As forças políticas distinguem-se por objectivos, práticas, organização, afectação de novos membros, etc. A conduta dos partidos num dado momento depende de tudo isto, neste factores encontra-se a justificação para muito do que acontece, por exemplo na escolha dos candidatos aos orgãos do poder local.
O Partido Comunista renova-se fechando-se e procurando nos seus membros novas escolhas e velhas confirmações. Os mais pessimistas dirão que estagnou, os outros dirão que está numa atitude defensiva, de aposta na estabilidade. Aos candidatos interessa manter a chama.
O Bloco de Esquerda com uma votação superior nas europeias, mas com uma organização incipiente quedou-se nas boxes. Pouco vocacionado para o poder local, mas atraindo a juventude, caber-lhe-ia o papel de manter um bom extracto da população integrado na luta política. A abertura da juventude, a dispensa das subserviências que campeiam nos outros partidos, criaria uma outra perspectiva de olhar a vida pública.
Também o Partido Socialista falhou na organização. Este partido tem-na não a tendo. Porque a organização também serve para perpetuar erros, para prolongar inércias, para tornar a apatia uma falsa base da estabilidade. É uma organização fechada, endogámica, em que os membros alternam entre períodos de nojo e períodos de um activismo que porém não ultrapassa a pesca à linha.
Ou há peixe na linha ou novo período de nojo vem aí. Vivem angustiados por estarem num partido vitima da chacota quando está no poder e de excessivas expectativas quando na oposição. Não cultivam o emblema do partido, a solidariedade, e amaldiçoam a sua ingratidão, como se tivesse de lhes dar tudo.
Irrelevante para a captação de votos para o todo nacional, quem vota no partido fá-lo à revelia da estrutura local. Porque não tem sido útil ao poder local tem sido vítima do voto útil nas guerras locais passadas entre o CDS e o PSD e perspectiva vir a sê-lo na luta que se avizinha.
As perspectivas de renovação são nulas sejam a nível interno sejam pela captação de novos membros. Decerto que os membros locais vão um dia atribuir a culpa à pouca importância que o José Sócrates tem dado às estruturas partidárias mas é tão só revelador do vazio de ideias, do conformismo, do imobilismo. O PS local é um deserto com umas “estrelas cadentes” a luzir lá dentro, de que se não conhece uma ideia e que tudo devem ao PS nacional.
O PSD local é o paradigma da instabilidade permanente. Bem implantado na classe mercantil, no funcionalismo, no meio agrícola tem sempre gente activa, dentro e fora do partido, com a camisola bem agarrada ao corpo, pese embora o desconsolo dos mais clubistas que só celebram vitórias longínquas. A maioria dos seus membros bole muito mas é politicamente amorfa e sem valor.
Votam maioritariamente no PSD nacional mas a nível local, quando têm perspectivas de se alcandorarem ao poder todos se aliam contra eles. Traições também lhes não faltam. Até neste momento, uma ocasião única para apelar às suas hostes no sentido de se unirem à volta de uma candidatura inovadora, a traição continua a corroer o ânimo dos seus adeptos.
Nunca repetiu uma candidatura em duas eleições sucessivas e viu falhada a sua tentativa de pescar na casa do vizinho CDS há vinte anos atrás no auge da arrogância cavaquista. Tem uma história triste de sucessivos líderes perdedores e de eminências pardas sempre presentes, mas ausentes para assumir as derrotas. Tem uma história triste nas gestões partilhadas com o CDS em diferentes ocasiões, com a AD ou sem a AD, formal ou informalmente.
No último mandato foi colaboração no Executivo camarário, oposição na Assembleia Municipal, manifestando o exemplo típico de uma liderança bicéfala. O actual líder será a esperança de pôr termo a esta situação pela ausência aparente de compromissos com os velhos lobbies herdeiros do carrascão e do chã das cinco. Chegar-lhe-ia os votos sociais-democratas para ganhar, pelo que terá que saber vestir a camisola e apelar à quebra da subserviência que muitos dos seus correligionários ainda têm perante as forças retrógradas, ruralistas, paternalistas e castradoras que o CDS representa.
Este CDS local já não tem qualquer semelhança com o nacional nem com o que localmente lhe esteve na origem. Resistiu à arrogância cavaquista, solidificou-se numa heterodoxia original e de índole pessoal. O CDS aproveitou as divergências alheias, congregou voto de esquerda com voto de direita tradicional e a partir de Daniel Campelo aproveitou o mediatismo, mesmo que patético, de lutas perdidas e outras de duvidoso ganho.
O actual candidato geriu bem o seu perfil de escudeiro, numa corte em que os papéis estavam bem definidos com peões de brega, bobos da corte e outros cargos menores. A sua tentativa de passagem a chefe da orquestra manifesta-se muito difícil. Aparentemente, maugrado as lutas intestinas, os indefectíveis parecem permanecer firmes na defesa da fortaleza, as muralhas não aparentam um desmoronar eminente.
A adesão a este projecto que seria chamado a gerir o espólio do deslumbramento final de Daniel Campelo, os ímpetos napoleónicos do resistente Gaspar Martins, é uma incógnita. No fundo quem nele acreditar é porque acha que Daniel Campelo continuará como a eminência parda a dar coesão a uma equipa disforme, desconexa e sem outro cimento que não o oportunismo de querer navegar num barco vencedor. A pureza ideológica não levaria o CDS a lugar nenhum e com Daniel Campelo uma certa heterodoxia funcionou. Mas tal deve-se à sua liderança natural, a erros alheios e a um outro conjunto de circunstâncias exteriores favoráveis.
Para manter a sigla, o CDS tradicional continuou a abdicar da sua afirmação. Na prática o executivo de Daniel Campelo sempre se manifestou mais favorável às políticas socialistas do que a quaisquer outras. Poder-se-ia ver aí aquela democracia cristã que a nível europeu deu origem, numa estreita aliança com os partidos socialistas, à Europa Comunitária. Mas haverá uma doutrina que sobreviva a Campelo? Não virá ao de cima o que é mais próprio de cada elemento desta controversa equipa? É caso para eles próprios estarem apreensivos.
O Partido Comunista renova-se fechando-se e procurando nos seus membros novas escolhas e velhas confirmações. Os mais pessimistas dirão que estagnou, os outros dirão que está numa atitude defensiva, de aposta na estabilidade. Aos candidatos interessa manter a chama.
O Bloco de Esquerda com uma votação superior nas europeias, mas com uma organização incipiente quedou-se nas boxes. Pouco vocacionado para o poder local, mas atraindo a juventude, caber-lhe-ia o papel de manter um bom extracto da população integrado na luta política. A abertura da juventude, a dispensa das subserviências que campeiam nos outros partidos, criaria uma outra perspectiva de olhar a vida pública.
Também o Partido Socialista falhou na organização. Este partido tem-na não a tendo. Porque a organização também serve para perpetuar erros, para prolongar inércias, para tornar a apatia uma falsa base da estabilidade. É uma organização fechada, endogámica, em que os membros alternam entre períodos de nojo e períodos de um activismo que porém não ultrapassa a pesca à linha.
Ou há peixe na linha ou novo período de nojo vem aí. Vivem angustiados por estarem num partido vitima da chacota quando está no poder e de excessivas expectativas quando na oposição. Não cultivam o emblema do partido, a solidariedade, e amaldiçoam a sua ingratidão, como se tivesse de lhes dar tudo.
Irrelevante para a captação de votos para o todo nacional, quem vota no partido fá-lo à revelia da estrutura local. Porque não tem sido útil ao poder local tem sido vítima do voto útil nas guerras locais passadas entre o CDS e o PSD e perspectiva vir a sê-lo na luta que se avizinha.
As perspectivas de renovação são nulas sejam a nível interno sejam pela captação de novos membros. Decerto que os membros locais vão um dia atribuir a culpa à pouca importância que o José Sócrates tem dado às estruturas partidárias mas é tão só revelador do vazio de ideias, do conformismo, do imobilismo. O PS local é um deserto com umas “estrelas cadentes” a luzir lá dentro, de que se não conhece uma ideia e que tudo devem ao PS nacional.
O PSD local é o paradigma da instabilidade permanente. Bem implantado na classe mercantil, no funcionalismo, no meio agrícola tem sempre gente activa, dentro e fora do partido, com a camisola bem agarrada ao corpo, pese embora o desconsolo dos mais clubistas que só celebram vitórias longínquas. A maioria dos seus membros bole muito mas é politicamente amorfa e sem valor.
Votam maioritariamente no PSD nacional mas a nível local, quando têm perspectivas de se alcandorarem ao poder todos se aliam contra eles. Traições também lhes não faltam. Até neste momento, uma ocasião única para apelar às suas hostes no sentido de se unirem à volta de uma candidatura inovadora, a traição continua a corroer o ânimo dos seus adeptos.
Nunca repetiu uma candidatura em duas eleições sucessivas e viu falhada a sua tentativa de pescar na casa do vizinho CDS há vinte anos atrás no auge da arrogância cavaquista. Tem uma história triste de sucessivos líderes perdedores e de eminências pardas sempre presentes, mas ausentes para assumir as derrotas. Tem uma história triste nas gestões partilhadas com o CDS em diferentes ocasiões, com a AD ou sem a AD, formal ou informalmente.
No último mandato foi colaboração no Executivo camarário, oposição na Assembleia Municipal, manifestando o exemplo típico de uma liderança bicéfala. O actual líder será a esperança de pôr termo a esta situação pela ausência aparente de compromissos com os velhos lobbies herdeiros do carrascão e do chã das cinco. Chegar-lhe-ia os votos sociais-democratas para ganhar, pelo que terá que saber vestir a camisola e apelar à quebra da subserviência que muitos dos seus correligionários ainda têm perante as forças retrógradas, ruralistas, paternalistas e castradoras que o CDS representa.
Este CDS local já não tem qualquer semelhança com o nacional nem com o que localmente lhe esteve na origem. Resistiu à arrogância cavaquista, solidificou-se numa heterodoxia original e de índole pessoal. O CDS aproveitou as divergências alheias, congregou voto de esquerda com voto de direita tradicional e a partir de Daniel Campelo aproveitou o mediatismo, mesmo que patético, de lutas perdidas e outras de duvidoso ganho.
O actual candidato geriu bem o seu perfil de escudeiro, numa corte em que os papéis estavam bem definidos com peões de brega, bobos da corte e outros cargos menores. A sua tentativa de passagem a chefe da orquestra manifesta-se muito difícil. Aparentemente, maugrado as lutas intestinas, os indefectíveis parecem permanecer firmes na defesa da fortaleza, as muralhas não aparentam um desmoronar eminente.
A adesão a este projecto que seria chamado a gerir o espólio do deslumbramento final de Daniel Campelo, os ímpetos napoleónicos do resistente Gaspar Martins, é uma incógnita. No fundo quem nele acreditar é porque acha que Daniel Campelo continuará como a eminência parda a dar coesão a uma equipa disforme, desconexa e sem outro cimento que não o oportunismo de querer navegar num barco vencedor. A pureza ideológica não levaria o CDS a lugar nenhum e com Daniel Campelo uma certa heterodoxia funcionou. Mas tal deve-se à sua liderança natural, a erros alheios e a um outro conjunto de circunstâncias exteriores favoráveis.
Para manter a sigla, o CDS tradicional continuou a abdicar da sua afirmação. Na prática o executivo de Daniel Campelo sempre se manifestou mais favorável às políticas socialistas do que a quaisquer outras. Poder-se-ia ver aí aquela democracia cristã que a nível europeu deu origem, numa estreita aliança com os partidos socialistas, à Europa Comunitária. Mas haverá uma doutrina que sobreviva a Campelo? Não virá ao de cima o que é mais próprio de cada elemento desta controversa equipa? É caso para eles próprios estarem apreensivos.