Explicar a força da atracção que as Feiras Novas sempre exerceram não é tarefa fácil. Outrora seria pela centralidade, pela existência de um espaço ideal para a Festa, por ocorrerem num tempo que sempre foi de festa, as colheitas. Mas a economia mudou, as pessoas mudaram, os seus gostos são outros, as suas profissões são muito mais variadas, a sua mobilidade é imensamente superior.
Há uns trinta anos para trás a dimensão das Feiras Novas era outra, menor, mas elas não eram vividas menos intensamente. As Feiras Novas instalavam-se, adoptavam o seu ritmo, percorriam um ciclo tradicional, mas sempre revigorado.
Hoje as Feiras Novas visitam-se, há movimentos de vai e vem que se desenrolam por períodos curtos, seja de dia, seja de noite, as pessoas não vivem o ciclo completo das festas, vem ver uma parte ou outra do programa. Quem vem de longe, em particular os mais jovens, mesmo que se instalam perto do recinto das festas acabam por viver as festas duma forma parcelar.
A expansão do espaço das Festas não alterou significativamente as suas características. O Largo, o Passeio, a Avenida, a Alameda e o Areal são ainda o núcleo do espaço festivo. Mas hoje nem sempre se passeia por todo o espaço, escolhe-se a zona em que se vivem as Festas, o programa a que se quer assistir, os amigos com quem se quer estar. Só se tal ainda for possível que as Festas são imprevisíveis e ocasião de novos conhecimentos.
Também se procura a música que mais se aprecia, a tradicional concertina no Largo e Alameda de S. João, as bandas musicais no Largo de Camões, a nova música pela Rampinha Acima. No restante espaço a música confunde-se com o ruído da feira, baralha-se. As pessoas jogam, divertem-se, compra-se e vende-se, marralha-se.
As Festas misturam-se com a Feira, esta outra força atractiva, indissociável das festas anuais. Também esta é uma característica rara e que constitui uma mais valia porque a feira dá vida, entusiasmo e movimento, não falando dos extraordinários valores monetários envolvidos. As Feiras Novas nasceram assim, como feiras anuais, com os festejos próprios de uma qualquer outra Festa.
Preservar esta característica é uma obrigação que se impõe. Só que a gestão do espaço terá que ser mais rigorosa para que a Feira não abafe a Festa. Também a pressão dos estabelecimentos ambulantes de comes e bebes se torna insuportável porque vai condicionar o espaço disponível para a tradicional feira. Limitar as Festas a uma cervejaria imensa e presente em todo o canto e esquina pode ser a sua asfixia.
As Feiras Novas sempre começaram com a chegada dos garranos vindos das serranias circundantes, onde os pastos são propícios à sua manutenção. Se hoje já não vêm em grandes manadas em que os poldros cavalgavam humildemente atrás das suas progenitores, mas vêm agora em camionetas devidamente apetrechadas para o efeito, o espectáculo é diferente, mas o interesse o mesmo.
A manutenção do garrano passa pela defesa do seu habitat e pela sua valorização comercial. Mas o garrano nunca foi, presumo, uma máquina de guerra, um cavalo vistoso para desfiles, um bom fornecedor de carne. O garrano tem que ser defendido com o amor de quem o não valorize por estes aspectos. E uma feira é sempre de uma grande importância na sua defesa e a feira anual de garranos nas Feiras Novas ainda é dos poucos espaços em que o seu comércio se pode fazer. Deve-se-lhe dar outra dignidade.
Depois a feira continua, a festa complementa a feira, como a feira complementa a festa. Afinal todos ficam satisfeitos, quer quem goste do dia, quer quem goste da noite. Mas seria pouco honesto dizermos que concordamos com a evolução que as festas vêm tomando e que se faça dos aspectos mais controversos o seu atractivo principal. Não será mais possível regressar à pureza original, mas decerto será possível limitar os estragos que novos comportamentos e novos aderentes sempre trazem.
Talvez o que pessoalmente mais me desgosta é a perca do encanto da noite. Tudo hoje é mais previsível e servido em doses super. Mas se a noite de hoje tem o esplendor que a noite de outrora não tinha, falta-lhe a originalidade, a espontaneidade dessas noites em que ainda sobrava areal com a sua areia limpa a brilhar à luz da Lua e a que o estourar dos foguetes e as suas artificiosas luzes emprestavam chispas que faziam repentinamente da noite dia e do “sono” de alguém mal dormido uma explosão de alegria para todos.
Há uns trinta anos para trás a dimensão das Feiras Novas era outra, menor, mas elas não eram vividas menos intensamente. As Feiras Novas instalavam-se, adoptavam o seu ritmo, percorriam um ciclo tradicional, mas sempre revigorado.
Hoje as Feiras Novas visitam-se, há movimentos de vai e vem que se desenrolam por períodos curtos, seja de dia, seja de noite, as pessoas não vivem o ciclo completo das festas, vem ver uma parte ou outra do programa. Quem vem de longe, em particular os mais jovens, mesmo que se instalam perto do recinto das festas acabam por viver as festas duma forma parcelar.
A expansão do espaço das Festas não alterou significativamente as suas características. O Largo, o Passeio, a Avenida, a Alameda e o Areal são ainda o núcleo do espaço festivo. Mas hoje nem sempre se passeia por todo o espaço, escolhe-se a zona em que se vivem as Festas, o programa a que se quer assistir, os amigos com quem se quer estar. Só se tal ainda for possível que as Festas são imprevisíveis e ocasião de novos conhecimentos.
Também se procura a música que mais se aprecia, a tradicional concertina no Largo e Alameda de S. João, as bandas musicais no Largo de Camões, a nova música pela Rampinha Acima. No restante espaço a música confunde-se com o ruído da feira, baralha-se. As pessoas jogam, divertem-se, compra-se e vende-se, marralha-se.
As Festas misturam-se com a Feira, esta outra força atractiva, indissociável das festas anuais. Também esta é uma característica rara e que constitui uma mais valia porque a feira dá vida, entusiasmo e movimento, não falando dos extraordinários valores monetários envolvidos. As Feiras Novas nasceram assim, como feiras anuais, com os festejos próprios de uma qualquer outra Festa.
Preservar esta característica é uma obrigação que se impõe. Só que a gestão do espaço terá que ser mais rigorosa para que a Feira não abafe a Festa. Também a pressão dos estabelecimentos ambulantes de comes e bebes se torna insuportável porque vai condicionar o espaço disponível para a tradicional feira. Limitar as Festas a uma cervejaria imensa e presente em todo o canto e esquina pode ser a sua asfixia.
As Feiras Novas sempre começaram com a chegada dos garranos vindos das serranias circundantes, onde os pastos são propícios à sua manutenção. Se hoje já não vêm em grandes manadas em que os poldros cavalgavam humildemente atrás das suas progenitores, mas vêm agora em camionetas devidamente apetrechadas para o efeito, o espectáculo é diferente, mas o interesse o mesmo.
A manutenção do garrano passa pela defesa do seu habitat e pela sua valorização comercial. Mas o garrano nunca foi, presumo, uma máquina de guerra, um cavalo vistoso para desfiles, um bom fornecedor de carne. O garrano tem que ser defendido com o amor de quem o não valorize por estes aspectos. E uma feira é sempre de uma grande importância na sua defesa e a feira anual de garranos nas Feiras Novas ainda é dos poucos espaços em que o seu comércio se pode fazer. Deve-se-lhe dar outra dignidade.
Depois a feira continua, a festa complementa a feira, como a feira complementa a festa. Afinal todos ficam satisfeitos, quer quem goste do dia, quer quem goste da noite. Mas seria pouco honesto dizermos que concordamos com a evolução que as festas vêm tomando e que se faça dos aspectos mais controversos o seu atractivo principal. Não será mais possível regressar à pureza original, mas decerto será possível limitar os estragos que novos comportamentos e novos aderentes sempre trazem.
Talvez o que pessoalmente mais me desgosta é a perca do encanto da noite. Tudo hoje é mais previsível e servido em doses super. Mas se a noite de hoje tem o esplendor que a noite de outrora não tinha, falta-lhe a originalidade, a espontaneidade dessas noites em que ainda sobrava areal com a sua areia limpa a brilhar à luz da Lua e a que o estourar dos foguetes e as suas artificiosas luzes emprestavam chispas que faziam repentinamente da noite dia e do “sono” de alguém mal dormido uma explosão de alegria para todos.