A verdade é um valor superior que ninguém pode contestar. Porém não há maneira de os políticos se entenderem sobre o seu uso, a sua colocação. No entanto na política a verdade tem ao menos um valor prático. Mesmo assim discute-se a que assuntos a verdade absoluta se poderia aplicar. Se haveria momentos e circunstâncias em que seria de esperar o respeito estrito da verdade. Mesmo sabendo que uma maneira frontal de abordar assuntos não é adequada em muitos momentos e circunstâncias políticas. Momentos e circunstâncias de menor exigência e assuntos de menor importância podem permitir uma maior displicência.
A verdade pura e cristalina sofre em política verdadeiros tratos de polé. Aliás como em todos os sistema sociais. Uns vão-se aperfeiçoando mais do que outros, mas ao contrário alguns até acabam por desaparecer por falta de verdade. Não é o caso da política que nos faz falta e a verdade sempre avançará. Os momentos podem ser incómodos, as circunstâncias podem ser inconvenientes para exigir verdade. Razões internas, mas essencialmente externas, podem ser invocadas para que a verdade não suba ao de cima como o azeite.
Às vezes os ditos interesses superiores do Estado recomendam uma certa falta de rigor, que a informação não vá além do superficial. Hipocritamente alguns políticos exigem a verdade sobre os assuntos que lhe interessam e nem tanta sobre aquilo que interessa aos outros. E muitas mentiras passam incólumes porque não há ninguém com voz suficiente forte para clamar pela verdade. Também não falta quem procure legitimar uma política desconhecida com a simples invocação da pretensa mentira em que se sustenta a política alheia.
Não existe uma autoridade independente capaz de ser responsável pela verificação da verdade e mesmo pela iniciativa de a procurar. Nem é viável instituir um novo órgão entre os políticos e o povo soberano. Depois não há conveniência na democracia directa. O povo não tem que se pronunciar em cada momento e em todos as circunstâncias, antes o deve fazer depois de obtidos os resultados das decisões políticas. Em politica só as eleições podem ser o tempo da verdade.
Não cabe na cabeça de ninguém, por mais cândido que seja, que o político tenha que falar a verdade absoluta sempre e a propósito de tudo. Em termos políticos essa verdade não é em si um objectivo a atingir. É mesmo controverso que politicamente essa verdade possa ser comprovada, se é que exista mesmo. A transparência seria a qualidade necessária em política para que a verdade se pudesse comprovar. Mas como vimos nem sempre a transparência é aplicável. O jogo político é um jogo de sombras, penumbras e pouca luminosidade.
Certas opções políticas seriam impossíveis se antecipadamente se tivessem que tornar claras todas as suas implicações. E precisamente é em domínios que afectam interesses de grupos sociais e económicos poderosos que há menos possibilidade de chegar a acordo. Enquanto uns lutam pela transparência outros lutam pela eficácia prática da sua acção. E não se pode pedir transparência só para os assuntos em que isso nos favorece.
A ideia de que a mentira está sempre do outro lado é uma presunção exagerada que foi muito utilizada para justificar uma política. Salazar dizia que a verdade estava consigo porque os seus inimigos seriam defensores de uma política de mentira. Ferreira Leite fez-nos reviver há pouco tempo esses tempos negros de obscurantismo. Os propósitos próprios devem ser os primeiros a ser referidos. Hoje lançar sobre os outros o labéu da mentira já não chega para ter crédito. A verdade persecutória não é meritória.
A verdade existe a vários níveis e com exigências diversas. Aliás que seria de nós se não reconhecêssemos que a verdade existe. Podemos tê-la ignorado durante muito tempo e já ser difícil atingir o contexto em que ela se possa revelar, mas não a podemos perder totalmente de vista. Não podemos entregá-la ao primeiro que se arrogue o direito de a possuir.
Os donos da verdade já não existem. A verdade tem vários momentos, mas o normal em política é uma aproximação razoável à verdade só surgir quando a sua utilidade já é reduzida. Não se pára a história para dar razão à verdade. E nem a história chega para nos revelar toda a verdade. Com o tempo há várias verdades entre as quais a prefixada, a verdade persecutória e a verdade prática.
Em política a ordem do dia tem uma importância relevante. A velocidade com que os temas passam pela ordem do dia diz muito sobre eles. Muitos assuntos que se vêem a revelar importantes nem lá passam. Uns saem mais esclarecidos do que entraram, outros nem tanto. No entanto o que lá se prova tem mais relevância, é a verdade prática. Assuntos que permanecem muito tempo na ordem do dia estão mais sujeitos ao escrutínio geral o que pressupõe que a questão venha a atingir um patamar superior de verdade. No entanto uma questão não é verdadeira só porque está insistentemente na ordem do dia.
Quem mente não fica inibido de mais tarde pedir uma política de verdade. Na altura a mentira passou porque ninguém conseguiu colocar a questão num prisma mais revelador da verdade. Mas é difícil desmontar as falácias de outros em tempo útil. Com o tempo as pessoas sabem mais, mas quanto mais tarde se colocar uma questão, mais irrelevante ela será, embora mais probabilidades hajam de a verdade ser esclarecida. Esta escapa-se pelo meio de meias verdades com bastante agilidade e deixa-nos mesmo estupefactos.
Muitos acreditam que ser dogmático é meio caminho para a verdade. Porém os dogmas são perecíveis, referem-se ao passado. Se nós não sabemos como vai ser amanhã a economia, a moral, a ciência, afinal todos os campos do saber, não temos todos os dados que nos indiquem o melhor caminho, aquele que pode ser seguido com mais verdade. Por isso, porque não temos a verdade prefixada, nos permitimos errar. Outros terão a verdade persecutória que raramente os levará a algum lado. Para nós temos que nos conformar com a verdade prática. A esperança de que o tempo da verdade há-de vir não será para todos. Mas também esses se têm que inquietar com a falsidade em que viverão.
A verdade pura e cristalina sofre em política verdadeiros tratos de polé. Aliás como em todos os sistema sociais. Uns vão-se aperfeiçoando mais do que outros, mas ao contrário alguns até acabam por desaparecer por falta de verdade. Não é o caso da política que nos faz falta e a verdade sempre avançará. Os momentos podem ser incómodos, as circunstâncias podem ser inconvenientes para exigir verdade. Razões internas, mas essencialmente externas, podem ser invocadas para que a verdade não suba ao de cima como o azeite.
Às vezes os ditos interesses superiores do Estado recomendam uma certa falta de rigor, que a informação não vá além do superficial. Hipocritamente alguns políticos exigem a verdade sobre os assuntos que lhe interessam e nem tanta sobre aquilo que interessa aos outros. E muitas mentiras passam incólumes porque não há ninguém com voz suficiente forte para clamar pela verdade. Também não falta quem procure legitimar uma política desconhecida com a simples invocação da pretensa mentira em que se sustenta a política alheia.
Não existe uma autoridade independente capaz de ser responsável pela verificação da verdade e mesmo pela iniciativa de a procurar. Nem é viável instituir um novo órgão entre os políticos e o povo soberano. Depois não há conveniência na democracia directa. O povo não tem que se pronunciar em cada momento e em todos as circunstâncias, antes o deve fazer depois de obtidos os resultados das decisões políticas. Em politica só as eleições podem ser o tempo da verdade.
Não cabe na cabeça de ninguém, por mais cândido que seja, que o político tenha que falar a verdade absoluta sempre e a propósito de tudo. Em termos políticos essa verdade não é em si um objectivo a atingir. É mesmo controverso que politicamente essa verdade possa ser comprovada, se é que exista mesmo. A transparência seria a qualidade necessária em política para que a verdade se pudesse comprovar. Mas como vimos nem sempre a transparência é aplicável. O jogo político é um jogo de sombras, penumbras e pouca luminosidade.
Certas opções políticas seriam impossíveis se antecipadamente se tivessem que tornar claras todas as suas implicações. E precisamente é em domínios que afectam interesses de grupos sociais e económicos poderosos que há menos possibilidade de chegar a acordo. Enquanto uns lutam pela transparência outros lutam pela eficácia prática da sua acção. E não se pode pedir transparência só para os assuntos em que isso nos favorece.
A ideia de que a mentira está sempre do outro lado é uma presunção exagerada que foi muito utilizada para justificar uma política. Salazar dizia que a verdade estava consigo porque os seus inimigos seriam defensores de uma política de mentira. Ferreira Leite fez-nos reviver há pouco tempo esses tempos negros de obscurantismo. Os propósitos próprios devem ser os primeiros a ser referidos. Hoje lançar sobre os outros o labéu da mentira já não chega para ter crédito. A verdade persecutória não é meritória.
A verdade existe a vários níveis e com exigências diversas. Aliás que seria de nós se não reconhecêssemos que a verdade existe. Podemos tê-la ignorado durante muito tempo e já ser difícil atingir o contexto em que ela se possa revelar, mas não a podemos perder totalmente de vista. Não podemos entregá-la ao primeiro que se arrogue o direito de a possuir.
Os donos da verdade já não existem. A verdade tem vários momentos, mas o normal em política é uma aproximação razoável à verdade só surgir quando a sua utilidade já é reduzida. Não se pára a história para dar razão à verdade. E nem a história chega para nos revelar toda a verdade. Com o tempo há várias verdades entre as quais a prefixada, a verdade persecutória e a verdade prática.
Em política a ordem do dia tem uma importância relevante. A velocidade com que os temas passam pela ordem do dia diz muito sobre eles. Muitos assuntos que se vêem a revelar importantes nem lá passam. Uns saem mais esclarecidos do que entraram, outros nem tanto. No entanto o que lá se prova tem mais relevância, é a verdade prática. Assuntos que permanecem muito tempo na ordem do dia estão mais sujeitos ao escrutínio geral o que pressupõe que a questão venha a atingir um patamar superior de verdade. No entanto uma questão não é verdadeira só porque está insistentemente na ordem do dia.
Quem mente não fica inibido de mais tarde pedir uma política de verdade. Na altura a mentira passou porque ninguém conseguiu colocar a questão num prisma mais revelador da verdade. Mas é difícil desmontar as falácias de outros em tempo útil. Com o tempo as pessoas sabem mais, mas quanto mais tarde se colocar uma questão, mais irrelevante ela será, embora mais probabilidades hajam de a verdade ser esclarecida. Esta escapa-se pelo meio de meias verdades com bastante agilidade e deixa-nos mesmo estupefactos.
Muitos acreditam que ser dogmático é meio caminho para a verdade. Porém os dogmas são perecíveis, referem-se ao passado. Se nós não sabemos como vai ser amanhã a economia, a moral, a ciência, afinal todos os campos do saber, não temos todos os dados que nos indiquem o melhor caminho, aquele que pode ser seguido com mais verdade. Por isso, porque não temos a verdade prefixada, nos permitimos errar. Outros terão a verdade persecutória que raramente os levará a algum lado. Para nós temos que nos conformar com a verdade prática. A esperança de que o tempo da verdade há-de vir não será para todos. Mas também esses se têm que inquietar com a falsidade em que viverão.