A necessidade é um fenómeno com diferentes manifestações em diferentes lugares e que está, na sua globalidade, em contínuo crescimento e em permanente deficit de satisfação. A possibilidade dessa satisfação também está em desenvolvimento mas ocorre a ritmos diferentes e normalmente a posteriori. Claro que a economia, se deixa algumas necessidades por satisfazer, também tem apresentado soluções para outras que ainda se não fizeram sentir e contribui assim para a sua criação. Economia/necessidade é uma luta de irmãos inimigos.
Em termos globais todos caminhamos no sentido do desenvolvimento, endeusamos o consumo e tornamos todo o anti-consumismo limitado e efémero. A economia nem se dedica sequer a questionar esta maneira egoísta de olhar só para a frente, de procurar que tudo se resolva a contento dos consumidores, preocupando-se muito pouco com as consequências que das suas propostas e decisões possam advir para o futuro colectivo.
No geral a economia, por mais empenho que mostre, não satisfaz todas as necessidades existentes, acrescidas das que entretanto e continuamente se vão criando. Atribuímos cada vez mais ao Estado essa responsabilidade derivada da falta de resposta pelos entraves que cria, pelos condicionalismos que estabelece, pelos regulamentos tendenciosos, ou ditos como tal, que estipula.
Mas o Estado tem a sua lógica de prioridades com a qual podemos não concordar, mas que muitas vezes tem a ver com questões fiscais, preservação de recursos, defesa do meio ambiente e outras. O Estado é no geral mais avisado do que nós, que nos esquecemos facilmente das limitações que devemos pôr no desenvolvimento e tudo exigimos, atribuindo as falhas a má vontade do poder.
A economia por si só, livre, não atribui níveis às necessidades. A economia age preferencialmente numa lógica de oportunidade. A rentabilidade, o menor investimento, a existência de recursos, de know-how e de tecnologia disponíveis, a existência de necessidades bastantes, são factores prioritários, que levam a avançar em detrimento doutros possíveis projectos.
Como quase todos os recursos não são ilimitados, se se escolhe a satisfação de um dado tipo de necessidade, vão faltar recursos e em especial fundos financeiros para ocorrer a outro. Num Estado não interventivo, em que imperasse o livre jogo económico nem todas as necessidades seriam satisfeitas ou teriam que o ser em condições incomportáveis para a generalidade das pessoas.
Mas a economia não só não consegue satisfazer todas as necessidades, como deixa de melhorar a satisfação de algumas. Quando uma necessidade deixa de crescer em quantidade, a economia deixa de se preocupar com ela e direcciona-se para outras em que há carências e possibilidade de crescimento. Porém quando há um abandono excessivo, isso pode dar origem a oportunidades para outros produtos e outros produtores.
Se os recursos o permitirem, há um permanente reforço qualitativo que se exerce em relação à satisfação de necessidades antigas e permite criar as tais novas necessidades de que as pessoas no geral não suspeitam antes delas aparecerem. Quem anteveria a revolução na alimentação com o frango de aviário e a carne de suíno? Quem sonharia com umas férias nos trópicos?
A economia só entra em crise quando produz em excesso com uma tecnologia ultrapassada. Quando os agentes económicos temporariamente não encontram mercado para o que inadvertidamente produziram. Ou quando não dominam as técnicas já disponíveis ou não se dotaram de capital suficiente para evoluir para a satisfação de necessidades qualitativamente superiores.
Uma das formas de obstar ao excesso de produção é o típico condicionamento promovido pelos regimes ditatoriais. Mas a economia reage mal, com uma certa paralisia, porque não necessita de evoluir para ter rendimentos garantidos. Os agentes económicos têm que aceitar a concorrência e estar preparados para não serem surpreendidos por ela.
Uma das formas de progredir é antever o fim do ciclo de vida dum produto e investir em investigação e desenvolvimento de maneira a dominar constantemente as tecnologias mais avançadas e actualizar permanentemente as formas e a qualidade da produção. Só assim se mantém a clientela e se conquistam novos mercados.
Para que a economia funcione bem tem que haver um bom conhecimento do homem. Mesmo que o não queira, o homem, o abstracto, da raça que nós somos é um escravo da necessidade absorvente, sem objecto definido. E ainda por cima constrói discursos pretensamente racionais sobre a sua razoável insaciedade.
As tentativas para a construção de uma economia racional, num Estado racional, em que as pessoas se entenderiam racionalmente, redundaram numa economia irracional, num Estado irracional, em que as pessoas agiram das formas mais irracionais que alguma vez se viram ao cimo da terra.
Em termos globais todos caminhamos no sentido do desenvolvimento, endeusamos o consumo e tornamos todo o anti-consumismo limitado e efémero. A economia nem se dedica sequer a questionar esta maneira egoísta de olhar só para a frente, de procurar que tudo se resolva a contento dos consumidores, preocupando-se muito pouco com as consequências que das suas propostas e decisões possam advir para o futuro colectivo.
No geral a economia, por mais empenho que mostre, não satisfaz todas as necessidades existentes, acrescidas das que entretanto e continuamente se vão criando. Atribuímos cada vez mais ao Estado essa responsabilidade derivada da falta de resposta pelos entraves que cria, pelos condicionalismos que estabelece, pelos regulamentos tendenciosos, ou ditos como tal, que estipula.
Mas o Estado tem a sua lógica de prioridades com a qual podemos não concordar, mas que muitas vezes tem a ver com questões fiscais, preservação de recursos, defesa do meio ambiente e outras. O Estado é no geral mais avisado do que nós, que nos esquecemos facilmente das limitações que devemos pôr no desenvolvimento e tudo exigimos, atribuindo as falhas a má vontade do poder.
A economia por si só, livre, não atribui níveis às necessidades. A economia age preferencialmente numa lógica de oportunidade. A rentabilidade, o menor investimento, a existência de recursos, de know-how e de tecnologia disponíveis, a existência de necessidades bastantes, são factores prioritários, que levam a avançar em detrimento doutros possíveis projectos.
Como quase todos os recursos não são ilimitados, se se escolhe a satisfação de um dado tipo de necessidade, vão faltar recursos e em especial fundos financeiros para ocorrer a outro. Num Estado não interventivo, em que imperasse o livre jogo económico nem todas as necessidades seriam satisfeitas ou teriam que o ser em condições incomportáveis para a generalidade das pessoas.
Mas a economia não só não consegue satisfazer todas as necessidades, como deixa de melhorar a satisfação de algumas. Quando uma necessidade deixa de crescer em quantidade, a economia deixa de se preocupar com ela e direcciona-se para outras em que há carências e possibilidade de crescimento. Porém quando há um abandono excessivo, isso pode dar origem a oportunidades para outros produtos e outros produtores.
Se os recursos o permitirem, há um permanente reforço qualitativo que se exerce em relação à satisfação de necessidades antigas e permite criar as tais novas necessidades de que as pessoas no geral não suspeitam antes delas aparecerem. Quem anteveria a revolução na alimentação com o frango de aviário e a carne de suíno? Quem sonharia com umas férias nos trópicos?
A economia só entra em crise quando produz em excesso com uma tecnologia ultrapassada. Quando os agentes económicos temporariamente não encontram mercado para o que inadvertidamente produziram. Ou quando não dominam as técnicas já disponíveis ou não se dotaram de capital suficiente para evoluir para a satisfação de necessidades qualitativamente superiores.
Uma das formas de obstar ao excesso de produção é o típico condicionamento promovido pelos regimes ditatoriais. Mas a economia reage mal, com uma certa paralisia, porque não necessita de evoluir para ter rendimentos garantidos. Os agentes económicos têm que aceitar a concorrência e estar preparados para não serem surpreendidos por ela.
Uma das formas de progredir é antever o fim do ciclo de vida dum produto e investir em investigação e desenvolvimento de maneira a dominar constantemente as tecnologias mais avançadas e actualizar permanentemente as formas e a qualidade da produção. Só assim se mantém a clientela e se conquistam novos mercados.
Para que a economia funcione bem tem que haver um bom conhecimento do homem. Mesmo que o não queira, o homem, o abstracto, da raça que nós somos é um escravo da necessidade absorvente, sem objecto definido. E ainda por cima constrói discursos pretensamente racionais sobre a sua razoável insaciedade.
As tentativas para a construção de uma economia racional, num Estado racional, em que as pessoas se entenderiam racionalmente, redundaram numa economia irracional, num Estado irracional, em que as pessoas agiram das formas mais irracionais que alguma vez se viram ao cimo da terra.
Quando se pensa que basta dar ao homem o pão e a sopa e se luta por isso, logo que tal seja conseguido o homem passa a ter necessidade de presigo e vinho. Numa etapa seguinte virá a indispensabilidade da sobremesa e do café e assim sucessivamente.
Claro que isto tem que ter um fim antes que se esgotem todos os recursos disponíveis e para isso há algo que não actua sempre mas tem que vir ao de cima: o bom senso.