para se evitarem roturas aqui se não vão criar roturas na família. Uma intervenção emocionalmente desequilibrada pode criar mais problemas do que os que resolve.
Só esporadicamente aparecerão alunos que consideram a escola/ensino como um refúgio e vivem bem com uma situação familiar deficitária. Também poucos, nas actuais circunstâncias, mesmo que sob a influência de uma família disfuncional, criarão uma aversão absoluta à escola.
As situações mais melindrosas são as situações extremas em que a integração em grupos agressivos na escola são um escape para um desequilíbrio emocional gerado na base familiar. De igual modo pode acontecer se a família se dedica a actividades marginais, mais atraentes para a imaginação juvenil.
Este trabalho é para equipas devidamente preparadas para o efeito, mas a acção individual dos professores pode contribuir e, nos casos mais normais, pode ser suficiente para induzir nos alunos a motivação necessário para o estudo, pelo menos na sua área específica.
Uma das áreas em que podem actuar é na gestão das expectativas, ora para conter as expectativas exageradas trazidas dos meios familiares ora para alargar o leque das possibilidades ao dispor dos alunos. São as expectativas que geram os impulsos e condicionam a emotividade
Uma turma equilibrada não é aquela em que todos os alunos são todos bons ou todos são uma lástima. Uma turma equilibrada é aquela em que há uma gestão equilibrada das expectativas, sem que no aspecto lectivo tenha que ser um contra todos e todos contra um, aquela emulação tão fácil de implementar.
Aliás a complementaridade é muito mais importante na formação humana e social do que uma pretendida homogeneidade, reprodutora da diferenciação social e geradora de uma competição desumana e frustrante e criadora de “monstrosinhos”, chamo eu a seres egoístas e avarentos.
O trabalho mais importante, muito para além da gestão dos exageros, uns desmontáveis outros nem tanto, é a recuperação das expectativas entretanto abandonadas, o incentivo às expectativas realistas que possam levar a uma integração social sem traumas e sem humilhação. O jovem é uma pessoa em permanente risco.
A matemática desempenha um papel fulcral por ser fonte de muito desencanto, de muita frustração, de muito abandono. Também o seu ensino deve ser encarado no sentido de manter o equilíbrio entre aqueles que querem e são capazes de mais e aqueles que, não querendo, têm que ser incentivados, e, não sendo capazes, têm que ser ajudados.