Somos diferentes uns dos outros na nossa capacidade de imaginação e na utilização que dela fazemos. Existem tantas imaginações quantas as pessoas, mas podemos agrupá-las pelas sua maiores ou menores afinidades de modo a podermos dizer que há campos imaginários comuns a cada um desses grupos. “Sempre” houve o imaginário dos ricos e o imaginário dos pobres, sendo que as condições de vida, a segregação social determinaram à partida em que grupos nos haveríamos de incluir.
Além destes imaginários, sempre houveram outros mais ligados à vida prática, com outro tipo de conotações. Há o imaginário do poeta, do marinheiro, do caçador, há mesmo um imaginário do ladrão. Nos dias de hoje são grandes as afinidades entre os imaginários dos ricos e dos pobres e de todas as outras categorias particulares, determinadas pela vivência de cada um, mas também pela capacidade mais difundida de sonhar e de se deixar levar pelas ondas da moda, da aventura, da sorte.
A ampla comunicação hoje existente, decerto não livre, mas sim ainda condicionada, mesmo assim suficientemente diversificada, determinou o acesso pelo menos a uma vivência virtual comum e à possibilidade de inclusão no nosso próprio imaginário de situações só vividas por outros ou até somente imaginadas por alguém. Existe um imaginário mais comum dito popular, mas cujo uso como referência é hoje problemático. A globalização comunicacional determinou uma evolução rápida no imaginário popular e difícil de estabilizar para poder ser definido com a precisão necessária.
É vulgar dizer-se que hoje as pessoas vestem todas por igual, o que não sendo bem a verdade, dá a aparência de uma sociedade mais igual pelo menos no seu exterior. Sob o ponto de vista intelectual é bem evidente que as diferenças são hoje porventura ainda maiores embora as pessoas se iludam porque todos parecemos estar aptos a surgir perante as câmaras de televisão a debitar sentenças sobre qualquer tema mais ou menos actual.
Vivemos hoje num mundo de aparências que não são já aquelas que outrora se adoptavam para sustentar as conveniências, mas são as que ainda enredam as mentes numa superficialidade atroz. É verdade que nos tornamos mais polidos, reservamos os sentimentos mais malévolos só para certos grupos profissionais e sociais, apuramos o sentimento de culpa, vamos tendo maior capacidade de indicar o erro, mas não progredimos na capacidade de decisão, mantemos a ingenuidade dos incautos e o temor dos ineptos, a hipocrisia dos falsos.
O homem é um todo em que a solidez do seu imaginário tem que ser a sustentação das conclusões do seu intelecto. Na maioria dos casos o nosso imaginário está unido a saliva, isto é, facilmente se desintegra e repentinamente ficamos pendurados no ar. Ao inverso o pensamento que não encontra suportado por um imaginário sadio corre o risco de ser estéril. Claro que também existem aquelas situações doentias em que o imaginário, por mais confrontado com a realidade resiste na sua inverosimilhança a todas as tentativas do intelecto para a alterar e redimensionar.
O nosso passado é sempre uma condição basilar a ter em conta como ensinamento, como impedimento de uma imaginação desmesurada, mas também não deve ser um travão à possibilidade de novas concepções. Um imaginário “sensato”, que tenha em conta o passado e seja aberto, permitirá que o intelecto tire conclusões úteis para o futuro. Impõe-se o abandono da velha e nefasta ideia do unanimismo forçado e redutor e a sua substituição pela ideia de partilha consciente e solidária.
Faltam escolas de pensamento interno, já que há uma ou eventualmente mais escolas de pensamento da diáspora que vão contribuindo para o modo de Ser Português, mas por cá o solo é estéril. Pensar o nosso futuro, abrir horizontes que não passem pelo nosso êxodo colectivo, não é tarefa para religiosos enquanto preocupados com o além, para políticos enquanto preocupados com o imediato, para economistas enquanto preocupados só com índices ou outros actores profissionais e sociais só preocupados com o seu campo de acção.
Pensar o futuro é dar largas a uma imaginação que deve provir daquela que serviu de base a muitas das figuras históricas que deram corpo ao Ser Português. Afinal a imaginação que permitiu e até serviu de incentivo a feitos que nos enobrecem há-de ter algo que ainda seja aproveitado nos dias de hoje e permitir que também hoje possamos ser capazes de feitos grandiosos. Diferente é o pensamento daqueles para quem uma cópia seria a melhor solução para que surgissem pessoas audazes. Por aí não vamos lá, de múmias está o universo cheio.
É hábito dizer-se que somos desorganizados e que somos relapsos na nossa relação com o poder. O nosso passado prova o contrário. Quando existe uma chama, quando a alguém surge uma ideia luminosa e tem o poder de a pôr em prática não lhe faltam colaboradores capazes de dar corpo à ideia. Mas entretanto existe de facto uma letargia, o nosso imaginário adormece, ficamos prisioneiros das ideias mais negras, só vemos escuridão. Nesta questão não nos distinguimos em ricos e pobres. Estamos sempre à espera que outros nos dêem a resposta às nossas inquietações.
Além destes imaginários, sempre houveram outros mais ligados à vida prática, com outro tipo de conotações. Há o imaginário do poeta, do marinheiro, do caçador, há mesmo um imaginário do ladrão. Nos dias de hoje são grandes as afinidades entre os imaginários dos ricos e dos pobres e de todas as outras categorias particulares, determinadas pela vivência de cada um, mas também pela capacidade mais difundida de sonhar e de se deixar levar pelas ondas da moda, da aventura, da sorte.
A ampla comunicação hoje existente, decerto não livre, mas sim ainda condicionada, mesmo assim suficientemente diversificada, determinou o acesso pelo menos a uma vivência virtual comum e à possibilidade de inclusão no nosso próprio imaginário de situações só vividas por outros ou até somente imaginadas por alguém. Existe um imaginário mais comum dito popular, mas cujo uso como referência é hoje problemático. A globalização comunicacional determinou uma evolução rápida no imaginário popular e difícil de estabilizar para poder ser definido com a precisão necessária.
É vulgar dizer-se que hoje as pessoas vestem todas por igual, o que não sendo bem a verdade, dá a aparência de uma sociedade mais igual pelo menos no seu exterior. Sob o ponto de vista intelectual é bem evidente que as diferenças são hoje porventura ainda maiores embora as pessoas se iludam porque todos parecemos estar aptos a surgir perante as câmaras de televisão a debitar sentenças sobre qualquer tema mais ou menos actual.
Vivemos hoje num mundo de aparências que não são já aquelas que outrora se adoptavam para sustentar as conveniências, mas são as que ainda enredam as mentes numa superficialidade atroz. É verdade que nos tornamos mais polidos, reservamos os sentimentos mais malévolos só para certos grupos profissionais e sociais, apuramos o sentimento de culpa, vamos tendo maior capacidade de indicar o erro, mas não progredimos na capacidade de decisão, mantemos a ingenuidade dos incautos e o temor dos ineptos, a hipocrisia dos falsos.
O homem é um todo em que a solidez do seu imaginário tem que ser a sustentação das conclusões do seu intelecto. Na maioria dos casos o nosso imaginário está unido a saliva, isto é, facilmente se desintegra e repentinamente ficamos pendurados no ar. Ao inverso o pensamento que não encontra suportado por um imaginário sadio corre o risco de ser estéril. Claro que também existem aquelas situações doentias em que o imaginário, por mais confrontado com a realidade resiste na sua inverosimilhança a todas as tentativas do intelecto para a alterar e redimensionar.
O nosso passado é sempre uma condição basilar a ter em conta como ensinamento, como impedimento de uma imaginação desmesurada, mas também não deve ser um travão à possibilidade de novas concepções. Um imaginário “sensato”, que tenha em conta o passado e seja aberto, permitirá que o intelecto tire conclusões úteis para o futuro. Impõe-se o abandono da velha e nefasta ideia do unanimismo forçado e redutor e a sua substituição pela ideia de partilha consciente e solidária.
Faltam escolas de pensamento interno, já que há uma ou eventualmente mais escolas de pensamento da diáspora que vão contribuindo para o modo de Ser Português, mas por cá o solo é estéril. Pensar o nosso futuro, abrir horizontes que não passem pelo nosso êxodo colectivo, não é tarefa para religiosos enquanto preocupados com o além, para políticos enquanto preocupados com o imediato, para economistas enquanto preocupados só com índices ou outros actores profissionais e sociais só preocupados com o seu campo de acção.
Pensar o futuro é dar largas a uma imaginação que deve provir daquela que serviu de base a muitas das figuras históricas que deram corpo ao Ser Português. Afinal a imaginação que permitiu e até serviu de incentivo a feitos que nos enobrecem há-de ter algo que ainda seja aproveitado nos dias de hoje e permitir que também hoje possamos ser capazes de feitos grandiosos. Diferente é o pensamento daqueles para quem uma cópia seria a melhor solução para que surgissem pessoas audazes. Por aí não vamos lá, de múmias está o universo cheio.
É hábito dizer-se que somos desorganizados e que somos relapsos na nossa relação com o poder. O nosso passado prova o contrário. Quando existe uma chama, quando a alguém surge uma ideia luminosa e tem o poder de a pôr em prática não lhe faltam colaboradores capazes de dar corpo à ideia. Mas entretanto existe de facto uma letargia, o nosso imaginário adormece, ficamos prisioneiros das ideias mais negras, só vemos escuridão. Nesta questão não nos distinguimos em ricos e pobres. Estamos sempre à espera que outros nos dêem a resposta às nossas inquietações.
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