Com o tempo tem-se alargado o fosso entre o mundo rural e o mundo urbano. A adaptação do mundo rural às novas condições, impostas por factores internos e externos ao país que fogem ao seu controlo, tem sido lenta e fragmentada.
A pulverização da propriedade da terra, a falta de acumulação de capital, malgrado as ajudas comunitárias, o controlo do mercado em oligopólio, faltando um mercado concorrencial para a pequena produção, a procura de aplicações mais rentáveis, inviabiliza o aparecimento de unidade rurais economicamente viáveis.
Se actualmente há unidades rurais produtivas noutros meios, aqui elas são dificilmente estruturáveis com o dimensionamento e a dispersão existente. E de qualquer modo, mercê da mecanização e até da automação já existente, a agricultura exige muito pouca mão-de-obra em relação à necessária nas antigas unidades de igual produção.
O trabalho rural tem sido de tal modo depreciado que os trabalhadores do campo têm vindo a abandonar a terra e a oferecer a sua força de trabalho noutras profissões e noutras paragens. Poucos já conseguem trabalho agrícola nas novas condições de mercado.
A auto-subsistência não é mais possível. As exigências são muitas e para as concretizar é necessário o vil metal. O trabalho na construção civil, juntamente com o têxtil ou equiparado, é a alternativa para o maior número.
Se muitos mantêm o local de residência diária no mundo rural é porque ainda conseguem trabalho relativamente perto. Se a sua residência já só é para o fim-de-semana então é porque têm de ir trabalhar para a Espanha ou para as Capitais.
A agricultura tornou-se uma actividade de part-time ou de fim-de-semana. E, se mesmo assim, feitas as contas, as pessoas vêem que têm prejuízo directo, a maior tentação é mesmo a de deixar de trabalhar e de se preocupar com as terras.
Se isto não acontece é porque as pessoas entendem aquele trabalho como distracção, desporto ou prezam demasiado a beleza dos locais para se deixarem ver rodeados de matos e silvados. Ou os subsídios da Comunidade, benesse dos agricultores mas cancro do sistema comunitário, são compensatórios, o que mesmo assim é problemático.
Muitas terras já estão ao abandono porque não dão rendimento, os seus proprietários estão velhos ou não têm gosto em enterrar dinheiro para realçar a beleza ou são parcelas demasiado pequenas, pouco férteis ou estão muito afastadas da residência habitual. Ou entendem que as obrigações conexas aos subsídios não são para se cumprir.
Por outro lado quanto maior é a nau maior é a tormenta. Das antigas quintas, das quais muitos proprietários residiam noutras terras e que eram trabalhadas por caseiros, já muitas estão ao abandono porque não dão fruto sequer para um dos parceiros no seu rendimento.
A reconversão para a produção de vinho não deu os resultados pretendidos por via das dificuldades de comercialização derivadas tanto de factores exteriores como dos próprios erros cometidos.
O cultivo de forragem e milho para a produção de silagem para alimento do gado é uma actividade rentável mas igualmente com poucas contrapartidas para o proprietário dos terrenos.
Muitas experiências que se têm feito nos modos de produção e nos produtos a produzir redundam invariavelmente em fracassos ao fim de poucos anos e as culpas são atribuídas ao clima; à dificuldade de comercialização mas nunca se chegam verdadeiramente a determinar.
A invasão do campo pelo capitalismo periférico tem redundado na sangria dos últimos recursos ou no investimento sumptuário e ostentatório, daquele que é comum se dizer que não vai além da terceira geração. Isto dá ideia de um falso progresso que não sendo auto-sustentável tem os dias contados.
Hoje já não são os brasileiros enriquecidos no tráfico de escravos e nos engenhos de açúcar que regressam ricos e querem deixar marcas na paisagem que já era a sua. Hoje são novos-ricos, sem ligação à terra, vítimas da nostalgia de um local não definido, tentando um enraizamento serôdio e que já não chega a dar frutos duráveis.
A economia mercantil arrasou uma vivência milenar. A recriação desse mundo já hoje se não consegue sequer ao nível do folclore. As pessoas podem ser ensinadas a transportar uma sachola mas mal. Mas já não conseguem sentir o impulso, imprimir o ritmo de quem vai com elas trabalhar. Muito menos consegue com elas trabalhar da forma harmoniosa de antigamente.Aqueles que se vêem agarrados à terra por opção ou por ser tarde para mudar de vida já se não conseguem enquadrar devidamente num panorama em que à perda dos ritmos naturais se sucedeu a competição mais desenfreada, onde à humildade se sucedeu a arrogância.
A pulverização da propriedade da terra, a falta de acumulação de capital, malgrado as ajudas comunitárias, o controlo do mercado em oligopólio, faltando um mercado concorrencial para a pequena produção, a procura de aplicações mais rentáveis, inviabiliza o aparecimento de unidade rurais economicamente viáveis.
Se actualmente há unidades rurais produtivas noutros meios, aqui elas são dificilmente estruturáveis com o dimensionamento e a dispersão existente. E de qualquer modo, mercê da mecanização e até da automação já existente, a agricultura exige muito pouca mão-de-obra em relação à necessária nas antigas unidades de igual produção.
O trabalho rural tem sido de tal modo depreciado que os trabalhadores do campo têm vindo a abandonar a terra e a oferecer a sua força de trabalho noutras profissões e noutras paragens. Poucos já conseguem trabalho agrícola nas novas condições de mercado.
A auto-subsistência não é mais possível. As exigências são muitas e para as concretizar é necessário o vil metal. O trabalho na construção civil, juntamente com o têxtil ou equiparado, é a alternativa para o maior número.
Se muitos mantêm o local de residência diária no mundo rural é porque ainda conseguem trabalho relativamente perto. Se a sua residência já só é para o fim-de-semana então é porque têm de ir trabalhar para a Espanha ou para as Capitais.
A agricultura tornou-se uma actividade de part-time ou de fim-de-semana. E, se mesmo assim, feitas as contas, as pessoas vêem que têm prejuízo directo, a maior tentação é mesmo a de deixar de trabalhar e de se preocupar com as terras.
Se isto não acontece é porque as pessoas entendem aquele trabalho como distracção, desporto ou prezam demasiado a beleza dos locais para se deixarem ver rodeados de matos e silvados. Ou os subsídios da Comunidade, benesse dos agricultores mas cancro do sistema comunitário, são compensatórios, o que mesmo assim é problemático.
Muitas terras já estão ao abandono porque não dão rendimento, os seus proprietários estão velhos ou não têm gosto em enterrar dinheiro para realçar a beleza ou são parcelas demasiado pequenas, pouco férteis ou estão muito afastadas da residência habitual. Ou entendem que as obrigações conexas aos subsídios não são para se cumprir.
Por outro lado quanto maior é a nau maior é a tormenta. Das antigas quintas, das quais muitos proprietários residiam noutras terras e que eram trabalhadas por caseiros, já muitas estão ao abandono porque não dão fruto sequer para um dos parceiros no seu rendimento.
A reconversão para a produção de vinho não deu os resultados pretendidos por via das dificuldades de comercialização derivadas tanto de factores exteriores como dos próprios erros cometidos.
O cultivo de forragem e milho para a produção de silagem para alimento do gado é uma actividade rentável mas igualmente com poucas contrapartidas para o proprietário dos terrenos.
Muitas experiências que se têm feito nos modos de produção e nos produtos a produzir redundam invariavelmente em fracassos ao fim de poucos anos e as culpas são atribuídas ao clima; à dificuldade de comercialização mas nunca se chegam verdadeiramente a determinar.
A invasão do campo pelo capitalismo periférico tem redundado na sangria dos últimos recursos ou no investimento sumptuário e ostentatório, daquele que é comum se dizer que não vai além da terceira geração. Isto dá ideia de um falso progresso que não sendo auto-sustentável tem os dias contados.
Hoje já não são os brasileiros enriquecidos no tráfico de escravos e nos engenhos de açúcar que regressam ricos e querem deixar marcas na paisagem que já era a sua. Hoje são novos-ricos, sem ligação à terra, vítimas da nostalgia de um local não definido, tentando um enraizamento serôdio e que já não chega a dar frutos duráveis.
A economia mercantil arrasou uma vivência milenar. A recriação desse mundo já hoje se não consegue sequer ao nível do folclore. As pessoas podem ser ensinadas a transportar uma sachola mas mal. Mas já não conseguem sentir o impulso, imprimir o ritmo de quem vai com elas trabalhar. Muito menos consegue com elas trabalhar da forma harmoniosa de antigamente.Aqueles que se vêem agarrados à terra por opção ou por ser tarde para mudar de vida já se não conseguem enquadrar devidamente num panorama em que à perda dos ritmos naturais se sucedeu a competição mais desenfreada, onde à humildade se sucedeu a arrogância.