A alteração do discurso ocorre sempre por imperativo da realidade. O discurso tenta acompanhar, pretende adequar ou simplesmente justificar as novas realidades nos enquadramentos em que nos movemos, em que vivemos. Quando são necessários novos balizamentos para compreender a realidade emergente dizemos tão-somente que começou novo ciclo ou que o ciclo político tem que acompanhar o ciclo económico. Então impõe-se um discurso novo. Nem sempre um discurso positivo numa situação degradada merece ser apoiado.
A situação de dependência do País em relação ao exterior vinha sendo denunciada há muito pelas pessoas que se não deixavam iludir pela aparente calma do mar em que nós navegamos. Porém tal situação só se tornaria visível aos olhos de muitos na Primavera de 2010. Tornou-se então irreversível o aprofundamento da crise, isto é, adquiriu-se a consciência quase generalizada de que não tínhamos meios para enfrentar tal estado de coisas. Já não era possível esconder o pessimismo.
Hoje temos ainda menos meios, a pressão exterior é maior, já quase se institucionalizou uma situação de dependência quase absoluta de decisões externas. Só é problemático saber o grau dessa dependência. Se a soberania se define pelo facto de o seu grau de abrangência ser imensamente superior ao grau do nosso contributo para ela, então a soberania que transferimos para a Europa deixa-nos a uma distância enorme dos centros de decisão.
Houve uma redução imensa do nosso poder, até mesmo da nossa capacidade de influência sobre os centros de decisão nos quais se baliza o nosso futuro. Viver neste enquadramento é difícil, gerir um País nestas condições é extremamente doloroso, cansativo, inglório mesmo. Não faltará porém gente a querer a vã glória de ter o poder, já só algum do poder que outrora tivemos, mas suficiente para levar a ambicionar e competir pela sua conquista. Sempre temos de agradecer por isso, por haver tanta gente a querer ocupar cargo tão ingrato.
Hoje é fácil demitirmo-nos das nossas poucas responsabilidades. É fácil dizermos que quem criou os problemas que os resolva, pese embora se vá generalizando a convicção que todos contribuímos, em pouco que fosse, para eles. Mas há sempre uns mais responsáveis do que outros e ninguém quer estar na primeira linha porque é lá onde em primeiro lugar chegam os ataques. Há sempre alguma cobardia em quem diz nada ter com isto. E não haverá qualquer dúvida que é necessária alguma valentia para que quem está preparado para tal se propunha assumir essa primeira linha.
Será por via da nossa impotência que descobriremos a gravidade dos problemas que nos afligem. Desde logo porque mais difícil do que pagar a dívida é pagar os juros usurários que nos impuseram. Desde logo porque veremos a discrepância entre algumas das medidas que nos são impostas e os problemas que pretensamente elas visariam resolver. Entregar mais sectores da nossa economia ao capital sem rosto e sem misericórdia é caminhar na via de um suicídio colectivo.
Quando não estamos em condições de poder exigir grandes comiserações, grandes condescendências com a nossa forma simplória de resolver as questões, acabamos por ter de aceitar pacotes que, se trazem muitas medidas acertadas, também incluem bombas a explodir programadamente e de efeito nefasto. Se é verdade que o problema tem muitas vertentes, se há muitas causas a contribuir para o desequilíbrio das finanças do Estado e das contas exteriores, não é menos verdade que a causa principal é o declínio da nossa produção.
Será pela vertente produtiva que a nossa contribuição individual e associativa mais poderá ter um efeito benéfico. Teremos que vencer a nossa apatia com inovação, empreendorismo e com o reforço da nossa disponibilidade para trabalhar em conjunto, facto que não está nos nossos hábitos pela nossa desconfiança e manhosice crónicas. O problema é que o Estado só consegue suavizar as dificuldades que se deparam á entrada, já não tem qualquer intervenção a jusante, na criação de mercados para a nossa eventual produção.
Pede-se também ao Estado que facilite a instalação de investidores estrangeiros. Essa seria mesmo essencial para podermos aumentar a produção. Se muitas pessoas já estão por tudo, não haverá dúvidas que necessitamos de defender a dignidade dos nossos trabalhadores que muitos estarão na disposição de a atingir. Não podemos esquecer que nos dias de hoje o capital não tem rosto. Se há humanidade em muitas empresas, noutras impera o desrespeito mais sórdido e rapace.
Ninguém apoiará quem não for capaz de manifestar alguma capacidade de inverter a actual situação. Muito menos terá apoio quem à partida se manifeste impotente. Todos queremos o realismo, mas não prescindimos de algum sonho. Haverá formas diferentes de sonhar, porém vence sempre a forma mais acessível, digamos mais simples e directa. Não será por este motivo que nos podemos eximir a participar neste sonho de nos vermos livres desta situação ingrata. Será bom para todos que o sonho consiga sobreviver o mais possível sem que se pretenda que é necessário prescindir doutros. para que esse sonho seja possível.
A situação de dependência do País em relação ao exterior vinha sendo denunciada há muito pelas pessoas que se não deixavam iludir pela aparente calma do mar em que nós navegamos. Porém tal situação só se tornaria visível aos olhos de muitos na Primavera de 2010. Tornou-se então irreversível o aprofundamento da crise, isto é, adquiriu-se a consciência quase generalizada de que não tínhamos meios para enfrentar tal estado de coisas. Já não era possível esconder o pessimismo.
Hoje temos ainda menos meios, a pressão exterior é maior, já quase se institucionalizou uma situação de dependência quase absoluta de decisões externas. Só é problemático saber o grau dessa dependência. Se a soberania se define pelo facto de o seu grau de abrangência ser imensamente superior ao grau do nosso contributo para ela, então a soberania que transferimos para a Europa deixa-nos a uma distância enorme dos centros de decisão.
Houve uma redução imensa do nosso poder, até mesmo da nossa capacidade de influência sobre os centros de decisão nos quais se baliza o nosso futuro. Viver neste enquadramento é difícil, gerir um País nestas condições é extremamente doloroso, cansativo, inglório mesmo. Não faltará porém gente a querer a vã glória de ter o poder, já só algum do poder que outrora tivemos, mas suficiente para levar a ambicionar e competir pela sua conquista. Sempre temos de agradecer por isso, por haver tanta gente a querer ocupar cargo tão ingrato.
Hoje é fácil demitirmo-nos das nossas poucas responsabilidades. É fácil dizermos que quem criou os problemas que os resolva, pese embora se vá generalizando a convicção que todos contribuímos, em pouco que fosse, para eles. Mas há sempre uns mais responsáveis do que outros e ninguém quer estar na primeira linha porque é lá onde em primeiro lugar chegam os ataques. Há sempre alguma cobardia em quem diz nada ter com isto. E não haverá qualquer dúvida que é necessária alguma valentia para que quem está preparado para tal se propunha assumir essa primeira linha.
Será por via da nossa impotência que descobriremos a gravidade dos problemas que nos afligem. Desde logo porque mais difícil do que pagar a dívida é pagar os juros usurários que nos impuseram. Desde logo porque veremos a discrepância entre algumas das medidas que nos são impostas e os problemas que pretensamente elas visariam resolver. Entregar mais sectores da nossa economia ao capital sem rosto e sem misericórdia é caminhar na via de um suicídio colectivo.
Quando não estamos em condições de poder exigir grandes comiserações, grandes condescendências com a nossa forma simplória de resolver as questões, acabamos por ter de aceitar pacotes que, se trazem muitas medidas acertadas, também incluem bombas a explodir programadamente e de efeito nefasto. Se é verdade que o problema tem muitas vertentes, se há muitas causas a contribuir para o desequilíbrio das finanças do Estado e das contas exteriores, não é menos verdade que a causa principal é o declínio da nossa produção.
Será pela vertente produtiva que a nossa contribuição individual e associativa mais poderá ter um efeito benéfico. Teremos que vencer a nossa apatia com inovação, empreendorismo e com o reforço da nossa disponibilidade para trabalhar em conjunto, facto que não está nos nossos hábitos pela nossa desconfiança e manhosice crónicas. O problema é que o Estado só consegue suavizar as dificuldades que se deparam á entrada, já não tem qualquer intervenção a jusante, na criação de mercados para a nossa eventual produção.
Pede-se também ao Estado que facilite a instalação de investidores estrangeiros. Essa seria mesmo essencial para podermos aumentar a produção. Se muitas pessoas já estão por tudo, não haverá dúvidas que necessitamos de defender a dignidade dos nossos trabalhadores que muitos estarão na disposição de a atingir. Não podemos esquecer que nos dias de hoje o capital não tem rosto. Se há humanidade em muitas empresas, noutras impera o desrespeito mais sórdido e rapace.
Ninguém apoiará quem não for capaz de manifestar alguma capacidade de inverter a actual situação. Muito menos terá apoio quem à partida se manifeste impotente. Todos queremos o realismo, mas não prescindimos de algum sonho. Haverá formas diferentes de sonhar, porém vence sempre a forma mais acessível, digamos mais simples e directa. Não será por este motivo que nos podemos eximir a participar neste sonho de nos vermos livres desta situação ingrata. Será bom para todos que o sonho consiga sobreviver o mais possível sem que se pretenda que é necessário prescindir doutros. para que esse sonho seja possível.
Sem comentários:
Enviar um comentário