Nunca como hoje tinha sido dada à família a oportunidade de preparar os seus filhos para o futuro com base na sua aquisição de conhecimento. De forma formal ou informal, práticas e experiências foram durante séculos o modelo base do ensino para a maioria da população, mesmo os mais favorecidos.
Do antigo regime herdamos o ensino comercial e industrial que pretendia que as pessoas fizessem a sua preparação para o mundo do trabalho sem ser no escritório ou na fábrica, como noutros tempos. Com base numa suposta descriminação, esse tipo de ensino foi posto de lado e a tentativa de o recuperar não tem infelizmente sido sempre bem sucedida.
Digo infelizmente mas terei que ressalvar ser contra a opinião daqueles que viam neste sistema a melhor maneira de defenderem o imobilismo classicista, de reproduzir incessantemente, numa lógica corporativa, a mesma estratificação social. As virtualidades do sistema podem e deviam ser exploradas noutro sentido, permitindo, à semelhança doutros sistemas, a mobilidade social.
Não investindo nisto, tem-se reduzido todo o ensino ao dito teórico, muito mais difícil de adaptar às necessidades do mundo do trabalho. Como se compreende é necessário transmitir conhecimentos muito vastos para que os alunos na vida prática venham a aproveitar alguns, o que será quase sempre numa pequena percentagem, e os saibam escolher e complementar.
Não será uma perca, mesmo partindo do pressuposto que todo o saber transmitido tem alguma utilidade no sentido da obtenção por todos de uma cultura geral semelhante? Na verdade há um saber essencial muito mais reduzido e eficaz para que os seus possuidores o usem como instrumento sempre que queiram aprofundar conhecimentos num ramo do saber em que são ignorantes.
O saber tão actual quanto possível e as armas intelectuais que o façam progredir num dado ramo do saber deve ser dado a quem já está na prática seguro de que é com a sua utilização que irá estruturar a sua vida futura, em termos práticos, que terá emprego próprio ou alheio. Fica com a sua empregabilidade garantida. Caso contrário só dá para criar frustração e dispêndio inútil.
Os teóricos e investigadores têm que ver as coisas na sua universalidade e intemporalidade, fazer esforços colossais para desbravar caminhos, devem estar preparados para nada conseguir ou para o sucesso repentino. Mas são sempre uma minoria que vive um mundo à parte, com a sua lógica própria e recompensas adequadas, preferencialmente intelectuais.
Alguém tem que fazer a redução do saber teórico ao saber prático para que este se aplique sem o apoio da própria prática. Existem condições tecnológicas e condições locais ou nacionais que recomendam que se sigam determinadas orientações. Mas é a valorização económica que acaba por ser preponderante nessa escolha. E afinal deve-o ser, se o que está em causa é a obtenção de um emprego no tecido económico circundante.
Os técnicos colocam o saber à disposição dos que o vão transmitir. Na realidade nenhum saber é verdadeiro se não for transmissível. Por outro lado são os professores as pessoas encarregues de o fazer. Nenhum ensino é válido se os alunos não estão preparados para o receber ou se não transmite devidamente o ensino mais apropriado.
Além do próprio sistema de ensino, os professores, cada um em particular, pode ser decisivo no sucesso escolar dos seus alunos. No geral, se as explicações têm sucesso é porque, quando os professores se preocupam com aquela parte do ensino essencial para obter bons resultados, estes aparecem. Ou então o explicador não vale nada.
O professor normal, que dá aulas normais, recebe porém solicitações muito diferentes daquelas que se fazem a um explicador. Na realidade ele é limitado por resistências e excessos derivados do ambiente escolar, além do seu próprio ambiente e convicções. O ambiente escolar é determinado pela acção dos governos, dos sindicatos, dos grupos informais de alunos e professores, do ambiente social circundante.
O professor sentir-se-á sempre responsável e pronto a corresponder ao que socialmente lhe é pedido. Um dos problemas é determinar a quem há-de respeitar, tantos são os patrões que se lhe deparam. Um dos problemas a resolver é mesmo o da autoridade, também disciplinar, mas essencialmente pedagógica.
De certo que à escola se não pode pedir mais do que ela é capaz de dar. A autoridade se se constrói na família não pode falhar logo nela, como tantas vezes acontece. No entanto a escola é demasiado permissiva aos problemas exteriores, a interferências políticas ou pelo menos da política. Esta intervenção da política tornou-se já quase um problema de cultura difícil de erradicar.
Também muitos professores se deixam contaminar por aquela política brejeira que tem resposta imediata para tudo. Mesmo quando se não querem envolver demasiado também eles transmitem displicentemente alguma da cultura de rua. Num local em que a análise devia ser privilegiada é uma síntese pseudo-científica e tendenciosa que impera.
Do antigo regime herdamos o ensino comercial e industrial que pretendia que as pessoas fizessem a sua preparação para o mundo do trabalho sem ser no escritório ou na fábrica, como noutros tempos. Com base numa suposta descriminação, esse tipo de ensino foi posto de lado e a tentativa de o recuperar não tem infelizmente sido sempre bem sucedida.
Digo infelizmente mas terei que ressalvar ser contra a opinião daqueles que viam neste sistema a melhor maneira de defenderem o imobilismo classicista, de reproduzir incessantemente, numa lógica corporativa, a mesma estratificação social. As virtualidades do sistema podem e deviam ser exploradas noutro sentido, permitindo, à semelhança doutros sistemas, a mobilidade social.
Não investindo nisto, tem-se reduzido todo o ensino ao dito teórico, muito mais difícil de adaptar às necessidades do mundo do trabalho. Como se compreende é necessário transmitir conhecimentos muito vastos para que os alunos na vida prática venham a aproveitar alguns, o que será quase sempre numa pequena percentagem, e os saibam escolher e complementar.
Não será uma perca, mesmo partindo do pressuposto que todo o saber transmitido tem alguma utilidade no sentido da obtenção por todos de uma cultura geral semelhante? Na verdade há um saber essencial muito mais reduzido e eficaz para que os seus possuidores o usem como instrumento sempre que queiram aprofundar conhecimentos num ramo do saber em que são ignorantes.
O saber tão actual quanto possível e as armas intelectuais que o façam progredir num dado ramo do saber deve ser dado a quem já está na prática seguro de que é com a sua utilização que irá estruturar a sua vida futura, em termos práticos, que terá emprego próprio ou alheio. Fica com a sua empregabilidade garantida. Caso contrário só dá para criar frustração e dispêndio inútil.
Os teóricos e investigadores têm que ver as coisas na sua universalidade e intemporalidade, fazer esforços colossais para desbravar caminhos, devem estar preparados para nada conseguir ou para o sucesso repentino. Mas são sempre uma minoria que vive um mundo à parte, com a sua lógica própria e recompensas adequadas, preferencialmente intelectuais.
Alguém tem que fazer a redução do saber teórico ao saber prático para que este se aplique sem o apoio da própria prática. Existem condições tecnológicas e condições locais ou nacionais que recomendam que se sigam determinadas orientações. Mas é a valorização económica que acaba por ser preponderante nessa escolha. E afinal deve-o ser, se o que está em causa é a obtenção de um emprego no tecido económico circundante.
Os técnicos colocam o saber à disposição dos que o vão transmitir. Na realidade nenhum saber é verdadeiro se não for transmissível. Por outro lado são os professores as pessoas encarregues de o fazer. Nenhum ensino é válido se os alunos não estão preparados para o receber ou se não transmite devidamente o ensino mais apropriado.
Além do próprio sistema de ensino, os professores, cada um em particular, pode ser decisivo no sucesso escolar dos seus alunos. No geral, se as explicações têm sucesso é porque, quando os professores se preocupam com aquela parte do ensino essencial para obter bons resultados, estes aparecem. Ou então o explicador não vale nada.
O professor normal, que dá aulas normais, recebe porém solicitações muito diferentes daquelas que se fazem a um explicador. Na realidade ele é limitado por resistências e excessos derivados do ambiente escolar, além do seu próprio ambiente e convicções. O ambiente escolar é determinado pela acção dos governos, dos sindicatos, dos grupos informais de alunos e professores, do ambiente social circundante.
O professor sentir-se-á sempre responsável e pronto a corresponder ao que socialmente lhe é pedido. Um dos problemas é determinar a quem há-de respeitar, tantos são os patrões que se lhe deparam. Um dos problemas a resolver é mesmo o da autoridade, também disciplinar, mas essencialmente pedagógica.
De certo que à escola se não pode pedir mais do que ela é capaz de dar. A autoridade se se constrói na família não pode falhar logo nela, como tantas vezes acontece. No entanto a escola é demasiado permissiva aos problemas exteriores, a interferências políticas ou pelo menos da política. Esta intervenção da política tornou-se já quase um problema de cultura difícil de erradicar.
Também muitos professores se deixam contaminar por aquela política brejeira que tem resposta imediata para tudo. Mesmo quando se não querem envolver demasiado também eles transmitem displicentemente alguma da cultura de rua. Num local em que a análise devia ser privilegiada é uma síntese pseudo-científica e tendenciosa que impera.
Contrariamente ao que se pretendia com o sistema escolar único e o fim do ensino prático, e devido ao ambiente cultural que nelas se vive, as escolas servem para potenciar as desigualdades sociais, para agravar os problemas oriundos da família, para a constituição de grupos informais de alunos que transmitem culturas anti-sociais, porque a escola não constrói barreiras intelectuais a isso.