O mundo estratificado em camadas e compartimentos está acabado. Hoje em tudo se vê relação e, por mais trivial que nos pareça um fenómeno, puxando os devidos cordéis, facilmente chegamos à complexidade das coisas, aos reflexos e repercussões no mais longínquo do horizonte.
Hoje todo o grão é tido como parte fundamental no equilíbrio universal mas não há dúvida que muitas vezes, por vias esconsas, se chega a tão exagerados conclusões, a tão rebuscadas conexões que só um cérebro bem iluminado é capaz de ver, mas que nenhuma autoridade intelectual é capaz de impor.
É bem verdade que a verdade vem por onde menos se espera e aquele anúncio do “explica-me lá muito bem, como se eu fosse muito burro” tem a maior actualidade, atinge no cerne o problema. Sem desprimor para quem lê, quem escreve tem de ter esta preocupação de tudo explicar.
Muitas vezes dói-me não perceber nada do que se escreve, mais ainda mais me dói quando leio nos jornais, porque não vou ter hipótese de reler. Não tenho gosto em guardar os meus jornais e o dos outros presumo que também seguirão o caminho da reciclagem. Ou deviam seguir.
Que valor terá o que se escreve quando o escrevinhador, sem apresentar um fio condutor, quer tirar conclusões apressadas de acontecimentos mal contados ou insuficientemente esmiuçados.
Os filósofos sempre procuraram a unidade que explicasse o todo, o grão em que tudo se pudesse decompor. Há quem acredite que já tem toda a sabedoria e que num bafo a pode transmitir.
É o cérebro humano que ilumina e dá sentido, é para si a força unificadora, salvo quem procura a luz no exterior. Mas a realidade é esquiva e ninguém consegue transmitir ao outro uma visão, nem que seja tão só contemplativa, que ele possa partilhar em absoluto.
Cada homem tem a sua visão, fruto de múltiplos factores próprios, do ambiente, do passado, do presente, das expectativas, e que não pode ser transmitida como uma estática fotografia.
Para que a comunicação se faça com alguma eficiência é necessário que cada um se conheça bem a si próprio e conheça suficientemente bem as pessoas com que se relaciona.
Além de que ninguém pode ter a pretensão de ter do universo a compreensão mais próxima da verdade, de ter uma visão mais ampla ou abrangente que lhe dê alguma superioridade intelectual, também ninguém pode ter a pretensão de ser bem compreendido
As coisas são fáceis de explicar, os consensos são fáceis de obter quando nos limitamos a um universo restrito. Quanto mais se alarga o horizonte, mais difíceis eles se tornam. Quanto menos nos conseguimos aproximar do universo do outro, por falta de esforço de qualquer um, mais difíceis eles se tornam.
Por força da nossa vida ou por necessidade intelectual, o natural é que nós não nos contentemos com mundos pequenos, horizontes limitados. Mas o sábio tem que ser compreensível com o menor percurso dos outros, daqueles que se colocam na sua frente, o lêem.
Noutros tempos, um sábio tinha por primeira qualidade a sua humildade, tinha consciência das suas possibilidades e limitações. Hoje, que vemos tanto néscio a botar faladura, cada vez menos em fóruns abertos, mas arrogantes nos banquetes, seria bom que usássemos a comunicação para fazer jorrar luz.
Hoje o sábio reconhece que, sendo a luz branca, ela é composta de luzes de muitas cores. Também só várias perspectivas podem contribuir para ajudar a clarificação de muitas mentes incluindo a nossa.
Não nos podemos inibir de dar a nossa perspectiva e de abordar temas e questões de alguma complexidade. A informação que hoje surge no dia a dia impõe que saibamos tratar dela, sob pena de nos intoxicar.
Outrora dizia-se que ao lavrador só interessava o preço do milho e ele era capaz de prever a sua evolução. Hoje o preço do milho não é formado aqui e se o lavrador quiser ter a mesma capacidade de previsão tem que ter acesso a muitos dados de todo o mundo e possivelmente fica com uma informação que lhe não serve para nada.
Hoje este é o drama da comunicação: Por um lado excesso de dados, por outro excesso de analistas. Por um lado denegação dos dados mais valiosos; por outro imperícia com os instrumentos de análise.
Também nós corremos esse risco, de que os leitores verifiquem que o melhor é marimbarem-se para aquilo que escrevemos, que deste paleio não tirarão proveito nenhum.
E eu dou-lhes razão: Se a leitura se assemelhar a verborreia delirante é melhor abandonar; se da leitura resultar um efeito desintoxicante, de alguma abertura, valerá a pena perder algum tempo.
Hoje todo o grão é tido como parte fundamental no equilíbrio universal mas não há dúvida que muitas vezes, por vias esconsas, se chega a tão exagerados conclusões, a tão rebuscadas conexões que só um cérebro bem iluminado é capaz de ver, mas que nenhuma autoridade intelectual é capaz de impor.
É bem verdade que a verdade vem por onde menos se espera e aquele anúncio do “explica-me lá muito bem, como se eu fosse muito burro” tem a maior actualidade, atinge no cerne o problema. Sem desprimor para quem lê, quem escreve tem de ter esta preocupação de tudo explicar.
Muitas vezes dói-me não perceber nada do que se escreve, mais ainda mais me dói quando leio nos jornais, porque não vou ter hipótese de reler. Não tenho gosto em guardar os meus jornais e o dos outros presumo que também seguirão o caminho da reciclagem. Ou deviam seguir.
Que valor terá o que se escreve quando o escrevinhador, sem apresentar um fio condutor, quer tirar conclusões apressadas de acontecimentos mal contados ou insuficientemente esmiuçados.
Os filósofos sempre procuraram a unidade que explicasse o todo, o grão em que tudo se pudesse decompor. Há quem acredite que já tem toda a sabedoria e que num bafo a pode transmitir.
É o cérebro humano que ilumina e dá sentido, é para si a força unificadora, salvo quem procura a luz no exterior. Mas a realidade é esquiva e ninguém consegue transmitir ao outro uma visão, nem que seja tão só contemplativa, que ele possa partilhar em absoluto.
Cada homem tem a sua visão, fruto de múltiplos factores próprios, do ambiente, do passado, do presente, das expectativas, e que não pode ser transmitida como uma estática fotografia.
Para que a comunicação se faça com alguma eficiência é necessário que cada um se conheça bem a si próprio e conheça suficientemente bem as pessoas com que se relaciona.
Além de que ninguém pode ter a pretensão de ter do universo a compreensão mais próxima da verdade, de ter uma visão mais ampla ou abrangente que lhe dê alguma superioridade intelectual, também ninguém pode ter a pretensão de ser bem compreendido
As coisas são fáceis de explicar, os consensos são fáceis de obter quando nos limitamos a um universo restrito. Quanto mais se alarga o horizonte, mais difíceis eles se tornam. Quanto menos nos conseguimos aproximar do universo do outro, por falta de esforço de qualquer um, mais difíceis eles se tornam.
Por força da nossa vida ou por necessidade intelectual, o natural é que nós não nos contentemos com mundos pequenos, horizontes limitados. Mas o sábio tem que ser compreensível com o menor percurso dos outros, daqueles que se colocam na sua frente, o lêem.
Noutros tempos, um sábio tinha por primeira qualidade a sua humildade, tinha consciência das suas possibilidades e limitações. Hoje, que vemos tanto néscio a botar faladura, cada vez menos em fóruns abertos, mas arrogantes nos banquetes, seria bom que usássemos a comunicação para fazer jorrar luz.
Hoje o sábio reconhece que, sendo a luz branca, ela é composta de luzes de muitas cores. Também só várias perspectivas podem contribuir para ajudar a clarificação de muitas mentes incluindo a nossa.
Não nos podemos inibir de dar a nossa perspectiva e de abordar temas e questões de alguma complexidade. A informação que hoje surge no dia a dia impõe que saibamos tratar dela, sob pena de nos intoxicar.
Outrora dizia-se que ao lavrador só interessava o preço do milho e ele era capaz de prever a sua evolução. Hoje o preço do milho não é formado aqui e se o lavrador quiser ter a mesma capacidade de previsão tem que ter acesso a muitos dados de todo o mundo e possivelmente fica com uma informação que lhe não serve para nada.
Hoje este é o drama da comunicação: Por um lado excesso de dados, por outro excesso de analistas. Por um lado denegação dos dados mais valiosos; por outro imperícia com os instrumentos de análise.
Também nós corremos esse risco, de que os leitores verifiquem que o melhor é marimbarem-se para aquilo que escrevemos, que deste paleio não tirarão proveito nenhum.
E eu dou-lhes razão: Se a leitura se assemelhar a verborreia delirante é melhor abandonar; se da leitura resultar um efeito desintoxicante, de alguma abertura, valerá a pena perder algum tempo.