O futuro é uma incógnita, mas quem tem um passado como o “Cardeal” pode estar descansado que, por maiores mudanças que aquele nos imponha, mesmo que venha a ser inevitável o fim do Jornal um dia, terá cumprido a sua função de um modo exemplar e único. Que esse tal dia venha longe, mas temos que estar precavidos pois toda a imprensa escrita vive hoje momentos difíceis perante as alternativas tecnológicas. Também há quem diga que os novos modos de vida se não compadecem com este tipo de comunicação. Todos vamos aprendendo que nada é eterno. A morrer há que fazê-lo de cabeça levantada. Mas que venha bem longe esse dia.
Permitam-me recordar o que escrevi há um ano:
“Um Jornal que percorre três gerações, quatro regimes políticos e as vicissitudes várias destes, é decerto uma Fortaleza. Tal como um ser humano, sofreu incompreensões, ingratidões, talvez agressões, poucas ajudas e resistiu. Sensível ao tempo, como se impõe a um órgão de imprensa, manteve a espinha dorsal desde a génese pela mão de Avelino Guimarães até aos dias de hoje sob a direcção do seu neto.
O Cardeal Saraiva, nome invulgar para um jornal, mas homenagem a um grande vulto do liberalismo, é a afirmação semanal de uma pujança, de uma perseverança mas também de uma temperança que a idade lhe faculta. Semanalmente o jornal fala por si, dá sinal do seu tempo, ecoa nos vales do Minho e em terras de emigração, liga elementos dispersos com raízes comuns.” Cito.
Cem anos de vida falam por si. Num jornal o que conta é o conteúdo, as relações que ele cria, as fidelidades que ele consegue. Se algumas pessoas perderam este vínculo porque acharam que o jornal deveria ter seguido um caminho mais do seu agrado só prova que o jornal se não deixou manipular. Como quase genericamente se tem dado a um Jornal de tipo Regional um nome que o identifique directamente com uma região, este perderá alguma visibilidade nas bancas, mas não será por isso que não executa a sua missão.
“O Cardeal Saraiva não é um jornal regionalista, característica que o distingue de um outro tipo de tradição. Abordando sempre a temática local com uma visão actual permite-se olhar outros temas, aquilo que, sendo de todos, também é nosso, aquilo que é nacional, internacional ou que não tem mesmo local determinado porque acontece em todo o lado.” Cito.
A intenção dos fundadores seria de que este fosse um jornal de ideias, mas Jornal Imparcial, como era bom salientar numa altura em que a decrépita Monarquia estava para cair e se aproximava um regime novo, a República que era uma esperança, mas também uma incógnita. O Cardeal Saraiva conseguiu manter, através de colaboradores da região, mas também do País, uma certa tradição de debate de ideias, que era o cerne da maioria dos jornais daquela época.
No entanto a escolha do nome permite colocar o Cardeal Saraiva dum lado da barricada. Sendo o seu patrono uma figura incontornável no que se refere, não só à introdução das ideias liberais no País, mas também em as pôr em prática, porque a acção do nosso Cardeal foi muito mais importante que a sua produção teórica na defesa das suas ideias. Aliás a melhor defesa de quaisquer ideias é mesmo conseguir que elas sejam colocadas no terreno.
Julgo que o Cardeal Saraiva é a prova de que em Ponte de Lima se pensa. Mas se aqueles que fazem, que são empreendedores, aqueles que se dedicam ao serviço público, sistematicamente realçam que a sua obra é o mais importante porque se repercute no futuro, também quem escreve tem de ter a noção de que é fundamental escrever para o futuro. Mesmo quando se fala do passado, tentamos fazê-lo para memória futura. Mesmo que o passado venha a ser interpretado de uma outra maneira, é importante que o nosso testemunho fique.
Pensamento ou simples relato dum facto ainda é nestas páginas impressas que se faz jornalismo do mais digno. Que o “Cardeal” viva por muitos anos!
Permitam-me recordar o que escrevi há um ano:
“Um Jornal que percorre três gerações, quatro regimes políticos e as vicissitudes várias destes, é decerto uma Fortaleza. Tal como um ser humano, sofreu incompreensões, ingratidões, talvez agressões, poucas ajudas e resistiu. Sensível ao tempo, como se impõe a um órgão de imprensa, manteve a espinha dorsal desde a génese pela mão de Avelino Guimarães até aos dias de hoje sob a direcção do seu neto.
O Cardeal Saraiva, nome invulgar para um jornal, mas homenagem a um grande vulto do liberalismo, é a afirmação semanal de uma pujança, de uma perseverança mas também de uma temperança que a idade lhe faculta. Semanalmente o jornal fala por si, dá sinal do seu tempo, ecoa nos vales do Minho e em terras de emigração, liga elementos dispersos com raízes comuns.” Cito.
Cem anos de vida falam por si. Num jornal o que conta é o conteúdo, as relações que ele cria, as fidelidades que ele consegue. Se algumas pessoas perderam este vínculo porque acharam que o jornal deveria ter seguido um caminho mais do seu agrado só prova que o jornal se não deixou manipular. Como quase genericamente se tem dado a um Jornal de tipo Regional um nome que o identifique directamente com uma região, este perderá alguma visibilidade nas bancas, mas não será por isso que não executa a sua missão.
“O Cardeal Saraiva não é um jornal regionalista, característica que o distingue de um outro tipo de tradição. Abordando sempre a temática local com uma visão actual permite-se olhar outros temas, aquilo que, sendo de todos, também é nosso, aquilo que é nacional, internacional ou que não tem mesmo local determinado porque acontece em todo o lado.” Cito.
A intenção dos fundadores seria de que este fosse um jornal de ideias, mas Jornal Imparcial, como era bom salientar numa altura em que a decrépita Monarquia estava para cair e se aproximava um regime novo, a República que era uma esperança, mas também uma incógnita. O Cardeal Saraiva conseguiu manter, através de colaboradores da região, mas também do País, uma certa tradição de debate de ideias, que era o cerne da maioria dos jornais daquela época.
No entanto a escolha do nome permite colocar o Cardeal Saraiva dum lado da barricada. Sendo o seu patrono uma figura incontornável no que se refere, não só à introdução das ideias liberais no País, mas também em as pôr em prática, porque a acção do nosso Cardeal foi muito mais importante que a sua produção teórica na defesa das suas ideias. Aliás a melhor defesa de quaisquer ideias é mesmo conseguir que elas sejam colocadas no terreno.
Julgo que o Cardeal Saraiva é a prova de que em Ponte de Lima se pensa. Mas se aqueles que fazem, que são empreendedores, aqueles que se dedicam ao serviço público, sistematicamente realçam que a sua obra é o mais importante porque se repercute no futuro, também quem escreve tem de ter a noção de que é fundamental escrever para o futuro. Mesmo quando se fala do passado, tentamos fazê-lo para memória futura. Mesmo que o passado venha a ser interpretado de uma outra maneira, é importante que o nosso testemunho fique.
Pensamento ou simples relato dum facto ainda é nestas páginas impressas que se faz jornalismo do mais digno. Que o “Cardeal” viva por muitos anos!
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