Um assunto incontornável nos dias de hoje é a política e no seu contexto a economia e a finança. Se a toda a hora é necessário assumir decisões definitivas e algumas irreversíveis, estamos num momento particularmente sobrecarregado de decisões importantes. Umas já estão tomadas, tornaram-se inadiáveis antes que fossemos chamados a votar. Agora uns dizem que temos pouco a decidir, outros, em clara minoria, dirão que ainda há muito a decidir, muita responsabilidade que nos cabe a nós suportar sobre os ombros. Assumamo-la!
Há algo de dramático na situação actual. A maioria de nós desconhecia até há pouco a quantidade de soberania que nós já tínhamos transferido para instâncias exteriores, supranacionais, sobre as quais o nosso controle é diminuto, quando muito corresponde à nossa muito pequena dimensão relativa. Em especial desde que aderimos ao Euro perdemos a nossa capacidade de ter uma política cambial que possamos conciliar com o estado da nossa economia. E se a soberania pertence a outros vemo-los a uma distância, com uma sobranceria que nos exaspera e revolta. É uma soberania pouco participada.
Achamo-nos com direito a uma solidariedade que nos não é dada. Se nos emprestam dinheiro é a um juro excessivo. Também os outros países têm de ir ao mercado financiar-se para nos ceder liquidez e ainda por cima querem ter lucro. Parece que esta Europa que está à nossa frente é uma construção amadora, feita ao sabor de interesses mesquinhos e não com a elevação da solidariedade, com o desprendimento dos interesses egoístas e usurários. Somos demasiado pequenos para fazer vencer regras que não sejam o prolongamento da rapina de que há séculos somos vitimas.
Se a constatação das falhas da construção europeia já não é suficiente para arrepiarmos caminhos na fase em que nos encontramos, deve servir para nossa orientação futura, mas não como desresponsabilizante das decisões que ainda somos chamados a tomar. Não podemos começar tudo do nada. O futuro começa já hoje e inevitavelmente vai ter muito do passado. Aliás no passado, em particular no mais próximo, há decerto bastante coisa de bom. Perante a incógnita do futuro temos mesmo que assumir resoluções mais de carácter defensivo do que de carácter construtivo. Porém tal não nos deve coibir de tomarmos parte na definição e implementação de todas as medidas que a governação impõe.
Muitas das estruturas que julgávamos sólidas, mercê da especulação do capital, começaram a derrocar. Porém elas ainda têm muitos defensores e pessoas empenhadas em colmatar as brechas abertas. A extrema-esquerda, que terá sonhado ver o fim do capitalismo a propósito deste gravíssimo percalço, terá perdido já a esperança em que tal aconteça. A extrema-direita que em Portugal está incrustada nos dois partidos da direita tradicional ainda não terá abandonado as suas expectativas de utilizar este percalço como oportunidade para destruir o que resta do sonho socialista.
A perca de soberania para o domínio dos Estados fortes da Europa tem sido aproveitada para nos quererem impor soluções pretensamente consensuais, mas que não são mais do que um descarado favorecimento do capital, do caseiro, mas também por arrastamento do clandestino e apátrida. Já muito nos têm incutido no nosso modo de viver e de nos relacionarmos. Porém a muito mais nos querem obrigar. Neste caso até se pode dizer (sem confusões pela forma de expressão) que existem cá mais papistas que o Papa. Muitos até querem dar à Europa lições da forma como se deve governar à direita.
Há quem diga que a direita tem hoje um líder inexperiente e pouco perspicaz. Porém há quem pense que esta estratégia de lançamento de propostas desgarradas, de balões de ensaio, se enquadra num propósito de testar o estado de espírito da população em geral. Estaremos nós dispostos a pôr em causa praticamente tudo aquilo que se construiu ou faremos uma barragem capaz de suster a saga destruidora das extremas do nosso espectro político? Também é isto que vai estar em causa nas próximas eleições.
Muitos dirão que o que há a defender é pouco e temos a extrema-esquerda, outros dirão que o que existe é demais e pouco sustentável e temos a extrema-direita. Decerto que alguma razão residual poderá ser atribuída a estas posições extremas. Porém não é este tipo de argumentos marginais que devem sobressair no nosso raciocínio quando nos debruçamos sobre este estado de crise em que quase permanentemente caímos. Ainda temos muito a defender e muita margem para corrigir anomalias e alicerçar uma base capaz de assegurar a construção de um futuro mais solidário.
No fundo o grande argumento da direita nacional é a falta de sustentabilidade do actual modelo social. A solução que a direita defende passa por haver um sector social constituído pelos economicamente dependentes, sobre os quais cairia uma regulamentação pormenorizada e limitativa, e por haver um outro sector social constituído pelos economicamente livres, a quem seria dada a faculdade de definirem a sua própria forma de se inserirem na sociedade e de contribuírem para o equilíbrio e coesão social. Regressaríamos aos tempos em que era impossível ascender socialmente.
A direita sempre utilizou os inimigos externos para justificar a sua política de subjugação dos sectores mais fracos da população. Hoje os inimigos externos, chamemos assim por facilidade de linguagem, estão do lado dessa direita. Ou pelo menos a direita nacional utiliza-os como aliados. Para a direita os melhores amigos são aqueles que nos fazem exigências desmesuradas, sem olhar à génese e à evolução dos problemas. A direita fez tudo no últimos anos para que viéssemos a soçobrar às dificuldades trazidas pelas crises internacionais, pelo desregulamento europeu, pela ganância capitalista. Vamos premiar uma direita que bateu palmas ao naufrágio de que fomos vítimas e que foi causado pelos nossos inimigos?
Há algo de dramático na situação actual. A maioria de nós desconhecia até há pouco a quantidade de soberania que nós já tínhamos transferido para instâncias exteriores, supranacionais, sobre as quais o nosso controle é diminuto, quando muito corresponde à nossa muito pequena dimensão relativa. Em especial desde que aderimos ao Euro perdemos a nossa capacidade de ter uma política cambial que possamos conciliar com o estado da nossa economia. E se a soberania pertence a outros vemo-los a uma distância, com uma sobranceria que nos exaspera e revolta. É uma soberania pouco participada.
Achamo-nos com direito a uma solidariedade que nos não é dada. Se nos emprestam dinheiro é a um juro excessivo. Também os outros países têm de ir ao mercado financiar-se para nos ceder liquidez e ainda por cima querem ter lucro. Parece que esta Europa que está à nossa frente é uma construção amadora, feita ao sabor de interesses mesquinhos e não com a elevação da solidariedade, com o desprendimento dos interesses egoístas e usurários. Somos demasiado pequenos para fazer vencer regras que não sejam o prolongamento da rapina de que há séculos somos vitimas.
Se a constatação das falhas da construção europeia já não é suficiente para arrepiarmos caminhos na fase em que nos encontramos, deve servir para nossa orientação futura, mas não como desresponsabilizante das decisões que ainda somos chamados a tomar. Não podemos começar tudo do nada. O futuro começa já hoje e inevitavelmente vai ter muito do passado. Aliás no passado, em particular no mais próximo, há decerto bastante coisa de bom. Perante a incógnita do futuro temos mesmo que assumir resoluções mais de carácter defensivo do que de carácter construtivo. Porém tal não nos deve coibir de tomarmos parte na definição e implementação de todas as medidas que a governação impõe.
Muitas das estruturas que julgávamos sólidas, mercê da especulação do capital, começaram a derrocar. Porém elas ainda têm muitos defensores e pessoas empenhadas em colmatar as brechas abertas. A extrema-esquerda, que terá sonhado ver o fim do capitalismo a propósito deste gravíssimo percalço, terá perdido já a esperança em que tal aconteça. A extrema-direita que em Portugal está incrustada nos dois partidos da direita tradicional ainda não terá abandonado as suas expectativas de utilizar este percalço como oportunidade para destruir o que resta do sonho socialista.
A perca de soberania para o domínio dos Estados fortes da Europa tem sido aproveitada para nos quererem impor soluções pretensamente consensuais, mas que não são mais do que um descarado favorecimento do capital, do caseiro, mas também por arrastamento do clandestino e apátrida. Já muito nos têm incutido no nosso modo de viver e de nos relacionarmos. Porém a muito mais nos querem obrigar. Neste caso até se pode dizer (sem confusões pela forma de expressão) que existem cá mais papistas que o Papa. Muitos até querem dar à Europa lições da forma como se deve governar à direita.
Há quem diga que a direita tem hoje um líder inexperiente e pouco perspicaz. Porém há quem pense que esta estratégia de lançamento de propostas desgarradas, de balões de ensaio, se enquadra num propósito de testar o estado de espírito da população em geral. Estaremos nós dispostos a pôr em causa praticamente tudo aquilo que se construiu ou faremos uma barragem capaz de suster a saga destruidora das extremas do nosso espectro político? Também é isto que vai estar em causa nas próximas eleições.
Muitos dirão que o que há a defender é pouco e temos a extrema-esquerda, outros dirão que o que existe é demais e pouco sustentável e temos a extrema-direita. Decerto que alguma razão residual poderá ser atribuída a estas posições extremas. Porém não é este tipo de argumentos marginais que devem sobressair no nosso raciocínio quando nos debruçamos sobre este estado de crise em que quase permanentemente caímos. Ainda temos muito a defender e muita margem para corrigir anomalias e alicerçar uma base capaz de assegurar a construção de um futuro mais solidário.
No fundo o grande argumento da direita nacional é a falta de sustentabilidade do actual modelo social. A solução que a direita defende passa por haver um sector social constituído pelos economicamente dependentes, sobre os quais cairia uma regulamentação pormenorizada e limitativa, e por haver um outro sector social constituído pelos economicamente livres, a quem seria dada a faculdade de definirem a sua própria forma de se inserirem na sociedade e de contribuírem para o equilíbrio e coesão social. Regressaríamos aos tempos em que era impossível ascender socialmente.
A direita sempre utilizou os inimigos externos para justificar a sua política de subjugação dos sectores mais fracos da população. Hoje os inimigos externos, chamemos assim por facilidade de linguagem, estão do lado dessa direita. Ou pelo menos a direita nacional utiliza-os como aliados. Para a direita os melhores amigos são aqueles que nos fazem exigências desmesuradas, sem olhar à génese e à evolução dos problemas. A direita fez tudo no últimos anos para que viéssemos a soçobrar às dificuldades trazidas pelas crises internacionais, pelo desregulamento europeu, pela ganância capitalista. Vamos premiar uma direita que bateu palmas ao naufrágio de que fomos vítimas e que foi causado pelos nossos inimigos?
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