Quando se vê grande alarido na praça pública interrogamo-nos sempre sobre se será à séria a discussão ou se só se trata duma daqueles casos do “agarrem-me … senão eu bato-lhe, esfolo-o, mato-o, ou outro mimo mais agressivo”, tão característico da bazófia nacional. Porém, como nunca podemos estar absolutamente seguros que este tipo de afirmações é só uma manifestação de bravata, mantemo-nos apreensivos e reservados. Quem assim fala procura, mas também receia um momento de verdade.
Há uns anos que um alarido destes já vem ocupando o espaço da luta política. Diferentes tipos de armas têm sido utilizados para corroborar a ameaça sempre latente sobre os adversários políticos. Em primeiro lugar há uma regra que estipula que é essencial nunca estar calado. De um assunto para outro, conforme a espuma dos dias o vai determinando, chega-se ao dia em que está encontrada a questão que vai merecer um ataque mais em forma, que pode servir àquele momento de verdade Enquanto procura-se manter a questão na ordem do dia e a dúvida pode ser rentável.
Seja a verdade ou outro tema igualmente abstracto, seja o orçamento ou qualquer outro facto assim tão concreto e quantificável, qualquer questão pode ser usada no confronto político, não sendo pelo seu valor que terá mais ou menos aceitação na opinião pública e relevância nessa luta política. O político acredita sempre que um bom confronto é aquele em que ele próprio está mais confortável seja qual for a natureza da questão. O que tem mais importância é a possibilidade de tornar o mais incómoda possível a situação do seu adversário.
Dar corpo à verdade absoluta não parece ser tarefa a que um humano se possa dedicar, pelo seu carácter absorvente e porque a verdade não é um assunto prático para ser usado na política, pelo que os apelos a tão altos valores redundam normalmente em fracasso. Já a ameaça de lançar uma crise política a propósito do orçamento pode ser uma questão séria e servir para obter resultados mais palpáveis. Em qualquer caso o mais experimentado dos políticos pode fraquejar e tremer perante uma dúvida demasiado longa. É que este “agarram-me … senão” é para levar a sério.
O poder, contrariamente às nossas opiniões mais espontâneas, é fraco. O poder consegue ser tremendo quando isola uma vítima, porém não consegue actuar sobre a multidão, é impotente perante as ondas avassaladoras que, seja por um tempo muito diminuto, os seus adversários conseguem lançar. Quando dois fracos se encontram é normal lançarem ameaças mútuas para substituir um confronto imediato. O poder é fraco quando se vê na necessidade de responder com as mesmas armas, de ocupar o espaço mediático.
O poder confirma a máxima de que nunca estar calado é mais importante do que a natureza dos argumentos que possam ser usados para controlar a situação. Muitas vezes a disputa política fica reduzida a um debate superficial, a recorrência é um recurso permanente, a redução ao carácter dos intervenientes é um risco constante. O “agarra-me … senão” não visa só os adversários, pretende também, senão mais, afirmar uma liderança pela coragem, visa o alargamento do um espaço de influência e de intervenção pessoal.
Ninguém diz “agarrem-nos … senão” pois trata-se de uma acção individual, um “agarra-me … senão” cuja credibilidade depende da força de uma só pessoa, mesmo que ela conte com a força de outros para o apoiar se necessário numa segunda etapa. Todos esses ficarão suspensos da palavra do líder, único com o fogo capaz de despoletar a acção. Este “agarra-me … senão” é quase sempre uma iniciativa pessoal, mas também muitas vezes é um acto falhado. O seu resultado depende da ambição e arte do líder, mas sobretudo da resposta do adversário e da sua sensibilidade para se atemorizar ou não pelas suas atitudes exibicionistas.
O papel do líder, ou pretendente a tal, é tentar anestesiar os seus rivais estejam eles colocados à sua frente ou ao seu lado, porque ainda existe a crença que a exibição de força se assemelha a ela. Mas também se ganha poder com pequenas vitórias que tenham impacto pessoal. Tal ajuda a credibilizar o protagonista e leva os outros antagonistas à apatia e até a perfilhar as ideias antigamente combatidas e a colocarem-se ao seu lado. Há sempre gente dispostas e ceder às ideias vencedoras.
Um primeiro objectivo do “agarra-me … senão” é suscitar o medo. Porém o líder não se pode ficar por aí. Para dividir e neutralizar os antagonistas ele tem que avançar de imediato para suscitar admiração, até porque tal lhe vai ser necessário caso aceda ao poder. Ao levar à prática o “agarra-me … senão” nunca todos ficarão aterrorizados, nem todos ficarão convencidos. O “agarra-me … senão” pode ter efeito imediato, mas também o esticar demasiado a corda pode ser contraproducente.
Há uns anos que um alarido destes já vem ocupando o espaço da luta política. Diferentes tipos de armas têm sido utilizados para corroborar a ameaça sempre latente sobre os adversários políticos. Em primeiro lugar há uma regra que estipula que é essencial nunca estar calado. De um assunto para outro, conforme a espuma dos dias o vai determinando, chega-se ao dia em que está encontrada a questão que vai merecer um ataque mais em forma, que pode servir àquele momento de verdade Enquanto procura-se manter a questão na ordem do dia e a dúvida pode ser rentável.
Seja a verdade ou outro tema igualmente abstracto, seja o orçamento ou qualquer outro facto assim tão concreto e quantificável, qualquer questão pode ser usada no confronto político, não sendo pelo seu valor que terá mais ou menos aceitação na opinião pública e relevância nessa luta política. O político acredita sempre que um bom confronto é aquele em que ele próprio está mais confortável seja qual for a natureza da questão. O que tem mais importância é a possibilidade de tornar o mais incómoda possível a situação do seu adversário.
Dar corpo à verdade absoluta não parece ser tarefa a que um humano se possa dedicar, pelo seu carácter absorvente e porque a verdade não é um assunto prático para ser usado na política, pelo que os apelos a tão altos valores redundam normalmente em fracasso. Já a ameaça de lançar uma crise política a propósito do orçamento pode ser uma questão séria e servir para obter resultados mais palpáveis. Em qualquer caso o mais experimentado dos políticos pode fraquejar e tremer perante uma dúvida demasiado longa. É que este “agarram-me … senão” é para levar a sério.
O poder, contrariamente às nossas opiniões mais espontâneas, é fraco. O poder consegue ser tremendo quando isola uma vítima, porém não consegue actuar sobre a multidão, é impotente perante as ondas avassaladoras que, seja por um tempo muito diminuto, os seus adversários conseguem lançar. Quando dois fracos se encontram é normal lançarem ameaças mútuas para substituir um confronto imediato. O poder é fraco quando se vê na necessidade de responder com as mesmas armas, de ocupar o espaço mediático.
O poder confirma a máxima de que nunca estar calado é mais importante do que a natureza dos argumentos que possam ser usados para controlar a situação. Muitas vezes a disputa política fica reduzida a um debate superficial, a recorrência é um recurso permanente, a redução ao carácter dos intervenientes é um risco constante. O “agarra-me … senão” não visa só os adversários, pretende também, senão mais, afirmar uma liderança pela coragem, visa o alargamento do um espaço de influência e de intervenção pessoal.
Ninguém diz “agarrem-nos … senão” pois trata-se de uma acção individual, um “agarra-me … senão” cuja credibilidade depende da força de uma só pessoa, mesmo que ela conte com a força de outros para o apoiar se necessário numa segunda etapa. Todos esses ficarão suspensos da palavra do líder, único com o fogo capaz de despoletar a acção. Este “agarra-me … senão” é quase sempre uma iniciativa pessoal, mas também muitas vezes é um acto falhado. O seu resultado depende da ambição e arte do líder, mas sobretudo da resposta do adversário e da sua sensibilidade para se atemorizar ou não pelas suas atitudes exibicionistas.
O papel do líder, ou pretendente a tal, é tentar anestesiar os seus rivais estejam eles colocados à sua frente ou ao seu lado, porque ainda existe a crença que a exibição de força se assemelha a ela. Mas também se ganha poder com pequenas vitórias que tenham impacto pessoal. Tal ajuda a credibilizar o protagonista e leva os outros antagonistas à apatia e até a perfilhar as ideias antigamente combatidas e a colocarem-se ao seu lado. Há sempre gente dispostas e ceder às ideias vencedoras.
Um primeiro objectivo do “agarra-me … senão” é suscitar o medo. Porém o líder não se pode ficar por aí. Para dividir e neutralizar os antagonistas ele tem que avançar de imediato para suscitar admiração, até porque tal lhe vai ser necessário caso aceda ao poder. Ao levar à prática o “agarra-me … senão” nunca todos ficarão aterrorizados, nem todos ficarão convencidos. O “agarra-me … senão” pode ter efeito imediato, mas também o esticar demasiado a corda pode ser contraproducente.
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