Seria óptimo que estivessem ultrapassados os problemas intrinsecamente políticos e a acção política se virasse para resolver os problemas que a sociedade permanentemente levanta na sua evolução e a intervir dentro das suas possibilidades na condução desta evolução. Em democracia os entraves à acção política são levantados por quem não pretende ter uma acção enquadrável dentro dos princípios da democracia ou não está a abordar correctamente o tema político.
Conduzir a evolução da sociedade é a mais nobre e valiosa competência política, é mais genérica e menos pessoal, tem mais a ver com a estrutura e pouco com a conjuntura. Esse é mesmo o domínio de luta mais acérrima, quando as circunstâncias o permitem. Quase sempre há uma sobrecarga de problemas conjunturais que não deixa tempo nem espaço para outras preocupações.
No entanto no sistema português mantêm-se vivas forças políticas cujo objectivo primordial é uma alteração estrutural da sociedade, o que sendo legitimo, impede muitas vezes que a atenção se vire para assuntos mais comezinhos, mais de conjuntura, mas cuja solução já corresponderia a um avanço significativo no progresso social. E como só conseguem aflorar o problema estrutural, mas não conseguem trazê-lo à ordem do dia da agenda mediática, dedicam-se a lançar ruído sobre a luta que se possa estabelecer à volta da conjuntura.
Acresce ainda que mesmo estes problemas conjunturais raramente encontram qualquer tipo de solução consensual, sendo a sua discussão o cerne de praticamente toda a acção política. Ser contra é fácil, ser construtivo é problemático. Normalmente passa-se de um a outro problema sem que seja levada às últimas consequências a solução do anterior. Gasta-se tempo, energias, recursos e um problema não resolvido dificulta a resolução dos que estão para vir.
Quando se quer resolver algum problema social o normal seria que se lhe determinassem as causas para actuar sobre elas. No entanto um problema é sempre conhecido pelas consequências e há a tentação de actuar antes sobre estas de modo a minimizar esses efeitos. É normalmente uma fuga para a frente, gastadora de recursos e criadora de um clima de facilitismo. E nem sempre há recursos à disposição mesmo ali ao lado para deitar para cima do problema.
Quando se recorre a esta solução fica-se por saber se o dinheiro é bem ou mal gasto, nunca se chega a qualquer conclusão. Quando os recursos não chegam e se procura determinar as causas para atacar o problema por onde ele deveria ser sempre atacado, está-se a mexer numa fonte maior de divergências. O que possibilitaria uma solução mais duradoira seria envolver outros recursos e recursos humanos e organizacionais dificilmente mobilizáveis. Propostas há muitas mas dificilmente se encontra alguém disposto a pagar soluções estruturais.
O nosso sistema tem contribuições da vária origem desde o estabelecido anteriormente ao 25 de Abril, até ao revolucionário, ao simplesmente institucional e ao mais genuinamente democrático. Houve no passado muitas decisões tomadas por forças que não pretendiam a democracia e muito mais decisões tomadas por forças que a pretendiam mas não utilizaram os instrumentos de participação, não recorreram ao voto para fazerem opções irremediáveis, como é o exemplo da nossa adesão à Comunidade Europeia.
A decisões destas, não tomadas pela instância mais adequada e outras tomadas mesmo contra a opinião pública, faltar-lhes-á sempre uma legitimidade que alguns podem invocar e pôr em causa. Há pois decisões que podem ser invocadas como causa para problemas que hoje se vivem, mas quase ninguém pensa fazê-lo porque seria praticamente impossível pôr em prática decisões contrárias.
Então as ditas causas têm que ser procuradas mais recentemente, no enquadramento proporcionado já por essas grandes decisões estruturantes, irreversíveis e no cômputo geral, convenhamos, benéficas. A procura das causas pode ser feita por honestidade intelectual, porque queremos encontrar uma solução que as tenha em conta e as aproveite noutro sentido.
No entanto podemos estar certos que, por serem muito recentes, por serem decisões que envolveram os mesmos partidos e muitas vezes as mesmas pessoas que politicamente ainda estão activas, as mesmas simpatias e antipatias, as mudanças de opinião nunca são muito significativas, ninguém dá o braço a torcer, os erros de análise têm tendência a manterem-se. Mesmo que esteja em causa um problema de omissão, mesmo que tenham sido tomadas no momento certo, as atitudes certas, ninguém vai aceitar as culpas, muito menos integralmente.
Isto traz um problema acrescido a quem não segue atentamente a evolução das forças políticas e quem tem uma visão racional dos acontecimentos presentes. Isto leva a que mesmo muitos que pretendem vir a exercer uma acção política tenham que dar os primeiros passos no meio deste ruído, adoptando uma atitude de fé e se vão preparando para usar argumentos desviacionistas na discussão das razões do passado. Não há espaço para discussões racionais.
Isto é, têm que aprender o que na política é mesquinho e mesmo subterrâneo. Têm que ter argumentos prontos a disparar mesmo que se refiram à substância quando o que está em causa é o método e ao método se o que está em causa é a substância. O público em geral que, mais do que aprender, está interessado em não ser ludibriado só tem um caminho: ter pelo menos um ciclo de vida política bem presente e distinguir informação e desinformação, particularmente o que é ruído. No meio das palavras tem que descobrir a asserção.
Conduzir a evolução da sociedade é a mais nobre e valiosa competência política, é mais genérica e menos pessoal, tem mais a ver com a estrutura e pouco com a conjuntura. Esse é mesmo o domínio de luta mais acérrima, quando as circunstâncias o permitem. Quase sempre há uma sobrecarga de problemas conjunturais que não deixa tempo nem espaço para outras preocupações.
No entanto no sistema português mantêm-se vivas forças políticas cujo objectivo primordial é uma alteração estrutural da sociedade, o que sendo legitimo, impede muitas vezes que a atenção se vire para assuntos mais comezinhos, mais de conjuntura, mas cuja solução já corresponderia a um avanço significativo no progresso social. E como só conseguem aflorar o problema estrutural, mas não conseguem trazê-lo à ordem do dia da agenda mediática, dedicam-se a lançar ruído sobre a luta que se possa estabelecer à volta da conjuntura.
Acresce ainda que mesmo estes problemas conjunturais raramente encontram qualquer tipo de solução consensual, sendo a sua discussão o cerne de praticamente toda a acção política. Ser contra é fácil, ser construtivo é problemático. Normalmente passa-se de um a outro problema sem que seja levada às últimas consequências a solução do anterior. Gasta-se tempo, energias, recursos e um problema não resolvido dificulta a resolução dos que estão para vir.
Quando se quer resolver algum problema social o normal seria que se lhe determinassem as causas para actuar sobre elas. No entanto um problema é sempre conhecido pelas consequências e há a tentação de actuar antes sobre estas de modo a minimizar esses efeitos. É normalmente uma fuga para a frente, gastadora de recursos e criadora de um clima de facilitismo. E nem sempre há recursos à disposição mesmo ali ao lado para deitar para cima do problema.
Quando se recorre a esta solução fica-se por saber se o dinheiro é bem ou mal gasto, nunca se chega a qualquer conclusão. Quando os recursos não chegam e se procura determinar as causas para atacar o problema por onde ele deveria ser sempre atacado, está-se a mexer numa fonte maior de divergências. O que possibilitaria uma solução mais duradoira seria envolver outros recursos e recursos humanos e organizacionais dificilmente mobilizáveis. Propostas há muitas mas dificilmente se encontra alguém disposto a pagar soluções estruturais.
O nosso sistema tem contribuições da vária origem desde o estabelecido anteriormente ao 25 de Abril, até ao revolucionário, ao simplesmente institucional e ao mais genuinamente democrático. Houve no passado muitas decisões tomadas por forças que não pretendiam a democracia e muito mais decisões tomadas por forças que a pretendiam mas não utilizaram os instrumentos de participação, não recorreram ao voto para fazerem opções irremediáveis, como é o exemplo da nossa adesão à Comunidade Europeia.
A decisões destas, não tomadas pela instância mais adequada e outras tomadas mesmo contra a opinião pública, faltar-lhes-á sempre uma legitimidade que alguns podem invocar e pôr em causa. Há pois decisões que podem ser invocadas como causa para problemas que hoje se vivem, mas quase ninguém pensa fazê-lo porque seria praticamente impossível pôr em prática decisões contrárias.
Então as ditas causas têm que ser procuradas mais recentemente, no enquadramento proporcionado já por essas grandes decisões estruturantes, irreversíveis e no cômputo geral, convenhamos, benéficas. A procura das causas pode ser feita por honestidade intelectual, porque queremos encontrar uma solução que as tenha em conta e as aproveite noutro sentido.
No entanto podemos estar certos que, por serem muito recentes, por serem decisões que envolveram os mesmos partidos e muitas vezes as mesmas pessoas que politicamente ainda estão activas, as mesmas simpatias e antipatias, as mudanças de opinião nunca são muito significativas, ninguém dá o braço a torcer, os erros de análise têm tendência a manterem-se. Mesmo que esteja em causa um problema de omissão, mesmo que tenham sido tomadas no momento certo, as atitudes certas, ninguém vai aceitar as culpas, muito menos integralmente.
Isto traz um problema acrescido a quem não segue atentamente a evolução das forças políticas e quem tem uma visão racional dos acontecimentos presentes. Isto leva a que mesmo muitos que pretendem vir a exercer uma acção política tenham que dar os primeiros passos no meio deste ruído, adoptando uma atitude de fé e se vão preparando para usar argumentos desviacionistas na discussão das razões do passado. Não há espaço para discussões racionais.
Isto é, têm que aprender o que na política é mesquinho e mesmo subterrâneo. Têm que ter argumentos prontos a disparar mesmo que se refiram à substância quando o que está em causa é o método e ao método se o que está em causa é a substância. O público em geral que, mais do que aprender, está interessado em não ser ludibriado só tem um caminho: ter pelo menos um ciclo de vida política bem presente e distinguir informação e desinformação, particularmente o que é ruído. No meio das palavras tem que descobrir a asserção.
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