quinta-feira, 24 de abril de 2008

Crónica Política - A inserção social de jovens é problema de hoje e de amanhã

Explorar politicamente um assunto não é o mesmo que o explorar partidariamente. Se há assuntos cuja exploração partidária é abusiva não podemos cair no erro contrário de não abordar determinados temas porque com a sua discussão se favorece a posição do Partido A ou do Partido B ou C. Além do mais há assuntos que levantam controvérsia dentro de um mesmo Partido.
O problema complica-se quando um aspecto da realidade é arrastado para a discussão através de uma abordagem que o queria ignorar. O tema da pequena delinquência foi abordado na Assembleia Municipal de Ponte de Lima pela CDU com o objectivo de remeter as responsabilidades para alguém. Mas se os olhos se não podem fechar à realidade, faltou analisar todas as implicações da questão.
Claro que Daniel Campelo, que se defende da grande delinquência porque diz que ela vem pela auto-estrada, não podia utilizar o mesmo argumento e vá de dizer que já tinha reunido a propósito com a Mesa da Santa Casa, como responsável pelo único grupo institucional de jovens, ignorando que há outros grupos que se formam e nem todos movidos pela cultura de rua.
A bomba estava no ar e não duvidamos que noutros tempos Abel Batista seria o primeiro a deitar água para a fogueira, ilibando Daniel Campelo de quaisquer propósitos xenófobos e discriminatórios. E se esqueceu outras atitudes tomadas no passado com idênticos objectivos não poderá duvidar que as suas palavras tiveram um efeito aglutinador.
A maioria das pessoas concordará que a nossa solidariedade deve ser nacional, até porque também nós enviamos jovens com problemas idênticos para outras paragens. Não podemos dizer que hoje estão nas Oficinas de S. José jovens que lá não deviam estar por terem nascido noutra região. Podemos é dizer que a Santa Casa não terá condições, instalações, técnicos, vigilantes, se virmos ás coisas só pelo resultado. Cabe à Santa Casa justificar-se.
A verdade é que Daniel Campelo não podia dar ar oficial a um sentimento de rejeição que se propaga na sombra. Um dia, numa entrevista ao canal de TV Porto Canal, disse que era altura de dar uma imagem mais humanista, mas afinal o ambiente político não parece favorável a esse propósito. Será que o bairrismo exacerbado baseado em visões estreitas da realidade ainda dá votos?