A meritória iniciativa do “Jornal Alpiarcense” de abertura das suas páginas a colaborações com “textos exclusivos” terá começado da pior maneira. Debitar textos parece ser obrigação dos políticos e dos candidatos a tais, porque na verdade anda aí imensa gente de que se não conhecem as ideias. É bom que a Imprensa Regional também publique textos políticos, o problema estará sempre na originalidade, que talvez seja mais necessária nesta Imprensa do que na que tem carácter Nacional.
A escrita é a melhor forma de apurar uma linha de pensamento para políticos e não políticos. Na minha perspectiva é louvável, mas também profundamente saudável escrever, escrever para iluminar o nosso caminho e, se formos capazes disso, de iluminar o caminho dos outros. Parto do princípio de que, se eu souber por onde vou, os outros poderão ganhar algo com isso. Infelizmente sabemos que não é bem isto com que os políticos se preocupam, raramente caminham do pensamento para a acção.
Os políticos seguem antes e preferencialmente o caminho inverso. Partem das necessidades da acção para o pensamento, isto é, procuram justificações da sua acção em argumentos bebidos na realidade de hoje. Vendo a realidade nesta perspectiva, digamos que defensiva, a ninguém se pode impor que produza uma argumentação original que tenha pensamento inéditos, que não copie aqui e ali frases que já foram proferidas por outras pessoas no contexto ou em contextos similares.
Porém não é admissível que alguém, para dar forma a um texto pretensamente inédito e até exclusivo, copie parágrafos completos de três eminentes pensadores públicos, Cardeal José Policarpo, Adriano Moreira e Jornalista Teresa de Sousa, sem os citar expressamente. Tal abuso revelado pelo Jornal de Notícias em 18 de Novembro de 2010 e ainda não justificado pela sua autora Teresa Freitas, é mais grave ainda porque no texto em causa são plágio o titulo e nove dos seus dez parágrafos. Para salvar o carácter original temos somente o arranjo e o parágrafo final.
A autora terá o mérito de se ter esforçado por tirar conclusões de uma amálgama de excertos colados ao desbarato, sem um fio condutor. Mas não é isso que se impõe nestes tempos difíceis, não chega dar sinais de vida, dizer que se está presente e atento à opinião dos outros. Em relação aos políticos, e é de uma política que se trata, tem que se exigir muito mais. Não chegava fazer aquilo que a Senhora fez, juntar num puzzle afirmações avulsas, mesmo que as tivesse identificado, como era devido. É necessário que se dê consistência às nossas próprias opiniões, para sermos nós a responder por elas.
Escrever por obrigação é decerto uma violência a que se não deve submeter ninguém, sob pena destes resultados. Mesmo um convite para escrever pode ser uma forma de coação sobre alguém. Por seu lado uma recusa de publicação podia ser mal interpretada. A culpa será em última instância da Escola, é aí que ainda é possível esticar as orelhas a alguém. Porém a Escola demite-se da sua função de ensinar a escrever porque infelizmente a maioria dos professores nem sequer está em condições de exigir tal tarefa a eles mesmos.
Reconheço que exagerei na última afirmação. Mas como todos nós nos sentimos bem a distribuir culpas, é a culpa que nos realiza, deixei ficar esta no texto e vamos lá dar também muitas culpas ao aparelho educativo que vai sobrevivendo Ministério após Ministério. As pessoas gostam que nós nos refiramos a estas Entidades um pouco abstractas, mesmo que saibamos bem que quem as constitui são pessoas concretas e que, pelo menos é o que se presume, tenham tarefas concretas a desempenhar.
Não vou dar aqui uma qualquer solução para o problema, o melhor é deixar a culpa solteira. Há areia dentro da máquina, quem a vai lançando e a quem interessa que ela esteja sempre emperrada fica para outra abordagem. Há alguém, não sei quem, que não se preocupa minimamente em que os alunos venham a sair da Escola sem saberem utilizar a escrita como o instrumento mais eficaz para nos ajudar, não só a memorizar, mas essencialmente a aferir a qualidade do nosso pensamento.
A boa escrita sob o ponto de vista formal será uma parte do caminho que é necessário percorrer para nos pôr a transmitir correctamente as nossas ideias, mas também para nos entendermos correctamente connosco mesmos. Porém também é necessário percorrer o resto do caminho sob pena se estarmos a construir um edifício intelectual estéril, bom para nos auto-justificarmos, mas incapaz de nos permitir respirar fora dos contextos que nós somos pródigos a construir no mundo imaginário com que sempre nos cercamos.
Temos que desconfiar da escrita que sobrevoa a realidade, sendo que não são a referências a casos concretos, tão do agrado de certos políticos, que tornam o discurso mais credível. Também não nos podemos convencer que são as trivialidades que nos permitem que comuniquemos com os outros e que consigamos assim manter uma leitura plausível da realidade. Esta é demasiado dura para os instrumentos mentais com que dotamos a nossa juventude. A tarefa da Escola só pode ser esta: de dotar o intelecto de métodos sérios de trabalho, não permitindo que nos andemos a copiar uns aos outros. A pedra parte-se na Escola. Não podemos utilizar a Escola só para aprender a copiar.
A escrita é a melhor forma de apurar uma linha de pensamento para políticos e não políticos. Na minha perspectiva é louvável, mas também profundamente saudável escrever, escrever para iluminar o nosso caminho e, se formos capazes disso, de iluminar o caminho dos outros. Parto do princípio de que, se eu souber por onde vou, os outros poderão ganhar algo com isso. Infelizmente sabemos que não é bem isto com que os políticos se preocupam, raramente caminham do pensamento para a acção.
Os políticos seguem antes e preferencialmente o caminho inverso. Partem das necessidades da acção para o pensamento, isto é, procuram justificações da sua acção em argumentos bebidos na realidade de hoje. Vendo a realidade nesta perspectiva, digamos que defensiva, a ninguém se pode impor que produza uma argumentação original que tenha pensamento inéditos, que não copie aqui e ali frases que já foram proferidas por outras pessoas no contexto ou em contextos similares.
Porém não é admissível que alguém, para dar forma a um texto pretensamente inédito e até exclusivo, copie parágrafos completos de três eminentes pensadores públicos, Cardeal José Policarpo, Adriano Moreira e Jornalista Teresa de Sousa, sem os citar expressamente. Tal abuso revelado pelo Jornal de Notícias em 18 de Novembro de 2010 e ainda não justificado pela sua autora Teresa Freitas, é mais grave ainda porque no texto em causa são plágio o titulo e nove dos seus dez parágrafos. Para salvar o carácter original temos somente o arranjo e o parágrafo final.
A autora terá o mérito de se ter esforçado por tirar conclusões de uma amálgama de excertos colados ao desbarato, sem um fio condutor. Mas não é isso que se impõe nestes tempos difíceis, não chega dar sinais de vida, dizer que se está presente e atento à opinião dos outros. Em relação aos políticos, e é de uma política que se trata, tem que se exigir muito mais. Não chegava fazer aquilo que a Senhora fez, juntar num puzzle afirmações avulsas, mesmo que as tivesse identificado, como era devido. É necessário que se dê consistência às nossas próprias opiniões, para sermos nós a responder por elas.
Escrever por obrigação é decerto uma violência a que se não deve submeter ninguém, sob pena destes resultados. Mesmo um convite para escrever pode ser uma forma de coação sobre alguém. Por seu lado uma recusa de publicação podia ser mal interpretada. A culpa será em última instância da Escola, é aí que ainda é possível esticar as orelhas a alguém. Porém a Escola demite-se da sua função de ensinar a escrever porque infelizmente a maioria dos professores nem sequer está em condições de exigir tal tarefa a eles mesmos.
Reconheço que exagerei na última afirmação. Mas como todos nós nos sentimos bem a distribuir culpas, é a culpa que nos realiza, deixei ficar esta no texto e vamos lá dar também muitas culpas ao aparelho educativo que vai sobrevivendo Ministério após Ministério. As pessoas gostam que nós nos refiramos a estas Entidades um pouco abstractas, mesmo que saibamos bem que quem as constitui são pessoas concretas e que, pelo menos é o que se presume, tenham tarefas concretas a desempenhar.
Não vou dar aqui uma qualquer solução para o problema, o melhor é deixar a culpa solteira. Há areia dentro da máquina, quem a vai lançando e a quem interessa que ela esteja sempre emperrada fica para outra abordagem. Há alguém, não sei quem, que não se preocupa minimamente em que os alunos venham a sair da Escola sem saberem utilizar a escrita como o instrumento mais eficaz para nos ajudar, não só a memorizar, mas essencialmente a aferir a qualidade do nosso pensamento.
A boa escrita sob o ponto de vista formal será uma parte do caminho que é necessário percorrer para nos pôr a transmitir correctamente as nossas ideias, mas também para nos entendermos correctamente connosco mesmos. Porém também é necessário percorrer o resto do caminho sob pena se estarmos a construir um edifício intelectual estéril, bom para nos auto-justificarmos, mas incapaz de nos permitir respirar fora dos contextos que nós somos pródigos a construir no mundo imaginário com que sempre nos cercamos.
Temos que desconfiar da escrita que sobrevoa a realidade, sendo que não são a referências a casos concretos, tão do agrado de certos políticos, que tornam o discurso mais credível. Também não nos podemos convencer que são as trivialidades que nos permitem que comuniquemos com os outros e que consigamos assim manter uma leitura plausível da realidade. Esta é demasiado dura para os instrumentos mentais com que dotamos a nossa juventude. A tarefa da Escola só pode ser esta: de dotar o intelecto de métodos sérios de trabalho, não permitindo que nos andemos a copiar uns aos outros. A pedra parte-se na Escola. Não podemos utilizar a Escola só para aprender a copiar.