A Presidência da República é um cargo unipessoal, que confere poder e portanto provido de carga política. O nosso sistema constitucional democrata começou mesmo por dar poderes ainda mais latos ao Presidente, mas essa vertente presidencialista perdeu-se no hibridismo do regime transitório que juntou militares a um Presidente também oriundo do seu seio. O regime que vingou reserva mesmo assim alguns poderes presidenciais, fazendo-o distinguir claramente dum regime parlamentarista puro em que o Primeiro-Ministro, por inerência ou por delegação, exerce o verdadeiro poder supremo e o Presidente só promulga leis e decretos.
Esta seria uma razão acrescida para que escolhêssemos para a Presidência da República alguém com capacidade de exercício de poder, do seu limitado poder, mas ponderado, capaz de encaminhar os conflitos que sempre aparecem para soluções que não sejam apenas transitórias e sejam benéficas ou menos gravosas para o País. Mas toda a espécie de conflitos. Um princípio a ter em conta nas actuais circunstâncias é de que nem tudo se resume à economia, aliás como noutras circunstâncias se não resumiria à cultura, à saúde ou ao ambiente.
Embora cada homem tenha a sua formação mais centrada num dado domínio, para que as suas tomadas de posição sirvam a coesão nacional, é necessário ter em conta o peso relativo de todos e de cada um desses domínios e a sua interdependência. Quem tem poder não pode olhar com superficialidade para os outros domínios nos quais não é especialista, quaisquer que eles sejam. Tal será uma manifestação pretensiosa e desprovida de sensatez.
Se analisarmos o perfil dos vários candidatos cada um de nós tirará decerto conclusões diferentes com possibilidades de acerto diferente. Cada candidato possibilitar-nos-á imagens de diferente solidez. Neste aspecto Cavaco Silva apresenta a imagem mais sólida. O longo cumprimento da sua intervenção pública permite uma análise mais detalhada e precisa. Durante estes anos ocorreram factos que atestam o seu modo timorato de agir quando tem à sua disposição uma parcela considerável de todo o poder.
O carácter timorato de Cavaco, a sua incapacidade para lidar com suficiente abertura com o mundo, leva-o a recorrer aos sentimentos mais mesquinhos quando não está à altura dos grandes desafios. A sua cooperação estratégica terminou grotescamente com o episódio do Estatuto dos Açores, não pelo assunto em si, no qual tinha razão, mas pela forma enviesada como colocou a questão, pretendendo declaradamente atingir o Primeiro Ministro, o qual nem manifestou opinião na questão.
Depois “quis” aproveitar as toscas declarações acerca duma pretensa asfixia democrática para lançar um problema de escutas que o seu staff tentou congeminar. Acabou mal e envergonhadamente. Mas para fechar ainda “melhor” a sua magistratura de influência veio armar-se em pitonisa que tudo previu, tudo alertou, como se tudo pudesse ser resolvido antecipadamente, sem que as uvas estivessem maduras. A verdade é que, a aceitar que Cavaco Silva tenha chegado a uma conclusão académica catastrófica, tem que se reconhecer que falhou porque não soube converter essa antecipação numa mensagem política audível e clara.
Há em Cavaco Silva ao lado de uma capacidade analítica no domínio económico há uma superficialidade atroz em que a maioria da realidade lhe passa ao lado. Manuel Alegre é um aristocrata de esquerda que na fase final da sua vida se empenhou em construir um castelo sem cimento. Muitos socialistas sonham domesticar o Bloco de Esquerda. Muitos bloquistas sonham conquistar o Partido Socialista. As armas com que todos vão para este estranho casamento são desiguais e é diferente a fé na sua eficácia. Uns constrangidos, outros amuados, outros renitentes, alguns resistentes, todos se preparam mais para a derrota mais provável do que para a vitória inesperada. Aliás ninguém saberia o que fazer com a vitória.
Temos também o candidato do P.C. Francisco Lopes que, como sempre, pretende manter a chama acesa de um comunismo já insólito e deslocado. Está na ingrata posição de ser o candidato do único partido capaz de promover uma política de renúncia e se vê na contingência de defender a classe média instável, desleal e gulosa e que nunca lhe trará votos sólidos. É o candidato do vulgar consumismo.
Fernando Nobre é o candidato bem intencionado, humanista, mas também ávido de reconhecimento, conhecedor das lacunas dos candidatos anteriores, mas incapaz de as preencher. É demasiado ingénuo, correndo o risco de se tornar hipócrita. Quem se mete na política não pode sentir embaraços. José Manuel Coelho é um fruto exótico da Madeira, impetuoso e frontal, e a quem os bem pensantes levantarão todas as dificuldades. Procura avidamente o assunto que possa ser a sua rampa de lançamento.
A maior surpresa é Defensor Moura, o candidato que nasceu do embaraço socialista, que analisou as contradições de Alegre e Cavaco e se propõe com uma segurança inesperada preencher com realismo e uma visão clara e despretensiosa o espaço de ponderação e bom senso de que os outros candidatos fogem, quais abelhas loucas, fustigadas pela fuligem da refrega entre forças políticas ávidas de poder. Em quem votar? Há opções para todos. Ceder à facilidade ou ser mais exigente? Escolhamos bem!
Esta seria uma razão acrescida para que escolhêssemos para a Presidência da República alguém com capacidade de exercício de poder, do seu limitado poder, mas ponderado, capaz de encaminhar os conflitos que sempre aparecem para soluções que não sejam apenas transitórias e sejam benéficas ou menos gravosas para o País. Mas toda a espécie de conflitos. Um princípio a ter em conta nas actuais circunstâncias é de que nem tudo se resume à economia, aliás como noutras circunstâncias se não resumiria à cultura, à saúde ou ao ambiente.
Embora cada homem tenha a sua formação mais centrada num dado domínio, para que as suas tomadas de posição sirvam a coesão nacional, é necessário ter em conta o peso relativo de todos e de cada um desses domínios e a sua interdependência. Quem tem poder não pode olhar com superficialidade para os outros domínios nos quais não é especialista, quaisquer que eles sejam. Tal será uma manifestação pretensiosa e desprovida de sensatez.
Se analisarmos o perfil dos vários candidatos cada um de nós tirará decerto conclusões diferentes com possibilidades de acerto diferente. Cada candidato possibilitar-nos-á imagens de diferente solidez. Neste aspecto Cavaco Silva apresenta a imagem mais sólida. O longo cumprimento da sua intervenção pública permite uma análise mais detalhada e precisa. Durante estes anos ocorreram factos que atestam o seu modo timorato de agir quando tem à sua disposição uma parcela considerável de todo o poder.
O carácter timorato de Cavaco, a sua incapacidade para lidar com suficiente abertura com o mundo, leva-o a recorrer aos sentimentos mais mesquinhos quando não está à altura dos grandes desafios. A sua cooperação estratégica terminou grotescamente com o episódio do Estatuto dos Açores, não pelo assunto em si, no qual tinha razão, mas pela forma enviesada como colocou a questão, pretendendo declaradamente atingir o Primeiro Ministro, o qual nem manifestou opinião na questão.
Depois “quis” aproveitar as toscas declarações acerca duma pretensa asfixia democrática para lançar um problema de escutas que o seu staff tentou congeminar. Acabou mal e envergonhadamente. Mas para fechar ainda “melhor” a sua magistratura de influência veio armar-se em pitonisa que tudo previu, tudo alertou, como se tudo pudesse ser resolvido antecipadamente, sem que as uvas estivessem maduras. A verdade é que, a aceitar que Cavaco Silva tenha chegado a uma conclusão académica catastrófica, tem que se reconhecer que falhou porque não soube converter essa antecipação numa mensagem política audível e clara.
Há em Cavaco Silva ao lado de uma capacidade analítica no domínio económico há uma superficialidade atroz em que a maioria da realidade lhe passa ao lado. Manuel Alegre é um aristocrata de esquerda que na fase final da sua vida se empenhou em construir um castelo sem cimento. Muitos socialistas sonham domesticar o Bloco de Esquerda. Muitos bloquistas sonham conquistar o Partido Socialista. As armas com que todos vão para este estranho casamento são desiguais e é diferente a fé na sua eficácia. Uns constrangidos, outros amuados, outros renitentes, alguns resistentes, todos se preparam mais para a derrota mais provável do que para a vitória inesperada. Aliás ninguém saberia o que fazer com a vitória.
Temos também o candidato do P.C. Francisco Lopes que, como sempre, pretende manter a chama acesa de um comunismo já insólito e deslocado. Está na ingrata posição de ser o candidato do único partido capaz de promover uma política de renúncia e se vê na contingência de defender a classe média instável, desleal e gulosa e que nunca lhe trará votos sólidos. É o candidato do vulgar consumismo.
Fernando Nobre é o candidato bem intencionado, humanista, mas também ávido de reconhecimento, conhecedor das lacunas dos candidatos anteriores, mas incapaz de as preencher. É demasiado ingénuo, correndo o risco de se tornar hipócrita. Quem se mete na política não pode sentir embaraços. José Manuel Coelho é um fruto exótico da Madeira, impetuoso e frontal, e a quem os bem pensantes levantarão todas as dificuldades. Procura avidamente o assunto que possa ser a sua rampa de lançamento.
A maior surpresa é Defensor Moura, o candidato que nasceu do embaraço socialista, que analisou as contradições de Alegre e Cavaco e se propõe com uma segurança inesperada preencher com realismo e uma visão clara e despretensiosa o espaço de ponderação e bom senso de que os outros candidatos fogem, quais abelhas loucas, fustigadas pela fuligem da refrega entre forças políticas ávidas de poder. Em quem votar? Há opções para todos. Ceder à facilidade ou ser mais exigente? Escolhamos bem!
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