Estávamos à espera de algum contributo. De preferência de quem mais soubesse. Mas infelizmente nada. As agendas políticas têm coisas destas.
As conveniências, normalmente, remetem muita gente para o silêncio. Queriam-se opiniões de pais, inquéritos aos estudantes, pareceres dos professores: Nada!
Achamos que não se trata de medo de falar mas de medo das palavras. Há efectivamente que pesar bem as palavras no que elas com precisão significam. Há que dar opiniões com substância, baseadas em documentos e na quantificação dos factos atinentes e nas suas possíveis interpretações. E na nossa visão do futuro, claro, porque se não fosse isso deixaríamos o caso só para técnicos e para mais ninguém.
Fazer-se-ia um algoritmo matemático e aplicar-se-ia de olhos fechados à realidade. Sim, também é necessário. É a chave de ouro. Mas para o ser tem de ser resultante da contribuição de todas as pessoas que a pretendam dar. Tem de ser analisados todos os factores, devidamente sopesados e testados em realidades distintas. Para fazer este trabalho é necessária muita gente e muita informação.
Mas sairá sempre um algoritmo geral e esse, ressalvando as condições atrás descritas, cabe às estruturas superiores do Estado formular. Como há realidades distintas no país, como a lei abre caminhos mas não quantifica todos os factores para cada região, município ou agrupamento escolar, há que introduzir a variabilidade que a própria lei permite.
O Dec-Lei n.º 7/2003 de 15-01 aponta o sentido da autonomia responsável baseada no princípio da subsidiariedade que, basicamente, quer dizer que tendo quem está mais perto possibilidade do exercício de competências que até aqui tem estado na posse da máquina central do Estado, estas serão transferidas para a entidade mais descentralizada, neste caso o município.
Aqui é que não nos podemos permitir que as coisas se façam ao “calhas”. Se tanto esforço não é para conseguir uma melhor solução, deixemos ficar as coisas como estão desde os tempos de Salazar que ele até era professor e algo mais.
Novos tempos, novas soluções, nunca se pode prever se serão para perdurar muito, mas a evolução é galopante, vejamos até ao horizonte que podemos alcançar. A isto a lei obriga.
Diz-se no artigo 10.º que tem de ser feitos um “planeamento e ordenamento prospectivo dos equipamentos”, e prospectivo é isso mesmo, “o futuro é já ali”.
Os objectivos devem ser altos. Diz-se no n.º 3 do artigo 11.º que “se deve promover o processo de agrupamento de escolas com vista à criação nestas de condições mais favoráveis ao desenvolvimento de centros de excelência e de competências educativas”.
E no n.º 4 do mesmo artigo diz-se que na análise prospectiva se deve fixar objectivos de ordenamento progressivo de médio e longo prazo. Há portanto soluções que podem ser transitórias, mas já se deve ter em vista um horizonte mais largo e ainda conforme o n.º 5 do mesmo artigo, “garantir a coerência da rede educativa com a política urbana do município”. Esta questão fica porém para mais tarde.
Continuando na linha antes traçada vamos à alínea b) do artigo 15.º e aí se defende a “sequencialidade entre os diferentes ciclos de ensino básico” e que “o percurso da escolaridade obrigatória se deve efectuar, de preferência, numa única escola ou agrupamento de escolas”.
O problema não é de Internet porque essa já chega a todo o lado, não é de transporte porque de fraldas já os miúdos andam quilómetros (para ver como eu sou velho, quando ia fazer o meu exame de admissão ao liceu vomitei na “camioneta”), nem é da alimentação pois em qualquer lado se faz um refeitório, não é nada material enfim.
O problema está em conseguir o melhor aproveitamento dos alunos, em recuperar o nosso atraso, em pôr os alunos a serem capazes de adquirir cultura, nos seus vários aspectos humanos e abstractos, em melhorar a sua capacidade matemática e de recolha e interpretação de dados referentes a vários aspectos da realidade.
E acham que isto se consegue com turmas de 10 alunos divididos em 4 classes, o que dá uma média de 2,5 por classe e uma variância exagerada.
Por favor: Uma criança só, com um só ou com dois companheiros da sua idade, porque nessa idade há diferença efectiva, não é razoável, é anti-social. Só com uma família estável, pais de um elevado nível intelectual, é que se poderia, no aspecto académico, suprir essa falta mas agravar-se-ia o aspecto social. Daria, talvez, mais um monstrosinho, egoísta e egocêntrico.
As crianças precisam de socialização como da água para a boca. Com uma boa socialização o aproveitamento escolar melhora e criam-se cidadãos solidários e colaborantes.
Também com o caso do “inglês” se viu que a especialização dos professores vai ter de começar mais cedo. Um professor, a dar em simultâneo aulas a 4 turmas e sobre assuntos diversos, tem dificuldade de acompanhamento e dispersa a atenção dos alunos.
Quem bem fala da escola antiga de certeza que se não lembra dos professores a gritar a plenos pulmões para manter quieta e calada uma parte da turma enquanto dava aula à outra parte. Era isto que estava bem?
Embora os professores ainda irão abarcando as matérias dadas no 1º. Ciclo, nós pressentimos a evolução porque ela já começou. A especialização dos professores levará à necessidade de agregar alunos em número razoável.
Ir-se-á deslocar um professor para dar uma aula de inglês a um aluno de uma escola que só tem uma sala para que em simultâneo o professor residente dê nessa mesma sala aulas às outras três turmas sobrantes.
Abstraindo do aspecto economicista, acham que isto é viável, razoável, eficaz ou não será contraproducente? O aluno nem tem sequer com quem treinar o seu inglês.
Há que ver o reverso da medalha.
Maiores turmas resulta em maior dispersão dos laços de amizade, os colegas facilmente são esquecidos. Mas isto será mesmo prejudicial?
A cada vez maior impessoalidade das relações sociais leva até à necessidade de dispersar laços, a soltar amarras que antes eram consideradas essenciais, a dispensar rótulos e etiquetas que nos revelam a origem.
Nos tempos presentes já não temos tempo para discorrer sobre o nosso passado. O homem vale pela sua abertura ao mundo, não pela sua prisão ao berço.
No reverso está também a necessidade de maior deslocação que faz sobrar menor tempo para a permanência em casa, para menos ligação à família. Aí o problema pode ser grave. Mas temos muitas mais vertentes a analisar.
Será suficiente estar mais tempo em casa mas ser ignorado pelos pais, ficar mais isolado do convívio.
São questões altamente complexas que têm a ver com múltiplos factores. Mas parece-me que havendo uma assumpção de responsabilidades pelos pais, tendo estes por objectivo a socialização dos filhos, não lhes impondo perspectivas rígidas quanto ao futuro, colaborando e pedindo a colaboração da escola, podem criar o clima necessário para que o aluno fundamentalmente se sinta bem nos dois lugares e partilhe as duas vivências, certamente complementares e essenciais ao seu desenvolvimento.
Desta harmonia depende o nosso futuro.
As conveniências, normalmente, remetem muita gente para o silêncio. Queriam-se opiniões de pais, inquéritos aos estudantes, pareceres dos professores: Nada!
Achamos que não se trata de medo de falar mas de medo das palavras. Há efectivamente que pesar bem as palavras no que elas com precisão significam. Há que dar opiniões com substância, baseadas em documentos e na quantificação dos factos atinentes e nas suas possíveis interpretações. E na nossa visão do futuro, claro, porque se não fosse isso deixaríamos o caso só para técnicos e para mais ninguém.
Fazer-se-ia um algoritmo matemático e aplicar-se-ia de olhos fechados à realidade. Sim, também é necessário. É a chave de ouro. Mas para o ser tem de ser resultante da contribuição de todas as pessoas que a pretendam dar. Tem de ser analisados todos os factores, devidamente sopesados e testados em realidades distintas. Para fazer este trabalho é necessária muita gente e muita informação.
Mas sairá sempre um algoritmo geral e esse, ressalvando as condições atrás descritas, cabe às estruturas superiores do Estado formular. Como há realidades distintas no país, como a lei abre caminhos mas não quantifica todos os factores para cada região, município ou agrupamento escolar, há que introduzir a variabilidade que a própria lei permite.
O Dec-Lei n.º 7/2003 de 15-01 aponta o sentido da autonomia responsável baseada no princípio da subsidiariedade que, basicamente, quer dizer que tendo quem está mais perto possibilidade do exercício de competências que até aqui tem estado na posse da máquina central do Estado, estas serão transferidas para a entidade mais descentralizada, neste caso o município.
Aqui é que não nos podemos permitir que as coisas se façam ao “calhas”. Se tanto esforço não é para conseguir uma melhor solução, deixemos ficar as coisas como estão desde os tempos de Salazar que ele até era professor e algo mais.
Novos tempos, novas soluções, nunca se pode prever se serão para perdurar muito, mas a evolução é galopante, vejamos até ao horizonte que podemos alcançar. A isto a lei obriga.
Diz-se no artigo 10.º que tem de ser feitos um “planeamento e ordenamento prospectivo dos equipamentos”, e prospectivo é isso mesmo, “o futuro é já ali”.
Os objectivos devem ser altos. Diz-se no n.º 3 do artigo 11.º que “se deve promover o processo de agrupamento de escolas com vista à criação nestas de condições mais favoráveis ao desenvolvimento de centros de excelência e de competências educativas”.
E no n.º 4 do mesmo artigo diz-se que na análise prospectiva se deve fixar objectivos de ordenamento progressivo de médio e longo prazo. Há portanto soluções que podem ser transitórias, mas já se deve ter em vista um horizonte mais largo e ainda conforme o n.º 5 do mesmo artigo, “garantir a coerência da rede educativa com a política urbana do município”. Esta questão fica porém para mais tarde.
Continuando na linha antes traçada vamos à alínea b) do artigo 15.º e aí se defende a “sequencialidade entre os diferentes ciclos de ensino básico” e que “o percurso da escolaridade obrigatória se deve efectuar, de preferência, numa única escola ou agrupamento de escolas”.
O problema não é de Internet porque essa já chega a todo o lado, não é de transporte porque de fraldas já os miúdos andam quilómetros (para ver como eu sou velho, quando ia fazer o meu exame de admissão ao liceu vomitei na “camioneta”), nem é da alimentação pois em qualquer lado se faz um refeitório, não é nada material enfim.
O problema está em conseguir o melhor aproveitamento dos alunos, em recuperar o nosso atraso, em pôr os alunos a serem capazes de adquirir cultura, nos seus vários aspectos humanos e abstractos, em melhorar a sua capacidade matemática e de recolha e interpretação de dados referentes a vários aspectos da realidade.
E acham que isto se consegue com turmas de 10 alunos divididos em 4 classes, o que dá uma média de 2,5 por classe e uma variância exagerada.
Por favor: Uma criança só, com um só ou com dois companheiros da sua idade, porque nessa idade há diferença efectiva, não é razoável, é anti-social. Só com uma família estável, pais de um elevado nível intelectual, é que se poderia, no aspecto académico, suprir essa falta mas agravar-se-ia o aspecto social. Daria, talvez, mais um monstrosinho, egoísta e egocêntrico.
As crianças precisam de socialização como da água para a boca. Com uma boa socialização o aproveitamento escolar melhora e criam-se cidadãos solidários e colaborantes.
Também com o caso do “inglês” se viu que a especialização dos professores vai ter de começar mais cedo. Um professor, a dar em simultâneo aulas a 4 turmas e sobre assuntos diversos, tem dificuldade de acompanhamento e dispersa a atenção dos alunos.
Quem bem fala da escola antiga de certeza que se não lembra dos professores a gritar a plenos pulmões para manter quieta e calada uma parte da turma enquanto dava aula à outra parte. Era isto que estava bem?
Embora os professores ainda irão abarcando as matérias dadas no 1º. Ciclo, nós pressentimos a evolução porque ela já começou. A especialização dos professores levará à necessidade de agregar alunos em número razoável.
Ir-se-á deslocar um professor para dar uma aula de inglês a um aluno de uma escola que só tem uma sala para que em simultâneo o professor residente dê nessa mesma sala aulas às outras três turmas sobrantes.
Abstraindo do aspecto economicista, acham que isto é viável, razoável, eficaz ou não será contraproducente? O aluno nem tem sequer com quem treinar o seu inglês.
Há que ver o reverso da medalha.
Maiores turmas resulta em maior dispersão dos laços de amizade, os colegas facilmente são esquecidos. Mas isto será mesmo prejudicial?
A cada vez maior impessoalidade das relações sociais leva até à necessidade de dispersar laços, a soltar amarras que antes eram consideradas essenciais, a dispensar rótulos e etiquetas que nos revelam a origem.
Nos tempos presentes já não temos tempo para discorrer sobre o nosso passado. O homem vale pela sua abertura ao mundo, não pela sua prisão ao berço.
No reverso está também a necessidade de maior deslocação que faz sobrar menor tempo para a permanência em casa, para menos ligação à família. Aí o problema pode ser grave. Mas temos muitas mais vertentes a analisar.
Será suficiente estar mais tempo em casa mas ser ignorado pelos pais, ficar mais isolado do convívio.
São questões altamente complexas que têm a ver com múltiplos factores. Mas parece-me que havendo uma assumpção de responsabilidades pelos pais, tendo estes por objectivo a socialização dos filhos, não lhes impondo perspectivas rígidas quanto ao futuro, colaborando e pedindo a colaboração da escola, podem criar o clima necessário para que o aluno fundamentalmente se sinta bem nos dois lugares e partilhe as duas vivências, certamente complementares e essenciais ao seu desenvolvimento.
Desta harmonia depende o nosso futuro.